"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 11 de julho de 2018

*LAM, EMPRESA DEFICITÁRIA POR CONTA DO SISTEMA*





Que estado é este que através do seu instituto de gestão de participações nomeia gestores para gerir suas empresas e depois não as audita?

No meio de um trambulhão, assistimos a interferências de ministros e grandes figuras da arena política no dia-dia das organizações, resultando em ausência de poder de controlo e gestão dos que ali são colocados com o propósito de rentabilizar e garantirem o funcionamento sustentável das organizações.

A LAM foi mais um “vítima” desta tamanha incompetência por parte daqueles que deveriam controlar e auditar as equipas de gestão desses “sacos azuis”.

O declínio da LAM não começa com esta equipa de gestão que cessou na passada sexta-feira. Ela tem o seu início já com outros grupos de gestão que não podendo dizer não aos políticos, tiveram que se submeter as atrocidades, sob risco de verem as suas cabeças rolarem por desacato ao dito poder, como dizia um velho amigo “o dono daquela empresa que está a concorrer para fornecer a comida nos aviões é o papá Gueus”.

O prejuizo começa em 2008, quando em vez de se ir buscar dinheiro para financiar a compra dos 3 jactos do tipo Embraer 195 num banco internacional com taxas de juro a 2.5% usando o acionista estado como avalista, a empresa recorre a um banco nacional que não tinha capital suficiente para financiar a empreitada. Sendo assim, este banco por sua vez também teve que recorrer a um banco internacional para conseguir o valor a uma taxa de juro desnecessária. Estamos a falar de uma taxa de juro de cerca de 2.5% contra 9% cobrado por este banco nacional em moeda norte americana.

Resultado! a letra que LAM deve pagar ao banco era de um “x” em 2009 que passou para 3 vezes mais em 2018, resultante do agravamento da taxa de câmbio de metical para o dólar deste período para cá, estamos a falar em cerca do tríplo do valor.

Hoje a LAM tem em letra de pagamento deste tipo de avião (são 2 unidades) um valor que no mercado chegava para alugar 4 avioes Boeing 737, caricato não é? Alguem deve ter se beneficiado com isto e sempre em prejuizo dos que ali trabalham.

Para agravar existe um contrato entre a LAM e a sua filha MEX de aluguer de 3 aviões pequenos de 50 lugares igualmente, com preços super inflacionados cujo valor no mercado daria para alugar 6 aeronaves Boeing de 150 lugares cada, mais um caso caricato, pois não?

Bem amigos, são estas atrocidades que transitam de gestão em gestão, sem se efectuarem as devidas correcções.

Mais do que nunca é necessário acabar com o fenómeno de “saco azul” nas organizações. Se o Beltrano e o João são ministros ou chefes de bancadas parlamentares não segnificam que tem o direito de sacrificar os aumentos salariais e qualidade de vida dos trabalhadores dessas organizações só porque podem ameaçar os gestores com a comum frase “cabeças vão rolar ou é de um chefe grande” metendo daí suas empresinhas para saquear via obras com preços absurdos, preços malucos de bens e serviços ou  ainda manutenção de equipamentos de uso, como ar-condicionados, reparação de viaturas a preços malucos como aqueles que se vem nos jornais, os chamados concursos públicos ou concursos malucos.

A LAM, meus caros compatriotas, não é uma excepção aos saques perpetrados pelas elites do nosso belo moçambique só que ao contrário de outras não é uma flor que se cheire em termos de lucros.

A aviação comercial de caracter regular é por sinal um dos piores negócios em termos de lucratividade no mundo, como dizem os outros “não dá para pestanejar”, é em pequenos exercícios de manobra e sacrifício que vem o seu pouco lucro.

Interessante ainda é facto de estarmos na africa austral,  longe da densidade de tráfego aéreo, e onde raras são as companhias aéreas de fazer lucros. Nesta região, o custo logístico é mais elevado pois aterram poucos aviões, se compararmos a regiões perto do oriente médio, medeterrâneo, mais ou menos onde está a base da Ethiopian Airlines.

Portanto, caros governantes nesta região o cuidado deve ser redobrado. Arranjem outros sítios para colocar os jogadores de bancada (paraquedistas) não em linha aérea. Na aviação, o raio de acção não é apenas do Rovuma ao Maputo ou do Zumbo ao Índico. Neste sector há primazia em prestação de contas as várias associações em que as companhias aéreas são membros, como por por exemplo a IATA, AFRAA, ICAO etc... e a primeira coisa que eles querem saber é de onde vem este fulano? Vem do município de Xibabava??? Com todo o respeito aos residentes desta urbe.

Olhando um pouco para o caso da nossa “Late And Maybe” como os seus passageiros “carinhosamente” a tratam e depois de consultas a algumas fontes, deixamos aqui alguns pontos sob forma de  recomendação para os tomadores de decisão, que por sinal nem sabem o que é uma companhia aérea de bandeira ou ainda o que querem  dela:

a)    Contratar um gestor sénior internacional que não tenha ligações nem quizilheces com o panorama político nacional. Este senhor gestor (CEO – Chied Executive Officer) que, não irá trazer muito de novo até porque a “roda já foi inventada” pelo menos não terá 21 chefes membros de governo ou de partidos políticos para prestar vassalagens e justificações de âmbito de gestão operacional, todos os dias. Isto vai permitir que a equipade gestão deixe de atender chamadas toda a hora e se concentre em aspectos estratégicos e de longo prazo. Desta forma, para os outros cargos de gestão, como administradores se se justificar considerando o volume de negócios que é produzido por apenas 4 aviões, poder-se-á abir concursos públicos com base em requisitos pré estabelecidos;

b)    Colocar as contas da empresa de forma transparente (receitas vs custos) e munuciosamente analisados, como forma de eliminar os “cancrozinhos” escondidos nas rúbricas despesas administrativas  ou outros custos que quando vamos ver, representa cerca de 30% dos custos totais;

c)    Fazer o saneamento da empresa, renegociação das dívidas malucas contraídas de forma irresponsável sob aval do governo e;

d)    Permitir a entrada de capital privado de empresas de aviação comercial na então LAM já com dívidas renegociadas;

Como é possível uma linha aérea alugar avião para fazer as rotas Maputo, Inhambane Vilaculos em que os custos do voo, depois do avião cheio, cerca de 29 passageiros com tarifa alta fazer um prejuizo na ordem dos 300.000MT por voo??? É preciso coragem ou então os patrões não fazerem auditoria de performance de KPI’S – Indicadores chave de desempenho.

Contam os meus amigos, que nesta empresa não se faz o verdadeiro exercício de redução de custos, bastanto para tal apresentar as ditas 3 cotações, mesmo que sejam custos 1000% superior ao que a praça oferece, até parece que o dinheiro é da tia maria. A título de exemplo, um sumo de 200ml com custo na praça de 20MT, quando chega via empresas de catering a LAM o custo é de 45MT. Grande trabalho tem a empresa de catering, comprar e colocar no caixinha de papel de 10USD, porque nem sequer gelados são os ditos sumos. Me desculpem...

O que a empresa precisa no fundo é reduzir os custos em materias que não são do benefício, nem do público interno nem do cliente.

Deve haver um plano de frota emanado pelo accionista com um plano de longo prazo, pelo menos 10 anos sem que os paraquedistas que por ali “aterram” possam mudar, por exemplo mudar de Boeing para Embraer, ora de Embraer para Bombardier etc, resultando ali numa mixelândia de aviões do Tio que geria em  2009, ou da Mamã de 2014 ou ainda do Sobrinho de 2015 dando assim azo a custos de peças, número elevado de pilotos pois nada joga com nada. Piloto do Embraer não pode pilotar Boeing e nem a roda do Bombardier serve no Embraer.

Fontes indicam que a LAM deveria ter apenas 2 tipos de aviões, sendo Boeings 737 pelo facto de haver mais companhias que operam este tipo de avião na região, sendo que seria mais fácil fazer intercâmbito de peças com os vizinhos bem como praticar a dita “economia de escala” e outros aviões do tipo Bombardier Q400 pelo facto de algumas pistas como Inhambane e Vilanculos comportarem apenas estes tipos de aviões (hélice) portanto, não mais do que 2 tipos.

Após estes ajustes é necessário colocar uma equipa no IGEPE, que se não tem know-how na matéria que contratem auditores, estamos a falar de ex gestores ou gestores de companhias aéreas que vem ajudar a medir o performance da equipa de gestão,  com base em KPI’S pré negociados nos actos da definição de objectivos anuais.

Parem de sacrificar equipas de gestão, desta porque o Primeiro-Ministro ficou em terra, desconsiderando que todos os dias ficam passageiros em terra, vítimas deste sistema.

*Por António Medieval*

Sem comentários:

Enviar um comentário