Sobem compromissos da dívida que o país tem no exterior
Informação mais recente do Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta que na segunda metade de Agosto o Metical registou perdas nominais em relação ao dólar norte-americano em todos segmentos de mercado cambial interno.
Com efeito, no Mercado Cambial Interbancário (MCI – transações entre o Banco de Moçambique e os bancos comerciais) a unidade da moeda americana correspondia a 72,96
Meticais. Já nos bancos comerciais, a cotação foi de 75,21 meticais e 76,48 meticais nas casas de câmbio.
O aumento do valor do dólar já agravou significativamente o preço dos produtos importados em Moçambique, num espaço de tempo de aproximadamente dois anos, visto que passaram a ser necessárias quantidades adicionais de moeda nacional para comprar bens e serviços na moeda americana, num cenário de alta dependência de produtos importados.
Com a depreciação do metical, também sobem automaticamente os compromissos da dívida que Moçambique tem com o exterior. Para ter uma ideia, basta referir que até Setembro de 2014, um dólar rondava nos 30 meticais, valor que nunca mais parou de crescer, tendo evoluído para cerca de 40 meticais em Setembro do ano passado e para valores acima dos 76 meticais actualmente.
Com o comportamento das taxas de câmbio na segunda metade de Agosto passado, a cotação do metical em relação ao dólar aumentou 1,79% em comparação com a primeira metade do mesmo mês, tendo o diferencial entre a taxa média dos bancos comerciais e a do MCI aumentado em 440 pontos base (pb), para 3,08%. No mesmo período, a paridade do metical aumentou em 1,52% em relação ao euro e diminuiu em 6,15% em relação ao rand. Aliás, relativamente à moeda da África do Sul, país de onde Moçambique importa parte importante dos bens de consumo, sobretudo alimentares, o metical também tem vindo a conhecer uma desvalorização acentuada. Dos habituais três meticais, hoje a unidade custa mais de cinco meticais.
Reservas internacionais continuam em desgaste
Moçambique continua a registar redução de Reservas Internacionais Líquidas (reservas externas), factor que reduz a capacidade do país em responder a choques externos e aos desafios das suas relações económicas com o exterior, sobretudo a capacidade de pagar dívidas e realizar importações.
Informação preliminar do INE aponta para uma redução das Reservas em 52,7 milhões de dólares na segunda quinzena de Agosto, para um saldo de 1.769 milhões de dólares, em resultado, essencialmente, da transferência líquida dos bancos comerciais no valor de 15,8 milhões de dólares, as vendas líquidas de 12,2 milhões aos bancos comerciais no MCI e, a amortização da dívida pública externa no valor de 11,5 milhões de dólares, num contexto de entradas para os projectos do Estado no valor de 6,2 milhões e compras a empresas de Investimento Directo Externo (IDE) no valor de 2,2 milhões de dólares.
Inicialmente, o Governo equacionava constituir Reservas Internacionais Líquidas no valor de 2.251 milhões de dólares americanos correspondentes a 4,3 meses de cobertura das importações, excluindo os megaprojectos. Já o Orçamento rectificativo previu a redução destas reservas e prevê cobertura de três meses de importações.
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