"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

 

A ORIGEM DO NOME "MAPUTO"

O nome MAPUTO (com mais de 500 anos) é anterior à chegada dos portugueses à Baía dos "Mpfumos".

A origem da designação "Maputo" – na realidade Maputso – palavra em xi–ronga idioma local da região dos Mfumos/caMpfumo foi rebaptizada pelos portugueses de Lourenço Marques, nome e apelido de um piloto das naus quinhentistas que nunca permaneceu do lado da actual cidade de Maputo, fixando-se na então denominada Ponta Madhona na Catembe ( lado oposto).

O piloto Lourenço Marques traficava escravos e bugigangas no entreposto da Ponta Madhona ( Catembe - terra dos Tembes) em 1544 para além de ter feito o registo dos rios que desaguavam na Baía dos Mpfumos.

Durante o período colonial ignorou-se a origem das línguas moçambicanas e muitos dos seus dialectos, com erróneas explicações para determinadas designações como foi o caso de Maputo.

Os habitantes da Catembe (caTembe) conhecem bem a proveniência da palavra "Maputo", um termo originário de "Maputso".

O prefixo "ma" designa "os de", o que, ao juntar-se à palavra "Uputso" dá "maPutso", nome proveniente da bebida tradicional "UPUTSO" ainda hoje celebrada em cerimónias tradicionais na zona de Matutuíne (Bela Vista) região dos Tembes na denominada Província de Maputo.

Nada tem portanto a ver com "maputokezi" ("os portugueses", ou "os de Portugal") como algumas pessoas pouco esclarecidas pretendem justificar a origem do termo.

"Maputokezi" não é senão uma forma idiomática do norte de Moçambique (Niassa e Cabo Delgado maconde) de influência inglesa na designação do termo "português" associado ao prefixo banto "MA" totalmente diferente do significado que assume no sul.

E qualquer Moçambicano do sul conhece a bebida tradicional "UPUTSO" proveniente da região da que se chamaria de Maputo, corruptela portuguesa por serem incapazes de pronunciarem "Uputso".

Ainda nesse mesmo sul, os portugueses em xi - ronga designam-se por "mu - madji" ou "magoerre" (termo depreciativo) e xi –colonhi.

A palavra "maputokezi" foi trazida para o sul e centro pela Frelimo nos seus cânticos “revolucionários” em suahili, maconde ou nhanja (Niassa) quando diziam que iam expulsar os "maputokezis" de Moçambique.

Quando em 1502 António do Campo e Luiz Fernandes chegaram à Baía dos Mpfumos (dos reis) já se preparava o "Uputso" feito à base da ameixa (da ameixoeira) africana fermentada, de cor e espuma brancas, considerada fruto sagrado.

O erro na atribuição do nome Maputo para substituir Lourenço Marques, tem a ver com o ressentimento étnico anti-ronga de Samora em não querer aceitar o nome de caMpfumo ou simplesmente cidade de Mpfumo restituindo a dignidade a um povo ronga destituído da sua terra e da sua cultura.

Não se entende por isso como aceitam a marrabenta e a galinha ou camarão com coco, amendoim e piri-piri dos rongas, mas não aceitam que, quando os portugueses chegaram da longínqua Europa, encontraram um povo na região com nomes, usos e costumes bem seculares.

O indo-português de Moçambique, Óscar Monteiro foi quem sugeriu então o nome de Maputo para substituir Lourenço Marques, com o objectivo de rimar o slogan da Frelimo, do rio Maputo - fronteira mais a sul de Moçambique ao rio Rovuma - fronteira mais a norte, simbolizando a unidade nacional inter étnica.

Está assim explicado que o nome "MAPUTO" provém da bebida tradicional ronga "UPUTSO", sendo a Bela Vista – Matutuíne, a região ronga dos Tembes por excelência de tradição de séculos antes do achamento (descoberta) da região pelos portugueses das naus de Vasco da Gama a caminho da Índia em 1502.

Publicação elaborada a partir de um artigo em:  http://port.pravda.ru/mozambique/2005/07/27/8357.html

In (12) LOURENÇO MARQUES, A CAPITAL DA MEMÓRIA, FIGURAS, FACTOS E OUTRAS ESTÓRIAS | Facebook

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