23/08/2019
Contrariando o discurso oficial de auto-suficiência alimentar em Moçambique as estatísticas de Comércio Externo revelam que durante o ano passado as importações agrícolas cresceram 26,6 por cento, com destaque para a aquisição no estrangeiro de miudezas, ovos, batatas, hortícolas, arroz, chá e até milho. No sentido contrário o INE alerta para a “alta dependência e pouca diversificação das exportações” que continuam dominadas pelo carvão mineral e o alumínio.
As estatísticas de Comércio Externo em 2018, analisadas pelo @Verdade, desmentem toda a retórica de diversificação da economia moçambicana os principais grupos de bens exportados foram Combustíveis Minerais (onde pertence o carvão mineral coque) no valor de 2,3 biliões de dólares norte-americanos, correspondentes a 46 por cento, e Metais Comuns (onde esta inserido o alumínio) com 1,4 bilião de dólares, representando 26.9 por cento de todas exportações. “Este grupo de produtos totaliza 72,9 por cento dos bens vendidos ao exterior, facto que indicia alta dependência e pouca diversificação das exportações”, assinala o documento do Instituto Nacional de Estatística (INE) tornado público esta semana.
“Relativamente aos grupos de produtos tradicionais que têm-se revelado cada vez menos representativos nos últimos anos, face ao surgimento dos recursos minerais de grande valor de exportação, destaca-se o grupo de produtos alimentares com 208.5 milhões de dólares correspondentes a 4,2 por cento (face ao crescimento de 154,8 por cento) e produtos agrícolas com 4,1 por cento (decréscimo de 6,4 por cento)”, indicam as estatísticas de Comércio Externo em 2018 analisadas pelo @Verdade.
No que a importação diz respeito o @Verdade apurou que os principais grupos de bens importados foram os Combustíveis Minerais com um valor de 1,6 bilião de dólares, correspondentes a 23,1 por cento, Máquinas e Aparelhos com 1,3 bilião de dólares e produtos agrícolas com 872,6 milhões dólares. A importação de produtos agrícolas cresceu 26,6 por cento, comparativamente aos 688,9 milhões de dólares de 2017.
Saldo da balança comercial com défice em 1,93 biliões de dólares em 2018
Preocupante é o rol de produtos cuja importação deveria estar a reduzir, a julgar pelos discursos triunfalista de aumento da produção alimentar nacional. O @Verdade descortinou que no ano passado foram gastos 13,4 milhões de dólares na importação de carnes e miudezas comestíveis de aves, comparativamente aos 8,9 gastos em 2017. Com a importação de ovos foram gastos 9,6 milhões, comparativamente aos 6 milhões de dólares do ano anterior. Na importação da batata foram gastos 19,5 milhões de dólares em 2018, quase o dobro dos 10,7 milhões de 2017. Importou-se 20,5 milhões de dólares em hortículas, contra 11,1 do ano anterior. Até chá e milho continuam a ser importados, tendo em 2018 Moçambique gasto 4,3 milhões e 41,5 milhões de dólares, respectivamente.
O @Verdade apurou que a África do Sul continua a ser o principal fornecedor de Moçambique (27,8 por cento), seguido pela China (11,5 por cento), os Emiratos Árabes Unidos (7,5 por cento), os Países Baixos (7,5 por cento) e a Índia (7,1 por cento).
As estatísticas de Comércio Externo mostram ainda que o saldo da balança comercial em 2018 deteriorou-se em 911,7 milhões de dólares, situando o défice em 1,93 biliões de dólares no ano 2018, contra os anteriores 1,02 biliões de dólares norte-americanos em 2017 (o valor mais favorável de sempre).
O @Verdade apurou que este défice da balança comercial pesou na balança de pagamentos do Banco de Moçambique que em 2018 teve um défice de 4,3 biliões de dólares norte-americanos, comparativamente aos 2,6 biliões de défice da Conta Corrente do ano anterior.
@VERDADE - 23.08.2019
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