"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quando chumbar é a regra e passar é a excepção...

Houve uma grande razia nos exames da 10a e 12a classes na cidade de Maputo.
Os resultados da Manyanga, Josina Machel, Noroeste 1 e Estrela vermelha mostram uma realidade assustadora de reprovações, e há vários júris onde chumbaram todos os estudantes examinados.
Os resultados da primeira época de exames da 10ª e 12ª classes, na cidade de Maputo, apresentam um quadro negro no que se refere ao aproveitamento final dos examinados.
Dos cerca de trezentos mil inscritos para os exames, apenas um número reduzido conseguiu resultados positivos, partindo da premissa de que as escolas em causa são as que mais alunos têm inscritos para este ano. Ontem, o jornal “O País” visitou quatro escolas secundárias da cidade de Maputo, nomeadamente, Noroeste 1, Estrela Vermelha, Francisco Manyanga e Josina Machel, e constatou que em todas há um denominador comum: reprovações em massa.
os casos mais preocupantes verificam-se nas escolas secundárias Estrela Vermelha, Noroeste 1 e Manyanga, onde algumas pautas apresentam reprovações em 100%. Os mais dramáticos registaram-se nas escolas secundárias Estrela Vermelha e Francisco Manyanga, onde, em alguns júris com 30 alunos, todos reprovaram, ou seja, um índice de reprovação de 100%, e há outras onde apenas três alunos aprovaram numa secção.
As reprovações estendem-se à 12ª classe, mas em disciplinas específicas. Na Escola Secundária Josina Machel, por exemplo, quase todos os alunos examinados chumbaram à Química e Biologia, um problema que se arrasta desde a 8ªclasse, conforme afirmaram alguns alunos ouvidos pela nossa reportagem, que chegaram a questionar a qualidade dos professores daquelas disciplinas

PRM impede MDM de circular na cidade de Quelimane

Polícias intrometem-se na campanha eleitoral.
A polícia da República de Moçambique (PRM) em Quelimane proibiu a caravana do MDM de passar pela avenida dos Heróis Nacionais, pelo facto de, nessa avenida, localizar-se um comando da PRM e um cadeia. Entretanto, a lei eleitoral em nenhum artigo proíbe tal acto.
Num acto de uma verdadeira intromissão e violação à lei eleitoral, a Polícia da República de Moçambique, PRM, impediu ontem a caravana de táxis-bicicletas e motorizadas do candidato Manuel de Araújo de percorrer pela avenida Heróis de Libertação Nacional.
O acto aconteceu na tarde de ontem, quando uma enorme caravana de apoio ao candidato do MDM seguia pela referida avenida. Quando ia passar defronte das instalações do Comando Provincial e da Cadeia Civil, um aparatoso contingente policial bloqueou e interditou a passagem da caravana sem avançar qualquer esclarecimento.
De acordo com Flora Rosália, do MDM, o acto da PRM constitui um verdadeiro atentado ao Estado de Direito. “Nós vínhamos numa caravana normal e, quando chegámos aqui, de repente, vimos a polícia a interromper a nossa caravana. não achámos justo porque logo depois de chegarmos aqui, vimos a Frelimo a passar sem problemas e isso não é justo”, disse. 
Mais tarde e perante a insistência dos líderes do MDM, nomeadamente, Geraldo Carvalho, Manuel de Araújo e Flora Rosário, e com  a chegada dos órgãos de comunicação social, apareceu Ernesto Serrote, porta-voz do Comando Provincial, informar que a interdição devia-se ao facto de a caravana do MDM “estar a violar a lei” ao passar em “frente de instalações da PRM e da cadeia civil”.
De acordo com Serrote, o acto do MDM afrontava a lei eleitoral que impede a circulação de caravanas perto de edifícios públicos.  “Está clara a lei eleitoral quando diz que em todas as instalações das instituições policiais, forças da defesa e segurança, unidades penitenciária, instalações governativas, referimo-nos a palácios e tudo, está extremamente proibida a passagem das caravanas. Como pode ver, estamos perante a cadeia civil e as pessoas podem muito bem aproveitar-se desta situação para se evadirem”, disse sem, no entanto, enunciar o artigo da lei eleitoral que preconiza tal proibição. Serrote reconheceu que a Frelimo costuma passar por aquela avenida, mas disse que em “poucas viaturas” que não se afiguram “caravana”.
Entretanto, numa leitura atenta da lei eleitoral verifica-se que em nenhum momento esta proíbe a passagem de caravanas defronte de edifícios públicos. O que a lei proíbe é a colagem de cartazes de campanhas nos referidos edifícios bem como escalar esses locais para realizar campanha eleitoral.
Tirando este episódio, a campanha eleitoral continua a decorrer dentro da normalidade com os dois partidos a pautarem pelo civismo e urbanidade.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Brasil vai apoiar LAM na ampliação da sua frota

Terça, 29 Novembro 2011 00:00 Redacção
O apoio a ser dado pelo Brasil à companhia aérea de bandeira moçambicana faz parte da linha de crédito de 300 milhões de dólares americanos, acordada com o governo e que inclui vários projectos, dentre os quais o aeroporto de Nacala e a ampliação da capacidade do porto da Beira.
O apoio à LAM servirá para responder à crescente demanda por voos
O Brasil vai apoiar as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) na aquisição de mais aeronaves. Este apoio enquadra-se na linha de crédito acordada entre os governos moçambicano e brasileiro num valor total de 300 milhões de dólares norte-americanos e será destinada a vários projectos, com particular destaque para o sector de infra-estruturas de transporte portuário e aeroportuário.
A descoberta de vastas reservas de recursos naturais e a sua exploração aumentaram a procura por voos no país, sobretudo para a província de Tete, onde opera a companhia brasileira na exploração de carvão, Vale.
A linha de crédito de 300 milhões de dólares foi aprovada em 2009 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) do Brasil. Parte deste valor (80 milhões de dólares norte-americanos) já foi disponibilizada para a construção do aeroporto internacional de Nacala, segundo afirmou ontem o ministro da Indústria e Comércio, Armando Inroga.
“Nós temos uma lista de projectos, especialmente de infra-estruturas, que têm como finalidade assegurar que, pela facilidade de infra-estruturas existentes no país, seja possível o sector privado desenvolver negócios da forma mais barata”, disse o responsável.

sábado, 26 de novembro de 2011

ELEIÇÕES MUNICIPAIS INTERCALARES - MDM fala de ilícitos eleitorais em Quelimane


O CANDIDATO a edil de Quelimane pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Manuel de Araújo, queixa-se de supostos entraves que estão a marcar a sua campanha para as eleições intercalares de 7 de Dezembro próximo.
Maputo, Sábado, 26 de Novembro de 2011:: Notícias
 
Referiu-se à alegada utilização indevida de meios do Estado como viaturas por alguns directores provinciais da Zambézia.
Também falou do tratamento que considerou desigual por parte da PRM, por alegadamente se fazer presente tardiamente nos seus encontros de campanha, mesmo depois de uma solicitação antecipada. Os bombeiros, por seu turno, são indiciados de não se fazerem presentes nas actividades do MDM.
O FIPAG e EDM não foram poupados, tendo sido também acusados  por aparentemente terem apenas fornecido água no comício da Frelimo.
Fora disso, sublinhou que a juventude de Quelimane está ávida de mudança, afirmando que a sua mensagem tem estado a ser bem acolhida por diversos extractos sociais na cidade capital da província da Zambézia.
Araújo, que conta já com o reforço da mais alta hierarquia do MDM, liderado pelo respectivo presidente, Daviz Simango, explicou ao “Notícias” que a sua prioridade continuam a ser os contactos porta-a-porta, “atacando” diariamente todos os cinco bairros periféricos de Quelimane, “sendo que a nossa mensagem está a ser bem recebida principalmente no seio da camada juvenil.
Hoje, o presidente do MDM, Daviz Simango, realiza o primeiro “show miss” no campo de futebol Três Fios.
  • Horácio João

A paz depois da guerra marcou-me profundamente”, diz Dom Jaime

(2011-11-26) O arcebispo da Beira, Dom Jaime Pedro Gonçalves, disse ontem na Beira, que um dos acontecimentos que mais o marcaram nos 35 anos em que esteve à frente da Arquidiocese da Beira, foi o estado em que encontrou a mesma nos anos 1975/76, período que coincidiu com a independência nacional.

“Marcou-me a situação de uma igreja, que já não era uma igreja louvada, apreciada, como no tempo colonial. Acabei por receber uma diocese que já tinha o problema das nacionalizações, com as missões ocupadas e transformadas em centros de educação, o que, de facto, marca a vida de um bispo”, disse.

O arcebispo da Beira convocou os jornalistas para informar que, por ocasião dos 35 anos à frente da Arquidiocese da Beira e pela passagem do seu 75º aniversário natalício, a Arquidiocese decidiu realizar uma festa de agradecimento.

Na ocasiões, referiu-se às guias de marcha, documentos na época obrigatórios para os cidadãos se deslocarem de um lugar para outro, no seu caso para fazer visitas às paróquias: “Marcou-me também o próprio ambiente religioso que já não fazia das igrejas ou da religião, de facto, um valor para a pessoa humana, mas a religião, Deus, estes conceitos, a vida eterna, céu, já não eram valores, eram apreciados de outra maneira e isso me marcou na medida em que eu me perguntava: o que vou fazer, afinal de contas?”.

Dom Jaime Gonçalves recordou ainda o facto de a igreja ter participado, depois de Moçambique ter tomado parte na guerra do Zimbabwe e na guerra de libertação da África do Sul do sistema do “apartheid”, na procura de paz na sequência da guerra civil que entretanto eclodiu no país. “Esta parte da violência, também me marcou porque intrometeu-se no meu sistema de vida de bispo. Já não podia visitar também as paróquias ou as missões livremente porque tínhamos que nos acautelar da violência”, sublinhou.

O prelado disse, por outro lado, ter sido marcado por aquilo que designou de questões da sociedade e explicou que “depois do Acordo Geral de Paz, de facto a igreja viveu momentos de liberdade, momentos em que começou a trabalhar para ficar mais livre e tornar-se mais aceitável na sociedade moçambicana”.

Acrescentou que ficou impressionado por ver a grande mudança de homens e mulheres em Moçambique, a aceitarem de facto valores religiosos, espirituais, aceitarem a igreja como uma instituição digna dos moçambicanos, que pode resolver certos problemas religiosos.

“A antropologia cultural sempre revelou que o homem tende a ser religioso”, explicou para dizer em seguida que “este dado reconhecido na nossa sociedade tornou-se um grande acontecimento no interior da igreja e, particularmente, depois na Beira”, disse Dom Jaime.

Em relação à aposentadoria, o prelado explicou que quando o bispo completa 75 anos de idade, pelas normas da igreja, ele deve apresentar a renúncia do cargo ao Santo Padre e este tem a possibilidade de nomear um outro para ocupar o lugar do bispo que vai resignar.

Disse estar nesta situação de esperar que o Santo Padre designe o seu substituto. “No contexto da festa de amanhã há também este significado que eu saúdo a diocese porque vou entregá-la a outro que for nomeado pelo Santo Padre para a Beira “, disse

Financiamento do ocidente ao desenvolvimento de África contribui para a pobreza

Quinta-feira, 3 de Novembro de 2011

Luanda - O historiador e docente universitário Jean Martial Arsène Mbah, disse hoje em Luanda que o facto de 77 porcento dos projectos de desenvolvimento de África serem financiados pelo Ocidente, tem impedido o continente africano sair da pobreza e do subdesenvolvimento em que se encontra.

Entrevistado pela Angop para se debruçar sobre a situação política, económica e social de África, Jean Martial Mbah sustentou que se o Ocidente estive interessado no desenvolvimento de África, o continente já o seria a muitos anos, mas os ocidentais o tem apenas como fonte das suas matérias primas.
Acrescentou que 77 porcento do dinheiro da União Africana para desenvolver projectos provem da União Europeia (UE), e do estrangeiro “como é que esta organização pode gizar projectos de desenvolvimento para a África”, questionou.
Para Jean Martial Mbah, aqueles que dão dinheiro traçam directrizes, impõem e exigem o “que tem que ser feito, porque não dão financiamentos para ajudar os povos africanos, mas com vista a servir os interesses estrangeiros, por isso, que a União Africana não consegue desenvolver até hoje um projecto sério”.
Indagado a responder porque a UA não consegue auto-financiar-se, tendo países ricos como a Nigéria, África do Sul, Argélia, Líbia, Angola, Guiné-Equatorial, RD Congo, entre outros, o historiador frisou que a questão reside na compreensão da mentalidade e da atitude do próprio africano.
Acrescentando que a mentalidade e a atitude dos dirigentes africanos têm contribuído para esse insucesso, porque os líderes do continente foram divididos ideologicamente, desde a criação da Organização da Unidade Africana (OUA), em 1963, entre o grupo de Casablanca e o de Brazzaville.
Explicou que o grupo de Casablanca era radical e anti-imperialista tendo sido o que mais esforço desenvolveu para a ajuda de países que lutavam contra o colonialismo no continente africano, identificando-se desde o início contra a dominação estrangeira em África.
Contrariamente ao grupo de Congo-Brazzaville, constituído pela maioria de países francófonos, que estava a favor do neocolonialismo em África, e essa situação não mudou até hoje, disse.
“Temos ainda muitos dirigentes que militam a favor do neocolonialismo em África, identificando-se com interesses estrangeiros, como aconteceu recentemente com a incapacidade do continente em condenar a intervenção estrangeira no caso da Côte d'Ivoire e a invasão da Líbia, um país africano que foi bombardeado durante meses pela OTAN”, lamentou.
De acordo com a fonte, a Líbia não estava em guerra com a organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que é um bloco militar estrangeiro, “mas os africanos não souberam ter uma só voz para denunciar a agressão e se solidarizar com o Estado membro da UA”.
Jean Mbah saudou os pronunciamentos do ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chikoti que denunciava a agressão à Líbia, mas que a sua intervenção não foi seguida pelos seus pares do continente, embora tenha notado já tardiamente as posições da Argélia e da África do Sul.
Jean Martial Mbah é professor de metodologia de investigação histórica do ISCED e da Faculdade de Ciências Sociais, da Universidade Agostinho Neto (Angola), licenciou-se em História pela Universidade Omar Bongo, de Libreville (Gabão), obteve o mestrado em Poitiers, e o doutoramento pela Universidade Paris I (Panthéon-Sobornne), ambas em França. Agência AngolaPress

Mil quinhentos Moçambicanos presos na África do Sul

Mil quinhentos Moçambicanos presos na África do Sul
Aproximadamente 1500 moçambicanos estão presos na África do Sul.
É na esperança de uma vida melhor que há anos centenas de Moçambicanos emigram para a vizinha África do Sul. O desejo de encontrar um emprego digno frustra-se logo à chegada, com o destino a assumir a responsabilidade de empurrá-los para os bairros de lata, ou como, chamam os nativos, “Mukukhu”.
O sonho de em tão curto espaço de tempo conseguir um emprego formal e comprar uma viatura de luxo, transforma-se num pesadelo. Diante de tamanha frustração, uns acabam por se dedicar a venda ambulante, prostituição e outros entram no submundo do crime.
E precisamente por causa do crime, até a semana passada, 1449 moçambicanos estavam detidos nas cadeias da terra do Rand. A falta de um acordo de transferência de reclusos entre Moçambique e África do Sul é apontada pela Ministra da Justiça como uma barreira que urge ultrapassar.
A falta do referido acordo impede que os reclusos que desejam cumprir as suas penas nos países de origem sejam visitados por amigos e familiares. Dai que, este ponto vai dominar a visita que o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, vai efectuar em breve no país.
Acrescentou ainda que apesar da superlotação das cadeias moçambicanas a possível transferência dos aproximadamente 1500 reclusos para os estabelecimentos prisionais de Moçambique, não iria se traduzir num fardo, porque segundo argumentou, a proposta de lei para a introdução de penas alternativas vai resultar no cumprimento das penas fora da cadeia.
Mas há mais desafios que serão actuais nos próximos anos para o nosso sistema de administração da justiça e pretende-se desta forma humanizar os serviços prisionais.
Fonte: TIM
Data: 25/11/2011

Guiné Equatorial deverá aderir à CPLP na cimeira de Maputo – PR Teodoro Obiang

25 de Novembro de 2011, 17:11

A Guiné Equatorial vai aderir à  Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na próxima cimeira da organização, a realizar em Maputo, disse hoje em Luanda o Presidente daquele país, Teodoro Obiang, no final de uma visita de trabalho.
"Abordámos a integração da Guiné Equatorial na comunidade de países lusófonos e penso que na próxima cimeira, possivelmente a Guiné Equatorial será país membro", disse.
Na curta declaração à imprensa, feita com significativo atraso relativamente à hora prevista, Teodoro Obiang salientou o facto do seu país presidir neste momento à União Africana e, nesse contexto, destacou ter trocado com o seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, "impressões sobre a situação política africana e internacional".
"Abordámos temas importantes que dizem respeito à cooperação, ao desenvolvimento, à segurança dos nossos Estados e de África. Penso que chegámos a um bom entendimento. Fizemos uma revisão profunda sobre a actual situação de África e coincidimos nos pontos de vista", acrescentou, sem elaborar.
Nesta curta estada em Luanda, Teodoro Obiang manteve um encontro privado com José Eduardo dos Santos, presidente em exercício da CPLP, e visitou hoje de manhã a cidade de Kilamba, sul de Luanda, símbolo do crescimento e desenvolvimento de Angola, onde está a ser construída uma nova centralidade da capital angolana.
Segundo a agência Angop, os dois países realizaram em Abril de 2011, em Bata, capital económica da Guiné Equatorial, a primeira sessão da Comissão Mista Bilateral, onde concordaram em reforçar os mecanismos de cooperação, "de modo a permitir uma relação de confiança mútua e com sentido renovado e estratégico".

Escândalo nos exames

Escândalo nos exames
Reprovações em massa caracterizam os exames da primeira época.
Vermelho! É a cor predominante nas pautas dos resultados dos exames referentes a primeira época e que já começaram a ser divulgados em várias escolas da cidade de Maputo e não só. Na Escola Secundária Josina Machel, a vergonha é total nas pautas da décima e décima segunda classe.
De um conjunto de dez pautas da décima segunda classe que escolhemos de forma aleatória, por exemplo, foram submetidos ao exame 300 estudantes, sendo que apenas 9 é que conseguiram passar em todas as cadeiras e os restantes 291 reprovaram com notas que vão de 4 a 9 valores. Português e Filosofia é que foram a maior dor de cabeça.
A predominância da cor vermelha encontramos igualmente na décima classe, onde ainda na escoa em causa, na pauta número 6, escolhida de forma aleatória pela nossa reportagem, 30 estudantes foram submetidos ao exame e apenas 1 é que passou a todas as cadeiras. Matemática e Física são as cadeiras que mais estudantes convocam para segunda e derradeira época.
Entre os estudantes, ninguém queria acreditar no que via e sentia. Os resultados são uma frustração.
Igual tristeza encontramos na Escola Secundária Francisco Manyanga. Aqui até ao momento apenas foram divulgados resultados da décima classe. Na pauta 6, com 30 examinados, apenas 4 é que passaram a todas as cadeiras. Já numa outra pauta, com número 5, um estudante é que não precisa de ir a segunda época.
Recorde-se que o aproveitamento pedagógico no país tem vindo a decrescer. Em 2009 situou-se na ordem de 79 porcento e em 2010 quedou-se para 71 porcento

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Manuel de Araújo denuncia uso abusivo de bens do Estado pela Frelimo

Manuel de Araújo, Candidato do Movimento Democrático de Moçambique
Diário da Campanha: Eleições Intercalares 2011.
A Frelimo reage e diz que as acusações de De Araújo não passam de pretextos antecipados para justificar a incapacidade de mobilização e da derrota iminente.
Dois dias após o início da campanha eleitoral em Quelimane, está lançada a polémica. O candidato do Movimento Democrático de Moçambique, Manuel de Araújo, acusou, ontem, a Frelimo e o seu candidato de estarem a fazer um uso abusivo dos bens do Estado na sua campanha.
A título de exemplo, Manuel de Araújo citou o caso de viaturas afectas a várias direcções provinciais, para além de viaturas afectas a vários distritos da Zambézia, bem como a viatura do Conselho Municipal da vila de Alto Molócuè.
Para além das viaturas alegadamente do Estado, De Araújo denunciou aquilo que designou “tratamento desigual” por parte das autoridades. Diz De Araújo que, enquanto o candidato da Frelimo conta nos seus comícios com um aparato policial, bombeiros, água fornecida pelo FIPAG, do lado da sua campanha, estes serviços não estão a ser providenciados.
A nossa equipa de reportagem tem estado a acompanhar de perto a campanha de Lourenço Aboobacar da Frelimo e de Manuel de Araújo do MDM. Porque as viaturas não apresentam nenhum timbre, é difícil aferir com exactidão a veracidade das acusações de Manuel de Araújo. No que se refere à presença massiva da polícia, desde a Polícia de Protecção e de Trânsito, bem como da equipa do FIPAG a providenciar água, a nossa equipa de reportagem testemunhou estes factos no comício de abertura. e, ontem, era também visível a presença da polícia no comício orientado por Aboobacar no bairro Insidua, arredores da cidade de Quelimane, bem como na reunião orientada por Edson Macuácua, secretário para a mobilização e propaganda, no pavilhão do Benfica de Quelimane.
Frelimo nega acusações
Reagindo às declarações de Manuel de Araújo, o secretário para a Mobilização e Propaganda da Frelimo, Edson Macuácua, disse que as mesmas não passavam “de uma manifestação clara de incapacidade de mobilizar uma candidatura ganhadora. Esta acusação denuncia a fragilidade do nosso adversário. Ele está em campo real, a reconhecer a superioridade da Frelimo e do seu candidato. Logicamente, em situação de desespero, os nossos adversários reduzem-se a puros acusadores sem o mínimo de fundamento. É falso! trata-se de um reconhecimento antecipado da derrota e da procura de um pretexto antecipado para justificar a pesada derrota que vão sofrer nestas eleições”, disse Edson Macuácua.
PRM desconhece etinerário
Por seu turno, o Comando Provincial da PRM da Zambézia, através da sua porta-voz, Elcídia Filipe, reconheceu que a polícia não tem estado nas acções de campanha do MDM, porque “eles não apresentaram o seu plano de campanha detalhado e com os locais e etinerários a serem seguidos”. A porta-voz da PRM, socorrendo-se da lei eleitoral, diz que a mesma impõe aos partidos a indicação clara dos locais e etinerários a serem seguidos pela PRM, para que a mesma se encarregue da protecção. “Eles (MDM) solicitaram protecção para toda a campanha, através de uma carta no dia 21 do mês em curso, e nós recomendámos que apresentassem os locais e etinerários, coisa que ainda não fizeram. Temos no comando uma viatura e homens especificamente para o MDM, mas não podemos agir porque não temos o plano por nós solicitado”, justificou.
A nossa equipa de reportagem tentou, mas sem sucesso, ouvir a versão dos bombeiros.
Frelimo forma 11 Brigadas para igual número de bairros
O partido Frelimo em Cuamba, liderado por Alcinda Abreu, membro da comissão política, formou, na manhã de ontem, 11 brigadas constituídas por 47 membros cada, para percorrem os 11 bairros que compõem a autarquia, pedindo voto a favor de Vicente Lourenço.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Corrupção aumentou em Moçambique e na região austral


Revela pesquisa da transparência internacional e do CIP.
A pesquisa da Transparência Internacional revela, ainda, que os inquiridos têm mais confiança nos media para combater a corrupção.
Os resultados da pesquisa lançada ontem, na capital do país, pela Transparência Internacional,  em parceria com o Centro de Integridade Pública (CIP), relativamente à percepção da opinião pública sobre corrupção, contrariam o discurso incisivo dos governantes sobre este mal.
É que a pesquisa, que abrangeu 1 000 entrevistados, entre a última e a primeira semanas de abril e Maio, respectivamente, mostra, no geral, que a maioria dos inquiridos tem a percepção de que a corrupção aumentou em Moçambique.
Questionados sobre o comportamento do nível de corrupção nos últimos três anos no país, 56% dos inquiridos defendem que aumentou; contra apenas metade deste universo percentual - 23% - que considera que permaneceu igual. Ainda na mesma pesquisa, 21% é de opinião de que diminuiu.
Numa avaliação mais profunda sobre a corrupção nas instituições, os dados são arrasadores, ao apontarem a Polícia da República de Moçambique como a má da “fita”, pois é considerada  extremamente corrupta por 58.2% dos inquiridos. O sistema de educação no nosso país também não goza de boa reputação no seio dos inquiridos, ao ser colocado logo a seguir à polícia, com 43.1% de inquiridos a considerá-lo, igualmente, extremamente corrupto.
Os media não escapam desta mancha de corrupção. ainda que envolvidos, aparecem na cauda, sendo apenas superados pelas organizações não governamentais, no rol de 11 instituições. A extensa lista inclui ainda o parlamento, magistrados, funcionários públicos, entre outros.
A avaliação do nível de corrupção no país deixa transparecer a ideia de que o combate ao burocratismo - uma bandeira eleitoral do actual executivo - está a ser uma batalha difícil de vencer. A pesquisa revela que 60.7% dos inquiridos pagaram suborno para que os seus processos fossem acelerados e 23% pagaram para evitar problemas com as autoridades.
A pesquisa mostra ainda que 13% consideram ter subornado para receber serviços a que tinham direito. Já uma ínfima percentagem, 2.3%, não se lembra por que teria subornado qualquer que fosse a entidade ou agente do Estado.
Nesta árdua batalha de combater à corrupção em Moçambique, os inquiridos foram questionados sobre quem é mais confiável para travar este mal, ao que maior percentagem, 22.9%, depositou o seu voto de confiança nos media, seguindo-se-lhes os líderes governamentais, 20.2%;  e organizações internacionais, 17.1%.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

MOCAMBICANOS AFIRMAM QUE CORRUPÇÃO AUMENTOU NO PAIS

22-11-2011 13:15:29

Maputo, 22 NOV (AIM) – O relatório da organização Transparência Internacional (TI) lançado hoje em Maputo refere que a percepção do público moçambicano em relação a corrupção é que ela aumentou nos últimos três anos.

Intitulada 'Dia-a-dia e Corrupção: Opinião Pública em Moçambique', a pesquisa da TI, no país, envolveu um total de mil pessoas no período entre 26 de Abril a 5 de Maio de 2011 corrente. Segundo o relatório, os dados foram avaliados por idade, género e região para representar um universo populacional de 5,8 milhões de moçambicanos.

Os resultados do estudo indicam que 56 por cento dos indivíduos entrevistados pensam que a corrupção aumentou no país nos últimos três anos, outros 23 por cento dizem que a situação se manteve na mesma em relação ao período anterior, enquanto 21 por cento afirmam que o problema reduziu.

A pesquisa alistou 11 instituições para o público indicar qual delas acredita ser onde há maiores níveis de corrupção. A lista inclui a Polícia (PRM), Educação, Funcionários Públicos, Partidos Políticos, Parlamento, Judiciário, Forças Armadas, Sector Privado, Confissões Religiosas, Media e Organizações não governamentais.

A Polícia é a instituição considerada mais corrupta, seguida do sector da Educação e os Funcionários Públicos. No sentido inverso da tabela encontram-se as Organizações não Governamentais e a Media.

Na análise das experiências pessoais, a pesquisa constatou que 68 por cento dos entrevistados disseram ter pago suborno a um dos 11 provedores de serviços em Moçambique, nos últimos 12 meses.

Neste capítulo, a Polícia também figura como a instituição que mais subornos recebeu, seguida dos hospitais, Sistema de Educação e Serviços de Registo e Licenças.

Entretanto, esses resultados sobre Moçambique são parte da pesquisa regional do mesmo tema realizada em alguns países da África Austral, incluindo a África do Sul, o Malawi, a RDCongo, Zâmbia e Zimbabwe, abrangendo um universo de mais de seis mil entrevistados.

As conclusões das pesquisas são praticamente as mesmas. Mais de metade (62 por cento) de todos os entrevistados pensa que a corrupção aumentou nos últimos três anos, tendo a situação sido mais crítica na RDCongo, onde três em cada quatro pessoas afirmaram que este fenómeno aumentou no período em análise.

Em todos os países analisados, a Polícia é vista como a instituição mais corrupta e 56 por cento dos entrevistados dizem ter pago pelo menos um suborno nos últimos 12 meses.

Nesse último aspecto, Moçambique documentou a maior incidência de suborno e a Zâmbia o menor, com 68 e 42 por cento, respectivamente.

Aliás, a parte moçambicana das entrevistas foi conduzida pela organização 'Gallup International'. A TI ainda não tem representação no país, mas conta com a parceria do Centro de Integridade Pública (CIP), organização nacional de promoção de direitos humanos e boa governação.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Justiça em Moçambique longe de satisfazer os moçambicanos

Justiça em Moçambique longe de satisfazer os moçambicanos
Número reduzido de tribunais, falta de celeridade na tramitação dos processos e de acesso aos tribunais pelo cidadão caracteriza o Estado de saúde da justiça em Moçambique.
O sistema de administração da Justiça em Moçambique consagrado na constituição da República está longe de garantir justiça aos moçambicanos. O seu exercício continua a ser deficitário, o seu funcionamento ainda não satisfaz o pacato cidadão.
Existe ainda um conjunto de factores que constrangem o funcionamento da justiça em Moçambique, sendo que o destaque vai para a falta de acesso ao sistema formal da justiça pelo cidadão tanto de forma física como de forma legal.
Constituição da República no artigo 100 estabelece que “o estado garante o acesso dos cidadãos aos tribunais”. No entanto, na realidade esse acesso verifica se de forma restrita, basta olharmos para o número de instituições de justiça implantados no território nacional. Tribunais continuam presentes, sobretudo nas zonas urbanas, o que de certa forma marginaliza a tramitação de vários processos das populações que vivem nas zonas mais recônditas. Populações que muitas vezes acabam por recorrer a justiça pelas próprias mãos. 
A pobreza da maioria da população agrava a situação das pessoas que procuram pela justiça. A tramitação de processos exige valores que a maioria da população não está em altura de desembolsar. Assim, a maioria das pessoas não tenha de facto acesso ao sistema formal de justiça, assistindo-se a uma renovação das instâncias tradicionais para a resolução de conflitos.
A corrupção é outro cenário que mancha este sistema de Justiça muito burocrático e pesado com indicies bastante elevados de corrupção. O número específico de juízes na magistratura é extremamente reduzida e a licenciatura em direito está longe de responder a procura. Poucos são que exercem as funções nas instituições da Justiça, um cenário que concorre para acumulação de processos daí que algumas correntes acabam por apelidar o Tribunal Supremo de “Cemitério de Processos”.
 Uma acumulação que também consequência negativas para o cidadão uma vez que muitos arguidos que vem aquilo que não passaria de uma prisão preventiva, a transformar-se numa espécie de prisão efectiva, mesmo sem o julgamento.
A formação dos agentes da lei e ordem é outro factor que contribui para que a justiça seja deficitária em Moçambique. Muitos polícias ignoram a lei mantém relação de autoridade acabando por provocar injustiças aos cidadãos.
A legislação em vigor é resultante de um volume herdado do período colonial. Este será em parte a origem de muitos problemas com que o sistema da administração da justiça no país se debate, por isso, a revisão já está em curso.
Moçambique tem vindo a apostar na formação de mais juízes. Recentemente tomaram posse juízes do tribunal superior de recursos o que equivale ao funcionamento desta instituição da justiça que se espera venha aliviar a carga ao tribunal supremo.

Rajoy vence em Espanha com resultado histórico

(2011-11-21) O líder dos “populares” ultrapassou o melhor resultado de sempre, em 2000, de José Maria Aznar. Os socialistas sofreram uma “sangria” de votos. Perderam o centro e para a esquerda, e iniciam, agora, um processo conturbado, com a previsão de um Congresso em Junho.

O candidato do conservador Partido Popular (PP), Mariano Rajoy, ganhou neste domingo as eleições gerais espanholas. Com 86% do voto escrutinado, os “populares” obtêm 186 deputados, contra 110 eleitos dos socialistas. O “score” eleitoral do PP bateu todos os recordes históricos, ultrapassando mesmo o número de 183 parlamentares alcançado por José Maria Aznar, aquando da maioria absoluta de 2000.

Em contrapartida, Alfredo Pérez Rubalcaba, o candidato do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), ficou aquém das mais negativas previsões das sondagens. A bancada do partido do “punho e da rosa” terá 110 deputados, face à sua fasquia mínima que era, até agora, de 125, obtidos há 11 anos sob a liderança de Joaquin Almunia.

“Esta vitória obriga-nos à humildade e ao compromisso”, disse Mariano Rajoy no discurso no qual agradeceu aos espanhóis a sua confiança. Foi uma intervenção moderada que procurou a integração de toda a cidadania no seu projecto. “Vou ser o presidente de todos, os meus inimigos são o desemprego, o défice a dívida externa”, garantiu. “Vamos governar na mais delicada conjuntura dos últimos 30 anos e só sairemos desta se sairmos todos juntos”, acentuou.

Rajoy anunciou algumas das suas linhas mestras da acção governativa. Internamente, prometeu que “não haverá sectarismos, guerras pequenas, divisões artificiais, haverá esforço comum, de todos e para todos, esforço solidário”. E dirigiu uma mensagem à Europa. “A voz espanhola tem de voltar a ser respeitada em Bruxelas e em Frankfurt, seremos o mais leal e mais exigente dos sócios, cumpridores e vigilantes”, anunciou.

O próximo presidente do Governo de Espanha, que a meio da noite recebeu os cumprimentos de José Luís Rodriguez Zapatero e do seu rival Pérez Rubalcaba, manifestou a certeza de que a transmissão de poderes do actual gabinete socialista para o futuro Executivo será normal.

“Alfredo não acredito em ti”, gritavam ao princípio da noite os militantes do PP junto à sede do PP, na madrilena calle Génova. “Foram anos difíceis, mas hoje estamos aqui e podemos dizer que temos uma maioria muito importante”, disse Mariano Rajoy à multidão que o esperava na rua. “A melhor coisa que tem Espanha são os espanhóis que vão lutar contra a crise, amanhã [segunda-feira] de manhã estarei já a trabalhar, a tarefa não é fácil”, continuou.

“A Espanha unida jamais será vencida”, respondeu a militância. “É disso que se trata, de esforço, de unidade, peço o vosso apoio, mas temos coragem e vontade de fazer um governo no qual se sintam representados todos os espanhóis”, acentuou.

A alegria vivida na sede dos “populares” tinha contraponto no ambiente pesado que se sentia na calle Férraz, o quartel-general do PSOE. São poucos os quilómetros entre ambas as calles. Mas o ambiente era diametralmente oposto. “Perdemos claramente as eleições, tivemos um mau resultado”, agradeço, de coração, o apoio que nos deram”, leu, numa curta declaração, Rubalcaba. “Vamos defender que a luta contra a crise não represente o fim dos direitos que protegem todos os espanhóis”, disse o candidato socialista. “Vamos defender os serviços públicos universais, a igualdade entre homens e mulheres, as nossas liberdades e direitos civis”, prometeu.

Numa referência ao futuro do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba anunciou que tinha proposto ao secretário-geral, Zapatero, a convocatória de um congresso ordinário que, pelos estatutos, deverá decorrer até Junho do próximo ano. Foi notória a ausência do actual líder socialista e presidente do Executivo espanhol junto ao seu candidato na sempre difícil hora de reconhecer a derrota.

Moçambique pode tornar-se num Brasil de milhões de "sem terra"

(2011-11-21) A União Nacional dos Camponeses de Moçambique (UNAC) alertou hoje (sexta-feira) em Maputo que o país pode tornar-se num "Brasil" de milhões de “sem terra”, caso o Governo aposte na política de grandes concessões agrícolas sem seguir a lei.

O debate sobre o risco de expropriações em Moçambique foi recentemente suscitado por informações de que o Governo negociou com investidores brasileiros a concessão de seis milhões de hectares para o aproveitamento agrícola no norte do país.

Queixas de que as multinacionais de exploração de carvão em Tete, centro do país, estão a retirar as populações para zonas não agricultáveis também alimentam receios de tensões sociais devido ao acesso à terra.

Em declarações à Lusa em Maputo, o secretário -executivo da União Nacional dos Camponeses de Moçambique (UNAC), que congrega 2.122 associações dos camponeses de todo o país, Luís Muchanga afirmou que o favorecimento das multinacionais e do grande capital em detrimento dos interesses dos camponeses pode empurrar o país para uma situação como a do Brasil.

"Podemos ter milhões de (pessoas) “sem terra”, como no Brasil, se a lei não for seguida nas grandes concessões atribuídas às multinacionais. Os camponeses são expropriados e colocados longe das suas terras", afirmou Luís Muchanga.

O secretário -executivo da UNAC contestou o argumento do Governo de que as grandes concessões se justificam no país, porque há enormes extensões de terra sem ser aproveitada, defendendo que as terras férteis não têm sido cultivadas pelos camponeses devido à falta de apoios.

"É um argumento problemático o discurso de que apenas cinco porcento dos 36 milhões de hectares que o país tem são aproveitados. A falta de aproveitamento pode ter a ver com o facto de os camponeses não terem incentivos, crédito bancário e assistência técnica", assinalou Luís Muchanga.

O secretário -executivo da UNAC criticou ainda a prioridade que as autoridades moçambicanas estão a atribuir à produção de bio combustíveis, sem ter havido um mapeamento de terras marginais onde se podem implementar projectos nesse sector, considerando que a situação pode agravar a insegurança alimentar.

"Não houve um mapeamento prévio onde se pudessem identificar com precisão as terras marginais aptas a receber projectos nos bio combustíveis nem se estudou o mercado. Há camponeses que não produziram alimentos e produziram a jatropha e estão sem ercado para colocar essa produção", disse Luís Muchanga.

Maria José Moreno à frente nas intenções de voto em Cuamba

Maria Moreno, candidata do MDM
Revela sondagem da Universidade A Politécnica feita em exclusivo para “O País”.
Candidata do MDM está dois pontos percentuais acima do candidato da Frelimo, mas dentro da margem de erro de 5% da sondagem. Amanhã apresentamos-lhe as tendências de voto em Quelimane.
Uma sondagem da Universidade A Politécnica, realizada entre os dias 24 e 30 de Outubro, revela que 32,3% dos inquiridos no Município de Cuamba votariam em Maria Moreno, candidata do MDM e, em segundo lugar, ficaria Vicente da Costa, da Frelimo, com 29,9% de preferência de votos. Tendo em conta que a margem de erro da sondagem é de 5%, significa dizer que apesar de Moreno estar à frente, há, na verdade, um empate técnico. Ou seja, a eleição ainda não está decidida.
Mais ainda: 32,3% dos inquiridos ainda não têm o seu sentido de voto definido. Isto é, há muitos votos de indecisos ainda por conquistar.
Dos inquiridos que participaram nas últimas eleições municipais de 2008, 42,9% votaram no candidato da Frelimo, contra os 12% que votaram no da Renamo. Assim, Arnaldo Maloa recebeu a preferência de 41,1% de eleitores, enquanto Maria Moreno ficou-se pelos 14,5% de votos.
Outro dado relevante tem a ver com o facto de com base na amostra 89,3% dos inquiridos manifestarem a sua concordância com a convocação destas eleições, contra os 5,3% que discordaram desta decisão.
Relativamente à pergunta se com este acto eleitoral seria a primeira vez que iriam exercer o seu direito de voto, 73,6% responderam que Não, contra os 26.3% que responderam Sim.
Assim, 83,5% dos inquiridos de Cuamba disseram que iriam votar nas “intercalares” de 7 de Dezembro, contra os 8,2% que manifestaram opinião contrária. Ou seja, existe uma forte possibilidade de baixarem os índices de abstenção.
Expectativas dos eleitores
No que concerne à expectativa criada em torno do futuro presidente da autarquia de Cuamba, a maioria dos inquiridos, 65,8%, espera que o novo timoneiro esteja à altura dos desafios do município, e 34,1% esperavam que ele faça algo igual ou melhor que o seu antecessor.
Cerca de 40% dos inquiridos disseram que a sua escolha recairia no candidato que conhecesse os problemas do município; 17,5% no candidato do seu partido político; 11,3% votariam no candidato que garantisse a continuidade dos projectos do antecessor. Significa que a filiação partidária continua a ser uma das fontes de identificação dos eleitores em detrimento dos projectos ou manifestos eleitorais.
Quanto às políticas públicas que gostariam de ver como prioridade na gestão do município, 47,3% escolheram as vias de acesso, em primeiro lugar, seguidas de saúde com cerca de 25%. 
Desempenho de Maloa chumbado
Instados a pronunciar-se sobre o desempenho do presidente do município cessante, Arnaldo Maloa, cerca de 67% dos inquiridos disseram que durante o mandato anterior a situação tinha piorado, contra os 12,1% que consideraram que durante o mesmo período a situação do município havia melhorado.
Juventude em peso
Maria José Moreno consegue também fazer o pleno ao nível da juventude. Isto é, de acordo com a mesma sondagem no município de Cuamba, o maior grupo etário (40%) situa-se entre 18 e 25 anos. Destes, 36% vão votar nas eleições do próximo dia 7 de Dezembro, e 3% não votarão. O grupo que vai votar, 28%, espera que o novo presidente esteja à altura dos desafios do município e 12% esperam que se faça melhor. Destes, se as eleições para a presidência do município de Cuamba fossem hoje, 12.4% votaria em Vicente da Costa Lourenço, 13.2% em Maria José Moreno Cuna, 1.4% em outro candidato e os restantes 13.1% não responderam em quem vão votariam.
Em relação às políticas públicas, 19% dos jovens consideram que estradas deveriam ser prioridade, 9% priorizam hospitais e saúde, 7% escolas e 5% habitação

domingo, 20 de novembro de 2011

África vai construir a maior barragem do mundo

A África do Sul e a RDC (República Democrática do Congo) assinaram um acordo para construção de uma barragem que poderá fornecer electricidade a mais da metade dos 900 milhões de habitantes do continente africano. Porém, especialistas temem que os investidores estrangeiros acabem por desviar em proveito próprio uma grande quantidade dessa energia. No último dia 12, o presidente congolês, Joseph Kabila, e o seu colega sul-africano, Jacob Zuma, assinaram um tratado para construir a barragem Grand Inga, no Rio Congo, 225 quilômetros a sudoeste de Kinshasa.
A barragem será construída nas Cataratas Inga, onde o Rio Congo cai quase cem metros e flui à velocidade de 43 metros cúbicos por segundo. Calcula-se que o complexo vai gerar cerca de 40 mil megawatts (MW), mais que o dobro da maior barragem existente, a de Três Gargantas, na China, e mais de um terço do total da electricidade produzida actualmente em África.
“A hidroeléctrica vai melhorar o acesso a energia limpa e eficiente no continente e contribuirá de forma significativa para o desenvolvimento rumo a uma economia com baixa emissão de dióxido de carbono”, afirmou Zuma em Lubumbashi, a segunda maior cidade da RDC, onde foi assinado o acordo. É um “dia para demonstrar o afro-optimismo”, acrescentou.
Será a maior represa do mundo e fará parte da iniciativa para estabelecer uma rede eléctrica que estimule o desenvolvimento econômico e industrial no continente. Até agora, não foi usada toda a capacidade energética das Cataratas de Inga, onde funcionam as centrais Inga I e Inga II, com produção instalada de apenas 1.775 MW, enquanto Inga III está em fase de projecto, como Grand Inga. As razões para não utilizar todo o potencial das Cataratas são principalmente econômicas.
O custo da construção de Grand Inga, cuja final está previsto para 2025, chegará a 80 bilhões de dólares, aos quais se somarão pelo menos outros 10 bilhões para conectá-la à rede elétrica do continente. Não são cifras que a África do Sul e a RDC possam financiar sozinhas.
O Banco Mundial, o Banco de Desenvolvimento Africano, o Banco Europeu de Investimentos e várias companhias privadas do sector estão muito interessados em contribuir com generosas participações. Em troca esperam obter grandes benefícios econômicos sem prestar atenção – segundo os críticos – às necessidades de desenvolvimento da vasta população pobre africana.
“Os investidores estrangeiros participam na construção da barragem para ficar com uma grande quantidade de energia barata ao fim das obras”, alertou a pesquisadora Charlotte Johnson, do Instituto para a Democracia em África, com sede na África do Sul. “Isto obrigará o país a assinar acordos sobre o destino final e o uso da energia gerada”, ressaltou. Apesar da enorme exposição na mídia dos benefícios do projecto para o desenvolvimento, nem o governo da RDC nem os investidores têm planos de abrir a rede eléctrica para uso público, assegurou Johnson.
Agem como se fosse mais um produto comercial. “As redes eléctricas locais não estão incluídas no orçamento. Grand Inga não está destinada às comunidades africanas que estão às escuras, e os 500 milhões de pessoas às quais se prometeu electricidade continuarão no escuro”, acrescentou Johnson. Neste momento, o projecto objectiva construir linhas de transmissão de longa distância para os polos industriais e mineiros do continente, bem como para os centros urbanos da África do Sul, do Egipto e inclusive da Europa.
Segundo o AfDB (Banco de Desenvolvimento Africano), um consórcio franco-canadiano faz um estudo de 15 milhões de dólares para avaliar a possibilidade de desenvolver a obra em etapas. “Trata-se de um investimento enorme e não será possível mobilizar todos os recursos de uma vez. Naturalmente, a decisão final será do governo da RDC”, explicou a directora de energia, meio ambiente e mudança climática, Hela Cheikhrouhou, durante a reunião anual do banco, em outubro.
A alternativa hidroeléctrica representa 45% do potencial de geração de energia da África subsaariana, mas são explorados somente 4% desta, por isso apenas uma em cada cinco pessoas tem electricidade na região, segundo o AfDB. “Para universalizar a energia, a África deve maximizar as alternativas limpas, insistir na eficiência energética e trabalhar com países ricos e instituições de desenvolvimento para destinar de forma rápida uma quantia substancialmente maior de dinheiro”, destacou Cheikhrouhou.
Com apoio de grandes bancos de desenvolvimento, a RDC e a África do Sul continuam em frente com os seus planos de construir Grand Inga. Após a assinatura do acordo, Zuma e Kabila determinaram o início de negociações para contar, no prazo de seis meses, com um tratado que detalhe prazos e etapas para implementar a construção da barragem. A electricidade produzida após o término das obras será gerida pelas respectivas empresas estatais, Eskom, da África do Sul, e Société Nationale d’Électricité, da RDC, e será vendida a quem oferecer o melhor preço.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

MITRAB suspende 115 trabalhadores estrangeiros ilegais em Tete

Quinta, 17 Novembro 2011 00:00 Redacção
Por trabalhar ilegalmente no país.
Trata-se de trabalhadores maioritariamente de nacionalidades sul-africana e filipina, trazidos ilegalmente pela empresa sul-africana Kentz-Engineers & Constructors, subcontratada pela Vale Moçambique.
O Ministério do Trabalho acaba de suspender, com efeitos imediatos, 115 trabalhadores estrangeiros, maioritariamente de nacionalidades sul-africana e filipina, trazidos ilegalmente pela empresa sul-africana Kentz-Engineers & Constructors, subcontratada pela Vale Moçambique para trabalhos de construção civil em Moatize, província de Tete.
De acordo com comunicado do Ministério do Trabalho, a Inspecção do Trabalho constatou, igualmente, outras graves irregularidades naquela empresa, caso da falta de concessão de férias aos trabalhadores, descanso semanal, inscrição dos trabalhadores na Segurança Social, além da falta de relação nominal, regulamento interno, livro de registo de horas-extras, insuficiência de equipamento de protecção, entre outros atropelos a lei, como a omissão de 16 trabalhadores estrangeiros com contratos expirados para posterior recontratação à margem das regras.
 Em face da gravidade e do volume das irregularidades, a empresa foi multada em perto de 34 milhões de meticais, foi-lhe concedida 30 dias para a correcção das irregularidades e outros sete para inscrever os trabalhadores no INSS.

Detido porta-voz do grupo dos ex-combatentes liderados por Hermínio dos Santos

Forúm dos Desmobilizados de Guerra diz que foi o SISE que o sequestrou e hoje Jossias Macena vai ser julgado no Tribunal Distrital de Ka Mpfumo, na cidade do Maputo

Maputo (Canalmoz) – Como que a deitar achas na fogueira, o Tribunal Distrital de Ka Mpfumo, na cidade do Maputo, vai julgar quinta-feira o porta-voz do grupo dos ex-combatentes liderados por Hermínio dos Santos, que continuam em pé de guerra com o governo, noticiou ontem a Voz da América.
Jossias Macena, segundo a rádio americana, foi detido na última segunda-feira de forma “estranha” que está a ser vista como “sequestro”, refere a Voz da América.
A VOA diz que se desconhecem ainda as motivações da detenção de Macena, contudo, Hermínio dos Santos não tem dúvidas de se tratar de obra dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE), que segundo disse, “têm feito muitas ligações, usando números anónimos e fazendo intimidações de vária ordem”.
Segundo conta o grupo – acrescenta a VOA – o desaparecimento do seu porta-voz deu-se  na tarde de segunda-feira, após uma chamada, alegadamente proveniente da Embaixada dos Estados Unidos da América em Maputo, convocando-o para um encontro.
Contrariando conselhos dos seus pares – continuamos a citar a VOA – Macena terá decidido atender à falsa convocação que culminou com a sua detenção, algures na Avenida Kenneth Kaunda, a caminho da embaixada americana, alegadamente, por indivíduos ligados a SISE à paisana, e levado para lugar incerto, de onde foi transferido na tarde de terça-feira, para a Cadeia Civil.
“Depois de receber a chamada, decidiu ir atender a convocatória. Tentei dissuadi-lo, uma vez que a chamada não havia revelado, sequer, a agenda do encontro”, relatou dos Santos.
Frustrada a sua tentativa, o líder do fórum diz ter indicado alguns colegas para acompanharem o seu porta-voz, sendo estes que assistiram a sua detenção, protagonizada por indivíduos que se faziam transportar em seis viaturas.
“Depois de quase um dia sem informações do seu paradeiro, acabamos por ser informados, através de alguém da Cadeia Civil, que o nosso companheiro estava encarcerado naquele local e que seria levado a julgamento na quinta-feira”.
A defesa de Jossias Macena está a cargo da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, através do advogado Salvador Nkamate.
Em contacto com a reportagem da Voz da América, Nkamate disse desconhecer ainda o processo e repudiou o que chamou de ilegalidades flagrantes por detrás da detenção.
Recorde-se que desde o início dos protestos dos ex-combatentes, Jossias Macena é o segundo elemento do grupo a ser detido e levado a julgamento. O primeiro foi Hermínio dos Santos, que foi detido, julgado e absolvido, no ano passado, coincidentemente,  também, numa altura em que preparavam manifestações pelas ruas de Maputo. (VOA / Redacção)
Governo movimenta equipamento militar de Maputo para as províncias
 Quinta, 17 Novembro 2011 04:33
Maputo (Canalmoz) – O Governo tem estado a movimentar  armamento da capital do País, Maputo, para outras províncias. Quantidades não especificadas de armas e outros equipamentos militares foram transportados na última terça-feira de Maputo para pontos desconhecidos a note de Maputo.
Na última terça-feira, a caminho distrito de Magude, a reportagem do Canalmoz, deparou-se ao longo da estrada nacional numero 1, concretamente no cruzamento de Xinavane, com seis camiões militares, alguns com chapas de matricula e outros sem matrículas, carregados de enormes quantidades de material militar.
Cada camião militar com quase uma capacidade de 5 toneladas, transportavam entre dois a 3 militares na cabine. As viaturas militares eram conduzidas por soldados das Forças Armadas da Defesa de Moçambique (FADM). Eram da marca JAC, de fabrico chinês.
Com receio de que uma revolta popular possa eclodir no Pais, devido ao descontentamento generalizado que já ninguém esconde, o Governo tem vindo a importar armamento da República Popular da China, um pais que ficou mundialmente marcado pelo massacre de Tianeman e continua a ser dirigido por um regime intolerante e altamente repreensivo, apesar do seu performance económico.
Para alem importar armamento daquele pais asiático, o executivo tem contratado alguns técnicos militares chineses para assessoram e treinarem as forças armadas e a polícia.
Nos últimos dias, o Governo está a promover uma campanha visando desencorajar as populações a não aderirem a manifestações. Para tal tem vindo a usar os chefes de quarteirões e outras estruturas a diversos níveis da cidade e província de Maputo. O grande receio está numa revolta da população na Cidade de Maputo e perfiferia.
Ainda esta semana, a governadora da província de Maputo, Maria Jonas, fez um apelo às populações de Mothasse e Matsandzane para que não liguem ao que ela apelidou de “saudosistas da guerra” que segundo ela “andam a agitar as pessoas”. “Queremos a Paz” disse a governadora Maria Jonas, confirmando dessa forma os receios do Governo.
O governo tem estado a ser ameaçado pelos desmobilizados filiados no Fórum dos Desmobilizados dirigido por Hermínio dos Santos, que congrega ex-militares provenientes das fileiras do antigo exército FAM-FPLM e da Renamo, ex-milicianos, ex-grupos de vigilância, ex-Naparamas, bem como até viúvas e órfãos daqueles que lutaram durante o conflito armado que dilacerou o tecido social do país numa sangrenta Guerra Civil.
Este grupo de ex-combatentes tem um amplo apoio popular pelo que se receia que possam eclodir actos de violência no País, particularmente em Maputo.
Para além dos desmobilizados de guerra, estão igualmente a ameaçar o governo, o líder da Renamo com os seus homens da força de segurança e muitos outros de que há notícias de se estarem a reorganizar para voltarem ao activo, bem como os ex-regressados na antiga Republica Democrática de Alemanha (RDA), que todas as semanas se têm vindo a manifestar pacificamente em Maputo, mas que ultimamente têm vindo a engrossar as suas fileiras e a protagonizar interrupções prolongadas do tráfego rodoviário em Maputo-Cidade. (Bernardo Alvaro)