"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 27 de julho de 2020

O CULUPADO


Repassando:
Por: *Nanwara Soothala Timiiva*
E a Fátima Mimbire?
O CULUPADO
Não faz muitos dias que a música do irmão Mbalua, o culpado, entrou em cena na música moçambicana e ganhou popularidade e sucesso que não só atraiu pessoas impelindo-as a fazer memes saudáveis nas redes sociais, mas também críticas infundadas e diametralmente odiosas/preconceituosas por parte de alguns intelectuais do país. Não é a primeira vez que músicas têm-se popularizado mesmo esquálidas contra a consciência colectiva/cultural e moral do nosso país incentivando putaria, mulherenguice como "as sete pitas na zona" de Bander, sexualizando a sociedade, pois a música de Ziqo "quadradinho" passava na televisão sem nenhum problema e, perante esta realidade triste, nenhum intelectual levantou a voz.
Por quê? Talvez por se tratar de músicas de origem sulina, personificação de civilização, que se quer impor sobre as outras regiões. O etnocentrismo geograficamente localizado tem sido a força motriz para enaltecer certas obras literárias em detrimento das outras em função da origem, despojando-se de possíveis critérios objectivos de validação.
Diante desse quadro exposto, é preciso responder, com devido respeito, a crítica da Fátima Mimbire, que aproveitando-se da popularidade da música teceu críticas legítimas, mas que não deixam transparecer o seu favoritismo ao Sul do país. Parece-me que ela é jornalista e crítica social, mas onde estavas quando as músicas anteriormente (quadradinho, sete pitas na zona) estavam no ar? Não vi sequer teu texto, possivelmente não tinhas esse ar interventivo diante da customização do entretenimento com vista a responder as baixarias e diarreias musicais que pareces fechar os olhos, mas justo que um nortenho lançou, tu apareces e digitas o teclado.
No teu texto observas que o namorado não é o supridor das necessidades da namorada porque reserva-se aos pais esse papel e daí, prossegues, dizendo que há "muitos exemplos por aí na sociedade e me enchem de orgulho", no entanto, não apresentas nenhum exemplo excepto às suas experiências subjectivas relativamente a vida familiar e as tornas um modelo basilar para tomada de decisões de todas moças. Devias saber, no mínimo, que muitas moças não vivem no contexto familiar por ti descrito, mas passam penúrias tão sérias. O cantor usa o substantivo namorado para criar mais harmonia a letra, pode ser que ele se refira aos maridos, transcenda o conceito. Suponhamos que o caso não seja esse mas seja literalmente o namorado, podemos dizer, humanamente falando, que os namorados devem ajudar as namoradas materialmente caso consigam. És defensora da ideia que as moças devem ser USADAS em nome de amor, mas não serem eventualmente "ajudadas" com presentinhos ou qualquer outra coisa?
A música não incentiva prostituição. Fala de uma moça piamente apaixonada por um homem e esse, aproveitando-se da passividade da moça, só a usa mesmo sabendo das suas faltas. Tendo ele o poder de ajudar, não o pode? Continuas vitimizando a sociedade e afirmas que o pedir dinheiro por parte das namoradas pode criar um "ciclo" de dependência e abrir asas para violência. Quantos ricaços casam com mulheres pobres, mas não são violentadas? Depende da consciência moral do indivíduo. É o momento de apelar ao nosso Governo a intensificar os projectos de qualidade de ensino, se bem que os tem, para inculcar na sociedade o respeito pela dignidade humana independentemente de se ser rico ou pobre. Se pedir dinheiro for prostituição deverias ser crítica acérrima da escritora Paulina Chiziane, mas nenhuma vez vi texto teu criticando-a; pois ela, em seus textos, mostra a submissão feminina aos intentos do homem para felicidade relacional e familiar. Por que não a criticas como uma defensora pública e dos direitos humanos?
Chama-me a atenção o teu texto. Quando eras criança vendias gelinhos em casa? O teu pai tinha um congelador ou geleira. Quanto àquelas que não têm pais um pouco abastados como os teus?
Falas de teu namorado que te vinha buscar no fim do expediente, mas era um Zé ninguém? Nunca comprou uma pipoca para ti? Nunca fez nada para ti?
Sem mais delongas a tua intervenção relativamente à música do irmão Mbalua é populista, inoportuna e demasiadamente infeliz. Influenciada pelos factores exógenos de regionalismos, complexo de superioridade cultural e um ar de pseudo-crítica na satisfação dos seus fãs.





Sem comentários:

Enviar um comentário