Por: Ermelinda Nhatave
Esgota ate a “Paciência de Job” tentar compreender ou mesmo conceder o benefício da dúvida aos intérpretes da “dança maquiavélica” ao que alguns bem-intencionados (?!) convencionaram denominar de diálogo político, em uma denominação a que há muito dever-se-ia ter acrescentado “de surdos”, porque de facto trata-se de um diálogo de surdos. Sinceramente se o que pretende-se é dilapidar os fundos do Estado, à semelhança ao que recentemente foi feito, importa adiantar a informação que os cofres da Pátria Amada, após a década de governação passada, encontram-se vazios, sem tostão nem cótão e presentemente encontram-se ornamentados de dívidas às Instituições do Bretton Woods e do Fundo Monetário Internacional.
O vaivém dos estrangeiros indicados pelos intervenientes como sendo as pessoas mais indicadas para resolver a “mhaka” ou na “melhor” das hipóteses, indicar os caminhos que conduzam ao tal famoso “calar das armas”, muito propalado em discursos inflamados dos dirigentes de ambas as partes a que ultimamente outros que tais se têm juntado, reclamando com razão ou sem justiça, um espaço com visibilidade na ribalta das parangonas noticiosas como se uns e outros estivessem de facto interessados em que “o pobre Zé Povinho” conhecesse a tal de Liberdade em Paz. Dia após dia o povo vê o seu horizonte a minguar fruto das balas assassinas e das manigâncias de outros que tais, mas estes últimos de fraque e gravata, manejando tecnologias de última geração que possuem a mesma sanha assassina de trucidar os sonhos de quem há sensivelmente quarenta e tal anos ergueu o punho e gritou ate a rouquidão que a “A Luta Continua”, um grito de suposta liberdade a que ultimamente se têm juntado palavras ocas que agridem quem um dia acreditou que “sonhar era possível porque a materialização estava a distância de acordar”.
Após três semanas de interregno na discussão que supostamente visa unir os “irmãos” desavindos, integrantes das duas forças belicosas envolvidas no tiroteio que abrange uma zona circunscrita do país, eis que o palco reabre com uma novidade que não cabe a ninguém entender, embora seja de certo modo compreensível que os mediadores e observadores reúnam em separado com as delegações envolvidas na querela mortal da zona centro de Moçambique, mas o que não tem explicação e nem tão-pouco parece plausível é que os interlocutores saíam das salas e como se o que está em discussão apenas lhes dissesse respeito, “fechem-se em copas” e ninguém diga a outrem qual o estágio das famosas discussões, o que convenhamos não é nada demais, pois se rebuscarmos na memória em um passado recente poderemos trazer a triste experiência de anteriores encontros havidos no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em que para além de acusações mútuas, após uma eternidade e muitas manobras dilatórias de ambas as partes “a montanha pariu um rato” algo que, ao que tudo indica, poderá ocorrer em mais esta ronda em novo estilo, com a inclusão de mediadores alguns oriundos de uma Pátria longínqua que em tempos idos, arquitectou o famoso, mas efémero aperto de mão que não durou mais que o instante do “flash” do fotógrafo.
A renitência de ambos os contendores, a troca de acusações, os discursos exaltados que são-nos dado a cada dia que passa, a perpetuação dos ataques na zona centro do país, mais exactamente na Serra da Gorongosa e redondezas, supostamente porque aquela é a zona onde localiza-se o bastião de Afonso Dhlakama e seus pares e a ineficácia dos ataques e dos apregoados bombardeamentos que as Forças de Defesa e Segurança têm lavado à cabo com frequência a somar aos relatos das agências noticiosas nacionais que cobrem as acções que decorrem a um ritmo assinalável, custa a crer que os supostos homens armados da Renamo possam praticar as acções armadas de que são acusados e desapareçam sem deixar rasto. É estranho que um contingente de jovens soldados, bem treinados, superiormente armados, bem alimentados e com recurso a meios circulantes, não consiga pôr cobro as acções de grupos de homens a acreditar nas ultimas imagens difundidas pelos canais televisivos, aparentemente de idade avançada, mal armados, com problemas de logística e sem os recursos as tecnologias que as Forças Armadas de Defesa e Segurança fazem gala aquando das datas comemorativas, a não ser que o aparato sirva apenas para impressionar as populações em dias festivos e na prática não sirva para o fim a que deveriam estar vocacionados.
Custa a entender como é que os soldados governamentais estão a ser ridicularizados por grupos descritos como idosos que impunemente estão a semear o pânico através de acções que sitiam a zona centro e entravam a circulação de pessoas e bens de uma ponta a outra do país, para não falar dos relatos de ataques em que milagrosamente nenhum militar é ferido, tão-pouco morto, para não dizer que alguém tenha sido capturado. Estranha guerra a que desenrola-se na zona centro do país com as consequências que são noticiadas e em que apenas a população é a única vitima de que há notícia.
Por outro lado, mesmo para um leigo que pouco ou nada entenda de tácticas e técnicas de guerra, causa estranheza que após o aparato que as Forças Armadas protagonizaram com convites a imprensa, a sociedade civil, aos diplomatas e a pessoas singulares, para presenciarem “in loco” e espalharem o testemunho ao país, ao mundo e arredores que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, após um renhido combate e dado o ímpeto avassalador, o inimigo, no caso os tais famosos homens armados da Renamo, teriam fugido em debandada, não tendo tido sequer tempo para recolher bens, utensílios e artefactos de guerra que foram exibidos as câmaras e flash’s dos repórteres, para o país, o mundo e arredores tomarem conhecimento do feito heróico das Forças de Defesa e Segurança. Passado um pouco mais de um lustro, se tanto, as mesmas Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique estão envolvidas em combates em uma zona que desmantelaram e ocuparam e ao que parece não estão a dar conta do recado, a acreditar no tempo em que os combates duram, em um cenário que está (eve) em seu poder o que leva a concluir que algo está oculto em esta guerra, pois de conflito armado esta troca de tiros, há muito que evoluiu para uma guerra e será legitimo pensar que terá ultrapassado as capacidades de quem de direito e a cada tiro que se dispara, aumentam as graves consequências para a população, afinal a única vítima em todo este maldito processo.
Definitivamente há algo muito valioso na Serra da Gorongosa que ultrapassa o ego dos contendores e quem primeiro admitir do que se trata, certamente será o primeiro a tirar dividendos da revelação de tal situação.
Fazemos votos que tal revelação justifique o drama que um país vive e a angústia que aperta os corações de cerca de vinte e cinco milhões de almas que depois da efémera ilusão do 25 de Junho de 1975 anseiam pela felicidade prometida, mas precocemente penhorada em nome de uma liberdade que tarda em concretizar-se.
A não ser que as agendas pessoais se sobreponham aos interesses de uma nação que tarda a assumir-se como una, soberana e indivisível.
O SOL – 17.09.2016
A renitência de ambos os contendores, a troca de acusações, os discursos exaltados que são-nos dado a cada dia que passa, a perpetuação dos ataques na zona centro do país, mais exactamente na Serra da Gorongosa e redondezas, supostamente porque aquela é a zona onde localiza-se o bastião de Afonso Dhlakama e seus pares e a ineficácia dos ataques e dos apregoados bombardeamentos que as Forças de Defesa e Segurança têm lavado à cabo com frequência a somar aos relatos das agências noticiosas nacionais que cobrem as acções que decorrem a um ritmo assinalável, custa a crer que os supostos homens armados da Renamo possam praticar as acções armadas de que são acusados e desapareçam sem deixar rasto. É estranho que um contingente de jovens soldados, bem treinados, superiormente armados, bem alimentados e com recurso a meios circulantes, não consiga pôr cobro as acções de grupos de homens a acreditar nas ultimas imagens difundidas pelos canais televisivos, aparentemente de idade avançada, mal armados, com problemas de logística e sem os recursos as tecnologias que as Forças Armadas de Defesa e Segurança fazem gala aquando das datas comemorativas, a não ser que o aparato sirva apenas para impressionar as populações em dias festivos e na prática não sirva para o fim a que deveriam estar vocacionados.
Custa a entender como é que os soldados governamentais estão a ser ridicularizados por grupos descritos como idosos que impunemente estão a semear o pânico através de acções que sitiam a zona centro e entravam a circulação de pessoas e bens de uma ponta a outra do país, para não falar dos relatos de ataques em que milagrosamente nenhum militar é ferido, tão-pouco morto, para não dizer que alguém tenha sido capturado. Estranha guerra a que desenrola-se na zona centro do país com as consequências que são noticiadas e em que apenas a população é a única vitima de que há notícia.
Por outro lado, mesmo para um leigo que pouco ou nada entenda de tácticas e técnicas de guerra, causa estranheza que após o aparato que as Forças Armadas protagonizaram com convites a imprensa, a sociedade civil, aos diplomatas e a pessoas singulares, para presenciarem “in loco” e espalharem o testemunho ao país, ao mundo e arredores que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, após um renhido combate e dado o ímpeto avassalador, o inimigo, no caso os tais famosos homens armados da Renamo, teriam fugido em debandada, não tendo tido sequer tempo para recolher bens, utensílios e artefactos de guerra que foram exibidos as câmaras e flash’s dos repórteres, para o país, o mundo e arredores tomarem conhecimento do feito heróico das Forças de Defesa e Segurança. Passado um pouco mais de um lustro, se tanto, as mesmas Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique estão envolvidas em combates em uma zona que desmantelaram e ocuparam e ao que parece não estão a dar conta do recado, a acreditar no tempo em que os combates duram, em um cenário que está (eve) em seu poder o que leva a concluir que algo está oculto em esta guerra, pois de conflito armado esta troca de tiros, há muito que evoluiu para uma guerra e será legitimo pensar que terá ultrapassado as capacidades de quem de direito e a cada tiro que se dispara, aumentam as graves consequências para a população, afinal a única vítima em todo este maldito processo.
Definitivamente há algo muito valioso na Serra da Gorongosa que ultrapassa o ego dos contendores e quem primeiro admitir do que se trata, certamente será o primeiro a tirar dividendos da revelação de tal situação.
Fazemos votos que tal revelação justifique o drama que um país vive e a angústia que aperta os corações de cerca de vinte e cinco milhões de almas que depois da efémera ilusão do 25 de Junho de 1975 anseiam pela felicidade prometida, mas precocemente penhorada em nome de uma liberdade que tarda em concretizar-se.
A não ser que as agendas pessoais se sobreponham aos interesses de uma nação que tarda a assumir-se como una, soberana e indivisível.
O SOL – 17.09.2016
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