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Escrito por Adérito Caldeira em 19 Julho 2016 |
![]() “Os progressos adicionais na implementação efectiva das medidas macroeconómicas correctivas e das medidas com vista ao reforço da transparência, melhoria da governação e garantia da responsabilização, abririam o caminho para a retoma das discussões do programa em fase posterior” acrescentou em comunicado de impressa a missão do FMI que visitou o nosso país entre 16 e 24 de Junho. Gerry Rice, questionado em conferência de sobre o estágio actual das negociações entre o Fundo Monetário e Governo de Moçambique, disse que no entendimento da instituição de Bretton Woods, “o governo ainda não está pronto para avançar com esta auditoria. É neste ponto em que nos encontramos actualmente”.
Sem auditoria internacional e independente não há mais dinheiro do FMI nem dos doadores
A descoberta em Abril de 2016 dos empréstimos secretamente contraídos pelas empresas Proindicus (que endividou-se em 2013 em 622 milhões de dólares norte-americanos com os Credit Suisse e Vnesh Torg da Rússia) e da Mozambique Asset Management(MAM – que endividou-se no banco russo Vnesh Torg em 535 milhões de dólares norte-americanos em 2014), todos com aval do Estado mas sem a aprovação da Assembleia da República, levou o FMI a suspender o seu apoio directo ao Orçamento do Estado moçambicano, decisão seguida pelos restantes parceiros de cooperação internacional.Na altura o nosso País esperava receber da instituição dirigida por Christine Lagarde a segunda tranche do empréstimo de cerca de 282,9 milhões de dólares norte-americanos, ao abrigo da Facilidade de Crédito Stand-By para aumentar as Reservas Internacionais Líquidas e manter a estabilidade macroeconómica. “Portanto a revisão com Fundo não está ainda concluída e, naturalmente, para qualquer desembolso é necessário que a revisão esteja completa” concluiu o porta-voz do Fundo Monetário Internacional reiterando que esse empréstimo foi suspenso até que aconteça a auditoria internacional e independente às empresas Proindicus, MAM e EMATUM. Enquanto a ajuda internacional directa está suspensa as principais divisas continuam a escassear nos bancos comerciais e no mercado paralelo, onde continua a existir, o seu valor não pára de aumentar em relação ao metical, nesta segunda-feira(18) cada dólar norte-americano foi transaccionado a 72 meticais e o rand sul-africano foi vendido a 4,7 meticais. Recorde-se que na semana passada, depois de quase um ano de investigações a Procuradoria-Geral da República apenas apurou o que já havia sido constatado pelo Tribunal Administrativo, em Novembro de 2015, que existiu “violação da legislação orçamental no que diz respeito a não observância dos limites e a não observância dos procedimentos legais. E isto implica ilícito criminal na forma de abuso de cargo ou função”, revelou o porta-voz da PGR, Taíbo Mucobora, acrescentando que a investigação continua e deverá demorar muito tempo pois as negociatas são complexas, envolvem muito dinheiro, muitas pessoas e vários países. De certa forma a PGR reconheceu a necessidade da auditoria internacional pois disse que a instituição vai envolver peritos estrangeiros nas investigações. Já a Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI) continua por ser constituída. Na passada terça-feira(12) o partido Frelimo, que inicialmente foi contra qualquer tipo de investigação mas acabou por curvar-se às exigências de todos sectores da sociedade e dos doadores, voltou a atrasar o início dos trabalhos rejeitando a proposta do partido Renamo que desejava incluir representantes de organizações da sociedade civil nas CPI.
Prestação da dívida atrasada da MAM poderá estar escondida no Orçamento rectificativo
![]() São cerca de 178 milhões de dólares norte-americanos que a Mozambique Asset Management deve e que o Estado poderá ter que pagar pois o empréstimo tem Garantia do Estado moçambicano, mesmo violando a Constituição e a Lei Orçamental de 2014, e os credores podem acciona-la. Embora a proposta de revisão orçamental que o Executivo de Filipe Nyusi submeteu à Assembleia da República deixe claro que “a revisão do serviço da dívida (capital e juros) não prevê o impacto das garantias emitidas para MAM e PROINDICUS no valor 1,2 mil milhões de USD por não se prever a sua eventual execução pelos credores” a verdade é que esse Orçamento esconde nas “Demais Despesas Correntes” um valor que não estava previsto no Orçamento inicialmente aprovado para 2016. São mais de 10 mil milhões de meticais cujo contra-valor em dólares, a um câmbio conservador, poderá corresponder ao valor da primeira prestação do empréstimo que a Mozambique Asset Management tem por pagar ao banco russo. |
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
terça-feira, 19 de julho de 2016
FMI (e o povo moçambicano) está a espera da auditoria internacional e independente às empresas Proindicus, MAM e EMATUM
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