"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

 

Mondlane não foi o nacionalista como a Frelimo conta (4)

MondlanePor Francisco Nota Moisés

Sabio said...”Através das suas publicações conhecemos melhor o que é a Frelimo. Não me admiro agora, vendo os jornais Notícias e Domingo a usar a plataforma MPT para tentar salvar a Frelimo. Mas como o povo já sabe que a Frelimo mente torrencialmente, esses medias estão a perder tempo. Duvido se uma pessoa sã na mente lê esses jornais.”

A Frelimo mente "torrencialmente."  Não há melhor figura discursiva do que esta. Um amigo meu a quem liguei pelo telefone, e foi um dos meus companheiros de luta anti-mondlanista na Tanzânia no fim dos anos de 1960, gostou muito da expressão e fartou-se de rir. Rimo-nos a bom rir.  A Frelimo mente para além de ser altamente deturpadora de factos. 

Os que conheceram Mondlane, e o viram de perto e apreciaram as suas incapacidades, riem-se a bom rir quando ouvem tantas mentiras ditas sobre o homem, que não dizem a verdade.

Obviamente, nas mentes dos frelimistas não existe o que se chama o outro lado da moeda. As palavras são totalitárias. Basta ver os elogios intermináveis sobre Marcelino dos Santos depois da sua morte. Apresentaram o homem como alguém que foi o melhor do que tivesse existido. E de que Marcelino dos Santos falaram? Daquele homem que foi  insensível e desumano com uma mente de assassino e que descreveu as matanças sem qualquer processo judicial de Uria Simango, da sua esposa Celina,  de Paulo Gumane, Faustino Kambeu, mzee Lazaro Nkavandame, Basílio Banda, mzee Mutcheketcha, Casal Ribeiro, Joana Simeão, José João Nhaunga entre 600 indivíduos, que Samora Machel e ele Marcelino dos Santos com Sérgio Vieira agindo como juiz exibiram como "traidores" para os humilhar em Nachingwea entre 1974 antes de aniquilá-los, certos deles a gasolina e fogo em Mitelela no Niassa no dia 24 de Junho de 1977?

Obviamente, a Frelimo foi sempre o inimigo incarnado da liberdade e da democracia.  Foi pena que a liderança da Renamo nunca conseguiu capitalizar nisto, e até hoje, não consegue digerir  e entender isto por causa da sua incapacidade e falta de imaginação.

Quanto a Eduardo Mondlane, ele era um grande inimigo da liberdade apesar de ter vivido nos Estados Unidos durante 12 anos. Era um homem faminto de poder como qualquer outro autocrata e tirano. Nós que o confrontamos e o fizemos pela causa da liberdade e democracia que queríamos na Frelimo e para o futuro de Moçambique, sentimo-nos orgulhosos por termos travado uma boa luta.  E isto explica porque nunca me afastei daquele espírito em troca de alguns vinténs do Chissano que conseguiu corromper alguns dos meus antigos colegas de luta que são todos defuntos hoje visto que Chissano os enganou com sorrisos e palavras dóceis como "hoje há democracia em Moçambique e podem regressar que nenhum mal vos acontecerá."

Chissano, o homem que perdeu o seu casaco aos atacantes macondes do escritório da Frelimo em Dar Es Salaam no dia 11 de Março de 1968 e o levaram como troféu da sua heroica luta nunca podia me enganar.  Deus e os espíritos dos nossos antepassados estiveram ao lado dos assaltantes macondes. Depois de atacar o lugar, desapareceram como que por encanto.  Nenhum deles foi apanhado e também parecia que as autoridades tanzanianas não estiveram interessadas em procurá-los para os apanhar para trazê-los à justiça.

Mondlane morreu na residência duma americana chamada Betty King em Dar Es Salaam e não no escritório da Frelimo que teria sido demolido, se tivesse havido uma explosão lá. Quanto às circunstâncias em que ele obteve a encomenda, há muitas incógnitas que os que investigaram a sua morte incluindo a Scotland Yard do Reino Unido, a Interpol e o próprio governo tanzaniano não quiseram revelar.  O governo da Tanzânia pediu a Scotland Yard e à Interpol para não revelarem os resultados das suas investigações nem ele próprio revelou o resultado das suas investigações.

Se há algo que o governo tanzaniano soube fazer bem foi a proteção que nos deu contra a Frelimo. Mesmo quando nos separou dos tiranos da Frelimo e nos exilou para o campo de Rutamba para por termo a nossa luta de porradas e pontapés contra os dirigentes da Frelimo, fizeram-no com uma escolta policial armada contra a possibilidade dos dirigentes da  Frelimo nos emboscar e matar.  Pelo caminho, durante a alta noite quando viajávamos, houve na verdade um camião dos frelimistas em frente de nós que alegadamente tinha "avariado." Os polícias saíram dos dois grandes machimbombos que nos carregavam e correram para o camião com as suas armas prontas para abrirem fogo e ouvimo-los a gritar e a bater o camião com as coronhas das suas armas para obrigar os nossos inimigos a saírem do lugar. Os polícias deram pancadas nos frelimistas que estiveram no camião antes se safarem daquele lugar. 

Chegamos em Rutamba no dia seguinte sem mais incidentes e importunos dos frelimistas.

Vivemos no campo de refugiados sob a tutela das Nações Unidas sem chatices dos líderes da Frelimo. Mas também os próprios líderes da Frelimo tinham medo de nós.  Eles sabiam que se aparecessem ali com um espírito hostil, nós os trataríamos com uma severidade que não imaginariam. 

Depois dum ano, saímos ou fugimos daquele lugar para outros lugares. A maioria de nós para o Quénia onde vivi durante 17 anos como refugiado com 2 deles vividos na Suazilândia onde trabalhei para o governo americano que me tinha recrutado da BBC, o meu antigo patrão.

Mondlane morreu quando estávamos em Rutamba.  Não regretamos a sua morte, pois ele era o nosso inimigo jurado.  Quando ouvi da sua morte, tive a atitude como a de Winston Churchill, primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra mundial, que informado pela BBC que o rei da Romania, um dos aliados da Alemanha nazi, tinha morrido, disse: "Another rat dead (Um outro rato morto)." 

Enquanto no Malawi em 1986 vindo das zonas libertadas da Renamo na  Zambézia, ouvi que Samora Machel tinha morrido, disse-me a mim mesmo em inglês em voz alta: "A rat dead (Um rato morto)."

NOTA: Uma explicação: A iniciativa de publicar os jornais NOTÍCIAS e DOMINGO é do MOÇAMBIQUE PARA TODOS. Pois que este sítio é mesmo “para todos”.

Fernando Gil

MACUA DE MOÇAMBIQUE

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