"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 16 de setembro de 2016

"A sua implantação política e social no partido é incipiente, o que me leva a acreditar que muito provavelmente tenha uma fraca base de apoio internamente"


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Eureka por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (23)
Presidente, bom dia. Sei que continua nas terras do “Tio Sam”, por isso fui ao correio logo de manhãzinha para lhe enviar esta carta. Sou um pouco antiquado, não gosto de tecnologias. Para mim as palavras têm a carga semântica que lhes é peculiar se forem escritas à mão. São estes, portanto, os meu gatafunhos e, sinceramente, espero que lhe encontrem em boa saúde. Eu vou me desenrascando.
Vi pela televisão alguns dos seus comentários à propósito do encontro com o Secretário do Estado norteamericano, John Kerry. O Presidente prometeu explorar a experiência americana no concernente ao combate à corrupção, transparência, convívio com a oposição. Gostei. Mas ainda acho que disse isso como político. E é nessas alturas que me recordo da minha velha mãe quando diz que político sério é como um disco voador, todo mundo diz que já viu mas não tem como provar.
O comediante George Carlin disse um dia que “eu vivo de acordo com certas regras. A primeira delas: eu não acredito em nada que o Governo me diz”. Mas antes Otto Von Bismarck teria dito que “nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada.”
Ao citar estes dois exemplos, não pretendo dizer que o meu Presidente não seja sério, mas sim duvidar do que anda por ai a dizer.
Até já chamou o povo de patrão, mas feitas as contas, este é mais burro de carga que outra coisa.
Presidente: eu sei que o senhor está cheio de boas intenções. Mas algo lhe impede de pô-las em prática. Talvez haja sido por isso que pronunciou aquela célebre frase: “Se dependesse de mim, a paz teria sido ontem.” Isso é preocupante, Presidente.
Quando fui votar, estava convencido que escolhia o senhor para Presidente da República e não a Comissão Política.
As suas insuficiências, Presidente, geram um vazio de poder. Este País precisa de um
Presidente capaz de exercer o cargo com autoridade. É por isso que temos a Comissão Política a liderar o País, porque há um vazio no poder. Não se lhe conhece nenhuma decisão digna de aplausos. Por isso quando disse que vai aproveitar a experiência dos EUA no combate à corrupção, torci o nariz. Não me leva a mal, o facto é que não vejo o senhor a lutar contra os falcões do seu próprio partido. Não foram esses tubarões que endividaram o País para a desgraça colectiva? Vai criar condições para que eles sejam responsabilizados criminalmente?
Com essa sua debilidade na liderança, Presidente, não sei se estará em condições para se apresentar como candidato a um segundo mandato. A sua implantação política e social no partido é incipiente, o que me leva a acreditar que muito provavelmente tenha uma fraca base de apoio internamente.
Por isso que até alguns dos seus ministros lhe contradizem…
Presidente: o senhor precisa de descolar. Este voo há muito que está só no ensaio. Aliás, não sei se ainda dá tempo para descolar. Muita coisa estragou-se. As vezes tenho a sensação de que o senhor não conhece bem o País que governa. Vejo limitações argumentativas em várias questões que aborda. Sinceramente, para mim, acho que trazer a paz é a sua única tábua de salvação. Este povo, Presidente, está sedento pela normalização da situação.
Faça valer o seu voto.
DN-16.09.2016

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