"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

 

FANFARRONICE DE FELIPE NYUSI CONTRA OS REBELDES DO NORTE E DO CENTRO SEM FUNDAMENTO

Por Francisco Nota Moisés

STV-Jornal da Noite 17.02.2021(video) (2)

Locutor: ' "Pelembe perdeu a vida no passado dia 14 de Fevereiro do mês em curso, vitima de doença, mas a sua memória  e seus ideais ficam carimbados na história. Um dos principais ideais e lembrado pelo presidente Felipe Nyusi." Felipe Nyusi: "Quando um compatriota tomba em combate, devemos pegar em sua arma e continuar com a luta. Major-General, pela independência pela qual lutaste contra a dominação estrangeira, continuaremos a combater o terrorismo em Cabo Delgado. Pela defesa da soberania que ajudaste a conquistar, vamos vencer os ataques armados da autoproclamada Junta Militar da Renamo no Centro do pais." '  

Acima estão na íntegra as palavras do locutor da STV antes de apresentar a gravação do Nyusi a falar no enterro do Major General Pelembe da Frelimo que faleceu no dia 14 de Fevereiro. As suas declarações sobre as duas guerras nas quais o seu regime está envolvido contra rebeldes moçambicanos não acarretam o recente triunfalismo com o qual ele e o seu regime falaram depois de terem alegado que os dias dos rebeldes do Norte e os da Junta militar no centro estavam contados e que eles deviam se render antes que seja demasiado tarde. 

Durante três anos, a Frelimo exibiu um triunfalismo contra os rebeldes do Norte enquanto o contrário sucedia e as suas forcas eram espatifadas pelos rebeldes. A verdade não se esconde e ela vem à superfície contra a mentira. Passado um tempo no Norte, as mentiras da Frelimo desfazem-se com a perda do terreno perante o avanço dos rebeldes. Para desfazer a sua vergonha e se explicar porque era batida, a Frelimo disse que os rebeldes, que ela dizia estavam armados de catanas e objetos contundentes, estavam melhor armados até com drones do que seu exército. Os rebeldes tomaram Mocímboa da Praia que até então continua nas suas mãos, apesar de boatos de que as tais forças da defesa da Frelimo já retomaram a vila sem no entanto mostrar nenhumas fotografias, coisa que a Frelimo gosta de fazer para exibir as suas ações que chocam a humanidade.

Bernardino Rafael, o polícia-mor dos frelimistas falou de ter tomado Muidumbe e aquilo era pura mentira dele.

E os frelimistas não conseguem explicar porque é que os bravos franceses saíram a correr de Afungi em vem de se renderem aos rebeldes.  E os bravos franceses dizem que a Frelimo deve assegurar um cordão de segurança de 25 quilómetros antes que a Total retome as suas operações.  Tentei fazer ideia disto.  Não compreendi e parece me que os franceses ainda não se libertaram do idealismo do principio da Linha Maginot, Uma fortificação que construíram do Atlântico até aos outeiros de Ardennes no Oriente sem cobrir as colinas visto que pensavam que os tanques alemães não passariam por lá em caso da guerra. As tropas nazis demonstraram que a Linha Maginot, que tinha o nome do ministro francês da defesa de então, era um tigre de papel.  Evitaram a intransponível linha e os seus tanques entraram e passaram pelos outeiros de Ardennes e apareceram atrás da fortificação.

Sem querer minimizar a sua capacidade de imaginação, os franceses sabem que guerras modernas são guerras de movimentos e a mais móvel das guerras é a guerra de guerrilha que se torna em guerra sem frentes, o que confunde e desorienta exércitos regulares. Demonstra isso a historia das  guerras na China contra o Japão, no Vietname contra os franceses e os americanos, no Afeganistão contra os russos e mais tarde contra a OTAN até  ao ponto de agora os americanos reconhecerem que sofreram uma grande derrota na luta contra os talibãs, que não passam de guerreiros primitivos contra o poderio militar da OTAN e dos Estados Unidos cujas forças derrotaram as forcas de Saddam Hussein em confrontos regulares num abrir e fechar de olhos.

Quanto ao conflito no centro,  a Junta Militar está muito longe de ser derrotada como o triunfalismo nyusista alega.   E nessa declaração no enterro de Pelembe, e o próprio Nyusi que diz que o seu regime continuará a lutar contra "os ataques armados da Junta Militar" até derrota-los. Não diz que os derrotou. Uma semana atrás a Junta atacou e de acordo com a MediaFax, que aparentemente propala a propaganda da Frelimo houve sete feridos, sem precisar se os feridos eram civis, militares da Frelimo ou guerrilheiros da Renamo. Parece que foram baixas da Frelimo.  Se fossem do lado da Junta Militar, a MediaFAX teria cantado com toda a sua força como o galo faz à meia noite e na madrugada. 

Numa guerra há sempre reversos dum lado e do outro. Uma ou duas baixas da Junta não significam o fim dela. Quantas baixas infligidas pelas forças portuguesas e com reedições de seus comandantes esta mesma Frelimo sofria? Será que ela acabou por causa daquilo?

Neste tempo há uma certa acalmia devido as cheias e as chuvas intensas que impedem os guerreiros da Frelimo e os rebeldes no Norte e no centro actuar com força. Faço ideia do impacto de  inundações e chuvas numa guerra. Em Janeiro de 1989, andei com  combatentes da Renamo sob chuvas e nas inundações de Sofala para Zambézia passando por Tete. Aquilo não foi uma brincadeira.  Mas todos os militares da Renamo eram jovens naquela altura. Enquanto os guerrilheiros carregavam armas, eu tinha uma bengala forte e comprida para me apoiar na marcha e para fustigar cobras que visse.

A Frelimo deve esperar o pior depois das chuvas e inundações tanto no Norte como no Centro. A sua propaganda de que os rebeldes do Norte e do centro andam famintos não lhe valerá nada enquanto ela mesmo e o país dependem em grande parte de comida que vem de fora.

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