"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sábado, 13 de fevereiro de 2016

Dhlakama diz que perdeu total confiança no Governo

 

13 de Fevereiro de 2016, 09:43

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, afirmou que perdeu total confiança no Governo de Moçambique e apenas estará disponível para eventuais negociações em nome do futuro da democracia no país.
Falando para um grupo de jornalistas, entre os quais a Lusa, numa base militar da Renamo no sopé da serra da Gorongosa, centro de Moçambique, Dhlakama disse que os recentes incidentes com a sua comitiva, a invasão da polícia moçambicana à sua casa na Beira e as denúncias de raptos e assassínios de membros do seu partido condicionam a sua disponibilidade para o diálogo.
"Depois do que aconteceu nos dias 12 e 25 de setembro [incidentes com a sua comitiva na província de Manica], não há confiança. Uma coisa é atacar a base, mas atacar a minha viatura a andar, qualquer ser humano, mesmo que tivesse acontecido com o papa, colocaria a condição de segurança e confiança para o diálogo", declarou.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, convidou quarta-feira Afonso Dhlakama a ter confiança no Governo, instando a oposição a aceitar o diálogo e entregar as armas.
"Isso é palhaçada e propaganda", disse Dhlakama, acrescentando que Nyusi, que classifica como "dirigente e não um líder", não pode aparecer como "padrinho" a pedir o regresso do presidente da Renamo e ainda a ter confiança.
Dhlakama considerou irónico o pronunciamento recente de Nyusi que apontou uma alegada falta de estrutura e hierarquia na Renamo como uma dificuldade para o diálogo.
"Aquilo é forma de fugir a responsabilidade. É uma pouca vergonha e eu sinto pena", disse o presidente da Renamo, frisando que a ausência de uma posição do chefe de Estado sobre os incidentes com a sua caravana em Manica são a demonstração de cumplicidade e que "ele concordou com a morte do Dhlakama".
Dhlakama considerou ainda um engano o pronunciamento na passada segunda-feira da chefe da diplomacia sul-africana, negando que o Governo de Jacob Zuma tenha recebido um pedido de mediação da Renamo para o fim da crise politica no país.
"Eu acho que houve engano", disse Dhlakama, reafirmando que o partido está na posse de uma resposta positiva por escrito de Zuma, mas não apresentou a carta à imprensa alegando que esta se encontrava num gabinete fora da serra da Gorongosa.
Afonso Dhlakama reapareceu aos jornalistas na quinta-feira numa das suas bases em Sadjundjira, na Gorongosa, centro de Moçambique, quase cinco meses após o cerco e invasão da sua casa na Beira.
O líder da oposição reafirmou a pretensão de governar seis províncias no centro e norte de Moçambique a partir de março, afirmando que não vai ocupar à força os palácios do Governo e apelando às autoridades a cederem as instalações para evitar "empurrões".
"Eu anunciei a formação do nosso Governo, vai entrar em vigor em março, pode ser dia 01, 15 ou 30 de março, mas março não vai ultrapassar, vamos governar", declarou.
Questionado sobre a legalidade desse executivo, Afonso Dhlakama desafiou constitucionalistas e juristas africanos e internacionais a analisar a lei fundamental do país e ver "quem está a ferir a constituição desde 1994", voltando a propor a revisão ou emenda do texto.
"Eu sou mais legal que o Nyusi, pelo menos quero governar onde os editais [das eleições gerais de outubro de 2014] confirmam que Dhlakama e a Renamo tiveram a maioria", observou o líder da oposição, acrescentando que estaria a violar grosseiramente a lei se tivesse a pretensão de dividir o país a partir do rio Save [que separa o sul e o centro de Moçambique].
"Quero a paz, mas o comportamento dele [Filipe Nyusi] não estou a gostar, eu não quero morrer", disse ainda Dhlakama, que afirmou ter passado esta mensagem numa recente conversa telefónica com o ministro britânico do Desenvolvimento Internacional.
Moçambique vive uma situação de incerteza devido à recusa da Renamo de aceitar os resultados das eleições gerais de outubro de 2014 e à sua ameaça de governar nas seis províncias onde reivindica a vitória no escrutínio.

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