Canal de Opinião por Noé Nhanumbo
Nenhum dos malabarismos de ontem surtirá efeito.
Os caminhos para a paz são os caminhos da razoabilidade num processo em que compatriotas se unem para dissipar dúvidas e aceitar o destino comum.
Há elementos suficientemente conhecidos que barram o alcance da paz.
Se durante décadas foi possível “empacotar” todo um povo, isso deixou de ser possível à medida que os moçambicanos se deram conta do logro em que viviam.
Os exercícios encetados por certa “elite” proclamando que a maioria tinha que esperar para beneficiar das possibilidades nacionais, enquanto ela se refastela no luxo e na luxúria, já não são aceites.
No quadro dos esforços para mediar a crise política despoletada por mais um ciclo eleitoral prenhe de irregularidades e fraude, exige-se equidistância, rigor e seriedade dos mediadores internacionais.
Se no Gabão houve uma frente comum da observação eleitoral europeia para denunciar irregularidades e sinais inequívocos de fraude, em Moçambique houve uma observação eleitoral defeituosa e medíocre. As consequências não tardaram, como se tem visto.
Assiste-se a uma multiplicação desenfreada de ataques “diabolizantes” envolvendo individualidades e grupos de interesse contra o que a oposição julga que são reclamações justas e pertinentes na arena política, económica e de segurança.
As reivindicações consideradas justas pela oposição política e também por diferentes segmentos nacionais, desde organizações da sociedade civil a centros de pensamento, têm sido sistematicamente ignoradas pelos detentores do poder e seus defensores.
Há algumas posições ou defesas que, por virem de onde vêm, deveriam ser simplesmente ignoradas, porque os seus proponentes têm cadastro criminal, e alguns deveriam ter sido julgados e sentenciados assim obrigados a restituírem o dinheiro artificiosamente roubado.
A credibilidade do Executivo moçambicano e das instituições de administração da Justiça ganha-se com actos concretos e não com discursos ocasionais.
Pactuar e proteger gente que desviou e roubou intencionalmente dos cofres do Estado ou de instituições públicas constitui mais um factor que descredibiliza os que assim agem.
Num claro jogo de protecção dos que alegadamente prestaram valiosos serviços para uma determinada causa ou que sabem demais de certos “dossiers”, tem-se visto espetáculos indecorosos.
Não se pretende dizer ou proclamar que as reivindicações da oposição política são absolutamente razoáveis ou isentas de incongruências.
Há campo para abordagens diferentes, e isto é que deveria ser salientado e colocado em cima da mesa.
Aquela postura de “chumbar” tudo o que vem dos opositores é contraproducente e promotora de conflitos.
Quando a Assembleia da República se reúne e os seus deputados entram em “bate-boca” medíocre e desenquadrado dos “dossiers” mais importantes do país, prolonga-se a crise e exacerbam-se os ânimos.
Outra coisa que se deve considerar preocupante é a teimosa posição de vender “gato por lebre”. Basta de falar de “unidade nacional” quando, na verdade, isso não passa de um artifício demagogo “roto”, desgastado e sem receptividade social.
Nos benefícios só se vê a oligarquia, e na penúria está a maioria dos moçambicanos.
Um dado adquirido é que os dirigentes políticos e governantes vivem afastados dos cidadãos, pouco dispostos a escutar a voz dos seus concidadãos. Perdem oportunidade de auscultar em tempo real o país real. Fecham-se nas suas mansões e escritórios até que as próximas eleições se aproximem.
Há predisposição para antagonizar os que pensam diferente porque persistem conceitos de intolerância e de exclusividade.
Existem e manifestam-se a cada dia os que pensam que pensam melhor e mais do que todos os outros.
Quando falta hombridade e humildade, verificam-se desvios comportamentais graves e instala-se uma cultura de promiscuidade e de subserviência.
É agradável ver e ouvir vozes de certos quadrantes antes tidos como “reservas morais e politicas” reconhecendo que algumas vezes devem mudar no país. Um país constrói-se a passos diferentes e em velocidades diferentes. As sinuosidades no percurso, a sua complexidade e desafios transformam as pessoas de maneira inexorável. Não há como não aceitar as contribuições vindas de todos os quadrantes em prol da promoção de um ambiente de convivência, de concórdia, de inclusão e de aceitação da moçambicanidade de todos os moçambicanos.
Não há moçambicano superior a outro moçambicano. Tão simples como isso, mas, nos dias que correm, cada “pequeno chefe” julga-se superior aos outros moçambicanos.
Quanto mais dificuldades a miríade de “pequenos chefes” cria para o cidadão, sentem-se ufanos e satisfeitos.
A funcionalidade do país e seu Governo, a capacidade de resolver problemas concretos diminui vertiginosamente, e não admira que se desemboque no fracasso.
Há questões básicas que só cabe aos moçambicanos resolverem, independentemente de qualquer mediação internacional.
A emulação de egos e a tendência de excluir os outros com base em estereótipos e estratégias de grupo mais ou menos de natureza “clubista” sem ter em conta o interesse geral está prejudicando os esforços para a pacificação do país.
É urgente que os moçambicanos de todas as filiações partidárias se dêem conta de que “a maldição dos recursos” é um facto que importa não importar.
Terra, recursos minerais, o poder da assinatura têm de ser ponderados e colocados ao serviço dos cidadãos governados.
Exige-se que os políticos e governantes se situem e deixem de incentivar discursos promotores de ódios.
Ninguém mostra a sua estratégia antes do jogo, mas os “políticos-vantagistas” estão jogando com “baralhos com cartas marcadas”.
Porque se supõem os “donos” de Moçambique, desdobram-se na execução de tudo o que existe nos manuais que ensinam a “manutenção do poder”. Isso tornou-se numa obsessão que ofusca tudo e todos.
Se o CCJC foi a sede dos impasses, a Comissão Mista corre o mesmo risco, e nisso já elementos que deixam antever tal cenário.
Somos humanos e entre nós não há “santinhos imaculados”.
Justiça política e económica são os ingredientes da PAZ. Nada mais! (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 16.09.2016
Num claro jogo de protecção dos que alegadamente prestaram valiosos serviços para uma determinada causa ou que sabem demais de certos “dossiers”, tem-se visto espetáculos indecorosos.
Não se pretende dizer ou proclamar que as reivindicações da oposição política são absolutamente razoáveis ou isentas de incongruências.
Há campo para abordagens diferentes, e isto é que deveria ser salientado e colocado em cima da mesa.
Aquela postura de “chumbar” tudo o que vem dos opositores é contraproducente e promotora de conflitos.
Quando a Assembleia da República se reúne e os seus deputados entram em “bate-boca” medíocre e desenquadrado dos “dossiers” mais importantes do país, prolonga-se a crise e exacerbam-se os ânimos.
Outra coisa que se deve considerar preocupante é a teimosa posição de vender “gato por lebre”. Basta de falar de “unidade nacional” quando, na verdade, isso não passa de um artifício demagogo “roto”, desgastado e sem receptividade social.
Nos benefícios só se vê a oligarquia, e na penúria está a maioria dos moçambicanos.
Um dado adquirido é que os dirigentes políticos e governantes vivem afastados dos cidadãos, pouco dispostos a escutar a voz dos seus concidadãos. Perdem oportunidade de auscultar em tempo real o país real. Fecham-se nas suas mansões e escritórios até que as próximas eleições se aproximem.
Há predisposição para antagonizar os que pensam diferente porque persistem conceitos de intolerância e de exclusividade.
Existem e manifestam-se a cada dia os que pensam que pensam melhor e mais do que todos os outros.
Quando falta hombridade e humildade, verificam-se desvios comportamentais graves e instala-se uma cultura de promiscuidade e de subserviência.
É agradável ver e ouvir vozes de certos quadrantes antes tidos como “reservas morais e politicas” reconhecendo que algumas vezes devem mudar no país. Um país constrói-se a passos diferentes e em velocidades diferentes. As sinuosidades no percurso, a sua complexidade e desafios transformam as pessoas de maneira inexorável. Não há como não aceitar as contribuições vindas de todos os quadrantes em prol da promoção de um ambiente de convivência, de concórdia, de inclusão e de aceitação da moçambicanidade de todos os moçambicanos.
Não há moçambicano superior a outro moçambicano. Tão simples como isso, mas, nos dias que correm, cada “pequeno chefe” julga-se superior aos outros moçambicanos.
Quanto mais dificuldades a miríade de “pequenos chefes” cria para o cidadão, sentem-se ufanos e satisfeitos.
A funcionalidade do país e seu Governo, a capacidade de resolver problemas concretos diminui vertiginosamente, e não admira que se desemboque no fracasso.
Há questões básicas que só cabe aos moçambicanos resolverem, independentemente de qualquer mediação internacional.
A emulação de egos e a tendência de excluir os outros com base em estereótipos e estratégias de grupo mais ou menos de natureza “clubista” sem ter em conta o interesse geral está prejudicando os esforços para a pacificação do país.
É urgente que os moçambicanos de todas as filiações partidárias se dêem conta de que “a maldição dos recursos” é um facto que importa não importar.
Terra, recursos minerais, o poder da assinatura têm de ser ponderados e colocados ao serviço dos cidadãos governados.
Exige-se que os políticos e governantes se situem e deixem de incentivar discursos promotores de ódios.
Ninguém mostra a sua estratégia antes do jogo, mas os “políticos-vantagistas” estão jogando com “baralhos com cartas marcadas”.
Porque se supõem os “donos” de Moçambique, desdobram-se na execução de tudo o que existe nos manuais que ensinam a “manutenção do poder”. Isso tornou-se numa obsessão que ofusca tudo e todos.
Se o CCJC foi a sede dos impasses, a Comissão Mista corre o mesmo risco, e nisso já elementos que deixam antever tal cenário.
Somos humanos e entre nós não há “santinhos imaculados”.
Justiça política e económica são os ingredientes da PAZ. Nada mais! (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 16.09.2016
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