"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Governo manda anunciar proibição de manifestações em Maputo

As ameaças estão a ser difundidas nos bairros periféricos de Maputo por “chefes de quarteirões”

Maputo (Canalmoz) – Assustado com as várias hipóteses que poderão eventualmente suscitar rebeliões, sobretudo a ameaça dos desmobilizados de guerra liderados por Hermínio dos Santos, o Governo começou a usar chefes dos quarteirões para passar a ameaça de que não tolerará pessoas agrupadas, e grupos de pessoas a desfilar. Por outras palavras, contrariando a Constituição o Governo usou ontem, domingo os chefes de quarteirões para anunciar que não vai permitir que cidadãos de Maputo saiam às ruas para protestarem por qualquer que seja o motivo.
Objectivamente, segundo informações passadas à nossa Reportagem, na manhã de ontem, “o senhor Macamo, chefe do quarteirão 17 do bairro de Ferroviário e os chefes dos quarteirões 32, 37 e 38, dos bairros da Polana Caniço, reuniram com pessoas desses bairros para anunciarem que está proibido qualquer manifestação popular”.
“Queremos avisar que está proibido alinhar com todos os grupos que aparecerem em protesto contra o governo” disse um responsável do bairro da Polana-Caniço citado por uma das fontes que nos procurou. Vários populares dos bairros confirmaram-nos que a ameaça está a ser difundida.
“Está proibido qualquer sinal de manifestação” foi a frase que mais ouvimos. Os chefes dos quarteirões acima referidos terão dito aos populares que o governo não quer ver filas de pessoas em protesto. Ninguém deve seguir “um aglomerado de pessoas agitadas, porque desestabilizam a ordem e tranquilidade públicas”. Foi com estas palavras que os chefes dos quarteirões andaram ontem a tentar desmobilizar as pessoas em alguns bairros periféricos de Maputo.

Cenário de ameaças

O Fórum dos Desmobilizados de Guerra, a organização que congrega pouco mais de 13 mil ex-militares provenientes das fileiras das extintas Forças Armadas de Moçambique/Forças Populares de Libertação de Moçambique (FAM/FPLM), mais os da então guerrilha da Renamo, ex-milicianos, ex-Naparamas, ex-Grupos de Vigilância, viúvas, etc. tem estado a acusar o governo moçambicano de estar a tentar aldrabar e dividir os desmobilizados para estes não continuarem a reivindicar os seus direitos.
O Governo liderado pela dupla do presidente Armando Guebuza e do primeiro-ministro Aires Ali, para além de estarem em confronto com os desmobilizados de guerra vêm lidando, há vários anos, com uma manifestação semanal dos “magermanes” [ex-trabalhadores da ex-RDA - Alemanha) que não param de dizer que as suas pensões de reforma entregues pela Alemanha ao Governo de Moçambique foram-lhes roubadas. (Bernardo Álvaro)

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