"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 19 de novembro de 2017

Extravagantes e gananciosos

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Por Edwin Hounnou
Extravagante, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, significa é aquele que é esbanjador, perdulário, esquisito, afastado da razão e do bom senso, esbanjador. Estes adjectivos todos encaixam-se perfeitamente bem no caractér e personalidade de Filipe Nyusi. No início do mandato, Nyusi tentou demarcar-se das práticas nocivas que caracterizaram a governação do seu antecessor, Armando Guebuza. Todos estão bem lembrados de que Guebuza chegou a levar 12 helicópteros e uma avioneta nas suas presidências abertas, num acto de um exibicionismo exacerbado pelos distritos. O fazer despesas para além das receitas, levou o país à ruína. É sempre bom recordar que a extravagância, ganância e a corrupção são irmãs-gêmeas, andam de mãos dadas. Temos provas bastantes disso.
Esses atributos concorreram para a contração das dívidas inconstitucionais, agravada pela ausência de fiscalização da legalidade pela Assembleia da República e Procuradoria-Geral da República, que viraram instrumentos do poder executivo. A ganância e extravagância de viver mergulhados no luxo, demonstrado pelos deputados reflecte a postura maléfica dos governantes que se recusam levar uma vida sem luxúria. Os deputados e os membros do governo não levam uma vida simples como a do povo, acham-se no direito de viver acima do povo. Querem andar escondidos em Mercedes-Benz e em outras viaturas do último grito da tecnologia. Os representantes dos poderes do Estado – Executivo, Legislativo e o Judiciário – estão em delírio pelo luxo e mordomias.  
A aquisição de um jacto de luxo, no valor de 10 milhões de dólares, embora registado em nome da LAM, está claro que se destina ao Presidente Nyusi, aquele que recusou receber tractor, de 45 Mercedes-Benz no valor de cerca de 120 milhões de meticais e de demais viaturas que deixam o povo de queixo caído, entra em colisão com a falta de políticas públicas para o sector de transporte que leva o povo de casa para serviço e vice-versa. É gritante constatar que o governo não tem políticas para nenhum sector que beneficie o povo. Na agropecuária, a situação está mal. O governo apela para o aumento de produção, mas, deixa os produtos agrícolas apodrecerem nos celeiros dos produtores por falta de vias comunicação e de rede comercial. Nas grandes cidades, incluindo Maputo, o povo é transportado em My Love – carrinhas de caixa aberta – como se fosse mercadoria ou gabo bovino - cruzando-se com as luxuosas viaturas dos dirigentes do Estado. 
A escola é o lugar em que se edifica a nação e o futuro de um país, mas, entre nós, isso não diz nada. A qualidade do ensino decaiu ao ponto de um aluno da 12ªclasse não saber ler nem escrever correctamente. Como os dirigentes do Partido/Estado se aperceberam de que o sistema de educação que instalaram não tem qualidade, aproveitam-se das bolsas de estudo para mandar seus filhos se formarem fora do país a fim de continuarem com a dinastia que subjuga o povo. Um povo analfabeto ou pouco escolarizado tem poucas chances de se libertar dos seus opressores e exploradores, sejam eles antigos ou novos. Não era por acaso que o sistema colonial não ensinava quase nada. Dizia que não devia ensinar o preto para além da quarta classe, o suficiente para entender as ordens do patrão. 
Passados 42 anos de independência, voltamos a isso mesmo – o suficiente para entender as ordens dos novos colonos. Manter o povo burro e analfabeto para garantir a permanência de corruptos, gananciosos e vagabundos no poder. O sector de saúde está uma grande lástima, por isso, vemos os endinheirados e os dirigentes do Partido/Estado a atravessarem a fronteira para África do Sul a fim de se tratarem de qualquer enfermidade. As suas esposas vão ao estrangeiro para palitarem dentes e à procura de outros serviços de beleza. As farmácias do Estado andam às moscas, falta até o paracetamol, o algodão para lavar ferida. O sistema de importação de fármacos foi abocanhado por tubarões ligados ao partido no poder.
O que se podia esperar de indivíduos que destruíram a economia nacional para se enriquecerem com as comissões de importação? À altura da independência, o pais tinha uma agricultura robusta e uma indústria transformadora e metalomecânica forte, porém, hoje, é um excelente importador de tudo, desde comida, alfinete, roupas e sapatos de segunda mão, agulhas, etc. Estamos mal! 
Precisamos fazer alguma coisa para tirar o país da vergonha.

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