"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 30 de setembro de 2018

Violência militar poderá voltar a Moçambique

domingo, 30 de setembro de 2018


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Um novo surto de violência militar em Moçambique é provável, após as eleições gerais de 2019, considera a mais recente análise da Economist Independent Unit (EIU), uma entidade de pesquisa da revista económica britânica The Economist. “Haverá uma oportunidade para as alas duras da Frelimo e da Renamo imporem a sua autoridade e ganhar o máximo de vantagem sobre a outra parte. À medida que a paciência se for esgotando nos dois lados, o risco de um regresso ao conflito vai aumentar”, diz a análise. A ameaça de reatamento do conflicto armado será maior, caso a Renamo consiga resultados eleitorais frágeis, debilitando a ala política em relação ao braço armado, num contexto em que Afonso Dhlakama já não está em cena, acrescenta aquela entidade de pesquisa. “Uma vez encerrado o ciclo eleitoral, em 2019, a Frelimo e a Renamo estarão menos preocupados com a sua reputação e as suas atenções vão virar-se para a completa implementação das reformas acordadas nos acordos de paz”, lê-se no documento. A EIU assinala que o principal partido da oposição dispõe de apenas mil homens armados e, em caso de rebelião, não irá ameaçar o controlo do poder da Frelimo. Mas poderá resultar num impasse destrutivo, como aconteceu no passado, enfatiza. Os guerrilheiros da Renamo vão entregar apenas algumas armas, (mas não todas), no âmbito do processo de desarmamento e a animosidade com a Frelimo vai persistir. Antes do encerramento do actual ciclo eleitoral, é provável que ocorram actos isolados de intimidação política e violência, incluindo assassinatos, por membros frustrados da linha dura dos dois lados. A EIU considera que o acordo sobre descentralização alcançado este ano entre a Frelimo e a Renamo abre um amplo espaço para disputas. “Ainda assim, ambos os lados serão cautelosos em relação ao risco de mancharem a sua reputação a caminho das eleições de 2018 (municipais) e de 2019 (presidenciais, legislativas e provinciais), perigando a paz, o que torna provável um acordo de desmilitarização. Os analistas da EIU assinalam que o actual líder interino da Renamo, Ossufo Momade, é deputado e general, o que lhe confere uma mobilidade aceitável entre as alas política e militar do seu partido. Em Maio, continua o texto, os moderadores da Frelimo e da Renamo conseguiram uma vitória, ao lograrem a aprovação de uma revisão pontual da Constituição da República sobre descentralização. Mais despesas para conter tensões sociais A EIU destaca que o cenário político entrou numa nova era de incerteza com a morte súbita em Maio de Afonso Dhlakama, frisando que a Frelimo e a Renamo têm uma ala dura que não está disposta a fazer cedências.
“O Presidente Nyusi provou ser adepto da marginalização da linha dura dentro da Frelimo e o líder interino da Renamo é deputado e general”, enfatiza. O documento refere que as eleições municipais serão renhidamente disputadas, tendo em conta que o sucesso da oposição ao nível local é central 
para a sua exigência de maior autonomia regional A Renamo, prossegue o texto, já demonstrou a sua habilidade de se transformar de movimento rebelde em partido elegível, mas a luta pela liderança após a morte de Afonso Dhlakama poderá fragilizar a organização. Nas eleições gerais de 2019, a Frelimo terá de controlar a frustração provocada pela crise económica, desde a descoberta das dívidas ocultas, mas uma política fiscal expansionista antes do escrutínio vai ajudar a diluir a tensão social. Ademais, a Frelimo procurará limitar o espaço de liberdade política, recorrendo às vezes à força, a influência que detém sobre as instituições do Estado e comunicação social dará vantagem ao partido no poder. “A oposição ver-se-á com dificuldades para conduzir uma campanha eleitoral de âmbito nacional, devido aos seus limitados recursos”, diz a EIU.

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