"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 9 de setembro de 2016

"É difícil? Demite-se!!"


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EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (22)
Bom dia, Presidente. Escrevo-lhe esta carta a partir de Joanesburgo, África do Sul. vim cá para outras obrigações. Por cá as coisas também não estão boas. Aquele bulício que caracteriza “Joburg” esfumou-se: a vida está cara. Os shoppings andam vazios, até o Eastgate. A cidade está a degradar-se a olhos vistos, o que escapa ainda é o Sandton City.
Fiz de propósito. Fui sentar-me ali ao Hillbrow, no meio daquele bulício todo, cruzei as pernas e disse para comigo: vou escrever ao Presidente a partir daqui. Aqui há moçambicanos a sofrer “para o burro”, Presidente.
Deambulam de um lado para o outro. Não têm lugar fixo para pernoitar. As refeições são escassas, mas quando a pergunta é porquê não voltam para casa? A resposta não tarda: “vale a pena sofrer aqui”.
Efectivamente, Moçambique é um País onde nada acontece. Principalmente desde que o senhor ficou Presidente da República. São reuniões, gritos mas nada de resultados. Pior: quando o Presidente viaja para alguma província diz que o balanço foi positivo. Se está a falar do balanço da visita, como político que o senhor é, posso até aceitar que o balanço é positivo. Mas no desiderato realizações, a nota é sempre zero.
E pior: a ACCLN pede armas para combater a Renamo.
Quer dizer, trouxemos os mediadores para nada? É aqui que se nota a sua fraqueza como líder do partido Frelimo. Não reúne consensos, desafiam-lhe em pleno público. Sinceramente agudiza-se a minha desconfiança sobre a sua liderança. A súcia dos camaradas desafia-lhe, sonda-lhe constantemente. Será o meu Presidente um corta-fitas?
Ora, ouvi uma outra coisa que também me deixou triste. A directora do GABINFO, a mando do Presidente da República, deu ordens aos órgãos de informação sob influência do Governo a não darem espaço a Luísa Diogo aparentemente pelo facto de as suas intervenções públicas fazerem sombra ao senhor. Espero, francamente, que isso não seja verdade.
Espero que isso tenha partido da própria directora do GABINFO, por via daquele puxa-saquismo atávico que está institucionalizado em Moçambique.
Alguém quando procura emprego na Função Pública, o que deve se salientar no seu C.V é que é um lambe-botas.
Tarefa ingrata essa, mas fazer o quê?
Que o digam alguns comentaristas de meia-tigela que pululam na rádio e televisão públicas. Com a crise à vista, a graduação dos seus óculos vê um paraíso: cáspite!
Termino esta carta apelando para que o Presidente, querendo deixar uma marca positiva nessa sua presidência questionável, pelo menos traga paz.
Fortalece-se politicamente. Liberte-se das amarras do seu tutor e traga paz.
Assim, moçambicanos, como este que está ao meu lado a me pedir um rand, vão poder voltar para casa. Vão poder vender tomate na esquina de Vanduzi, Nicuadala, Jangamo ou qualquer outro   ponto do País.
É difícil? Demite-se!
DN – 09.09.2016

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