"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



terça-feira, 10 de abril de 2018

Que nos matem!


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Canal de Opinião por Edwin Hounnou
Nos últimos quatro anos, o terror contra  quem pense de modo contrário ao “oficial” está a ficar cada vez mais perigoso. Raptar e quebrar os membros tem sido uma excepção.
A regra é matar. Não é uma actuação aleatória mas uma prática corrente e com alvos bem seleccionados, para matar a oposição e dos que com ela se confundem, tal como ocorria no Brasil e Argentina dos militares e Chile de Augusto Pinochet. Tiveram a sorte de lhes serem quebrados os membros inferiores o professor José Jaime Macuane, o jurista Carlos Jeque e o jornalista Ericino de Salema, e largados, com vida, numa ravina na Circular de Maputo.
O professor Gilles Cistac foi morto num café, no coração da cidade de Maputo. O jornalista Paulo Machava e o membro do Conselho de Estado Jeremias Pondeca foram abatidos quando estavam a fazer ginástica matinal.
Os demais foram raptados, e os corpos de alguns nunca maisforam localizados. José Manuel, membro do Conselho da Defesa e Segurança do Estado, foi regado de balas quando acabava de desembarcar, na Beira. Manuel Lole, membro do Conselho de Estado, foi capturado na sua casa,nperante o olhar impotente danmulher, e desapareceu para sempre.
As valas comuns, durante o conflito armado, andavam cheias de corpos crivados de balas.
Apesar de haver evidências a indicarem acções deliberadas de forças subvencionadas pelo regime, a Procuradoria-Geral da República mantém-se muda.
Américo Sebastião, um cidadão português, raptado em Nhamapadza, província de Sofala, a 29 de Julho de 2016, cuja sorte a si reservada continua uma incógnita, o que beliscou as relações com Portugal. A ida a Lisboa do ministro do Interior, Basílio Monteiro, para convencer as autoridades portuguesas com mentiras, não logrou os efeitos desejados, que era para incriminar a Renamo. Um Estado que não respeita o direito à vida dos seus cidadãos não inspira confiança. A Frelimo pensa que matar o seu próximo é “normal” como na luta de libertação nacional em que as diferenças se resolviam à baioneta.
O presidente Filipe Nyusi tem todos os meios ao seu alcance a fim de parar com os assassinatos de outros moçambicanos pelo facto de expressarem suas opiniões que não coincide com o pensamento da Frelimo. Nunca duvidámos de que as emboscadas de Chibata e Zimpinga, na província de Manica, no mês de Setembro de 2015, contra as caravanas do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, foram protagonizadas pelas forças governamentais, seguido de um perigo cerco à sua residência, na Beira. Nas emboscadas de Zimpinga, foi abatido o capitão das forças governamentais conhecido por Gungunhana, provando-se o envolvimento das forças armadas em acções criminosas.
Os tentáculos criminosos da Frelimo estendem-se pelos quartéis. O exército está sob as ordens do bando que promove guerra, intolerância e corrupção generalizada, no nosso país.
Enquanto o governo não esclarecer quem são os esquadrões da morte e quem lhes aponta as vítimas a abaterem, a percepção pública continua a acusar a Frelimo e o seu governo como os assassinos.
A Comissão Política da Frelimo pode mandatar quantas visitas quiser às vítimas nos leitos hospitalares, para nada serve até que tragam a público os donos dos assassinos. Pode chorar, lamentar a pulmões cheios, enviar mensagens de condolências e de consolo que isso tudo não vale para nada enquanto não revelarem quem são os que raptam e matam as pessoas de outras opiniões. As suas caras amarfanhadas de tristeza, não passa de uma simples encenação teatral mal montada.
Urge ultrapassar essa prática de boçalismo político e implantar a cultura de humanismo e de tolerância, prática prevalecente em Estado de Direito e Democrático.
Em Democracia, ninguém é morto por pensar diferente de quem tenha o poder nas mãos porque um Estado moderno não permite actividades fascistas nem o mínimo desrespeito das leis.
Os donos dos esquadrões da morte devem ser levados à barra do tribunal e severamente punidos.
Para que isso possa ocorrer, é preciso que haja uma real separação de poderes. No nosso país, o poder político amordaça os restantes poderes – judicial e legislativo.
O chefe de Estado manda nos titulares dos órgãos de justiça, por isso, nada vai acontecer aos que nos raptam e nos matam.
Os esquadrões da morte são um grupo de esfomeados e armados pelo governo para raptarem, agredirem e matarem a outros homens esfomeados, para servir os interesses de homens engravatados, cheios de dinheiro ilícito tirado dos bolsos do povo. Os esquadrões da morte têm de saber que estão sendo usados para servirem interesses estranhos a eles próprios e às suas famílias. Em Moçambique, é proibida a pena de morte nem execuções sumárias e extrajudiciais, porém, eles prosseguem com as suas criminosas.
É preciso não perdermos de vista que raptar e assassinar foi e continua a ser o “modus operandi” da Frelimo desde os tempos da luta de libertação nacional.
Não se trata de desvios de nenhuma ala. Esta é a natureza da Frelimo – sobrevive de crimes de sangue. (Edwin Hounnou)
CANALMOZ – 10.04.2018

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