"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 

Mondlane não foi o nacionalista como a Frelimo conta

EduardoChivamboMondlanePor Francisco Nota Moisés

Filho do régulo Monjana (Mondlane foi a forma aportuguesada que ele adoptou.) Há Monjanas nas terras dos Changanas e isto de pessoas se chamarem Mondlane é recente. O padre Gwenjere que tinha vivido la no sul de Moçambique aquando dos seus estudos no Seminário Maior de Malhangalhene e que tinha aprendido e falava o changana ou ronga nunca se referia a Mondlane como Mondlane.  Ele sempre dizia Monjana, mesmo falando a Mondlane a quem ele um dia: "Tu és um traidor."

Lamentando-se sobre isto, Mondlane veio mais tarde a dizer na minha presença: "Que eu respeito muito o padre Gwenjere. Ele é um homem muito educado, mas não gosto das suas atitudes." Gwenjere, um grande filósofo envergonhava todos eles, que se estremeciam perante ele. Daí que o odiaram com toda a força da sua vontade.

Quando Mondlane se descreveu como nacionalista, ele fê-lo mentindo, sabendo muito bem que de nacionalista nada tinha.  Ora vejamos para esta mentira que se revela nas suas contradições. Mondlane alega ter estado na University of the Witwatersrand, Johannesburg e disse que os bueros correram com ele por ele ter manifestado o seu nacionalismo contra Portugal. Custa acreditar que os bueros, os amigos dos Portugueses na luta contra o nacionalismo dos pretos na Africa do Sul e em Moçambique, não alertaram aos portugueses sobre o perigo politico que Mondlane representava contra Portugal, se o que ele dizia era verdade. 

E isto não é tudo. Depois de ter alegadamente estado na Africa do Sul como estudante da Universidade de Waterswitsrand, Mondlane parte para ir estudar em Portugal. E nunca disse em que universidade. Pelo menos o amigo dele Chissano disse que estava na Universidade de Lisboa a estudar a medicina onde fez o primeiro ano antes de "fugir" para a França antes de se ir integrar mais tarde na Frelimo no Tanganyika.

E de Lisboa, Mondlane parte para os Estados Unidos com um passaporte português e como cidadão português. Talvez o único das colonias a fazê-lo enquanto todos os outros, principalmente do Centro, e basicamente produtos do Zobué, saíram de Moçambique secretamente para o Malawi com a ajuda do malogrado padre belga Andre de Bels que morreu de demência em Maryland nos Estados Unidos alguns anos atrás, deixando uma viúva e um filho.

Até à altura da formação da Frelimo, ninguém conhecia ou tinha ouvido falar de Mondlane, mas quando Julius Nyerere, um homem da origem sena,*  fazia esforço para obter a independência do Tanganyika como território mandatado da Liga das Nações sob a tutela da Grã-Bretanha cujas tropas partidas do Quénia pare expulsarem os  alemães daquele pais durante a Primeira Guerra Mundial, encontrou-se com Mondlane que trabalhava como delegado português no programa de  descolonização da ONU.  Segundo Nyerere, o jovem Mondlane lhe impressionou  muito como um homem inteligente e aberto.

Quando os nacionalistas moçambicanos se congregaram no Tanganyika antes da federação deste território com a Ilha de Zanzibar em 1964 para o novo país se chamar Tanzânia, Nyerere começou a interferir nos seus assuntos dos nacionalistas moçambicanos, dizendo-lhes que ele conhecia um moçambicano educado que podia os dirigir, coisa que não corria bem com Adelino Gwambe e outros que depois se desengajaram da Frelimo para formar o Comité Revolucionário de Moçambique em Lusaka, Zambia, com o apoio de Kenneth Kaunda. 

Quando Mondlane, então lecionando a sociologia na Universidade de Syracuse no Estado do Upprer State New York, recebeu o pedido do Nyerere, ele não estava entusiasmado visto que trabalhava para as suas pensões para o tempo depois da sua reforma. E na verdade ele recusou, mas ele amigou-se com Edward Kennedy, da família Kennedy, que veio a ser um senador mais tarde e que morreu de cancro do celebro umas décadas atrás.

Foi o tal Edward Kennedy que o apresentou àCIA que assegurou a Mondlane o seu apoio financeiro depois de lhe dizer que eles os americanos queriam que ele fosse para a Tanzânia para lá ser "os nossos olhos e ouvidos."  Os americanos, amigos de Portugal na OTAN, sabiam que a organização terrorista que se formava na Tanzânia viria sob a influencia da União Soviética e da China Vermelha e isto os incomodavam.  Foi somente depois disto que Mondlane ficou assegurado.  Daí, Mondlane, em vez de recrutar os estudantes  do centro de Moçambique nos Estados Unidos, foi a Lisboa recrutar Pidecos da sua terra tais como Joaquim Chissano, Pascoal Mocumbi, Mariano Matsinhe para irem se integrar na Frelimo com ele. 

Portanto, ele encontrou a Frelimo formada. E é mentira quando dizem que ele formou a Frelimo.  E é também mentira grosseira quando dizem que ele foi o obreiro da unidade nacional. Mondlane foi um grande desordeiro e desorganizador da unidade nacional. Daí que este autor (Francisco Moisés), embora novinho em folha no ano de 1968, esteve na linha de frente na revolta contra Mondlane que se fazia sentir e era apoiada por militares e militantes da Frelimo na Tanzânia e mesmo por alguns combatentes no interior de Moçambique.

Toda a gente sabia que ele, Janet e Betty King, que eu nunca cheguei de conhecer visto que ela não vinha ao Instituto Moçambicano  em Dar Es Salaam visto que os estudantes eram muito hostis aos  brancos e outros não pretos (Hélder Martins, a sua esposa, Jacinto Veloso,  Óscar Monteiro, Jorge Rebelo e Sérgio Vieira) que eram todos suspeitos de serem agentes dos portugueses.  Na verdade, o padre Gwenjere tinha conseguido convencer  com provas e evidencias o gabinete de Rashid Kawawa, o vice-presidente do Nyerere, que todos aqueles eram agentes da Pide.  Os tanzanianos os escorraçou para a Argélia no ano de 1969.  A Frelimo retrouxe-os mais tarde depois do colapso da nossa revolta.

Em 1968, Mondlane pressentia a morte que lhe avizinhava.  Falando ao jornal Mzalendo (O Nativo) em Swahili, ele disse que ia morrer com o seu amor pelo Moçambique no seu peito.  E no dia 11 de Março de 1968, enquanto eu e outros jovens estávamos ainda em Dar Es Salaam, um grupo de macondes incluindo uma mulher com um bebé no colo e armados de catanas, paus e cornos, aproveitaram-se da ausência do Gwenjere que tinha indo em serviço pastoral a cidade de Morogoro para o noroeste de Dar Es Salaam e os desencorajava a nao recorrer a violência contra os dirigentes da Frelimo, assaltaram o escritório da Frelimo No Nkrumah Street. Agarraram no Chissano, mas o treinado da KGB, conseguiu sair das mãos dos assaltantes  que tentavam o catanar quando o casaco que usava perdeu os seus botões e ele o retirou do seu corpo antes de correr pelas escadas abaixo para entrar e correr na rua somente de camisola.  Sérgio Vieira meteu-se e fechou-se na latrina e os assaltantes não tiveram o tempo de quebrar a porta para cataná-lo e dar cabo dele antes de se retirarem e se dispersarem para não serem apanhados pela policia tanzaniana.  Infelizmente, Sansão Mutemba, que dizem ter sido o pai da Josinha Mutemba, a namorada de Felipe Magaia, que Samora Machel veio a forçar a ser a sua esposa depois de organizar o assassínio do outro, foi agarrado e catanado na cabeça e veio a morrer no Muhimbili Hospital, hospital central de Dar Es Salaam, das feridas infligidas.  

Quem estaria por detrás da morte de Mondlane?  Não os portugueses para quem Mondlane era um instrumento útil por ter estado ligado a CIA com que a PIDE tinha estreitas ligações. E Mondlane obtinha dinheiro da CIA.

Nenhum dos opositores tinha a sofisticação de obter e armar uma bomba numa encomenda.

Agora a maior suspeita: terão sido os tanzanianos que o fizeram depois de estarem saturados com as traições do Mondlane que eles sabiam ia a Lisboa e mesmo a Lourenço Marques secretamente.  Eles o tinham constituído com uma fama internacional e não podiam expulsá-lo da Tanzânia sem se fazerem de parvos.

O dedo acusador parece na verdade dirigir-se aos tanzanianos que não emitiram nenhuma informação da sua investigação sobre a morte de Mondlane e nem permitiram que houvessem fotografias. E nem permitiram a Interpol divulgar o que obteve das suas investigações.

A policia Tanzaniana deteve na verdade Joaquim Chissano, Marcelino dos Santos, Betty King que foram chamboqueados (Antonio Augusto Marangabassa) aquela tarde enquanto na detenção.  Joaquim Chissano, chefe da segurança da Frelimo é um daqueles que dizíamos ser um agente da PIDE na Frelimo como o próprio Mondlane, contra quem dirigimos a revolta de 1968 com na verdade certa simpatia do escritório de Rashid Kawawa, o vice-presidente do presidente Nyerere da Tanzânia, o homem que decidiu separar os jovens da liderança da Frelimo para nossa segurança e nos colocou no campo de Rutamba com uma instrução aos funcionários da ONU e a nós os exilados que alertássemos ao governo logo que víssemos qualquer dirigente da Frelimo a chegar lá para nos chatear para o governo agir contra eles.  Na verdade, só uma vez chegou o Chissano depois de ser verificado pela ONU e encontrou-se comigo e um outro rapaz e recusamos falar com ele em português depois de lhe dizer que não o conhecíamos e nós não eramos da terra dele, mas sim congoleses, preferindo fazê-lo em francês que já falávamos no seminário de Zobué onde o tínhamos aprendido. Este rapaz e eu só falávamos em francês quando estávamos juntos.  Chissano disse que devíamos pedir perdão aos líderes da Frelimo e nós dissemos-lhe logo " vai-te embora Satanás."

*O antepassado do Julius Nyerere era um régulo na terra dos senas que se desentendeu com os portugueses e fugiu para Nyasalnd antes de se dirigir para o Tanganyika.  A  palavra Nyerere em sena quer dizer formiga.  Este nome não é comum na Africa oriental e é somente ele e a sua família que tem este nome. E há poucos copiadores deste nome desconhecido na Africa oriental.

A RECORDAR:

7 Fevereiro 2006, 11:18

Jornal moçambicano põe em dúvida local da morte de Eduardo Mondlane

por Agência LUSA  

O primeiro presidente da FRELIMO, Eduardo Mondlane, foi morto na casa da secretária norte-americana da sua mulher e não no seu gabinete, noticia hoje o novo diário por fax Canal de Moçambique, na sua primeira edição.

A notícia é a primeira a pôr em dúvida o local "oficial" do assassinato de Eduardo Mondlane, a 03 de Fevereiro de 1969, na capital da Tanzânia, Dar-es-Salam, geralmente atribuído à PIDE, a polícia política da ditadura portuguesa.

Os manuais de História leccionados no ensino moçambicano, redigidos na altura em que a FRELIMO governava o país em regime de partido único, referem que Mondlane morreu ao abrir um livro-bomba no seu escritório de trabalho, em Dar-es-Salam, onde o movimento que na altura lutava contra o colonialismo português tinha a sua sede.

A FRELIMO atribuiu desde logo o atentado à PIDE, mas o Canal de Moçambique refere que a polícia tanzaniana chegou a deter por algumas horas Joaquim Chissano, que na altura dos acontecimentos era secretário particular de Eduardo Mondlane, bem como Marcelino dos Santos e a mulher deste, Pamela.

Na ocasião foi também detida a norte-americana Betty King, secretária da mulher de Mondlane, Janet, igualmente norte-americana.

"A história que há 37 anos se ensina oficialmente aos moçambicanos e faz parte dos curricula escolares é falsa. É mentira. A verdade é outra. O primeiro presidente da FRELIMO morreu num edifício da secretária da esposa, em Oyster Bay, na capital tanzaniana", lê-se no Canal de Moçambique.

"Sim, confirmo que foi em casa de Betty King. Fui lá para ver o corpo", refere também o ex-presidente Joaquim Chissano, ouvido pelo jornal no dia 03 de Fevereiro, à saída da cripta dos heróis moçambicanos, onde estão guardados os restos mortais de Mondlane.

A data de 03 de Fevereiro, que evoca o assassinato de Mondlane, foi escolhida para dia dos heróis moçambicanos.

Segundo o jornal, a viúva de Eduardo Mondlane também confirmou que o seu marido morreu na casa da sua secretária Betty King, "onde ele ia passar os seus momentos de lazer".

A casa da secretária situava-se num bar residencial muito movimentado.

Na manhã da segunda-feira em que se deu o atentado, a residencial estava deserta, não se encontrando no seu interior nem Betty King nem a maioria dos empregados, mas apenas um trabalhador que serviu um chá a Mondlane, acrescenta o jornal.

Na sua primeira edição, o Canal de Moçambique assume-se como um jornal que tentará ser "um espaço aberto e novo na maneira de abordar o passado, de encarar o presente e de contribuir para o país".

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