"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 31 de julho de 2019

Piscando a Esquerda e Virando a Direita?



Sua Excia Filipe Nyussi, Presidente da Republica e Comandante em Chefe das Forcas Armadas de Defesa de Mocambique (FADM): Nos dois meses que restam, cumprimos suas ordens ou nao?

Em Dondo, ha dias na reuniao das mulheres do do Partido que tambem dirige, o Chefe de Estado disse para todo o pais, (e nos gravamos) e em bom tom que a "Campanha Eleitoral tinha comecado". Tratando-se do Mais Alto Magistrado da Nacao, cumprimos a orientacao a risca. Dois dias depois, veio o nosso mais Alto Magistrado da Nacao dar o dito pelo nao dito! ou seja, em menos de 72 horas o Chefe de Estado, uma vez mais piscou a esquerda e virou a direita! Em Chimoio, ontem, dia 30 de Julho 2019, afirmou, inter alias, e sem pestanejar que "alguns pensam que a campanha ja comecou"! Meu Deus!

Numa entrevista ha alguns anos atras, disse e foi capa de um dos seminarios da capital Dossier & Factos que era dificil cumprir as orientacoes de um Chefe de Estado, que tinha por habito dizer uma coisa e fazer outra. Ou seja que ao contrario do que nos ensinam nas escolas de conducao e nao so, o nosso Chefe de Estado, tinha o habito de contrariar o Codigo de Estradas ou seja ao inves de piscar a esquerda, para assinalar que queria virar a esquerda, fazia exactamente o contrario.

Sistematicamente, ao longo do seu mandato, o nosso Comandante em Chefe, quando quisesse virar para um determinado lado, piscava invariavelmente para o lado oposto, confundindo nao so aos outros automobilistas, como tambem criando condicoes para a ocorrencia de acidentes de viaccao e nao so! Isto, acontecendo em plena luz do sol e perante o olhar impavido e sereno das autoridades reguladoras de transito, incluindo a policia de transito.

Quando na altura dectetamos precocemente e diagnosticamos esta anomalia, muitos discipulos do Chefe de Estado no lugar de escutar-nos e juntos procurarmos algum antidoto farmacologico para o combate ou cura da enfermidade, antes que venca se tornasse cronica, atiraram-nos pedras e acusaram-nos de falta de respeito, anti-patriotas, agentes do inimigo, agentes so servico da mao externa entre outras. Hoje que a doenca se tornou cronica, e terminal gostaria de ouvir a opiniao dos acolitos.

Comecemos pelo principio. Na sua tomada de posse, o nosso Chefe de Estado e em bom tom, e para quem quisesse ouvi-lo disse inter alias, que "no seu coracao cabiam todos os mocambicanos".

Mas em menos de um ano ja dava sinais contrarios.

Com sua ordem ou sem ela mas com alguma cumplicidade, obviamente sabendo que mais tarde seriam amnistiados, ordens foram dadas por alguem para que o Lider da Oposicao Oposicao altura, Afonso Dhlakama, fosse cercado e emboscado nao uma, mas varias vezes e muitos compatriotas nossos, para ser exacto, mais de cem (100) foram fria e barbaramente assassinados pelos esquadroes da morte! Parte dos mandantes e executores ontem legal, constitucional e "generosamente" amnistiados..., ontem!

Foi durante o reinado de V. Excia, em cujo "coracao cabiamos todos", que vimos o recrudescimento do uso continuo, recorrente e excessivo de forca pelas forcas de defesa e seguranca contra cidadao inocentes. Foi durante o mandato do magistrado que prometeu respeitar a Constituicao da Republica que assistimos a mortes/fuzilamentos extra-judiciais, tortura e outras formas de mau tratamento a cidadaos muitas vezes inocentes.

Foi durante o mandato deste "Pai da Nacao" em cujo coracao cabiamos todos, que a 23 de Maio de 2016, o Professor Jose Jaime Macuane foi raptado e baleado, alegadamente pelo simples facto de ter dado a sua opiniao sobre o Estado da Nacao!

Foi no mandato de V. Excia que a 27 de Marco de 2018, Ericino de Salema, jornalista foi raptado, assaltado, violentado e abandonado na via publica . E do seu magnanimo coracao Excia, nao saiu uma unica palavra publica de condenacao, consolacai ou de solidariedade! Pelo menos eu, que ainda nao sou cego nem mudo, nao vi e nem ouvi uma unica que fosse, palavra de solidariedade ou condenacao. E meu pai, que Deus o tenha, me ensinou que quem cala consente! E quando esse silencio consentido vem do mais Alto Magistrado da Nacao e dos acolitosvque o seguem, entao.... algo vai mal... Excia!

Foi durante o seu mandato Excia, que o meu irmao Mahamudo Amurane, na altura Presidente eleito e amado pelos municipes de Nampula foi mortalmente baleado, quando celebravamos a 4 de Outubro de 2017, o dia da paz! Imagine que memoria ou que conceito de Paz terao os filhos dep Amurane, os municipes de Nampula e nos mocambicamos em geral? Ate hoje Excia, nem agua vai, nem agua vem... E is assassinos continuam impunes, como continua impune o ex-ADC do seu actual Ministro da Justica que em plena luz do dia assassinou, cobarde, fria e barbaramente o jovem Cantor Max Love!

Foi durante seu mandato Excia, em que jurou fazer respeitar a Lei e a Constituicao da Republica (CR) e combater a impunidade, que a 2 Marco de 2016, o meu amigo e Constitucionalista Giles Cistac foi fria, calculus e barbaramente assassinado, aparentemente por ter sido o primeiro a defender uma maior autonomia para as provincias: aquilo que Constitucionalmente faremos a 15 de Outubro. Entao porque o mataram Excia se ele estava certo?

Foi a 8 de Outubro 2016 deste seu mandato Excia, em cujo coracao cabemos todos, que Jeremias Pondeca, foi barbaramente assassinado quando ingenuo acreditou na palavra de V. Excia e caminhava na marginal da capital do pais!

Foi durante o mandato de V. Excia, em cujo coracao cabemos todos, que a 16 de Janeiro de 2016, Manuel Bissopo, entao SG da Renamo foi alvejado a tiro, na Beira, tendo escapado pela graca de Deus!

Excia, por favor, nao se esqueca e nao nos faca esquecer que foi durante o Vosso Generoso e sacrossanto mandato, em cujo coracao cabemos todos, que Americo Sebastiao, cidadao Portugues, foi raptado em Nhamapadza, provincia de Sofala e ate hoje ninguem sabe do seu paradeiro, e que se saiba seu Governo tem recusado a co-operacao oferecida, para desvendar este misterio!

Excia, foi durante seu mandato, ao contrario do que prometeu no seu discurso inaugural, que aumentaram as violacoes pelas forcas de defesa e seguranca e nao so das liberdades de espressao, associacao e de reuniao. Aqui em Quelimane, testemunhamos a "docura do seu coracao", onde cabemos todos, quando no dia 04 de Fevereiro deste ano (2019), a PRM que Vossa Excia sabiamente comanda, usou excessivamente a forca contra 14 municipes com deficiencia locomotiva que participavam numa corrida de carrinhas de rodas! Imagine so, Excia quao brando deve ser seu coracao: bater, violentar pessoas com deficiencia! E quando Em Fevereiro deste ano (2019) alguns municipes de Quelimane marcharam para mostrar o seu descontentamente em relacao a decisao do Tribunal Administrativo de sem direito ao contraditorio cacar o mandato do seu edil, foram ilegalmente detidos...

Foi durante seu mandato Excia, que a pesquisadora Fatima Mimbire do Centro de Integridade Publica (CIP), Aunicio da Silva, Antonio Mutoua, Arlindo Cesar Severiano Chissale, Jose Paulino, Pedres Benvindo Tapua, e Cantifulas de Castro, Funga Caetano, Antonio Paulo Vahanle e eu proprio recebemos varias mensagens intimidatorias atentando contra nossas vidas e das nossas familia e nao sentidos a grandeza solidaria do seu coracao, onde caberiamos todos!

Foi durante o mandato de V. Excia que ficamos a saber das duvidas ocultas, e ao contrario do seu juramento constitucional, fez tudo em seu poder para obstruir a justica, incluindo a alegada contratacao de uma empresa sul-africana, para em nome do Governo e usando abusivamente dos nossos impostos, evitar a extradicao de Manuel Chang para os EUA.

Foi durante o mandato de V. Excia que as populacoes de Namanhumbir em Cabo Delgado foram sujeitas a graves violacoes dos direitos humanos, contrariando seu juramento em fazer respeitar a Lei e a CR.

Foi, Excia durante os ultimos 5 anos que as populacoes do Chinde, Inhassunge, Gile e Quelimane, se envolveram com conflitos sobre terras sob olhar impavido de quem jurou constitucionalmente em defende-Las da ganancia "comunista do capital-solidario Chines"! Quando requerida a proteccao do seu Governo, vieram as Forcas de Defesa e Seguranca que V. Excia sabiamente dirge, nao para defender o seu patrao, o Povo mas para disparar contra ele, uma vez mas, fazendo o que V. Excia ja nos habituou, piscar a Direita e virar a Esquerda!

Foi durante seu mandato Excia, que o seu patrao, o Povo sofreu os efeitos nao de um mas de dois ciclones, Idai e Kenneth! Infelizmente, a actuacao do seu Governo foi pouco profissional, dubia e pouco inclusiva, chegando a discriminar a cidadaos por causa da sua filiacao partidaria.
..
Poderiamos continuar, Excia, mas preferimos parar por aqui. Queremos e simplesmente lhe recordar, hoje que apresenta seu ultimo Estado da Nacao, que perdoaremos sim, porque somos religiosos, mas nao nos esqueceremos das atrocidades do seu mandato Excia. Poderiamos continuar, mas porque " Wuuba Ngoma kaiyo otaya", pararemos por aqui. Nao falamos e nem falaremos das violacoes dos direitos humanos em Cabo Delgado... nem da perseguicao que nossos irmaos albinos sofrem e sofreram durante Vosso mandato.

Sera que cabemos mesmo todos nesse seu coracaozinho? Ou uma vez mais, Excia vai assinar o Acordo de Paz, pensando na proxima guerra? Ou pensando em como eliminar-nos paulatina e silenciosamente sem sujar as suas patrioticas maos de sangue ?

Um abraco pulgante,

Manuel de Araujo

Presidente Nyusi deverá anunciar que o Estado da Nação é animador


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Destaques - Newsflash
Escrito por Adérito Caldeira  em 30 Julho 2019 (Actualizado em 31 Julho 2019)
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ArquivoFilipe Nyusi vai à Assembleia da República nesta quarta-feira (31) fazer o balanço dos seus cinco anos de mandato como Presidente da República e deverá anunciar que o Estado da Nação é animador... Moçambique tornou-se caloteiro, entrou no lixo, a corrupção não diminuiu, a democracia degradou-se e a pobreza aumentou. Como diria o palhaço brasileiro que tornou-se deputado “pior que tá, não fica”!
Filipe Jacinto Nyusi tornou-se 4º Presidente de Moçambique numa das menos transparentes e justas eleições que o nosso país já teve. Após um discurso onde disse ter aberto o coração a todos os moçambicanos deu início ao terceiro conflito militar desde a Independência encurralando novamente o líder do partido Renamo nas matas da Gorongosa.
Antes de deixar Moçambique entrar em crise económica e financeira as estatísticas oficiais revelaram que o número de pobres havia aumentado, ainda assim o Governo de Nyusi começou a corroer o poder de compra do seu patrão dando início a subida do preço do pão, da água e da electricidade. Depois foram descobertos os empréstimos ilegais das empresas Proindicus e MAM, os Parceiros de Cooperação e o Fundo Monetário Internacional suspenderam o apoio.
Mas enquanto o drama dos moçambicanos agudizou-se, o preço da comida aumentou em mais de 40 por cento, o Executivo de Filipe Nyusi esbanjava num novo jatinho presidencial e em centenas de carros de luxo para seu conforto e prazer.
O acesso à Saúde piorou, as escolas continuam insuficientes, não há água potável para todos, os mentores da corrupção continuam impunes, a Eleições Autárquicas de 2018 foram as mais injustas de sempre, o Produto Interno Bruto caiu para 3,3 por cento e o Recenseamento eleitoral indica que as Gerais deste ano deverá ser o mais fraudulento pleito da nossa história.
Depois da firmeza, resiliência, estabilidade no fundo do poço e das tempestades tropicais é óbvio que o Estado da Nação moçambicana, com a paz cada vez mais perto e o gás natural no horizonte, é animador.

Orçamento de Estado rectificativo “não vale a pena” garante ministro Maleiane


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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 29 Julho 2019 (Actualizado em 30 Julho 2019)
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O ministro da Economia e Finanças revelou nesta segunda-feira (29) ao @Verdade que está fora de questão a elaboração de um Orçamento de Estado (OE) rectificativo para o exercício de 2019, “não vale a pena”. Adriano Maleiane confirmou ainda que já entraram os 118,2 milhões de Dólares de assistência financeira de emergência concedidos pelo Fundo Monetário Internacional.
No quarto ano sem apoio directo externo nem mesmo para custear as Eleições Gerais e num ano em que Moçambique foi massacrado por três ciclones tropicais o Governo já decidiu que não vai rever o OE de 2019 que foi aprovado em finais do ano passado com um défice inicial de 93 biliões de Meticais. Além disso, sendo este ano de mudança do Governo, o Orçamento de Estado para 2020 só será aprovado pelo Executivo que for nomeado no início do próximo ano e terá de esperar que os novos membros da Assembleia da República tomem posse.
Adriano Maleiane, entrevistado pelo @Verdade, esclareceu que a revisão do OE está descartada não só porque o Parlamento encerra a prolongada Sessão Ordinária final da VIII Legislatura na próxima quinta-feira (01) mas porque: “Orçamento rectificativo só há quando efectivamente se aumentar a despesas e tivermos receita, se não tivermos isso não vale a pena”.
“Temos é que cortar aquilo é possível cortar e fazer a despesa que se afigura prioritária, neste momento estamos nesse exercício”, argumentou o titular da Economia e Finanças.
A meta de arrecadação de receitas estabelecida em Dezembro de 2018 de 269 biliões de Meticais, para despesas quantificadas em 340 biliões de Meticais, não será cumprida pois como medidas para mitigar o impacto do Ciclone Idai foi diferido o pagamento anual do Imposto sobre Rendimento das Pessoas Colectivas e ainda dispensado os pagamentos por conta do exercício económico deste ano a mais de 2 mil contribuintes na Província de Sofala. Ademais outros fundos não previstos tiveram de ser direccionados para o Centro e o Norte de Moçambique.
Além disso foi acrescido ao défice inicial do OE de 2019 cerca de 8 biliões de Meticais que são necessários para cobrir o custo das Eleições Presidenciais. Legislativas e Provinciais de Outubro que inicialmente foram quantificadas em 6,5 biliões mas os órgãos eleitorais reviram para 14,6 biliões de Meticais. Embora o Executivo esteja a espera de apoio dos Parceiros de Cooperação o facto é que falta pouco mais de 2 meses e meio para o pleito e continua a faltar dinheiro para a Comissão Nacional de Eleições e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral.
“Ainda temos que olhar para a questão das Eleições, tínhamos posto 6,5 (biliões de Meticais) pensando que era muito, eles (CNE e STAE) fizeram um exercício já não são 8 são 5,9 (biliões de Meticais) mas mesmo assim ainda estamos a trabalhar”, explicou o ministro Maleiane ao @Verdade.
118,2 milhões de Dólares do FMI já entraram nos cofre públicos
Os fundos solicitados para a reconstrução das infraestruturas destruídas ou danificadas pelos ciclones ainda não começaram a chegar e embora não sejam destinados directamente ao Governo poderiam impulsionar a actividade económica e gerar mais receitas fiscais.
No entanto o ministro da Economia e Finanças revelou ao @Verdade que “para o Orçamento só do Fundo Monetário Internacional é que entrou”, em alusão aos 118,2 milhões de Dólares norte-americanos em assistência financeira de emergência que a instituição emprestou a Moçambique para fazer face ao impacto das Calamidades Naturais na deficitária Balança de Pagamentos.
A emissão de Dívida Pública Interna tem sido a principal forma do Governo de Filipe Nyusi financiar o défice do Orçamento do Estado de 2019, só no 1ª trimestre o Executivo emitiu 5,4 biliões de Meticais em Obrigações do Tesouro e tem autorização Parlamentar para emitir até 19,4 biliões.
Adicionalmente, entre Janeiro e Março, o Governo emitiu Bilhetes do Tesouro no valor de 18 biliões de Meticais e, durante o exercício económico, pode emitir até os 65 biliões de Meticais em títulos da Dívida pública.

Frelimo, Renamo e MDM reduzem poderes do Secretário de Estado na Cidade de Maputo


Escrito por Adérito Caldeira  em 29 Julho 2019
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Frelimo, Renamo e MDM chumbaram nesta segunda-feira (29) o desejo do Governo de Filipe Nyusi de atribuir competências ao representante do Estado na capital de Moçambique equiparadas ao Conselho Municipal da Cidade de Maputo. “Chumbamos porque iria ser ilegal” explicou ao @Verdade o presidente da Comissão de Administração Pública e Poder Local, Lucas Chomera.
A pretensão do Executivo de centralizar na Representação do Estado na Cidade de Maputo poderes que actualmente estão descentralizados no Município da Cidade de Maputo foi chumbada pela Comissão de Administração Pública e Poder Local da Assembleia da República.
A proposta do Governo pretendia que ao contrário dos seus similares nas províncias a representação do Estado na capital do país teria adicionalmente competências de: “supervisar as direcções da Administração do Estado na Cidade de Maputo; determinar e acompanhar, em coordenação com o presidente do Conselho Municipal, medidas preventivas ou de socorro, em caso de eminência ou ocorrência de acidente grave ou de eventos extremos mobilizando e instruindo os serviços relevantes, sem prejuízo de medidas tomadas pelos órgãos centrais do Estado”.
Além disso o Executuvo de Nyusi desejava que como parte da representação do Estado na Cidade de Maputo seria criado um Conselho com competência alargadas de coordenação, gestão e monitoria no sectores da Função Pública; Economia e Finanças; Património; Saúde; Género, Crianças e Acção Social; Educação e Desenvolivmento Humano; Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional; Cultura; Juventude e Desporto; Agricultura e Segurança Alimentar; Indústria e Comércio; Turismo; Transportes e Comunicações; Justiça e Assuntos Religiosos; e ainda no âmbito do Trabalho e Segurança Social.
“Chumbamos porque iria ser ilegal, tem que harmonizar com a Lei 7 de representação do Estado nas províncias e não pode extravasar as competências”, explicou ao @Verdade o deputado da bancada parlamentar do partido Frelimo, Lucas Chomera, que preside a 4ª Comissão acrescentando que “tudo caiu e o Artigo 18 foi reformulado”.
Portanto não haverá Governador na Cidade de Maputo e a representação do Estado ficará a cargo de um Secretário Geral com competências idênticas aos seus pares que serão nomeados para cada uma das províncias de Moçambique pelo Presidente da República.

Amnistia

terça-feira, 30 de julho de 2019

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Amnistia
No desfecho das últimas negociações entre a Renamo e o governo de Moçambique em 2014, aprovou-se uma lei de amnistia. Apesar de ter sido promovida pelo meu “ídolo”, estive contra e cheguei até a escrever um texto a apelar aos deputados para que não aprovassem essa lei. Na altura, o meu argumento principal era de que a lei documentava a falta de respeito pelas vítimas civis da irresponsabilidade política da Renamo. Chegeui a perguntar aos juristas – e não obtive resposta – se seria possível que grupos de cidadãos processassem a liderança da Renamo ou indivíduos a ela ligados que tivessem cometido crimes.
Volvidos 5 anos, lá estamos nós de novo a aprovar uma nova lei de amnistia, outra vez em clara falta de respeito pelo povo, outra vez compensando a irresponsabilidade política. O que piora as coisas desta feita é que essa lei é aprovada num momento em que aqueles que empunham armas não dão nenhum sinal de terem percebido a gravidade dos seus actos. Estão aí a ameaçar de morte o seu próprio líder e também a ameaçar o País com o recurso à violência para verem cumpridas as suas exigências. Isto é, corremos o risco de promulgar uma lei de amnistia – como da outra vez – que vai ficar obsoleta no dia seguinte porque será violada e será necessário voltar a amnistiar para acalmar os violentos. É uma lógica perversa que trivializa este tipo de instrumentos.
A única vantagem nisto, e que não é de menor importância, é que uma amnistia é sempre o reconhecimento de que se cometeram crimes. Dito doutro modo, a Renamo reconhece que cometeu crimes. Como pode aparecer um engraçadinho qualquer por aqui a falar de supostos crimes das Forças de Defesa e Segurança, apresso-me a dizer que vejo uma grande diferença. Os nossos agentes de defesa e segurança agiram – e agem – dentro dum quadro legal que torna legítimo o porte e uso de armas contra quem põem a segurança pública em causa. Isso não significa, porém, que elas possam fazer tudo o que quiserem nesse contexto. Há regras e se elas forem violadas, a lei tem que intervir.
Infelizmente, não há história disso no nosso País. Circulou um vídeo, por exemplo, mostrando soldados a agredir um suposto insurgente em Cabo Delgado, o que constitui uma grave violação de direitos humanos e da deontologia militar e policial que orienta o trabalho de quem tem o monopólio legítimo do uso de meios de violência. Esses casos precisam de ser investigados e os perpretadores precisam de ser trazidos à justiça para o bem da imagem do Estado, das Forças de Defesa e Segurança assim como para que a população não perca confiança.
Confesso ter sido apanhado de surpresa por esta lei. É sintomático de todo o processo negocial e da soberba do governo que não se falou disto – que eu saiba – e que uma coisa de tanto interesse para toda a sociedade tenha sido aprovada na calada da noite, praticamente, sem nenhuma discussão, sem nenhuma auscultação e ainda por cima por unanimidade! Para mim, isto não é prova de compromisso com a paz. É prova de imaturidade política e negocial. O Presidente Nyusi poderia ter usado a sociedade moçambicana como trunfo negocial. Submeter a lei de amnistia, por exemplo, à discussão pública poderia ter aumentado a pressão sobre a Renamo; mesmo informar o público sobre as negociações poderia ter dado ao governo mais força, pois as reticências que alguns de nós iríamos apresentar poderiam ser uma forma de pressão sobre os inimigos da paz. O resultado que vemos é tudo menos um sucesso.
À custa duma reforma precipitada do nosso ordenamento político e completamente vazia de sentido político, o governo de Moçambique negociou uma “paz” refém da incapacidade do seu interlocutor de meter ordem em sua própria casa. Tudo o que se faz agora é correr atrás do prejuízo criado pelo amadorismo. É grave. E o que mete medo nisto tudo é que a Renamo elegeu um mudo que, portanto, não fala, e ainda por cima não mostra as suas cartas. Só quer ser presidente da república remetido lá ao seu silêncio sepulcral.
Comentários
  • Celia Meneses Concordo com alguns pontos de vista. Está se a empurrar com a barriga, mas diálogos inteligentes pressupõem outros intervenientes!
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  • Celia Meneses Este é o sucesso que se pode obter destes interlocutores!
    • Elisio Macamo Celia, o problema não são só estes interlocutores. é a falta de respeito pelo povo que o governo evidencia. com mais respeito pelas pessoas, alargando o debate, consultando, teria ficado mais forte. há mais ou menos três anos que eu cá do meu cantinho percebo as divisões no seio da renamo. o que fazem os serviços de inteligência? não dava para explorar isso? o problema não é só a renamo, infelizmente.
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    • Celia Meneses Elisio Macamo mas achas que não estão a fazer nada? Será que isto tudo não tem a mão dos serviços ?
    • Elisio Macamo se isso for obra dos serviços, é irresponsável. não é isso que deviam fazer. não se resolve nada criando frankensteins...
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  • Miguel Mussequejua De facto, há alguma insolência.
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  • Celia Meneses Não sei não
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  • Dinis Chembene Última parte ate dava um bom titulo para um filme comigo: um mudo na ponta vermelha. Kkkk. As armas sempre foram a cartada segura da Renamo, em novembro estaremos a discutir quais províncias o governo deve ceder em troca de uma uma promessa de paz. Mas amnistias virão...
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  • Jaime Luis Jemuce Prof. A idéia que ficou evidente é que a nossa FDS, não comete crime, o que aos olhos de todos nós contrária com o vídeo que circulou dando contra das atrocidades cometidas pelas FDS. O reconhecimento do cometimento do crime por parte da Renamo, é mesmo para fechar o dossier DDR, para podermos ir às urnas no dia 15 camuflado de uma paz efetiva. Só me falta nas vésperas das eleições de 2024 dar amnistia os envolvidos das dívidas oculta, caso sejam condenado.
    • Elisio Macamo Jaime Luis Jemuce, não creio que tenha ficado essa ideia. a amnistia cobre, pelo que entendi, as fds, o que me parece um equívoco lógico. o reconhecimento não fecha, mas sim abre o dossier. não vejo a ligação entre este assunto e as dívidas ocultas, por isso tenho dificuldades em entender a analogia nesse caso.
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    • Elisio Macamo vou concordar contigo quando declarares o sistema de justiça supérfluo já que como cristãos temos que perdoar 77 vezes.

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  • Paulo Granjo Tenho ideia de que a amnistia (para ambos os lados) foi uma base essencial e imprescindível do acordo de 1992. E nem poderia ser de outra forma, após esses 16 anos. Também me pergunto - tendo em conta os hábitos adquiridos na história relativamente recente e as indicações acerca das ainda mais recentes reactualizações práticas desses hábitos - se haveria qualquer possibilidade de acordos sem novas amnistias, acerca de novas atrocidades de ambas as partes. Talvez (é só uma hipótese…) a questão seja trabalhar colectivamente para que situações exigindo novas amnistias não se venham a repetir. Pelo menos, é sempre esse o apelo que ouço, quando se conversa de guerra, da sua ausência ou de mais-ou-menos, com pessoas que não andam no microcosmos das redes sociais, nem sequer sabem o que isso é - ou seja, com pessoas que pertencem à esmagadoríssima maioria da população moçambicana.
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    • Elisio Macamo asseguro-lhe que também converso com essas pessoas e que as suas ideias, duma ou doutra maneira, estão representadas neste macrocosmo. não é necessariamente uma virtude não estar aqui presente. na entrevista que concedi ontem à rfi falei também duma comissão de verdade e reconciliação e disse que isso devia, talvez, ter acontecido em 1992. houve iniciativas de pequena escala e ao que tudo indica não houve um trabalho sério de tomar os seus resultados em conta na negociação de novos acordos de paz. e é justamente esta questão que tenho sempre levantado: a paz interessa à toda sociedade, por isso tem que haver formas de integrar a todos no processo negocial. a participação de todos é a melhor garantia do seu sucesso. o que acontece agora é que beligerantes matam-se uns aos outros e incluem a população nisso, e só negoceam entre si. o Paulo Granjo gostaria de saber que o governo de portugal negociou com um partido armado e fez passar uma lei de amnistia sem nenhum debate nem nas mídias, nem mesmo no parlamento? espero que não! e é isso que eu, e alguns outros, reclamamos. no ano passado andei pelos distritos de tete e ouvi pessoas a falarem sobre o conflito. há um alheamento preocupante que torna o estado cada vez mais distante das pessoas. em algum momento, o meu país tem que quebrar com esta cultura política de excluir as pessoas da discussão do que importa nas suas vidas. os caminhos sinuosos deste processo de paz mostram claramente que as pessoas nele envolvidas estão perplexas.
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    • Paulo Granjo Caro Elisio Macamo: temo que as amnistias se tenham, infelizmente, tornado actualmente uma condição imprescindível. Digo "infelizmente", porque (sobretudo quando repetidas)reforçam nos beligerantes a sensação de impunidade e de que a violência armada é uma forma "normal" de linguagem política.
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    • Paulo Granjo Mas concordo e aplaudo o que diz acerca da necessidade de que decisões fulcrais para a totalidade dos cidadãos sejam tomadas de forma participada e em diálogo com o país, superando a cultura política dominante, segundo a qual as lideranças das elites é que decidem e só elas estão habilitadas a decidir (cultura que, saliente-se, é partilhada pelos principais partidos, não sendo exclusiva daquele que sempre tem ocupado o poder).
    • Paulo Granjo Já quanto ao modelo das Comissões de Verdade e Reconciliação para superar traumas e culpas, temo que ele seja pouco compatível com o fortíssimo evitamento cultural de falar esmiuçadamente sobre coisas más. Mesmo nos rituais de limpeza (que foram importantíssimos para a reintegração social e reconciliação no sul do país - e muita falta fizeram nas outras regiões) se faz uma mímica sobre o que se passou na guerra, não se fala nem pode falar disso. Mas se, por imperativo cultural, não se deve falar dessas coisas, pode-se ouvir, pode-se assistir, pode-se comentar - sobretudo se as pessoas que falam estão fisicamente ausentes, como por exemplo num filme. Talvez essa "lacuna" no ethos e regras sociais pudesse ser explorada, para encontrar de forma participada uma solução. E talvez a academia possa lançar esse debate, envolvendo (sem arrogâncias e reconhecendo os conhecimentos dos concidadãos) os outros sectores da sociedade, a começar pelos especialistas rituais. Estarei sempre disponível para participar numa busca de soluções como essa - desde, claro está, que ela tenha no seu centro moçambicanos e não eu, estrangeiro.
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    • Elisio Macamo Paulo Granjo, quando falava do pouco que se aprendeu dessas tentativas referia-me justamente a isso, que é preciso ir ver o que foi feito e como tornar isso útil à reconciliação. na verdade, não é só a guerra dos 16 anos que precisa de ser trabalhada. tenho falado aqui das atrocidades cometidas pela frelimo revolucionária e da necessidade de a gente resolver esse período, mas são poucos os que alinham nisso. não é apenas uma questão cultural. é, em muitos casos, falta de decência.
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  • Lacerda Lipangue As vezes penso que vale ser mudo, do que abrir boca falar cada coisa pha! Ate segredo Ele tira fora, "Se Zambezia não resolve, Gaza vai resolver", tenho máxima certeza que era segredo la na Comissão Politica e o tipo, phaammm em público.
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  • Pascoal Nicurrabeda A amnistia significa perdao, deixa passar, esquece tudo que passou e tornem-se todos irmaos do mesmo país. Significa, vamo-nos para formarmos um só povo, uma só nação que tanto inspira o sabor do desenvolvimento e crescimento económico. Isso passa necessariamente num compromisso dos dirigentes na gestão dé todos impaces que tendem a perigar essa paz.
    Prof. Elisio Macamo, O líder da Renamo com o seu "silêncio" singular, acredito nao estar ainda em preparado para travar os seus homens que estao menos satisfeitos com a sua politica interna, mas essa crise interna poderá provocar uma outra desestabilidade politico-militar que ja nao serà interna. será para todo Moçambique.
    As provocações que TV Mira Mar, tem feito, acredito tambem nao ajudarem para a reconciliaçao nacional.
    O que a sociedade académica devera fazer na sua boa fé, seria um apelo ao PR no sentido de pegar o Volante nao como FRELIMO, mas como verdadeiro pai da naçao, como outrora fé-lo junto o malogrado Lider da Renamo.
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    • Elisio Macamo não, amnistia, nem mesmo no contexto cristão, significa isso. o perdão é um compromisso que o perdoado assume de se redimir, de se corrigir e de respeitar certos valores. não é o caso destas amnistias. a amnistia no nosso caso é a recompensa por violar valores, portanto, é a negação do próprio valor do perdão. e, não, o desafio não é colocar isto nas mãos do chefe do estado. não estamos numa monarquia. o desafio é o chefe de estado criar condições para que todos os moçambicanos sejam envolvidos neste processo, que as suas vozes sejam ouvidas, que as suas ideias sejam articuladas. ele pode depois tomar a decisão que quiser tomar, mas o sucesso de qualquer paz depende de levar o povo consigo. foi um desastre negociar às escondidas porque deixou-se enganar pelo malogrado líder que transformou a questão da paz num problema de acomodação da renamo. toda a dificuldade vem daí e tenho a certeza de que se o processo negocial tivesse sido mais inclusivo haveria maior força moral para disciplinar a renamo e a própria frelimo.
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  • Moises Celestino Matavele Matavele Se não estou em erro, depois do Acordo Geral de Roma, houve também uma aministia, perfazendo, portanto 3.
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  • Reginaldo Mutemba "Renamo elegeu mudo. E quer ser presidente da república" caso raro. Como um chefe de Estado pode trabalhar sendo mudo?
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  • Sebastiao Conceiçao O QUE VAO PENSAR OS INSURENTES DE CABO DELADO?