"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sábado, 31 de agosto de 2019

CAPIM POSTO, CAPIM DEPOSTO! O que vem antes?

sábado, 31 de agosto de 2019


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CAPIM POSTO, CAPIM DEPOSTO!
O que vem antes?
Essa é apenas uma das questões que de forma recorrente faço aos meus botões vermelhos vermelhos, verde e branco.
O que vem antes, é o ministério, o indivíduo no ministério, a dignidade do indivíduo ou o grupo do ministério?
Antes de mais e antes que estejamos em campanha eleitoral, permitam dizer que já lá vão tempos, séculos e se calhar milênios em que o Homem tenta sobreviver seguindo a ordem natural da vida plantando para depois colher.
Nessa inglória tarefa de plantar e colher, o Homem diferente do animal, tem rivalizado ora com pragas que podem até ser de insectos, ora com cheias ou secas.
O nascimento de capim em meia plantação é um processo biológico, concorrencial e portanto NATURAL.
E já desde cedo, o Homem combate fenômenos naturais incluindo o capim sem muito sucesso. O CAPIM nasce ou em resposta à acção humana ou em resposta à necessidade de existir e ser capim.
Há capim que cresça favoravelmente onde há milho ou arroz e há capim, igual ao Jardim das nossas casas que cresce e rejuvenesce a medida que o aparamos.
Qualquer analogia que faça recurso ao capim tem de levar em conta estes e outros pressupostos.
Com isto, introduzo este palavreado que deverá servir para o que vou dizer no fim mas antes, vou partilhar convosco parte da história do capim de Manica, minha terra Natal.
Como muitos já devem saber, sou natural de Manica, e lá fiquei até aos 15 quando por conveniência familiar e coisas desta vida, fui morrar com meu pai em Nampula e depois em Maputo onde resido até hoje.
A minha querida bisavó, com quem vivi, foi quem me criou até aos 15 anos, devo quase tudo a ela e depois aos meus pais que me geraram.
Sem muitas posses, vivíamos no Bairro 7 de Abril, mais concretamente na Zona Centro. Em casa tínhamos um Rádio à pilhas AA+, uma cama, loiça, esteiras para todo mundo assim dormir. Sem saber, éramos muito felizes e unidos naquela doce pobreza.
A família Festo, como éramos conhecidos ou netos da Avó Eugénia, 7 que éramos, tínhamos machambas em tudo que era lugar e foi com base em muita porrada(para travar traquinices) e agricultura que fomos todos criados mas à base de agricultura repito, não aquela que constitucionalmente se força dizer que é a base do desenvolvimento do país sem que com isso tenha algum significado prático.
A nossa agricultura era a de cabo curto, a nossa fome saciou e a todos fez crescer. Cada um, depois, tratou de traçar seu destino e com base nas escolhas passadas.
As férias escolares eram passadas ou em Zembe ou em Nhamizinga(Hondé) ou nas outras machambas na cidade como eram os casos da do Bairro Centro onde plantavámos arroz e Batata-doce, ou naquela zona expansão do 7 de Abril onde tínhamos amendoins.
Sabia que meu sustento vinha dali contudo não posso esconder o facto de naqula altura, inocentemente odiar a machamba do 7 abril.
Para quem não sabe, amendoim atrai corvos e aquela zona era frenquentada por corvos e pássaros.
A minha bisavó mesmo sem querer, mandava brincar na machamba como exercício para afungentar corvos e outros pássaros.
Odiava também a machamba do Zembe, aquilo ficava em meio mato e olha que a grande diferença entre onde moravámos e lá, era a existência de casas e amigos para brincar mas para lá, iamos todos.
Fora a felicidade e desordem de uma casa com mais de 6 crianças, dentre as quais alguns na adolescência, tínhamos o tal aparelho de Rádio que pertencia a avó Eugénia e que só era ligado quando existia dinheiro para comprar as pilhas. O mau de Zembe era o facto de só existirem casas em casa em cada 10Kms.
Lá, o silêncio era por vezes substituído pelo canto de pássaros, noutras era acompanhado pela imaginação que era nutrida pela vã tentativa de explicar a concatenação vislumbrante do monte Zembe ou ainda, pelo barrulho que os meus tios faziam ao cair na água do Rio após saltar de um ponto alto ou quando até comemoravam a captura de um Mussopo (Peixe barba) acabado de pescar porque quando tal acontecia, o jantar não era Xiguinha ou carril de amendoim com rali ou rale (tapioca).
No fundo, gostava mais da machamba da Zona Centro onde podia brincar de guerra de arremeço de bolas de lama com os meus amigos da zona, principalmente com o Virgílio que era o mais divertido, indisciplinado e natural.
Na de Namizinga, que fica no distrito de Barrué, em direção à Hondé ou Catandica lembro-me de caçar peixinhos com a rede e de como não se cansava de recolher para preencher o aquário que tinha na época. Como rivais tinha patos e o ambiente. Os patos limpavam-me os peixes e o ambiente por vezes não era adptado aos peixes do Rio.
Em cada uma das machambas, cada um de nós tinha uma parcela da machamba a quem lhe era atribuído responsabilidade/direito de semear e colher quando tal não acontecia, a vó tratava de dividir pedacinhos para aque a ajudássemos a plantar e colher.
Embora entenda a analogia, a relação que tínhamos com o CAPIM não era igual que foi utilizada pela sua Excelência o Sr. Presidente da República ao se referir ao Sr. Rosário Fernandes então Presidente do INE.
Para nós, lá em casa, nem todo capim que cresce é ou serve ou servia para ser arrancado. Ainda que o critério fosse aquele, do Senhor Presidente, algo não me parecia bem ainda por ter sido usado depois da lenga-lenga dos números de Gaza.
Há em mim a ideia de que o agricultor que é um indivíduo sábio, sereno que bem acompanhado saberá pacientemente, chegar perto, olhar para terra para suposto capim com objectivo de perceber que condições favoráveis existem naquele solo para que o dito capim cresça, que valor agregado traz o CAPIM e porquê motivos cresce muito o capim a não o amendoim ou milho. Agricultura nada tem a ver com arrancar capim indiscriminadamente só porque cresceu mais que o outro. Agricultura é também amor, é aprender com o capim, com as pragas e intempéries a melhor forma sobreviver sem arrancar até a terra.
Antes de arrancar até a terra, o agricultor faz questões sobre a qualidade das sementes, se vale a pena plantar em tempo chuvoso, de vento ou de seca? Que valia tem arrancar o capim em tempo de chuva, ventos fortes ou de seca?
Que tipo de pragas e abutres o capim crescido ajuda a proteger?
É que nem toda erva daninha é sem valor. Até uma determinada altura ou momento, o capim apesar de biologicamente concorrencial com o que plantamos pode ter um signo, um significado e um significante totalmente díspar do que de mau, mal, para cortar etc etc!
Pensando bem, pensando nas palavras do Presidente Nyusi, a respeito da parábola fico com a impressão de que ela era sobre a visão de um JARDINEIRO relativamente ao capim e a relva ou sobre o proprietário de um jardim e não propriamente a de um Agricultor.
O jardineiro é quem muitas vezes anda preocupado com a altura do capim ou pelo menos com o capim que cresce mais que o outro.
O Agricultor raramente pensa assim, remover o capim que é maior. Ou remove o capim ou critério não é tão linear.
E ainda assim, o JARDINEIRO sabe que há capim que deve ser deixado crescer para que seja aparado, reconstruído e redenhado.
O jardineiro está preocupado com a unamidade, e eu me pergunto se o Presidente está preocupado com unamidade discursiva cultuando assim, a burrice institucional, a cegueira do Estado, a ESTUPIDIFICAÇÃO e DESVALORIZAÇÃO DE QUADROS e consequentemente o apequenamento de vozes discordantes?
É que o jardineiro olha para o tamanho da relva e o agricultor para a qualidade da horta.
Ainda assim, o jardim é aparado tendo em conta a sinfonia do tamanho ou seja, todo capim que cresce sozinho morre.
No jardim, todas as folhas são unânimes, nemhuma delas é mais bela do que a outra e nenhuma delas procura alcançar a perfeição por temer a morteou por não pretender ser arrancada. Não há diverisidade é tudo unamidade.
Só que, há que há quem diga, que "toda unamidade é burra" e a mair parte das vezes que se apela a unamidade está se para o nivelamento por de baixo, para o culto a intransigência, cerseamento de vozes discordantes e sem querer, cultuar a MEDIOCRIDADE como forma de ser e de estar.
E cá por mim, o INE e seu Presidente estão de parabéns pelo exercício e por nos terem mostrado que podemos ter instituições sendo instituições e por nos terem mostrado não é por mérito que as pessoas são colocadas em certas posições mas sim para servir interesses que quando não são satisfeitos, é fim sem glória, tipo pecado.
E fica a dica, o mais belo girasol cresce sozinho. E crescer sozinho pode ser indicador de quem procura excelência!

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