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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

CIP: Contrabando de madeira financiou campanha da Frelimo

10 de Outubro de 2014, 16:02

O Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique denunciou que a Frelimo, partido no poder, foi financiada com cerca de dez milhões de meticais provenientes de madeira de contrabando na província da Zambézia.
Num relatório divulgado na quinta-feira, a organização, dedicada à boa governação e transparência, revela que o comité provincial da Frelimo na Zambézia, centro do país, recebeu ordens para reunir 10 milhões de meticais para a campanha nacional do partido com vista às eleições gerais de 15 de Outubro.
"O esquema de angariação de fundos para financiar a campanha foi desenhado e implementado pela Direção Provincial de Agricultura da Zambézia (DPA)", diz o relatório, acrescentando que "a fórmula encontrada para obter o dinheiro foi a emissão de autorizações de corte e trânsito de madeira ilegal".
A operação foi depois conduzida por operadores de abate de madeira ilegal para posterior venda a cidadãos chineses, segundo o CIP, e o dinheiro do negócio foi então repartido pelos intervenientes e a DPA.
"Esta, por sua vez, canalizou parte dos fundos ao Comité Provincial do partido Frelimo na Zambézia" informa o relatório, que reproduz cópias dos depósitos e cheques utilizados.
Contactada a Frelimo, o gabinete de imprensa do partido disse à Lusa não ter conhecimento do caso, acrescentando que reagirá "num momento oportuno".
Estas denúncias surgem a menos de uma semana das eleições gerais em Moçambique (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais), nas quais a Frelimo demonstrou uma capacidade de mobilização de meios muito superior à dos seus adversários.
Para as três eleições, Frelimo, Renamo e MDM, os principais partidos moçambicanos, receberam 43 milhões de meticais do total de 70 milhões de meticais que a Comissão Nacional de Eleições disponibilizou para as 30 formações concorrentes.
Em Junho, o Gabinete Central de Combate à Corrupção de Moçambique (GCCC) ilibou o ministro da Agricultura de Moçambique e o seu antecessor num processo sobre contrabando de madeira, mas anunciou ter encontrado indícios contra duas empresas chinesas.
José Pacheco e o seu antecessor, Tomás Mandlate, vinham sendo investigados pelo GCCC por alegada participação no contrabando de madeira a favor de duas empresas chinesas, depois de terem sido denunciados numa investigação da organização não-governamental britânica Agência de Investigação Ambiental (EIA, na sigla em inglês).
Em comunicado divulgado hoje pelos órgãos de comunicação social e a que a Lusa teve acesso, o GCCC diz, sem referir os nomes, que não encontrou provas de envolvimento de Pacheco e Mandlate no contrabando de madeira, mas afirma ter apurado elementos indiciadores contra as empresas chinesas Mozambique First International Development Ltd (Mofid) e Enlian International Investment Corporation in Mozambique Ltd.
Uma vez que o contrabando de madeira não é tipificado como crime em Moçambique, as duas empresas estão sujeitas a sanções pecuniárias e administrativas.
Na investigação da EIA, José Pacheco e Tomás Mandlate eram descritos como "facilitadores" no contrabando de madeira e uma gravação oculta mostrou um gestor chinês de uma das empresas suspeitas a referir-se ao atual ministro da Agricultura como "um irmão".
Tanto José Pacheco como Tomás Mandlate rejeitaram veementemente as acusações de envolvimento no contrabando de madeira logo que a ONG britânica divulgou os resultados do seu trabalho.
Lusa

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