"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 7 de maio de 2018

Digam Amén




É dolorosa a forma como Dhlakama desapareceu. Diferente de morrer num combate. Teve uma morte humilde, mas cheia de muitos significados. A forma como morre, o momento e o lugar. Morreu por doença, dizia ele próprio que não será a tiro porque não é terrorista nem criminoso. Cumpriu-se a sua profecia. Morreu na serra da Gorongosa fora de um hospital representando tantos moçambicanos pobres e miseráveis que passam dessas situações. Ainda que se dirijam aos hospitais, não há medicamentos, são reconduzidos às farmácias privadas. As farmácias privadas não são pra qualquer moçambicano, assim como não são para qualquer mocambicano tratamentos no exterior. Sendo Dhlakama um moçambicano qualquer que sentia na pele o sofrimento do povo, Deus negou que o levassem a África do sul. Não podia morrer num hospital de luxo senão a sua luta ficaria sem sentido. Se ele morre pelos pobres e injustiçados, merecia uma morte humilde. Dhlakama não era homem de luxo sabendo que há tantos que sofrem. Portanto, o sentido altruísta da sua vida justifica o lugar em que morreu. Se o presidente Nyusi tinha o poder de o tirar das matas à África do sul, por que não o  fez muito antes de ele somar anos pra voltar ao nosso convívio? Por isso Deus negou que acontecessem coisas da última da hora. Sr presidente não é culpado por não ter ajudado Dhlakama, Deus quis assim para manter a coerência dos factos. Por fim, o momento em que morre eu digo que é momento certo pra ele próprio Dhlakama e talvez errado para nós. Digo certo porque ele foi ao Pai e de mãos limpas. O país não está em guerra, não há acusações disto mais aquilo entre a FRELIMO e a RENAMO...portanto, deixou o país num bom ambiente. Fez o seu máximo, o resto é connosco que ficamos. Não deixou batata quente pra ninguém como se pode pensar. Os acordos estão escritos. Que sejam discutidos, retificados e implementados. Cumpra-se a vontade do povo. Dhlakama era o espelho do povo. É momento errado prá nós que ficamos porque o povo ja se preparava para o dar o poder pelo mérito pessoal. Escrevi só para vos fazer perceber a dimensão mítica e metonímica da figura do Dhlakama.
Amen

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