Mais uma vez quero pôr entre estas linhas a
realidade que vivemos no nosso país. No que se refere a situação político-militar
no centro e norte do país, é uma coisa que vai perdurar por mais tempo e por
conseguinte aliado a depreciação da moeda nacional provocada pela dívida do
Guebuza e seu governo, o custo de vida vai agudizar-se ainda mais. Digo isto
porque a cessação das hostilidades militares não está para agora.
Após o consensos na mesma de negociações sobre o
primeiro ponto da governação das seis províncias que a acta parcial todos tivemos
acesso, o Jacinto Veloso da delegação do governo rectificou contrariando tudo que
vinha no documento que ele próprio assinou. Na mesa de conversações estão
quatro pontos, nomeadamente, governação das seis províncias “ganhas” pela
Renamo, cessação das hostilidades militares, composição das Forças de Defesa e
Segurança e de desarmamento da Renamo.
Segundo Veloso, nenhum acordo pode ser avalizado
num ponto isolado, sem que haja entendimento noutros previamente agendados. Não
se pode dizer que como o primeiro ponto colheu alguns consensos deve ser
implementado sem que os outros tenham sido discutidos.
Se nenhum ponto poderá ser avalizado ou ser implementado
de forma isolada mas no conjunto dos
quatro pontos, e sendo a questão de cessação das hostilidades o segundo ponto
da agenda das negociações, então nada pode-se esperar por agora. Ademais, a
exigência da Frelimo de cessação das hostilidades a Renamo, não tem nenhuma
razão de ser. Talvez a Frelimo sofre de um grave síndrome de esquizofrenia. Em
tão curto tempo esqueceu-se que deu recado ao Veloso para informar aos
moçambicanos e a comunidade internacional que nenhum ponto será implementado
isoladamente.
Do outro lado, a prova de que as negociações e as
assinaturas feitas e a serem feitas não passam de uma farsa, é a grande
investida da FDS na serra de Gorongosa e agora em Morrumbala e o contra ataque
do braço armado da Renamo. A Frelimo não está interessada com a paz. Os
discursos furados de paz e reconciliação não passam de uma propaganda e lavagem
da imagem que ela própria sujou. Com as atitudes que tem será muito difícil ganhar
aceitação do povo que a própria Frelimo lhe
submeteu a uma miséria sem precedentes.
Na mesma intervenção, Veloso afirmou que os
quatro pontos em discussão, uma vez discutidos e consensualizados, apenas
poderão ser avalizados pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi e
pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, mediante um acordo final. Agora donde vem essa pretensão e exigência de
que a Renamo deve cessar o fogo de imediato? Aliás não somente a Renamo quem
deve cessar o fogo, mas as duas partes. No entanto, as FDS continuam a cercar a
residência do Dhlakama e aproximar-se cada vez mais aos acampamentos dos homens
armados da Renamo, o que proporciona a inevitabilidade de confronto armado em
qualquer momento.
Nenhum ponto vai ser implementado ou avalizado de
forma isolada mas sim no universo dos quatro pontos. Neste sentido, só podemos esperar
que se discutam os quatro pontos e cheguem ao acordo deles e dai a
implementação conjunta dos mesmos. E como a Frelimo é bastante orgulhosa e abusado
no poder que leva a 42 anos não devemos esperar tanto. Se usarem a maioria
parlamentar como outras vezes para chumbar a revisão da Constituição para
acomodar a exigência da Renamo sobre a governação das seis províncias, quer
dizer que nenhum ponto vai ser implementado porque segundo o recado dado ao
povo pelo Veloso, na falta de um ponto nenhum poderá ser posto em práctica. Será
que dá para esperar confiante que algo positivo pode vir nestas negociações?
Oxalá que Deus regresse das férias e transforme os corações desses criminosos.
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