Há mais de uma semana, Moçambique capturou um homem denunciado como «chefe do
jihadismo internacional».
Não tinha documentos e apenas telefones móveis com números no Reino Unido. Fala
árabe e algum francês. Interrogado num barco surto ao largo de Cabo Delgado,
revelou ser um «instrutor espiritual para fortalecer as fé dos combatentes da
Jihad».
No inicio não queria falar, rejeitou o primeiro intérprete, que acusou de
traição e apostasia religiosa, e durante algum tempo não quis comer.
Descobriu-se que por ter encontrado toucinho num prato de feijão.
Isso foi prontamente corrigido, com dieta halal. Foi sempre tratado com
civilidade.
Está agora em Maputo. Os seus dados estão meticulosamente a ser verificados
pela Interpol. A Arábia Saudita inundou imediatamente o SERNIC com perguntas.
Pode pensar-se que é um chefe do Daesh EIPAC, mas uma linha de investigação diz
que se trata de um dirigente da «Al Qaida no Iémen» (AQAP), enviado através da
Somália para Cabo Delgado, para «constituir uma célula da organização de Al
Zawhahiri na província».
Daesh e Al Qaida enfrentam-se mortalmente em vários sítios de África, depois de
terem tentado colaborar (Nas fotos, os líderes das duas organizações
terroristas, e do ex-chefe do Daesh, Al Bagdadi).
Se o detido for verdadeiramente um chefe da AQAP (responsável pelos ataques ao
Charlie Hebdo), Maputo fica com um problema a dobrar, embora isto possa também
denotar uma divisão interna no Jihadismo local.
De realçar que o Al Shabab somali é, na sua esmagadora maioria, aliado da Al
Qaida e hostil ao Daesh. O Daesh encontra-se sobretudo na Puntlândia, uma das
três partes em que se dividiu a antiga Somália.
Espera-se que as autoridades moçambicanas revelem rapidamente este caso, que
mostra claramente a «internacionalização» bélica no nordeste do país.
Por *Nuno Rogério*
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