22/09/2020
Residentes continuam a procurar sair da vila
Medo. Muito medo. Este é o discurso que mais se ouve nos residentes de Palma, distrito que acolhe os milionários projectos de LNG, em fase de preparação na bacia do Rovuma e, talvez por isso, tido como alvo do terrorismo.
O sentimento é acompanhado por reiterada necessidade de se sair da vila distrital para outras regiões, mas com a insegurança instalada em quase todas as vias rodoviárias que estabelecem conexão com o distrito, muitas populações não têm como. A única alternativa que sobra é a via marítima.
Um residente da vila de Palma descreve que as pessoas são obrigadas a recolher muito cedo. Por volta das 17h30. De noite praticamente estão proibidas de sair para as casas de banho localizadas a alguns metros dos “dormitórios”. “Nas noites, usamos galões dentro de casa como casa de banho e, também falar ao telefone a noite, ainda é muito perigoso” - explicou Aruna Faque, que se refugiou de Mocímboa da Praia para a vila de Palma.
O seu irmão, que negou ser identificado, disse que a outra preocupação está relacionada com o risco de esgotamento, nos próximos dias, de produtos de primeira necessidade. “Os bengalis que eram, nos últimos dias, os principais provedores de produtos de primeira necessidade já fecharam suas lojas e, a qualquer momento, vão sair.
Pior que um dos seus colegas foi morto” - contou uma fonte, recordando a recente morte de um comerciante na emboscada que teve lugar há pouco mais de uma semana.
Informações recentes dão indicação de terem sido mortas, na emboscada a camionetas, perto de 30 pessoas, no ataque ocorrido próximo a Pundanhar. Foi nesta acção que perdeu a vida o comerciante bengali.
As camionetas emboscadas, recorde-se, transportavam pessoas e bens que, por sinal, tentavam fugir do cenário de insegurança em Palma. Tinham Nangade como destino ou trânsito à busca de locais que possam ser considerados mais seguros.
De acordo com a fonte, até sábado, a via Nangade – Palma continuava intransitável, pelo menos para viaturas civis de transporte de carga e passageiros.
Enquanto isso, anotou, os “grandes barcos”, que saíram de Palma em direcção à cidade de Pemba à busca de reabastecimento em produtos alimentares e outros não tinham ainda, até sábado, regressado, realidade que coloca a vila com muito pouca disponibilidade de produtos alimentares.
Para as populações, a forte e brutal presença das Forças de Defesa e Segurança não representa, em si, garantia de segurança. Até porque maior parte dos militares estão directamente colocados em posições próximas aos projectos de LNG.
MEDIA FAX – 22.09.2020
NOTA: Pois é. O POVO que se dane!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
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