CARTA A MUITOS AMIGOS
Desconheço em que regiões do mundo, em que países não reinam os tormentos causados pela meteorologia, pelos abalos sísmicos, maremotos, inundações, pelas secas e desabamentos de terras, crimes qual deles o mais horrendo e muitos diversos.
A acrescentar aos sofrimentos dos povos o crime, que se trate de psicopatas ou sociopatas que, porque tarados matam, ainda há pouco um louco no Japão apunhalou mortalmente dezanove pessoas, pais e mães que assassinam filhos, cônjuges que se liquidam, violações de crianças e até de velhos, e, a tudo acrescentar o terrorismo em nome de ditas convicções religiosas, políticas ou apenas criminosas.
Vive o nosso planeta num ambiente crescente de catástrofes, incluindo o resultante do degelo das calotes polares.
Existe um risco sério que o degelo faça desaparecer muitos locais.
Em Moçambique a Beira, Maputo, Quelimane, Nacala podem sofrer esse efeito tremendo.
Que efeitos para os nossos rios que desaguam no mar? As faltas na protecção do ambiente, o chamado efeito de estufa estão provadas cientificamente que existem.
Cá na terra fazemos desaparecer as florestas para vender toros para fora ou queimar a madeira para o carvão! Vale isso?
Consta que o Governo vai submeter propostas à Assembleia da República interditando a exportação de toros, beneficia a economia, criam-se empregos, ficamos com os valores acrescentados e até novas indústrias podem renascer como o INFLOMA em Manica e outras que nos forneçam portas, janelas, caixilharia, armários, etc em vez de tudo importarmos.
Semana sim, semana não mais de uma centena de mortos e várias centenas de feridos mais ou menos graves devido aos acidentes rodoviários.
Pelo dia nalguns locais encontramos a polícia de transito, mais cuidando do refresco do que das condições das viaturas, particularmente dos chapas e my love. Pela noite desaparecem.
Muitos bairros incluindo aquele em que vive, pela noite não vê um único polícia cuidando da segurança das pessoas e bens. Os crimes cai em ouvidos bem surdos e acumulam-se, as pessoas clamam protecção, mas aparentemente tudo ou nas desculpas da falta de meios.
Há meios para muitas escoltas, motos, carros da polícia, ambulâncias, devemos concluir que tal representa uma resposta real a necessidades? Queixam-se os magistrados com casos escaldantes nas mãos que não dispõem de qualquer protecção. Alguns já o crime os assassinou.
Que resposta dão as autoridades competentes à protecção dos magistrados, das pessoas comuns nas suas casas e bairros abandonados?
No meu bairro o total dos efectivos não ultrapassa as duas dezenas durante o dia, sem viaturas, motos, patrulhas pelas ruas. Pela noite podemos dizer zero. De todos os antigos dirigentes e até actuais, apenas o antigo Chefe do Estado goza de segurança.
Para nós não se trata de pertencermos a antigos ou actuais dirigentes, mas apenas que enquanto cidadãos pela Constituição e pela Lei merecemos segurança para as nossas vidas e bens.
Pergunto a todos se queremos este abandono policial em que vivemos? Eu com certeza que não, tal como todos os meus vizinhos (três ataques faz duas semanas) e gentes que conheço.
Não morreram faz dias três jornalistas num acidente de viação? Não circulam camiões gigantes a qualquer hora do dia ou da noite a velocidades desalmadas e violando todas as normas do Código? Não matou um desses camiões faz semanas a esposa de um antigo ministro e o seu motorista?
Não vemos o mesmo com os ditos transportes semi-públicos de passageiros e txopelas? Quem põe o guizo ao gato, como soe dizer-se?
Pagamos impostos para ficarmos sem protecção e engordarem-se alguns fulanos?
Sim, na nossa terra reina a aflição, não apenas fora das nossas fronteiras.
Cada dia testemunhamos as violências dentro e fora das nossas fronteiras.
O que está a acontecer no Zimbabué, na África do Sul e no Malawi, mesmo na Zâmbia pode-nos deixar indiferentes? A eternização de dirigentes em Angola nos dois Congos, na Guiné-Equatorial vários deles membros da CPLP não constitui preocupação para todos os vizinhos e amigos?
Se na casa do vizinho aparecem ratos e cobras, ou nos baldios ao nosso lado devemos hirtos e confiantes nada fazer? Estaremos mesmo protegidos dessa bicharada? Se pega fogo ao nosso lado não socorremos para que ele não nos venha atingir?
Obviamente que em Moçambique como em qualquer país do mundo reagimos ao que acontece junto de nós.
Lembram-se do conto de Mestre Eça, em que várias senhoras lendo o jornal tomam nota que houve terramotos, incêndios e mortos noutros países, mas afligem-se, saltam das cadeiras confortáveis ao saber que uma conhecida e vizinha partiu uma perna? Que jamais façamos parte desse clube de indiferentes denunciados por Eça.
Chega o tempo das chuvas, com La Niña, como estamos a organizar-nos? Não podemos deixar 100% da responsabilidade no INGC, no Estado. Na povoação, na vila, na localidade organizemo-nos para não chorarmos.
A aflição não reina apenas por causa do crime e terrorista. Em África por toda a parte reinam ditadores que se eternizam no poder e fazem-se suceder por membros da família.
Quotidianas as tristes notícias dos grandes senhores que aterrorizam os seus povos, enquanto pilham os erários do país e as suas riquezas naturais.
No Gabão a família Bongo tornou-se dona do Estado e prende opositores, deixa-os morrer nos hospitais sem tratamento, reprimem brutalmente os manifestantes contra a indecência. Esta porventura a última novidade no triste panorama que se vive no continente.
Na CPLP admite-se a torto e a direito nas fileiras duma organização que se quer democrática o primeiro ditador que bate à porta. Critérios? Na letra existem, no espírito não.
O mesmo se diga no tocante à SADC. Até se quer admitir um país que geograficamente não pertence à região e onde ocorreram chacinas tremendas.
P.S. O Professor Doutor Brazão Mazula, cujo nome ostenta a biblioteca da UEM, veio agora dar-nos lições sobre o federalismo.
O ilustre catedrático jamais se distinguiu na participação na luta pela libertação nacional, pela construção e defesa do nosso Estado. Reitor em diversas universidades, na UEM nunca homenageou os seus predecessores e fundador, os docentes que dedicaram a vida inteira à causa académica.
Federação para ganharmos a Paz? Dividir Moçambique porque alguém nos aponta a arma à cabeça e quer à força liquidar as conquistas dos moçambicanos?
Como salvaguardar a unidade nacional? Como assegurar que se respeitem as normas constitucionais e legais, se prestem conta dos orçamentos, das receitas e despesas públicas?
Com o devido respeito, não!
SV
O PAÍS – 19.09.2016
Consta que o Governo vai submeter propostas à Assembleia da República interditando a exportação de toros, beneficia a economia, criam-se empregos, ficamos com os valores acrescentados e até novas indústrias podem renascer como o INFLOMA em Manica e outras que nos forneçam portas, janelas, caixilharia, armários, etc em vez de tudo importarmos.
Semana sim, semana não mais de uma centena de mortos e várias centenas de feridos mais ou menos graves devido aos acidentes rodoviários.
Pelo dia nalguns locais encontramos a polícia de transito, mais cuidando do refresco do que das condições das viaturas, particularmente dos chapas e my love. Pela noite desaparecem.
Muitos bairros incluindo aquele em que vive, pela noite não vê um único polícia cuidando da segurança das pessoas e bens. Os crimes cai em ouvidos bem surdos e acumulam-se, as pessoas clamam protecção, mas aparentemente tudo ou nas desculpas da falta de meios.
Há meios para muitas escoltas, motos, carros da polícia, ambulâncias, devemos concluir que tal representa uma resposta real a necessidades? Queixam-se os magistrados com casos escaldantes nas mãos que não dispõem de qualquer protecção. Alguns já o crime os assassinou.
Que resposta dão as autoridades competentes à protecção dos magistrados, das pessoas comuns nas suas casas e bairros abandonados?
No meu bairro o total dos efectivos não ultrapassa as duas dezenas durante o dia, sem viaturas, motos, patrulhas pelas ruas. Pela noite podemos dizer zero. De todos os antigos dirigentes e até actuais, apenas o antigo Chefe do Estado goza de segurança.
Para nós não se trata de pertencermos a antigos ou actuais dirigentes, mas apenas que enquanto cidadãos pela Constituição e pela Lei merecemos segurança para as nossas vidas e bens.
Pergunto a todos se queremos este abandono policial em que vivemos? Eu com certeza que não, tal como todos os meus vizinhos (três ataques faz duas semanas) e gentes que conheço.
Não morreram faz dias três jornalistas num acidente de viação? Não circulam camiões gigantes a qualquer hora do dia ou da noite a velocidades desalmadas e violando todas as normas do Código? Não matou um desses camiões faz semanas a esposa de um antigo ministro e o seu motorista?
Não vemos o mesmo com os ditos transportes semi-públicos de passageiros e txopelas? Quem põe o guizo ao gato, como soe dizer-se?
Pagamos impostos para ficarmos sem protecção e engordarem-se alguns fulanos?
Sim, na nossa terra reina a aflição, não apenas fora das nossas fronteiras.
Cada dia testemunhamos as violências dentro e fora das nossas fronteiras.
O que está a acontecer no Zimbabué, na África do Sul e no Malawi, mesmo na Zâmbia pode-nos deixar indiferentes? A eternização de dirigentes em Angola nos dois Congos, na Guiné-Equatorial vários deles membros da CPLP não constitui preocupação para todos os vizinhos e amigos?
Se na casa do vizinho aparecem ratos e cobras, ou nos baldios ao nosso lado devemos hirtos e confiantes nada fazer? Estaremos mesmo protegidos dessa bicharada? Se pega fogo ao nosso lado não socorremos para que ele não nos venha atingir?
Obviamente que em Moçambique como em qualquer país do mundo reagimos ao que acontece junto de nós.
Lembram-se do conto de Mestre Eça, em que várias senhoras lendo o jornal tomam nota que houve terramotos, incêndios e mortos noutros países, mas afligem-se, saltam das cadeiras confortáveis ao saber que uma conhecida e vizinha partiu uma perna? Que jamais façamos parte desse clube de indiferentes denunciados por Eça.
Chega o tempo das chuvas, com La Niña, como estamos a organizar-nos? Não podemos deixar 100% da responsabilidade no INGC, no Estado. Na povoação, na vila, na localidade organizemo-nos para não chorarmos.
A aflição não reina apenas por causa do crime e terrorista. Em África por toda a parte reinam ditadores que se eternizam no poder e fazem-se suceder por membros da família.
Quotidianas as tristes notícias dos grandes senhores que aterrorizam os seus povos, enquanto pilham os erários do país e as suas riquezas naturais.
No Gabão a família Bongo tornou-se dona do Estado e prende opositores, deixa-os morrer nos hospitais sem tratamento, reprimem brutalmente os manifestantes contra a indecência. Esta porventura a última novidade no triste panorama que se vive no continente.
Na CPLP admite-se a torto e a direito nas fileiras duma organização que se quer democrática o primeiro ditador que bate à porta. Critérios? Na letra existem, no espírito não.
O mesmo se diga no tocante à SADC. Até se quer admitir um país que geograficamente não pertence à região e onde ocorreram chacinas tremendas.
P.S. O Professor Doutor Brazão Mazula, cujo nome ostenta a biblioteca da UEM, veio agora dar-nos lições sobre o federalismo.
O ilustre catedrático jamais se distinguiu na participação na luta pela libertação nacional, pela construção e defesa do nosso Estado. Reitor em diversas universidades, na UEM nunca homenageou os seus predecessores e fundador, os docentes que dedicaram a vida inteira à causa académica.
Federação para ganharmos a Paz? Dividir Moçambique porque alguém nos aponta a arma à cabeça e quer à força liquidar as conquistas dos moçambicanos?
Como salvaguardar a unidade nacional? Como assegurar que se respeitem as normas constitucionais e legais, se prestem conta dos orçamentos, das receitas e despesas públicas?
Com o devido respeito, não!
SV
O PAÍS – 19.09.2016
EY: De verdade a ignorância é muito atrevida. Concluir que o federalismo das províncias é dividir o país revela uma ignorância total sobre a democracia, a administração pública. O Brasil que é federal está divido? a vizinha RSA as províncias são bem autónomas e cada uma procura desenvolver criando uma competição muito positiva no desenvolvimento. Noutros países do mundo muito bem democráticos para além das províncias tem comunidades autónomas que são conjunto de províncias vizinhas e com características étnicas e linguísticas comuns e não os países continuam indivisíveis. Abandonem a ignorância e procura ser informado antes de tirar fora a burrice movida de ganancia de perpetuar o poder e explorar o povo..
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