"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Corvos indianos transformam a Frelimo num cartel de máfia

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Um grupo de pessoas que se caracterizam por serem campeãs da bajulação, intimidação, intolerância e pretenso exorcismo infiltrou-se no seio da Frelimo e, a partir de dentro desta, está a trabalhar para a rápida corrosão dos princípios e valores deste partido político cinquentenário. A forma de agir dos dirigentes desse grupo inclui:

(i) fazer-se passar por melhores interpretadores dos Estatutos e Programa da Frelimo;

(ii) bajular e idolatrar os dirigentes da Frelimo;

(iii) promover intrigas para o isolamento dos que contestam os seus métodos de actuação;

(iv) vilipendiar os críticos internos da Frelimo; e

(v) intimidar ou fazer calar as vozes discordantes. Estas são apenas algumas entre várias outras formas abomináveis de actuação, nocivas ao convício cordial e são entre os militantes e simpatizantes da Frelimo, entre si e com os demais compatriotas moçambicanos.

Para melhor espalhar a sua propaganda a favor da bajulação, intimidação, intolerância e falso exorcismo, os dirigentes desse grupo criam e administram grupos de interacção social na plataforma WhatsApp, onde eles registam números de telefones celulares de figuras proeminentes do Partido Frelimo, entre governantes, deputados e dirigentes do Partido. Esses grupos funcionam como redes de partilha de informação. Nestas redes, o que mais circula não são fotografias reportando eventos em que certas figuras da Frelimo estejam presentes. Dizem, os membros mais proeminentes dessas redes, que isso de postar pilhas de fotografias reportando os mesmos eventos é «divulgação das actividades do Partido e das realizações do Governo da Frelimo». Eles não percebem—ou, se percebem, fazem de propósito, pois os megabytes não lhes custam NADA, uma vez que beneficiam de subsídios de telefone, pago pelo erário público—dizia que não percebem que isso de enviar pilhas de fotografias causa transtornos a outrem, uma vez que mesmo os aparelhos de telefone celular sem crise de memória e de espaço de armazenamento, ficam literalmente entupidos com a torrente de megabytes de imagens, o que representa custos exorbitantes para quem não beneficia de subsidio de telefone e, também, para o erário público. Quem sai a ganhar com isso são as operadoras da telefonia celular. Até estou a pensar que algumas destas operadoras patrocinam a formação de grupos de WhatsApp e outros, para facturarem mais...

O critério básico para alguém ser membro dessas redes é bajular e idolatrar os dirigentes da Frelimo, governantes e deputados. Quem ousar questionar esta prática, é imediatamente expulso de qualquer desses grupos e, posteriormente, ostracizado. Para este último fim—ostracização dos insurgentes—, formam-se grupos-cópia onde são excluídos os números dos desventurados, e as vidas destes são expostas de forma viciada e pejorativa aos demais membros do grupo. É isto que faz com que certas pessoas tenham medo de denunciar o 'modus operandi' desse cartel de bajulação. Ou és membro e bajulas os líderes, a troco de um bom nome ou um cargo numa empresa pública ou privada onde o bajulado seja accionista ou dirigente, ou não te metas nesses grupos, porque o potencial de saíres queimado é enormíssimo!

Recentemente, eu fui registado em duas dessas redes de bajulação, fiquei a saber quem são os chefes, mas por agora vou omitir nomes por razões éticas. Eles sabem quem são, porque já foram avisados. A expectativa é que eles reconsiderem viver sem bajular. É de não-bajuldores, não-bajulados ou pessoas honestas que Moçambique na rota do progresso. A bajulação atrasa o desenvolvimento.

Ora, eu quero dizer aos membros dos grupos de WhatsApp e outros, liderados por pessoas cujos nomes omito aqui por conveniência, para terem cuidado. Militância partidária não se mede pelo grau com que bajulamos ou somos bajulados. Bajulação é mentira e mentira é desonestidade; bajulação é corrupção e corrupção é crime. Quem bajula ou aceita ser bajulado, um dia poderá parar na barra do tribunal. O caso das «dívidas ocultas» envolve alguns bajuladores e bajulados. Só este caso atesta o meu argumento aqui.

Eu NÃO SOU de querer mal aos meus compatriotas e camaradas, nem mesmo aqueles que neste momento estão a inviabilizar deliberadamente a nossa governação. Eu sou pelos bons princípios e valores da Frelimo; aqueles princípios e valores pelos quais Samora Machel se bateu, mas que Joaquim Chissano e Armando Guebuza deixaram desmoronar. Com Filipe Nyusi, nós (moçambicanos) temos uma oportunidade de erguer novamente esses princípios e valores. Vai dai que o Governo que ele (Filie Nyusi) lidera decidiu reeditar as celebrações da vida e obra de Samora Machel, iniciadas por Armando Guebuza. Mas para que esses princípios e valores se reergam, é preciso exterminar as práticas que os fizeram tombar. Bajulação, intimidação, intolerância e falso exorcismo são algumas dessas práticas. Pedantismo, egoísmo, inveja e nepotismo são outras dessas práticas. Urge expurgar tudo isto, no seio da Frelimo, para este Partido possa sonhar com dias melhores.

Na minha opinião, os grupos do WhatsApp e outros onde os militantes e simpatizantes da Frelimo se reúnem, deveriam constituir espaços de reflexão sobre o funcionamento do Partido e sobra a acção do Governo, e também para a troca de ideias sobre como se pensa que o desempenho do Partido e do Governo podem ser melhorados. Os grupos de WhatsApp e outros espaços onde os militantes e simpatizantes da Frelimo se reúnem não devem funcionar como cartéis de máfia, onde se planifica o assassinato de carácter de camaradas para a conquista de um lugar nos órgãos do partido ou no aparelho do Estado. Grupos que são criados para a promoção de actividades subversivas, que mancham o nome da Frelimo, devem ser proibidos e os órgãos de disciplina do Partido devem sancionar os seus administradores. De facto, muitas vezes ocorre que os indivíduos que criam esses grupos é que infringem os Estatutos e Directivas da Frelimo. Alguns desses indivíduos até nem se quer pagam regularmente as suas quotas, diferentemente daqueles cujas estruturas de quotas funcionam mal nas suas células, como é o caso de militantes de que eu sou um exemplo. É preciso acabar com a anarquia no seio da Frelimo, se esta organização ainda quiser continuar a ser o guia de eleição do povo moçambicano!

As actividades de alguns grupos do WhatsApp e outras redes sociais, cujo objectivo é bajular os nossos dirigentes e autopromover, de forma elitista e exagerada, as realizações da Frelimo e do seu Governo, fazem com que o povo se afaste cada vez mais da Frelimo. Vem disso, parte do sentimento de exclusão que assola o grosso da juventude moçambicana. Diariamente somos confrontados com opiniões que decorrem do sentimento de que em Moçambique há "nós" e "eles". É este sentimento que inviabiliza a paz efectiva neste país. Os militantes e simpatizantes da Frelimo DEVEM promover a inclusão, em vez da exclusão. É promover exclusão dizer, por exemplo, que «quem não da Frelimo, o problema é dele». Tem que ser problema do militante ou simpatizante da Frelimo, fazer com que quem não é da Frelimo seja da Frelimo.

Enfim, falando como militante da Frelimo, digo o seguinte:

1. Vamos lá pôr em prática o princípio "unidade-crítica-unidade"! Temos que expurgar do nosso seio os comportamentos como o do corvo indiano. O corvo indiano é uma ave predadora muito agressiva contra outras aves, e até contra pessoas. Quem tentar repreender o comportamento do corvo indiano, vira sua vítima. Quem quer verificar, experimentei atirar pedras contra os corvos indianos que hoje pululam na cidade de Maputo. Vi comportamento idêntico no grupo do WhatsApp chamado "Batuque & Maçaroca": fui vaiada por questionar atitudes que eu considero impróprias numa rede de interacção social para debate profícuo de ideias. A minha militância foi questionada até por pessoas que eu duvido que saibam o que é ser militante dum partido político; pessoas que duvido que saibam o que é um partido político. A seguir fui expulso do grupo. Alguém de bom senso negociou a minha reintegração e fui readmitido. Quero desde já reiterar que não admito o policiamento da minha consciência por quem quer que seja. Se me querem membro desse grupo, como creio que foi a razão da lá me terem registado, então precisam saber que eu falo a minha consciência e não policio de ninguém.

2. Temos que nos abster da pretensão arrogante de instruir pessoas adultas a pensarem a agirem como nós queremos. O que DEVEMOS fazer é pregar a palavra da Frelimo, é mobilizar os moçambicanos para desenvolver o sentido de Pátria e de cidadania, para que possam tomar as decisões que julgarem melhores para as suas vidas. Eu, por exemplo, expresso a minha opinião sobre o que sou dado pensar, ver, ouvir ou sentir; e não espero que toda a gente goste. Para mim é bom que haja quem goste ou quem não goste, ou até quem fique indiferente. Tudo é constitui "feedback" e ensina algo útil. Não tenhamos a pretensão de que somos os melhores e, por isso, TUDO o que fazemos é bom. Bajulação, por exemplo, não é boa coisa; hipocrisia também não...

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