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terça-feira, 15 de julho de 2014

DOM DINIS SENGULANE: DHLAKAMA PODE TER " MEDO" DE SAIR DA GORONGOSA


(2014-07-15) O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, deve ter "medo" de sair da serra da Gorongosa, disse hoje o bispo emérito da Igreja Anglicana e observador do processo de pacificação moçambicano Dinis Sengulane.

"O que aconteceu na semana passada pode ter causado medo a Dhlakama de sair", afirmou hoje, durante um seminário no Instituto Real de Relações Internacionais, em Londres,

Sengulane referia-se à detenção a 7 de julho de António Muchanga, porta-voz da Renamo, por alegadamente este ter cometido um crime de incitação à violência, com o levantamento da imunidade de membro do Conselho de Estado e transferência para a Cadeia de Alta Segurança de Maputo.

"Dhlakama teria de ser muito corajoso para sair nesta altura. Se é ou não, veremos", disse, em resposta a uma questão sobre quando iria sair o candidato do principal partido da oposição de Moçambique às eleições presidenciais de 15 de Outubro.

O prelado, que se aposentou em maio da posição das funções de bispo anglicano da Diocese dos Libombos, mas que garantiu manter-se envolvido na mediação do conflito em Moçambique, referiu que o processo de desmilitarização da Renamo continua a dividir posições.

Outra questão ainda a necessitar clarificação, é como será feito o envolvimento da comunidade internacional, embora Sengulane tenha confirmado ter sido "aceite pelos dois lados que participem na pacificação".

Por outro lado, defendeu que o pagamento de pensões a antigos combatentes é questão que "deve ser discutida mais tarde".

Não obstante a "lentidão" do processo de paz, Dinis Sengulane, que também é membro do Conselho de Estado moçambicano, garantiu existirem avanços e vincou: "Gostaria que as decisões fossem tornadas públicas para dar confiança às pessoas".

A Renamo e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, reacenderam o conflito que opôs os dois movimentos durante a guerra civil de 16 anos, desde 2013 devido, primeiro, a divergências em torno da lei eleitoral, já ultrapassadas, e depois por desentendimentos em torno do desarmamento do braço armado do partido.

Esta tensão provocou confrontos militares cujo número de baixas, incluindo civis, é incerto, e forçou Dhlakama a procurar refúgio na serra da Gorongosa, província de Sofala, onde se mantém cercado por forças do exército desde outubro do ano passado.

As negociações que as partes mantêm desde há mais de um ano têm conduzido a alguns avanços, mas permanecem bloqueadas devido à exigência da Renamo em incorporar os seus quadros nas forças de defesa e segurança, em troca da desmilitarização do movimento.

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