02/09/2020
Por Francisco Nota Moisés
Tenho que dizer que fui muito duro para com o bispo Luís Fernando Lisboa quando no princípio ele fazia apelos para que a comunidade internacional enviasse tropas para ajudar o regime da Frelimo na guerra contra os rebeldes em Cabo Delgado. Se ele não fosse um clérigo de alta patente na Santa Igreja Católica a qual pertenço sem agora ser praticante, não o teria criticado e muito menos o teria descrito como um CRUZADO.
Como um bispo, portanto como um dirigente da Igreja apostólica e evangélica de Roma, qualquer coisa que ele diz será estendido à sua Igreja. Os absolutistas islâmicos entre os rebeldes podiam se chatear contra a Igreja católica como tal e não muito contra ele, o que podia os enfurecer a ponto de se virarem para atacar as instituições da Igreja católica no teatro operacional da guerra do Norte.
Parece-me que o próprio bispo leu as minhas criticas no Moçambique para todos ou alguém, que as leu, lhe disse que um iconoclasta com pouco respeito para quem quer seja que lhe desagrada estava a criticá-lo como um cruzado. O bispo Lisboa entendeu que eu tinha razão e ele estava errado e logo parou de fazer tais apelos para que o mundo ajudasse a Frelimo e possivelmente disse as suas meas culpas a Deus pelo seu erro e virou a sua atenção para o aspecto social do conflito.
Muito bem feito, o santo homem é bispo de Pemba e Deus te abençoe!
Desde a sua viragem do aspecto militar, ele passou a fazer apelos para ajuda as pessoas dispersas pela guerra e a criticar a violação dos civis pelas tropas da Frelimo e pelos rebeldes. Isto me alegrou. Mesmo eu que aplaudo aos rebeldes como uns corajosos contra o regime terrorista da Frelimo, achei que o bispo estava agora no bom caminho e tinha toda a razão. Nunca considerei os rebeldes como santos, embora sempre direcionei as minhas criticas contra a tropa da Frelimo como quem estivesse a cometer crimes hediondos que atribuíam aos rebeldes.
Sei que não há santos numa guerra, mas Nyusi não pode me convencer que os rebeldes estão a chamboqueá-lo sem o apoio da população. Sem o apoio da população, esses homens teriam desaparecido há muito tempo e não teriam crescido como uma força militar a ponto de conquistar zonas urbanas e expulsar os terroristas da Frelimo de tais zonas. Não estariam hoje a ocupar a importante vila de Mocímboa da Praia.
Felipe Nyusi, que não criticou o bispo quando este apelava para ajuda militar para o seu regime cujas tropas estavam a ser escovadas pelos rebeldes, veio depois a insultar o santo homem, descrevendo-o mesmo como apoiante ou agente dos rebeldes quando o clérigo criticou o comportamento abusivo dos civis pelos seus militares como quando um dos seus soldados cortou a orelha dum homem entre quatro indivíduos amarrados com cordas que os seus homens armados batiam para matar.
O meu apelo aos corajosos rebeldes do Norte é este: ora viva, vocês o corajosos que com galhardia derrotam as tropas indisciplinadas da Frelimo graças ao apoio do povo e de Deus (de Allah). A vossa guerra é somente contra os homens armados da Frelimo que vos opõem e procuram vos matar e não nunca contra civis. Devem respeitar e proteger os civis como geralmente vocês tem feito. Não matem nem maltratem soldados da Frelimo que capturam e não maltratem homens que possam considerar como agentes da Frelimo.
Mungu awabariki! (swahili para dizer: Deus vos abençoe).
Que Deus vos abençoe!
May Almighty God bless you!
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