03/09/2020
Por Francisco Nota Moisés
Sabio said:
"Acrescentando quanto ao Chissano. Um amigo meu disse-me que Chissano é muito perigoso. Se alguém falhar para ele e ele sorrir significa que está muito zangado e a vida da pessoa estava em risco da vida. Ele aparenta ser um bom homem mas é sonso de facto."
Grato, Sabio, pela informação acima citada para os dados que eu dei sobre Joaquim Chissano no meu artigo FELIPE NYUSI NÃO É UM HOMEM EM QUE AS PESSOAS POSSAM CONFIAR (31.08.2020).
Era uma tarde de Janeiro de 1968 quando estive com dois rapazes macondes e íamos a Temeke, ao sul de Dar-Es-Salaam, quando os dois me alertaram sobre Samora Machel e Joaquim Chissano, os dois indivíduos mais sinistros na liderança da Frelimo. Um deles me contou exactamente aquilo que o senhor disse acima sobre Joaquim Chissano, dizendo: "se fazes uma coisa que desagrada a Samora Machel, é melhor fugires logo. Samora é um bruto que não sabe fingir e disfarçar a sua zanga. Vai logo te mostrar que está zangado contigo e vai te matar enquanto Joaquim Chissano vai sorrir e te mostrar que não está zangado. Vai mesmo te tratar muito bem até o tempo onde te meterá a faca no pescoço no lugar da sua escolha donde não poderás escapar."
Foram aqueles dois rapazes que me contaram que a morte de Felipe Magaia, o primeiro comandante da guerrilha da Frelimo antes de Samora Machel que Mondlane colocou em vez do Casal Ribeiro que era o adjunto do Magaia depois do seu assassinato, tinha sido organizada pelos dirigentes da Frelimo liderados por Eduardo Mondlane num complot que envolvia Joaquim Chissano, Samora Machel e outros. Felipe Magaia foi abatido no Niassa por Lourenço Matola, um homem do sul que veio depois a morrer quando foi atropelado em Nairobi, Quénia, em 1989, por um carro que não parou depois de o espatifar.
Estórias voaram entre os exilados moçambicanos em Nairobi, dizendo que o carro era um fantasma do Magaia que veio se vingar por Matola tê-lo morto. Mas dizia-se também que a sua morte foi organizada por Joaquim Chissano que não queria que Matola regressasse a Moçambique onde podia falar da morte do Magaia que ele dizia abateu a mando da liderança do cume da Frelimo
Porque é que decidiram eliminar Felipe Magaia e Mondlane não indigitou Casal Ribeiro que era o adjunto de Magaia, mas nomeou Samora Machel para ser o novo comandante da guerrilha? Samora Machel não tinha a capacidade para dirigir a guerra como Magaia que tinha sido um oficial na tropa portuguesa e tinha treino completo da guerra de guerrilha na Argélia enquanto Samora Machel desconseguiu o treino da guerrilha naquele pais árabe e alegava ter caído e danificado a sua coluna durante o treino.
Há razões. Uma delas é que Mondlane e Magaia viam as coisas diferentemente. Mondlane falava em guerra prolongada enquanto Magaia, que estava sempre no interior, queria libertar o norte rapidamente para transferir a sede da Frelimo de Dar Es Salaam para o Norte para que todos os líderes da Frelimo passassem a viver no norte de Moçambique e não em Dar Es Salaam.
Magaia e Samora Machel não se davam e Magaia acusava Machel de ser um cobarde que recusa ir ao interior e que alegadamente um dia fugiu duma emboscada montada contra soldados portugueses. Verdade ou não, dizia-se constantemente que Magaia ficou muito furioso com Machel que lhe deu porradas com muita zanga.
Mas havia também o elemento de tribalismo. A camarilha que Mondlane tinha no cume era de Manjacaze, Gaza. Portanto, Changanas puros. Magaia era impuro para eles visto que o seu pai, um enfermeiro, era do sul e a sua mãe era uma zambeziana e ele nasceu em Mocuba, Quelimane.
Casal Ribeiro era também impuro para os manjacazistas visto que o pai dele era um xuabo e a sua mãe sena e nasceu em Mutarara, Tete. Os zambezianos na Frelimo consideravam Magaia e Casal Ribeiro zambezianos, mas os senas, patrilineos, não aceitavam Casal Ribeiro como sena visto que o pai dele não era sena.
Não conheci Magaia que foi abatido por Lourenço Matola no Niassa na madrugada do dia 16 de Outubro de 1966 antes de eu sair de Moçambique onde era um cidadão português. A primeira informação que tive sobre a morte do Magaia vinha num jornal da Beira que li no seminário do Zobué que dizia que "o comandante terrorista morreu num tiroteio entre facções terroristas no escritório dos terroristas em Dar Es Salaam."
Mas enquanto no Malawi de caminho para a Tanzania em 1967, um boletim da Frelimo emitido em Dar Es Salaam anunciava a morte do Magaia, dizendo: "o camarada Felipe Magaia (sem dizer que cargo tinha na Frelimo) tombou num encontro com soldados portugueses (sem dizer quando e onde).
Tais informações históricas como as conto nunca foram relatadas pela Frelimo que implantou mentiras em vez dizer a verdade.
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