17/09/2018
Quantos sentimentos dispersos
Indico vieste recordar,
Muhipiti, voltei p'ra te amar
e soubera eu em versos
contar as emoções despertas
entre umas ruínas desfeitas,
neste Ramadã sempre abertas
as mesquitas à oração,
lado a lado ao fervor
do Padre Lopes, o amor
que só alguns eleitos dão,
qual macua que desconhece
da inútil palavra "obrigado"
sentido e significado,
pois repartir é benesse
tão natural como receber,
pois só quem quer é que dá,
seja cristão ou filho de Alá.
Indico vieste recordar,
Muhipiti, voltei p'ra te amar
e soubera eu em versos
contar as emoções despertas
entre umas ruínas desfeitas,
neste Ramadã sempre abertas
as mesquitas à oração,
lado a lado ao fervor
do Padre Lopes, o amor
que só alguns eleitos dão,
qual macua que desconhece
da inútil palavra "obrigado"
sentido e significado,
pois repartir é benesse
tão natural como receber,
pois só quem quer é que dá,
seja cristão ou filho de Alá.
E só quem isto entender
desta macuana sentirá
do caju o travo saboreado,
da manga o gosto melado,
e daqui então levará
vontade p'ra logo voltar
a esta terra de emoções
que os nossos corações
de saudade faz palpitar
por um lenho fresquinho
à beira do mar sorvido
depois de um beijo sentido,
de um abraço apertadinho.
Sonhos que levarei sonhando
de fragrâncias impregnado
por algas de mar iodado
ou de papaieiras exalando,
como de teu corpo o perfume,
de teus sentidos o calor
deste impossível amor,
desta intensa chama sem lume,
onde a contradição faz lógica
neste lugar da macuana.
Muhipiti, terra africana,
de feitiço e de mágica
por Camões e Knopfli cantada
na mais sublime da poesia,
píncaro da mais pura elegia,
por séculos tão retratada
em intensas ou suaves telas,
inspiração de cores quentes
do calor que só as tuas gentes
fazem sentir à luz de velas
numa qualquer casa de colmo,
ao bruto sol ou ao luar,
do Alcorão ou Bíblia o salmo,
qualquer um, que Deus é só um,
não cuidando o Homem pela cor,
exemplo que é de puro amor,
alimento como nenhum,
maná nesta Ilha tão farto,
património da humanidade,
Muhipiti para a eternidade,
Cheio de saudade, já parto.
Algures em África, 27.11.2002 Fernando Gil
por séculos tão retratada
em intensas ou suaves telas,
inspiração de cores quentes
do calor que só as tuas gentes
fazem sentir à luz de velas
numa qualquer casa de colmo,
ao bruto sol ou ao luar,
do Alcorão ou Bíblia o salmo,
qualquer um, que Deus é só um,
não cuidando o Homem pela cor,
exemplo que é de puro amor,
alimento como nenhum,
maná nesta Ilha tão farto,
património da humanidade,
Muhipiti para a eternidade,
Cheio de saudade, já parto.
Algures em África, 27.11.2002 Fernando Gil
NOTA: Meu último post neste bicentenário da elevação a cidade, com um abraço a todos os que amam aquele lugar, tão diferente de todos os outros.
Fernando Gil
MACUAA DE MOÇAMBIQUE
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