"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mais de 20 mil boletins de voto roubados em Manica

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Fraude eleitoral à vista
Pelo menos 20.800 (vinte mil e oitocentos) boletins de voto para a eleição de membros das Assembleias Provinciais, que vinham contidos em 26 caixas, foram roubados de um camião, na madrugada de quinta para sexta-feira, na zona do cruzamento do Inchope, na província de Manica.
Até ao final de domingo, 5 de Outubro, o referido material continuava desaparecido.
O director-geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), Felisberto Naife, confirmou na tarde de domingo ao “Canalmoz” que as caixas foram retiradas do interior de um contentor que seguia num camião alugado pelos órgãos da administração eleitoral, para transportar os boletins de voto que se destinavam à província da Zambézia, concretamente para Pebane e Namacurra.
“É um pequeno lote do resto de boletins que se destinavam para a votação de membros das Assembleias Provinciais na Zambézia. Não se tratou de grandes quantidades”, disse Felisberto Naife,
e explicou que cada caixa corresponde a uma mesa de voto. Nos termos da actual Lei Eleitoral, cada mesa possui 800 eleitores.

O director-geral do STAE afirmou também que os boletins roubados não poderão ser usados nas eleições de 15 de Outubro, pelo facto de os respectivos números de série também servirem de código de segurança. Assim sendo, qualquer boletim de voto com um número de série errado será automaticamente rejeitado durante a contagem nas assembleias de voto. Entretanto, o STAE já ordenou a produção de novos boletins em substituição dos extraviados.
Boletins de voto e boletins de simulação
Quando questionado sobre um outro incidente ocorrido na semana passada, em que um camião com material escoltado por agentes da PRM tombou no distrito de Ile, quando transportava boletins de votos para a eleição do Presidente da República supostamente já assinalados com X a favor do candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, o director-geral do STAE confirmou o incidente, mas disse que se tratava de material de formação, nomeadamente boletins de simulação, e não como foi veiculado.
Da impermeabilidade dos boletins a canetas de tenta voadora
Acerca dos boletins de voto produzidos na África do Sul, sobre os quais se diz que a parte onde se pode pôr o X respeitante à Renamo e a Afonso Dhlakama é impermeável, de modo que, ao colocar-se o X, uma hora depois desapareça, tornando-se voto nulo, Felisberto Naife afirmou que para isso “era preciso uma alta tecnologia que nem os Estados Unidos ainda têm” e acrescentou que o processo de produção envolveu todos os intervenientes, nomeadamente os órgãos eleitorais e os partidos políticos, que aprovaram.
Além dos boletins serem supostamente impermeáveis no quadrado respeitante ao candidato Afonso Dhlakama e à Renamo, há informações segundo as quais as canetas que serão introduzidas nas cabines de voto serão de tinta voadora, e que o efeito irá dar-se só no candidato da Renamo.
Outras informações são de que os boletins de voto só têm a imagem de um único candidato, que é o da Frelimo, como aconteceu nas eleições autárquicas na cidade de Nampula, onde candidatos dos outros partidos não tinham onde marcar o X.
Felisberto Naife considerou que essas alegações são “fabricações de momento”.
Telefonemas
Informações que circularam na semana passada indicavam que, ao contrário do que acontecia no passado, em que os membros das mesas de voto podiam atender os seus telefones junto das mesas, para permitir que mantenham o controlo, nas presentes eleições de 15 de Outubro os mesmos só poderão atender as chamadas fora das mesas, o que levanta suspeitas de que sejam truques que podem permitir o enchimento de urnas durante essas ausências.
Sobre essa questão, o director-geral do STAE explicou, que nos termos da actual Lei Eleitoral, nenhum membro da mesa de voto, excepto o presidente, está autorizado a atender chamadas telefónicas dentro das assembleias ou fora das mesmas.
“Todos estão interditos de atender ou fazer telefonemas durante a votação e a contagem dos votos nas mesas ou fora delas, excepto o presidente”, disse Felisberto Naife, no contacto que manteve na tarde de domingo com o “Canalmoz”. (Bernardo Álvaro) CANALMOZ – 06.10.2014

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