"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Helena Taipo sugere que Nyusi devia ser réu e que devia ter evitado o julgamento

 



Num áudio que circula nas redes sociais a antiga Ministra do Trabalho, Helena Taipo faz um desabafo sobre diversos assuntos da actualidade do país e dá a sua versão sobre o caso das dívidas ocultas fazendo ataques directos ao Presidente da República, Filipe Nyusi.

"Este projecto que esta a se levar ao julgamento, este senhor (Filipe Nyusi) trouxe no Conselho de Ministros... e eu estava lá, nos todos estivemos lá. Até queria se tirar aquela coisa, o Bairro Militar, este Bairro Militar aqui (na cidade de Maputo), queria se tirar para se construir não sei oque, o chefe (Armando Guebuza) é que travou, disse 'olha é preciso criar condições para os militares que estão ali'." explica Helena Taipo.

No áudio de mais de 30 minutos, gravado a partir de Nampula, Taipo diz que o projecto das dívidas ocultas foi apresentado por Nyusi, na altura Ministro da Defesa Nacional.

"Quem apresentou o projecto foi o senhor (Filipe Nyusi?). Hoje a gente fica chateada quando este senhor (Filipe Nyusi) está a levar as pessoas para o tribunal desta maneira. Não pode. E nós estamos aí a aceitar, sim, dívidas ocultas. Não foram ocultas estas dívidas,  o Conselho de Ministros aprovou.",  acrescentado que "chamem todos os membros do Conselho de Ministros... O Conselho de Ministros aprovou.", refere considerando ser injusto que um "punhado de pessoas" esteja a ser sacrificado.

Segundo Taipo, Nyusi é a pessoa que mais conheço o assunto.

"Este senhor (Filipe Nyusi?) está a querer ser o mais mais. Não é verdade... É a pessoa que mais sabe, mas está a aproveitar-se de vocês jornalistas..." refere a antiga dirigente.

A antiga dirigente sugere ainda que o antigo Ministro da Defesa Nacional devia estar no julgamento como réu.

"Este senhor tem que  estar no banco de (réus).".

Para Taipo, o Prsidente da República, Filipe Nyusi, podia ter evitado o julgamento e agora o norte (do país) está chateado por ter se levado o caso das dívidas ocultas para o julgamento.

"O norte está chateado. E sente-se traído.  Porque até os melhores amigos dele dizem-nos 'ele traiu-nos'. Inclusive nós... não esperavamos que Guebuza fosse chamado para dizer este tipo de coisas. Esperavamos que ele tivesse liderado este processo e dissesse 'são assuntos de soberania e eu como presidente assumo. E na altura eu era Ministro da Defesa'. Ele assumia e tenho a certeza que falar-se-ia, mas não seria um vexame como agora. Empurrar até ao tribunal? É isso que nós achamos  que falhamos. E pela primeira vez que o poder está no norte. Então traiu-nos. Não era isso que nos esperavamos.".

Taipo mostra sua fidelidade ao antigo Presidente da República, Armando Guebuza e lamenta pelo facto do mesmo ter que ser ouvido como declarante.

"Para mim foi um choque. Até foi antes de ontem que a secretária falou comigo. A (Maria) Inês (ré que vai ser ouvida no julgamento na quinta-feira) me disse 'o chefe foi arrolado', eu ainda não tinha visto os jornais. Mas Jafar quando me mandou os jornais, fiquei muito mal".

Helena Taipo foi Ministra do Trabalho nomeada por Armando Guebuza  e ocupou pasta de Governadora Provincial e  Embaixadora, nomeada por Filipe Nyusi.  Este detida acusada por corrupção e saiu recentemente.  Aguarda o julgamento em liberdade.

 

Podridão no SERNIC!

 



O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) acaba de suspender alguns quadros seus a nível da província de Maputo. São eles: Canana Macanhangane (chefe da Instrução), Luís Majavane (chefe da Direcção da Inteligência Operacional) e Elino Panguane (chefe de Relações Públicas).

Tudo chefe!

Motivos: suspeita-se que estejam envolvidos no rapto de um dos membros da família Lalgy e do empresário e dono da empresa Empatel, de nome Artur Magaia. Acresce-se a isto a extorsão de 150 mil dólares americanos a um traficante nigeriano que o arrancaram a droga e venderam. Eles também são traficantes!

Estão a ver donde vêm os bandidos? Das fileiras da Polícia. Estes não são os que deviam defender o povo? Se o filho de Guebuza e seus Nhangumeles roubam ao Estado, os do SERNIC raptam, extorquem, ameaçam e vendem droga. O País é podre!

Neste País, os bandidos são cultuados e o povo é perseguido. Neste País, quem respeita a lei, não rouba nada de ninguém, não rapta e esforça-se  para melhorar de vida é tratado como bobo da corte!

O povo trabalhador é tratado como idiota. Trabalha incansavelmente exclusivamente para sustentar privilégios de uma elite regada a vinhos premiados, lagosta e outras regalias. Em troca, esse cidadão é humilhado com um dos piores serviços públicos do planeta. Escolas, hospitais, estradas... Tudo uma lástima.

Bom: daqui a nada vamos à B.O ver aquilo que é o espelho de Moçambique!

(Justiça Nacional, siga-nos no Facebook)

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

 

Semanário Canal de Moçambique nº 628 de 18.08.2021

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E depois de Ruanda?!

 


Por Edwin Hounnou

Como qualquer povo do mundo, é bom viver em paz, ir para cama com a certeza de que nenhum bandido lhe irá lhe tirar a vida nem a dele, nem a de ninguém da sua família. Por esta razão, assistimos o povo dançar abraçado aos militares ruandeses pelo bom trabalho que prestam na defesa vidas e de instituições de moçambicanos e, na certeza de que, se aparecer os terroristas serão castigados, quer dizer, perseguido e até correr o risco de perder a vida. Por isso, estamos a ver 46 anos depois da independência nacional, homens, mulheres e crianças saltitam, dançam, abraçam-se de tanta alegria, ovacionam e batem palmas para colunas militares que passam a caminho de Cabo Delgado por se aperceberem que chegou a hora de tranquilidade e sossego. O povo sabe quem está à altura de lhe proporcionar uma defesa eficaz, por isso se rejubila pela chegada das forças ruandesas que são vistas como quem lhes vem tirar do buraco.

Quando ouvíamos dizer que nenhum pedaço do nosso território, nenhuma localidade ou vila estava ocupados por terroristas, nós sabíamos que aquilo não passava de uma mentira grosseira porque tínhamos conhecimento de que por exemplo, os postos administrativos de Awasse, Diaca  e outros povoados estavam ocupados desde os meados do ano de 2020. A Vila da Mocímboa da Praia estava ocupada desde Agosto de 2020 e nenhuma pessoa podia podia entrar ou sair daquela urbe. Nenhuma viatura podia aí chegar ou atravessar ainda que os desmentidos saíssem da boca do comandante-geral da Polícia da República de Moçambique ou mesmo dos ministros do Interior ou da Defesa que, também, aprendeu a mentir. Aprendemos uma coisa muito importante que, na guerra se mente bastante da parte dos que têm o dever moral pelo treinamento, equipamento das forças armadas, como forma de se esquivarem das suas responsabilidades políticas pela incapacidade demonstrado pelas FADM. Ao invés de elaborarem desmentidos, deveriam treinar e equipar as forças armadas para prontidão combativa. Os rapazes estão prontos para tudo mas a direcção tem muitas fraquezas.

Sempre falamos que o partido Frelimo tem que se afastar da gestão do bem comum e das instituições públicas. Estamos hoje de côcoras e envergonhados por não possuirmos um exército capaz de bater terroristas devido às intromissões políticas como a transferência do poder de fogo dos militares para a polícia e vimos essa visão errada quando os ataques terroristas começaram. A Frelimo e sua liderança foram relevantes em aceitar que aquilo fosse uma guerra terrorista e para se consolar, frisavam que se tratava de ladrões. Antes do primeiro ataque à vila da Mocímboa da Praia, a 5 de Outubro de 2017, o governo refugiava-se dizendo que tudo não passava de conflito inter-religioso.

Porém,  nas mesquitas de Pemba já estavam instaladas células terroristas que até faziam treinos como ordem unida nos pátios das madrassas, quer dizer, marcha militar, placar, corridas e outro tipo de treinos, algo que não nada a ver com igrejas ou qualquer tipo de religião. O governo foi sendo alertado sobre o surgimento nas mesquitas de uma nova postura mas ninguém levou a sério os avisos emitidos até ao ataque da Mocímboa da Praia. As armas usadas no ataque à vila da Mocímboa da Praia e os próprios terroristas saíram de algumas mesquitas de Pemba.

Devido ao excesso de ganância pelo poder ilegítimo, o partido Frelimo deixou as portas escancaradas para qualquer terrorista ou bandido atacar e ocupar o nosso país e hoje  estamos de mãos estendidas a pedir socorro. Somos protegidos e o nosso território defendido por Ruanda, um pequeno território que cabe em Moçambique mais de 30 vezes e com uma população que corresponde quase três vezes menos que a do nosso país. Ruanda tem um PIB  de cerca de 11 biliões de dólares enquanto de Moçambique é 15 biliões, mas este pequeno país da África Ocidental tem um exército mais forte que o nosso que “desconseguiu" bater os terroristas que ocupam extensas áreas de Cabo Delgado.

Ruanda precisou de 30 dias para os terroristas fugirem, abandonando armas, incluindo mapas de reconhecimento e livros de alcorão que dizem ser sua fonte de inspiração, porém  sabemos que isso é de todo falso, porque a religião islâmica é pela paz e fraternidade. O seu exército tão culto que já cria saudades nas populações locais com as quais se abraça, pila e conversa de forma amena. As populações de Cabo Delgado até já dizem não precisar de intérprete para se comunicar com soldados ruandeses.

Comparando as valências económicas entre Moçambique e Ruanda, salta à vista que o nosso país possui 2700 km de costa maírítima para turismo e pesca e uma infindável  economia azul, tem marques e reservas naturais. Para além disso, temos três grandes corredores com portos, caminhos de ferro para o interland, designadamente, o corredor de Maputo, Beira e Nacala, porém, quase desaproveitados. Exporta alumínio e electricidade da HCB para África do Sul, Zâmbia, Zimbabwe e Swazilândia. Enquanto isso, Ruanda não tem costa marítima nem corredores de desenvolvimento e o forte das suas exportações se assenta em banana, café, turismo e industrial tecnológica emergente. Kigali, a sua capital é uma cidade moderna, com ruas sem buracos nem lixo a transbordar por tudo quanto seja canto. Tem jardins bem tratados. É uma beleza! dá prazer de nela habitar e transmite a sensação de estarmos numa Lourenço Marques, Beira ou Nampula dos anos 1975-1980. Temos saudades de viver numa cidade limpa e bem organizada!

Ruanda construiu um exército pequeno, forte e moderno para o seu povo dormir tranquilo e ajudar a seus amigos que precisarem de apoio. Paul Kagamé, seu presidente,  não fez calote aldrabando que vai edificar um exército para se defender ninguém e Moçambique tem muita coisa que aprender deste pequeno país, ainda que discordemos da sua política de mover uma perseguição cerrada contra seus opositores políticos a que procura para além-fronteiras, tirando-lhes a vida. Não aprovamos o facto de Kagamé ter alterado a constituição do país para lhe permitir que se mantivesse no poder por mais tempo do que o previsto na Lei-Mãe. Esta prática de alterar a constituição é própria de ditadores para acomodar os seus apetites que, infelizmente, também nos persegue no nosso horizontal, pois o Presidente Filipe Nyusi tem dado sinais de que não pretende deixar o poder, como determina a Constituição. Estamos para ver como vai terminar este cinema mudo que Nyusi nos quer presentear. Se a brincadeira de alterar a Constituição persistir, o país vai ser jogado num buraco sem fundo de onde sairemos bem machucados.

A nossa maior dúvida, parece  também ser de tantos outros, depois da saída do contingente ruandês quem ficará a defender os moçambicanos que hoje são vítimas dos terroristas? A Força Conjunta da SADC tem um período, embora possa vir a ser renovado, caso seja necessário, o medo da guerra de intensificar as nossas forças - FADM – também conhecidas por leões da floresta, já  nos deram bastantes provas  de que é melhor negociar bem com Paul Kagamé para nos ajudar a manter os terroristas longe das nossas fronteiras para que o povo possa viver tranquilo. Sugerimos, igualmente ao governo, que celebre um contrato com Kigali a fim de que venha um contingente policial para travar os raptos que são protagonizados por agentes da SERNIC. Não se esquecendo também de incluir a Polícia de Trânsito para dar um intervalo de descanso aos automobilistas dos pedidos de refresco como condução para prosseguirem viagem. Que tal apreciar positivamente nossa proposta, Mr. President?!

CANAL DE MOÇAMBIQUE – 18.08.2021

terça-feira, 17 de agosto de 2021

 

Cabo Ligado Mensal: Julho de 2021

TENDÊNCIAS VITAIS NESTA RELATÓRIO - OBSERVATÓRIO DE CONFLITOS
• As tropas ruandesas chegaram a Cabo Delgado em Julho e rapidamente se envolveram nos confrontos; estiveram envolvidos em 10 ocorrências de violência política organizada registradas, resultando em 73 mortes reportadas
• A violência no distrito de Mocímboa da Praia aumentou bruscamente quando as tropas ruandesas e moçambicanas empreenderam uma ofensiva que acabou resultando na recaptura da vila de Mocímboa da Praia no início de Agosto
• Os confrontos também continuaram no distrito de Palma, enquanto as tropas ruandesas e moçambicanas engajavam-se no sentido de limpar as áreas ao redor da vila de Palma e o troço Palma-Nangade de insurgentes
• Análise das correntes de propaganda do Estado Islâmico na língua KiSwahili e sua relação com o conflito de Cabo Delgado
• Explicação das origens e funções das milícias locais pró-governo em Cabo Delgado
• Análise do histórico de combate e posição política de Ruanda no conflito de Cabo Delgado
• Atualização sobre o envolvimento internacional em Cabo Delgado com foco em como os custos e responsabilidades serão divididos entre os estados membros da SADC na missão da Força em Estado de Alerta da SADC

Leia aqui Download Cabo-Ligado-Monthly_July2021

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

*Conheça os Moçambicanos que Lideraram os Terrorristas de Cabo Delgado*

 

 



Não obstante a presença de estrangeiros, a esmagadora maioria dos membros do grupo são moçambicanos, oriundos maioritariamente dos distritos de Mocímboa da Praia, Palma, Macomia e Quissanga, mas também do planalto de Mueda, do litoral de Nampula e da província do Niassa, entre outras regiões. Segundo as estimativas, o número efectivo de membros tem sido variável, oscilando entre os 1000 e os 2000 homens. Os ataques a pequenas aldeias são realizados por grupos de dimensões reduzidas, compostos sobretudo por cidadãos moçambicanos. Nos ataques a Mocímboa da Praia e a Palma o grupo recorreu a mercenários estrangeiros, grande parte oriundos da Tanzânia, existindo referências a indivíduos “brancos” entre os machababos. Não obstante a existência de um comando central que coordena ataques, o grupo possui várias chefias intermédias, com poderes diversos e com relativa autonomia, permitindo alguma iniciativa. Entre os líderes moçambicanos do grupo estão claramente sobrerepresentadas as populações da costa, entre Palma e Macomia, geralmente falantes de mwani. O poder dos indivíduos tende a advir do domínio do Islão, contactos internacionais e capacidade militar. Os líderes de topo vão trocando de nome, razão porque podem aparecer conhecidos de diferentes formas. Em função do simbolismo islâmico, os sucessivos nomes vão traduzindo o poder do indivíduo no seio do grupo. A partir dos relatos de pessoas que foram raptadas e que conviveram com os líderes dos machababos, é possível identificar algumas lideranças, por volta de Abril de 2021, onde consta, inclusivamente, uma mulher.
1.1   Bonomado Omar
 O líder do grupo é largamente conhecido na região, ainda que por vários nomes. Textos jornalísticos (CJI, 14.09.2020) referenciam-no por Bonomado Machude Omar ou Ibn Omar, aparecendo também designado por Omar Saíde ou Sheik Omar. Os relatos sugerem que Omar foi trocando frequentemente de nome, sendo actualmente conhecido por Nuro Saíde ou Abu Surakha. Omar nasceu em Palma no povoado de Ncumbi e, aos 5 anos, ficou órfão de pai. A família viajou para Mocímboa da Praia e a mãe juntou-se com outro homem, localmente conhecido por Mze Tchidi. O padrasto introduziu Omar no Islão, que foi estudando e aperfeiçoando. Finalizou a 10ª classe na Escola Secundária Januário Pedro em Mocímboa da Praia e, de acordo com antigos professores, era um jovem calmo, bom aluno e bom jogador de futebol. Depois de atingir a maioridade, cumpriu o serviço militar na marinha em Pemba, findo o qual residiu no internato do African Muslim, finalizando a 12ª classe. Torna-se um elemento carismático junto de outros jovens, conhecido pelo seu sentido de justiça e de proteção dos mais novos. Um dos seus passatempos era jogar futebol. Devido à estatura elevada (entre 1,80 e 1,90m) e pelo facto de jogar no meio campo, adquiriu a alcunha de Patrick Vieira¹. Por volta de 2008 e 2009 trabalhou no mercado Maringué em Pemba, onde vendia hortícolas e roupas muçulmanas, por conta de um comerciante estrangeiro (as versões variam entre tanzaniano e somaliano). Viajou para a Tanzânia e para a República da África do Sul. Regressou a Mocímboa da Praia onde dinamizou uma mesquita e uma barraca de venda de quinquilharias, adquiridas em mercados tanzanianos ou na cidade de Pemba. Participou nos primeiros ataques a Mocímboa da Praia e refugiou-se nas matas. Pela sua habilidade militar e capacidade de camuflagem adquiriu localmente a alcunha de “Rei da Floresta”. Constitui actualmente o líder do grupo em Moçambique, assim como o elo de ligação com o exterior², recentemente confirmado pelo US Department of State (Blinken, 06.08.2021). Omar demonstra capacidade de comando, carisma e liderança, ditando as regras e decidindo onde e como atacar, assim como quem se deve assassinar. É a Omar que se recorre perante situações mais delicadas. Omar destaca-se como bom nadador. Futebol, alcorão, condução de veículos e manuseio de material bélico constituem as suas grandes paixões. Tem três esposas nas matas de Cabo Delgado e vários filhos menores, inclusivamente na cidade de Pemba. À noite, circula com uma lanterna de mineiro na cabeça, por vezes com uma escolta de motas atrás de si. Os que o acompanham são geralmente mais velhos e experientes. Por vezes, é visto trajando “roupa muçulmana preta”. Trata-se da figura central de um vídeo filmado em Mocímboa da Praia em Março de 2020 aquando da invasão à cidade, aparecendo a falar em suaíli para a população local, explicando os objectivos do grupo. Omar coordenou o ataque a Palma em Março de 2021 e envolveu-se directamente no processo de negociação de resgates. É conhecido por ter bastantes relações em vários distritos de Cabo Delgado, inclusivamente no exército moçambicano. Para além do suaíli, língua com a qual mais se identifica, Omar exprimese fluentemente em macua, maconde e português.
 
1.2. Mustafá
 É conhecido por ser o executivo de Omar, passando instruções no terreno, oriundas do comandante. Tem baixa estatura (cerca de 1,55m de altura). A sua língua materna é o mwani e fala fluentemente o suaíli, e um pouco de português. Nasceu em Mocímboa da Praia onde cresceu e frequentou a escola primária. Residiu no bairro Milamba, perto do campo de futebol do Benfica, onde tinha uma barbearia, sendo localmente conhecido pelo seu apelido maconde Shinpwateka. Durante um período de tempo Mustafá residiu em Palma, jogando para o clube de futebol local, tendo depois regressado a Mocímboa. Foi visto no ataque a Palma de Março de 2021, actuando sempre próximo de Omar, transmitindo ordens e identificando, entre as pessoas capturadas, aqueles elementos que, pelas suas competências profissionais, pudessem ser importantes para o grupo, nomeadamente jovens com o serviço militar cumprido, médicos, enfermeiros, mecânicos ou motoristas.
 
 1.3. Maulana Ali Cassimo
Maulana é o nome próprio, constitui um dos comandantes mais destacados pelos indivíduos que estiveram em cativeiro, pelo facto de se apresentar como engenheiro agrónomo. De acordo com as testemunhas, trata-se de um indivíduo inteligente, bem articulado na língua portuguesa e com capacidade argumentativa. Maulana é um indivíduo claro, com cerca de 1,70m de altura. É natural de Lichinga, tendo concluído o curso médio de Agropecuária, no Instituto Agrário nesta cidade. É classificado de “bom aluno” por ex-professores. Trabalhou para a Mozambique Leaf Tobacco em Tete e em Cuamba. Alegadamente, foi após ter estado preso pela polícia (por não ter licença de condução) que ingressou no aparelho do Estado. Entre 2014 e 2017 foi técnico de Extensão Agrária no SDAE de Mecula. Devido ao seu envolvimento e dedicação na sua área de extensão, Maulana chegou a ganhar um prémio provincial. É descrito como carismático e com muita aceitação junto dos produtores. Ficou conhecido entre os colegas por ser rigoroso nos preceitos islâmicos (rezando cinco vezes ao dia) e por ser profissionalmente “activo” e “agitado”. É recordado por ter demonstrado, várias vezes, a sua revolta em relação à atitude das autoridades para com garimpeiros (em Mariri, na localidade de Mbamba) e caçadores furtivos na reserva do Niassa. Os colegas destacam a veemência com que criticava a extorsão de bens e detenção de jovens garimpeiros, justificando que a agricultura não constitui uma actividade rentável e que os jovens não dispunham de outras alternativas. Em defesa dos garimpeiros, com quem tinha relações, insurgia-se abertamente contra as autoridades do distrito, inclusivamente contra o Administrador e Secretário Permanente. A partir de 2016 envolve-se na organização de uma mesquita e perde interesse pela sua actividade profissional. A radicalização do discurso, incluindo a proibição de crianças de frequentarem a escola, levou ao encerramento da mesquita pelo Estado. Neste processo foi impedido de utilizar a motorizada do SDAE (que colocava ao serviço das suas actividades religiosas) gerando-lhe um grande descontentamento e revolta. Em Julho de 2017 abandonou o posto de trabalho e deixou de ser visto em Mecula. Os colegas foram informados que se tinha dirigido para Cabo Delgado para receber formação religiosa, para posteriormente abrir uma mesquita em Mecula, onde iria receber um subsídio de 60 mil meticais, bem superior ao salário que auferia do Estado. Com o início do conflito armado, juntou-se aos insurgentes nas matas de Mocímboa da Praia, tal como muitos outros jovens de Mecula. A esposa ainda tentou juntar-se ao marido em Cabo Delgado, mas foi detida pela polícia nesse processo, residindo actualmente em Lichinga com os seus dois filhos, assim como a família do marido. Maulana participou nos ataques a Mocímboa da Praia e a Palma.
 
 1.4 Rosa Cassamo Rosa
Cassamo nasceu em Cabo Delgado, em distrito que desconhecemos. Antes de aderir ao grupo rebelde possuía três enormes machambas. É descrita como uma mulher clara e bonita, mãe de cinco filhos, entre os quais três meninas. Duas das suas filhas foram prematuramente casadas por insurgentes e levadas para as matas. Rosa foi chefe de logística em Ilala e Mucojo (distrito de Macomia) e, através da posição do seu marido, Ibraimo Mussa³, adquiriu poder e influência local. Hoje é considerada de mãe, no seio de insurgentes, desempenhando um papel importante na mobilização de várias mulheres do seu povoado, para ingressassem na insurgência. Entre os rebeldes, Rosa é considerada a “rainha da magia negra”, existindo rumores de práticas mágico-tradicionais, envolvendo relações sexuais com guerrilheiros, como forma de reavivar poderes mágicos (prática dominada de “freemason”). 

 

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Tomada de Mocímboa da Praia é estratégica, mas há o risco de guerrilha, dizem analistas

 


E ainda é cedo para celebrar a vitória, opinam analistas

A tomada de controlo da vila de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado, pela força conjunta Moçambique-Ruanda, tem um valor estratégico muito importante por causa do porto e do aeroporto, mas não se deve enveredar por nenhum triunfalismo, porque os jihadistas poderão optar por tácticas de guerrilha, que são mais difíceis de enfrentar.

A retomada de Mocímboa da Praia ocorreu cerca de um mês depois da chegada de militares ruandeses a Cabo Delgado, e, para o jornalista Fernando Lima, isso mostra que aqueles que estão a desencadear a violência naquela província não têm uma força tão imensa como muitas vezes se pretende, e que qualquer força militar minimamente organizada e com meios pode derrotá-los.

"Quando uma zona esteve durante um ano sob ocupação, e vem uma força externa reocupá-la num mês de operações, isso mostra que a insurgência não é tão poderosa, mas penso que não se deve enveredar por nenhum triunfalismo," diz Lima.

Guerrilha

Na leitura daquele jornalista, a reconquista de Mocímboa da Praia tem um valor estratégico por causa do porto e da pista de aviação, mas ainda há zonas importantes onde estão as bases principais da insurgência, que não foram eliminadas.

"E vai ser muito mais difícil, porque se trata de posições no meio da floresta; para além disso, vai ser necessário consolidar os territórios reconquistados," diz.

Por seu turno, o sociólogo Moisés Mabunda diz ser necessário que as diversas forças se preparem para a fase que considera a mais difícil, que poderá começar a partir de agora, a da guerrilha, e que, eventualmente, se vai alastrar a outras províncias.

"É preciso evitar que isso aconteça, perseguindo os terroristas; o trabalho só começou, é preciso ver qual é a estratégia que os terroristas vão usar", realça Mabunda.

Dércio Alfazema, analista político, entende também que com a intensificação dos combates no terreno, os insurgentes vão se dispersar procurando refúgio noutros locais, pelo que é preciso que haja um controlo mais efectivo sobretudo nas zonas de saída dos campos de ataque, bem como uma maior vigilância no triângulo Niassa, Nampula e Cabo delgado.

VOA – 09.08.2021

Regresso da Total pode acontecer dentro de um ano, prevê analista

 


Mohamed_YassineA retomada de Mocímboa da Praia pelas forças moçambicanas e ruandesas abre portas para “um futuro diferente” para o megaprojeto de gás em Cabo Delgado, defende o analista moçambicano Mohamed Yassine.

Em entrevista à DW África, o professor de Relações Internacionais da Universidade Joaquim Chissano, Mohamed Yassine, comentou ainda os atritos entre Maputo e Kigali, após as comunicações do Ruanda sobre as operações no terreno em Cabo Delgado, antes mesmo de um pronunciamento oficial de Moçambique.

Para o analista, a Defesa moçambicana será obrigada a quebrar o "segredo de Estado” se quiser recuperar o protagonismo nos meios de comunicação social e "permitir que mais instituições possam averiguar de perto o que está a acontecer em Cabo Delgado".

DW África: O que significa a retomada de Mocímboa da Praia para o megaprojeto de gás em Cabo Delgado?

Mohamed Yassine (MY): Significa o retorno de uma parcela da soberania moçambicana que estava nas mãos da insurgência há mais de um ano. Por outro lado, significa que o lugar de concentração e que sempre serviu de bastião da insurgência, estando nas mãos do Governo é fácil projetarmos a segurança que precisamos para a região de Afunge e Palma.

DW África: Será o início do regresso da Total para a região?

MY: A estabilidade da região requer um bocadinho mais de cuidados. Para além de Mocímboa da Praia o Governo conseguiu recuperar cerca de onze posições que estavam nas mãos da insurgência, mas, por outro lado, uma vez que os insurgentes já não têm um bastião podemos começar a pensar no retorno da Total para Moçambique provavelmente daqui a um ano. A Total dava um ano e oito meses para que Moçambique se decidisse e penso que com esta intervenção feita em Mocímboa da Praia estão abertas as portas para começarmos a pensar num futuro diferente daquilo que eram os prazos. Já existem mecanismos para dizermos que, com o apoio internacional, iremos conseguir defender a província de Cabo Delgado no seu todo.

DW África: O Presidente Filipe Nyusi lançou esta segunda-feira formalmente, em Pemba, a missão militar da SADC que se vai juntar às forças moçambicanas e ruandesas em Cabo Delgado. No seu entender, como vai ser o trabalho de todas essas tropas no terreno?

MY: As dificuldades que eu vejo pode estar na coordenação porque afinal de contas os países que lá estão cada um tem o seu interesse individual ou coletivo. Acho que se Moçambique tiver feito o seu trabalho de casa por forma a introduzir cada uma das forças à força da SADC no seu todo e à força bilateral do Ruanda cada um com objetivos diferentes, um com o objetivo de combate (como temos visto nos do Ruanda) e a força da SADC como a força de manutenção da paz. Mas se isso estiver a sair do controlo da liderança moçambicana, cada um dos exércitos pode optar pelo seu ego. Além de que é preciso dizer que alguns países de SADC têm ainda algumas "feridas" em relação ao Ruanda e pode resvalar num ajuste de contas no terreno.

DW África: Ainda no lançamento da missão da SADC, o Presidente Filipe Nyusi exigiu mais comunicação e coordenação em Cabo Delgado. Acha que foi um mea-culpa do chefe de Estado?

MY: Esse pronunciamento do Presidente não foi exatamente virado para a SADC mas é preciso recordar que Moçambique vem sendo informado sobre o que está a acontecer em Cabo Delgado através do Ruanda. A conferência de imprensa é dada no Ruanda, o que significa que do ponto de vista do Estado devia ser o contrário. A conferência de imprensa devia ser dada em Moçambique, pelo exército moçambicano anunciando os ganhos alcançados em conjunto com as forças ruandesas. Tem sido continuamente trazido até nos Tweets que o Presidente do Ruanda vai fazendo, o que mostra um bocadinho de falta de humildade para com a missão que está a assumir. Penso que o recado do Presidente (Filipe Nyusi) é no sentido de que a coordenação a ser feita com o objetivo único de apoiar Moçambique e, por outro lado, Moçambique tem de ser a "pessoa" que tem de comunicar para o mundo o que está a acontecer no país.

DW África: Nos últimos dias, tem circulado a informação de que alguns chefes militares de Moçambique não estão contentes com o Ruanda, que estaria sempre à frente na divulgação dos resultados das operações, inclusive através das redes sociais. É hora do Ministério da Defesa de Moçambique melhorar a sua comunicação?

MY: O Ministério da Defesa vai ser obrigado a quebrar o chamado "segredo de Estado". Durante muitos anos o Ministério da Defesa além de ter impedido que os jornalistas locais pudessem viajar para Mocímboa da Praia e outras zonas para acompanhar de perto o que estava a acontecer, sempre fechou-se também em copas em relação à informação que era necessária em relação a o que estava a acontecer dentro de Cabo Delgado. A conferência de imprensa do Ruanda também passa para os órgãos de informação independente em Moçambique, o que já não é a televisão e a rádio de Moçambique que têm o poder de comunicar e até censurar aquilo que se achar que deve ser censurado. Isso vai quebrar o o procedimento do Ministério da Defesa que precisa permitir que mais instituições possam averiguar de perto o que está a acontecer em Cabo Delgado até chamar à razão em relação a direitos humanos e outras consequências que advêm da guerra.

DW – 09.08.2021

OS REBELDES DO NORTE SÃO MESTRES DE TACTICAS DE GUERRILHA E FUSTIGARÃO O INIMIGO

 


Por Francisco Nota Moisés

Finalmente um Comunicado do MDN de Moçambique

Comunicado Oficial

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL

COMUNICADO DE IMPRENSA

"Convocamos os órgãos de Comunicação Social para a partir destes, informar a sociedade moçambicana e a comunidade internacional, que na sequência das operações conjuntas envolvendo as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e  as  Forças  Ruandesas,  os  terroristas  têm  vindo  a  perder terreno, estando a retirar-se das zonas onde exerciam relativa influência."

Não estou para duvidar se os ruandeses e frelimistas tomaram a vila de Mocímboa de Praia.  Tudo indica que lá chegaram. O que é muito curioso e que nem os propagandistas da Frelimo nem os do Ruanda fornecem fotografias de combatentes rebeldes mortos ou capturados. Como já tinha escrito há algum tempo atrás, os rebeldes não estavam em ocupação da vila de Mocímboa da Praia como tal depois de a ter conquistada dos terroristas da Frelimo. A vila destruída não tinha disposições para albergá-los tais como água e comida, mas as vezes eles entravam na vila para patrulhar e verificar se havia forças inimigas aproximarem-se do lugar. 

Nenhuns guerrilheiros podem se expor num lugar aberto como uma vila onde podem ser martelados por aviões, helicópteros e outras armas pesadas e ligeiras.

Estes invasores não travaram combates para retomar a vila como dizem e nem os destemidos rebeldes queriam se expor a uma força militarmente superior à deles em situações que lhes eram desfavoráveis. O seu recuo não é uma fuga, mas sim uma manobra táctica para salvaguardar as suas vidas para combates futuros em termos e circunstâncias  que lhes serão favoráveis.

O que aconteceu não é nada de novo. E o que aconteceu no Afeganistão quando uma força móvel dos donos de guerra americanos entrava e ocupava cidades e vilas.  Os talibãs retiravam-se sem combates para depois fazer ataques de bate e foge que vieram a minar o moral dos gigantes adamastores ianques norte-americanos.  No Mali perante a tempestade inicial militar francesa no ar e por terra, os guerrilheiros abandonaram as vilas e cidades, embora alguns deles se tivessem mantido dentro dos murros e tivessem travado combates com os agressores franceses.

Depois de dispersos nas matas semidesérticas, começaram as operações de bate e foge contra os invasores gauleses ate que conseguiram libertar 2/3 do Mali, forçando os invasores a reconhecer a sua derrota como os americanos e os seus aliados da OTAN saíram a correr do Afeganistão  e do Vietname muito antes disto.

Nenhum dos vídeos de propaganda ruandesa no YouTube mostrou um único rebelde capturado, se quer.  Os rebeldes estão vivos e sãos e martelarão estes invasores mesquinhos.  Estes invasores se armadilham e verão que será muito difícil defender lugares quando se estabelecerem em posições defensivas e e insanidade da parte deles pensar que eles ganharam a guerra.  Esta auto-aldrabice só pode existir nas mentes dos terroristas ruandeses e frelimistas.

As matas nortenhas e o tempo estão ao lado dos rebeldes e com o tempo um outro tanto que aconteceu aos agressores americanos e franceses e outros no Afeganistão e no Mali revisitara essas forças de regimes tirânicos que ajudam a tirania da Frelimo a se manter no poder

Ruanda foi o primeiro a anunciar a reconquista de Mocímboa da Praia -Fomos nós!

 


Um dia antes da entrada oficial da SADC,

- Nada ainda se sabe sobre o tipo de confrontação que pode ter havido,  nem sobre reféns que continuavam ou continuam na vila

Mais do que lançar dúvidas sobre a coordenação de questões de comunicação, a forma como são geridas e partilhadas informações importantes e actualizadas sobre a ofensiva contra o terrorismo em Cabo Delgado parecem sugerir mesmo uma espécie de competição entre o Ruanda e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

Depois de, numa única leva, Paul Kagame ter despachado um efectivo de mil homens, antecipando, por cerca de uma semana, a chegada do contingente da SADC, e a forma como tem comunicado as incidências no campo operacional em Cabo Delgado, o Ruanda procura lançar uma imagem de que o principal está a fazer, devendo, ao contingente da SADC sobrar o periférico [mas complexo], das quais a tarefa de manter posições fixas que garantam segurança nas aldeias para o possível retorno das populações.

Ontem, mais uma vez, o Ruanda foi o primeiro a anunciar a reocupação da importante vila de Mocímboa da Praia, depois da expulsão dos terroristas daquele espaço que foi seu bastião por cerca de 12 meses. Foi uma simples e pontual nota, mas bastante no objectivo de evidenciar a “bravura e determinação” da tropa ruandesa.

Apesar de fazer referência ao facto de a retoma da vila de Mocímboa da Praia resultar de uma operação conjunta, Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e do Ruanda, a nota faz questão de recordar que Mocímboa da Praia foi, por dois anos, um importante reduto dos terroristas.

“A cidade portuária de MdP, um importante reduto da insurgência por mais de dois anos, foi capturada pelas forças de segurança de Ruanda e Moçambique” – assim refere o twitter das Forças de Defesa e Segurança do Ruanda. A retoma do essencial da vila de Mocímboa da Praia e o respectivo anúncio triunfal acontece exactamente horas antes do lançamento oficial da chamada Força em Estado de Alerta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, cuja cerimónia tem lugar, hoje, em Pemba.

Ministério da Defesa de Moçambique

Depois de a informação ter começado a circular cerca das 14 horas de Maputo, todos citando o twit das Forças de Defesa e Segurança do Ruanda, só pouco depois das 16 horas, o Ministério da Defesa Nacional de Moçambique falou com conferência de imprensa, com espaço para apenas duas questões. No essencial, nada de novo foi dito. O coronel Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa, limitou-se a confirmar o que os ruandeses tinham já informado à sua nação e ao mundo.

“As Forças Conjuntas – Moçambique e Ruanda, controlam a Vila de Mocímboa da Praia desde as 11 horas de hoje, 08 de Agosto de 2021, controlam as infra-estruturas públicas e privadas com enfoque para edifícios do governo local, porto, aeroporto, hospital, mercados, estabelecimentos de restauração, entre outros objectos económicos” – apontou Omar Saranga, depois de no minuto anterior ter descrito o percurso e as acções de consolidação que incluíram várias zonas. “A este respeito, destacamos que depois das operações que culminaram com o controlo da localidade de Awasse, a consolidação do troço Awasse – Diaca, no distrito de Mocímboa da Praia, bem como o reforço do controlo situacional da Vila de Palma e arredores, a ofensiva em curso desactivou as seguintes posições:

  • à Norte da Vila de Mocímboa da Praia, nomeadamente, posições de Quelimane, Njama, Tete, Maputo, Primeiro de Maio e Unidade; e
  • à Oeste – posições de Ntotwe, Manilha, Magoma, Mumu e Mbuje” – detalhou.

Em relação à questão de coordenação, o porta-voz limitou-se a dizer que “estamos coordenados”, “apesar de poder haver nuances diferentes” na forma como o Ruanda e Moçambique apresentam a informação. Reiterou que, no terreno, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique é que estão a coordenar as operações.

Omar Saranga em nenhum momento da sua comunicação abordou questões relacionadas com os reféns que, se acredita que estavam ou estão em Mocímboa da Praia. Não deu qualquer detalhe sobre a operação que culminou com a retoma da vila, não se sabendo se terá efectivamente havido confrontação intensa ou não. É que, há a percepção de que os grupos terroristas há muito ter-se-ão apercebido da impossibilidade de resistirem na defesa do seu principal reduto, dada a envergadura da operação e da conjugação de esforços internacionais para desalojá-los da vila de Mocímboa da Praia. 

Nisto, o mais provável é terem, há muito, encontrado formas, apesar do cerco, de abandonar a vila para as densas matas existentes, tanto no distrito de Mocímboa da Praia, as[1]sim como em outros distritos vizinhos.

MEDIA FAX – 09.08.2021

sábado, 26 de junho de 2021

Semanário Savana nº 1433 de 09.04.2021

 


SAVANA 1433 25.06.2021Leia aqui

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Ruanda planeia envio de tropas para Cabo Delgado, diz agência de notícias

 


Agência de notícias Bloomberg publica que o Ruanda planeia enviar tropas para ajudar Moçambique a combater uma insurreição em Cabo Delgado. Reportagem, no entanto, não cita confirmação do Governo moçambicano.

A agência especializada em notícias económicas Bloomberg publicou esta quinta-feira (25.06) que o Governo do Ruanda planeia o envio de tropas para ajudar Moçambique a combater o grupo armado em atividade em Cabo Delgado.

"Há planos para destacar [tropas para a região], mas os planos ainda não estão finalizados", disse o porta-voz das Forças de Defesa do Ruanda, Ronald Rwivanga, por telefone, à reportagem da Bloomberg, assinada por Saul Butera, Matthew Hill e Borges Nhamirre.

Desde os finais de maio, a DW África adianta a possibilidade de o Ruanda estar perto de apoiar Moçambique a combater o terrorismo em Cabo Delgado e discute as implicações e os interesses por trás de tal apoio.

Verônica Macamo, ministra dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, e o porta-voz das Forças Armadas, Omar Saranga, não responderam às solicitações de entrevistas da equipa do órgão de imprensa.

"Estamos a entrar em guerra"

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, que não conta com o Ruanda entre os seus 16 estados membros, também planeia o emprego da força na província de Cabo Delgado.

A reportagem lembra que o Presidente moçambicano Filipe Nyusi visitou o seu homólogo ruandês Paul Kagame em abril. Os dois líderes discutiram questões incluindo a luta contra o terrorismo, informou na altura a emissora estatal ruandesa.

Moçambique ainda não informou à SADC sobre qualquer reforço planeado pelo Ruanda, segundo informou Stergomena Tax, secretária-executivo do bloco da África Austral. O Tax recusou-se a comentar quando a SADC enviaria tropas, dizendo apenas que isso aconteceria em breve e "com a maior urgência possível", e que incluiria soldados dos países membros.

"Estamos a entrar em guerra", disse ela por telefone à equipa da Bloomberg.

DW – 25.06.2021

Filipe Nyusi promete ataque reforçado contra o terrorismo com apoio externo

 


Presidente moçambicano diz que haverá ataque reforçado ao terrorismo em Cabo Delgado com apoio externo. Filipe Nyusi ressalta, no entanto, que soberania não será comprometida e estará sempre na "linha da frente".

"As valentes Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique vão intensificar as ações operativas de caça a esses criminosos, com o apoio necessário da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e outros países amigos e irmãos, sem penhorar a nossa soberania", disse Filipe Nyusi.

"Tudo faremos para que os próximos tempos sejam de desespero e agonia para os terroristas que atuam em Moçambique", acrescentou o chefe de Estado, que discursava em Maputo numa cerimónia de celebração dos 46 anos de independência do país, que hoje se assinalam.

Filipe Nyusi recordou que a SADC assumiu na quarta-feira (23.06) "apoio total a Moçambique" no combate em Cabo Delgado, "naturalmente com a linha da frente feita pelos moçambicanos", disse.

"Nunca recusou apoio"

O país "nunca recusou nenhum apoio", reafirmou o Presidente, a citar como exemplo os treinos de forças moçambicanas que decorrem com apoio dos EUA, países europeus e africanos.

O Presidente também saudou os jovens que compõem as FDS em combate em Cabo Delgado, realçando que hoje, no dia feriado em que se celebra a independência, eles estão em combate.

"Os bons jovens deste país estão em combate, neste momento. Celebram o aniversário da independência batendo duro o inimigo no terreno", referiu.

Combatem um inimigo cuja origem e mandantes continuam por esclarecer: "apesar de não se apresentarem publicamente" e de não explicarem "por que matam e decapitam cidadãos inocentes". Para Nyusi está claro que "querem gerar medo", para depois se apoderarem das "riquezas" de Moçambique.

Grupos armados aterrorizam a província desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islámico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 732 mil deslocados, de acordo com a ONU.

"Tira-nos o sono"

"Tira-nos o sono" o terrorismo em Cabo Delgado, referiu Nyusi, a par da dissidência de alguns ex-guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), no centro do país - que o levou a fazer hoje um novo apelo ao seu comandante, Mariano Nhongo, para que adira ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) em curso no país.

Filipe Nyusi apelou ainda ao cumprimento das medidas de prevenção da Covid-19, um dia depois de ter anunciado o agravamento de algumas das restrições no âmbito do estado de calamidade no país.

Em causa está a iminência de uma terceira vaga da pandemia. Moçambique tem um total acumulado de 863 mortes e 73.652 casos, dos quais 95% recuperados e 103 internados.

Maio foi o mês com o número mais baixo de casos e de mortes por Covid-19 desde o pico de 274 óbitos e mais de 20 mil infeções em fevereiro. No entanto, o cenário mudou nas últimas semanas.

O Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira (24.06) mais seis mortes, subindo para 29 o número de óbitos registados este mês, "superior ao total de óbitos (22) do mês de maio".

DW – 25.06.2021

UM DESLOCADO EM PEMBA DIZ QUE TODAS AS ANTIGAS BASES E ZONAS DA FRELIMO ESTÃO OCUPADAS PELOS BANDIDOS

 


Por Francisco Nota Moisés

STV-Noite Informativa 25.06.2021 (video) (2)

Este drama das celebrações do 46 aniversário da independência foi mais cómico do que interessante.  Cómico visto que faz rir e não interessante por ter sido dominado por indivíduos que só sabem mentir.  Se estes macambúzios da Frelimo compreendessem que dizer a verdade por mais dura e amarga que seja é uma virtude do que nos ensurdecer com mentiras, boatos e invenções, teriam estado à altura de fazerem coisas diferentemente.   

E como de costume louvaram Samora Machel e nada disseram sobre a sua natureza tirânica e nada mesmo sobre a sua instabilidade mental como evidenciada pela BBC nos anos de 1970 e de 1980. Dois repórteres da BBC não o lisonjearam. O primeiro correspondente descreu Samora Machel em 1976 como sendo o Idi Amin de Moçambique visto que a dada altura ele estava tao obsessado por sua segurança que, segundo fontes, a polícia e  a sua tropa obrigavam populares a entrarem para se fecharem nas suas residências que era para não vê-lo a passar nas ruas.  Se alguém fosse visto a espreitar, a pessoa era detida e carregada para um destino desconhecido.  O outro repórter da BBC descreveu-o em 1983 como um TEATRO AMBULANTE ou seja A MOVING THEATRE para usar as suas palavras em inglês. E vieram depois a gozá-lo mais tarde quando se proclamou Marechal da Republica, tendo a transmissão noticiosa dito que num continente onde lideres manifestamente instáveis como Idi Amin e Jean Bedel Bokassa se tinham promovido a marechal, Samora Machel devia ter evitado se promover a marechal.

Durante as cerimónias na chamada Praça dos Heróis moçambicanos em Maputo que contem nomes de  militantes da Frelimo como Felipe Samuel Magaia, Francisco Manhanga, Josina Machel e tantos outros que Samora ordenou que  fossem mortos, Felipe Nyusi, um outro triste teatro ambulante, mentiu quando disse que os seus soldados tem lutado com galhardia sem ceder em Cabo Delgado, realçando que mesmo aquele mesmo que se celebrava o aniversário da independência, os seus militares lhe disseram que eles também estavam a celebrar batendo e infligindo duros golpes ao inimigo. 

Tanto em Maputo como na Beira, onde o secretário geral da MDM foi o único não frelimista que recebeu alguma atenção da STV, ele contrariou tudo aquilo que os frelimistas tinham dito para glorificar o seu movimento e enfatizou a falta gritante da liberdade e do progresso no pais desde a independência. 

Os bobos da Renamo-Ossufo Momade não receberam nenhuma atenção da STV e parece que não foram convidados para a Praça dos Heróis moçambicanos.  Nem o Dhlakama deles, nem Ossufo Momade, André Majibire e José Manteigas foram mencionados como heróis moçambicanos.  Nos últimos dias, Ossufo Momade, o caudilho da Renamo, não anda contente com o irmão e amigo dele Felipe Nyusi e uns dias atrás ele lamentou-se da falta da liberdade em Moçambique, esquecendo-se que ele sempre descreveu o estado da Frelimo como um Estado de direito democrático.  

Parece que Ossufo Momade gosta da pinga embora seja um muçulmano e jihadista convicto. 

Da Beira a STV foi a Pemba onde a sua reportagem falou com alguns fugitivos chegados de Palma. E um deslocado demoliu a mentira sobre a situação em Cabo Delgado que Nyusi pintara em Maputo como testemunham as palavras que abaixo seguem em letras maiúsculas:

“NAO TEMOS COMO VISITAR AS CAMPAS DOS NOSSOS AVÓS. NÃO TEMOS COMO VISITAR AS ANTIGAS BASES (da Frelimo)  QUE ALBEGARAM OS NOSSOS PAIS OU OS NOSSOS AVÓS QUE ENTRARAM NESTE PAÍS PORQUE ESTAS BASES, ESSAS ZONAS TODAS, FORAM OCUPADAS PELOS BANDIDOS.”

sábado, 22 de maio de 2021

 

NOTÍCIAS de Maputo 22.05.2021

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África do Sul vai pressionar por acção militar contra insurgentes em Moçambique

A África do Sul pressionará por uma acção militar urgente da região para reprimir uma insurgência islâmica em Moçambique, que ameaça desestabilizar os países vizinhos, disse, nesta sexta-feira, 21, a chefe da diplomacia Naledi Pandor.

Entrevistada, por telefone, pela Reuters, Pandor disse que o apelo nesse sentido será feito na cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), na próxima semana, no Botswana.

Na abordagem sobre a insurgência de militantes ligados ao Estado Islâmico, é a primeira vez que a África do Sul dá o seu peso explicitamente à ideia de uma intervenção militar.

"Apoiamos o uso do pacto de defesa. Nunca foi realmente utilizado na região, mas acreditamos que esta é a hora, esta é uma ameaça para a região", disse a titular dos Negócios Estrangeiros.

Ela explicou que “tivemos os nossos colegas, por exemplo na Nigéria, a dizer: 'não permitam que isto saia do control, porque se isso acontecer, vai ficar incontrolável e muito difícil de reverter'. É por isso que acreditamos que é urgentemente necessário que tenhamos acção ".

A Reuters não obteve de imediato comentários do porta-voz do Governo de Moçambique em relacão à posição dos sul-africanos.

Reporta-se que Moçambique tem sido hesitante quanto ao envolvimento militar estrangeiro na luta contra os insurgentes, mas, no mês passado, o presidente Filipe Nyusi disse que o país precisava de ajuda de potências externas, desde que não substituíssem as suas forças armadas.

VOA – 21.05.2021

 

Tribunal britânico autoriza Privinvest a abrir processo judicial contra o Presidente moçambicano

Caso "dívidas ocultas" envolve Presidente Filipe Nyusi

Um tribunal do Reino Unido autorizou a empresa Privinvest a abrir um processo contra o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, uma reacção ao processo movido pelas autoridades de Maputo àquela companhia no âmbito do conhecido caso das “dívidas ocultas”.

Esta é a primeira vez que Nyusi enfrenta uma acção judicial que pode expô-lo à responsabilidade pessoal, um raro caso de um tribunal britânico a permitir um processo contra um Chefe de Estado estrangeiro.

O caso remonta-se aos anos 2013 e 2014, quando o Governo moçambicano deu um aval a empréstimos para a execução de vários projectos, entre eles a criação de uma frota para a pesca de atum.

Centenas de milhões de dólares foram desviados, em luvas e subornos, segundo as autoridades de Moçambique e a justiça americana.

Os barcos adquiridos e a infraestrutura construída no âmbito do projecto enferrujaram e a frota para a pesca de atum, quando operou, terá tido um desempenho insignificante.

Desde Abril de 2016, quando o escândalo foi revelado pelo actual ministro das Finanças de Moçambique, Adriano Maleiane, numa reunião do FMI em Washington, começaram a ser divulgados vários pormenores, tendo o ex- titular das Finanças, Manuel Chang, sido detido na África do Sul, em Dezembro de 2018, a pedido da justiça americana.

Em causa a lavagem de dinheiro em bancos americanos.

Em 2019, as autoridades de Moçambique entraram com uma acção contra a Privinvest em Londres na tentativa de recuperar os empréstimos e receber compensação.

Este caso e vários outros, incluindo um processo separado contra o banco Crédit Suisse, também envolvido no escândalo, foram transformados num único processo, que agora inclui também a acção pessoal contra o Presidente Filipe Nyusi.

A empresa Privinvest, com sede em Abu Dabhi, e principal parceira das autoridades moçambicanas no processo, nega irregularidades, mas reconhece ter feito pagamentos a dirigentes moçambicanos, incluindo Filipe Nyusi, e ao partido no poder Frelimo.

No entanto, considera que foram contribuições legais para a campanha eleitoral de Nyusi e Frelimo e não subornos.

A empresa de construção naval acrescenta em forma de argumento que se os pagamentos fossem subornos, Nyusi e os outros também seriam culpados por aceitá-los.

Empresário revela ao juiz que "Nuy" se refere ao Presidente mocambicano

O Presidente moçambicano que assumiu o poder em 2015 e era ministro da Defesa durante o período em que ocorreu o caso das dívidas ocultas, sempre negou as irregularidades, tendo sublinhado que as três empresas estatais envolvidas nos projectos não estavam vinculadas ao Ministério da Defesa.

O Governo de Moçambique tem tentado revogar a garantia estatal a uma parte dos empréstimos.

Em nota enviada à agência Reuters, a Privinvest escreveu que "qualquer litígio em Londres ... deve reflectir o envolvimento directo e pessoal ... dos antigos e actuais membros do próprio Governo (de Moçambique)".

A Presidência da República de Moçambique ainda não reagiu.

VOA – 21.05.2021

 

Semanário Savana nº 1428 de 21.05.2021(Repetição)

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A JUNTA MILITAR TORNA-SE MAS ACTIVA EM TETE

Por Francisco Nota Moisés

Esquadra policial em Moatize foi atacada por grupo armado desconhecido (20.05.2021) (2)

"Um grupo armado desconhecido atacou, um posto policial no distrito de Moatize, província de Tete, a PRM naquela região do país. De acordo com a chefe do Departamento das Relações Públicas do Comando Provincial da PRM em Tete, Deolinda Matsinhe, disse que o ataque ocorreu na madrugada, contra o posto policial de Caphirizange, no distrito de Moatize, e foi protagonizado por um grupo, em número desconhecido..." 

Não se trata dum grupo desconhecido algum. Trata-se duma operação da Junta Militar do rebelde Mariano Nhongo que já empreendeu dois ataques anteriores na mesma aldeia de Caphirizange, no segundo do qual antes desta ultima operação deixaram um texto, um documento histórico de 4 paginas, cujo conteúdo a Frelimo não nos revelou na integra, no qual os atacantes se identificaram como sendo uma força da JM. No documento, os autores assaltam verbalmente Ossufo Momade como sendo um líder inútil para a Renamo e gritaram bem alto para que os frelimistas atirem Felipe Nyusi fora do poder.

O que este artigo diz é o que a Frelimo afirma, mas a verdade pode ser muita outra. Pode ser que os camaradas apanharam uma forte porrada e os rebeldes roubaram, na linguagem da Frelimo, para dizer capturaram, material bélico da Frelimo e levaram outros troféus incluindo talvez alguns camaradas capturados que integrarão as fileiras da JM como a Renamo fazia na guerra dos 16 anos em flagrante violação das regras de Genebra sobre os prisioneiros de guerra que não devem ser integrados nas fileiras dos que os capturam.Obviamente, a Renamo, dirigida militarmente por alguns ignorantes, não sabia da existência de tais regras.

Sinto pena dos camaradas.  Como é que vão aguentar com duas guerras -- a do norte e a do centro, esta agora com duas frentes em Manica e Sofala e agora em Tete?

Shauri yao como se diz em Swahili para dizer isto é com eles.

 

Comité Central da FRELIMO: Cabo Delgado "ultrapassa" Filipe Nyusi

Para o coordenador do Centro de Jornalismo Investigativo Luís Nhanchote, terrorismo é o tema "mais importante para os moçambicanos" na reunião do partido no poder, este fim de semana. Mas falta "dimensão" ao Presidente.

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, realiza, de 22 a 23 de maio, a sua IV sessão ordinária do Comité Central. Na agenda vão estar "a situação de segurança no norte e centro do país, o programa do partido para 2021 e o balanço das eleições gerais, legislativas e das assembleias provinciais", refere a FRELIMO em comunicado.

A segurança nacional, o terrorismo em Cabo Delgado e os ataques armados da Junta Militar da RENAMO no centro do país, serão os principais "cancros" nacionais com os quais o partido terá de lidar no encontro a ter lugar na Escola da FRELIMO, na Matola.

Para o coordenador do Centro de Jornalismo Investigativo de Moçambique, Luis Nhanchote, Cabo Delgado é a questão "mais importante para os moçambicanos", mas o líder do partido e Presidente da República, Filipe Nyusi, "está diante de um assunto que o ultrapassa" no que toca ao terrorismo no norte do país.

DW África: Como deverão ser tratados estes assuntos pelo maior partido do país?

Luís Nhanchote (LN): Os temas serão tratados de acordo com a demanda de quem manda no partido FRELIMO, que são os macondes. Eles fizeram uma lista de três temas e vão discutir aquilo que quiserem. O primeiro: eleições. Isso é público, mas discutir eleições neste tempo parece surrealismo, não houve mais debate por causa da pandemia. Mas não é o assunto mais importante para os moçambicanos. O assunto mais importante é a guerra em Cabo Delgado. Aquilo que está a acontecer, quais são as soluções, o que é que eles têm a dizer sobre isso.

Acho que a FRELIMO tem aqui um assunto muito grande para discutir, porque é um partido que sempre se definiu de multiplicidade nacional, norte, sul, centro. Não sei que entendimento vão ter, mas tem de ser rápido, porque têm de passar para o terceiro tema: Sofala, a Junta Militar [da RENAMO]. Isso não interessa a ninguém. O assunto mais importante para os moçambicanos que vai ser discutido no Comité Central da FRELIMO, na minha ótica, é a guerra em Cabo Delgado e o que é que a FRELIMO tem para oferecer. O nosso Presidente tem comunicado muito mal, desde que começou este conflito. Primeiro, ficou sete dias sem falar nada, depois dos ataques de Palma. Falou no sétimo dia e, simplesmente, no oitavo dia piorou.

DW África: A unidade nacional parece estar fragmentada e a situação em Cabo Delgado é um dos sinais. Haverá planos para recuperar esta unidade tão defendida pelo partido?

LN: O Presidente Nyusi está diante de um assunto que o ultrapassa. Eu acho que ele não tem a dimensão daquilo que se passa, porque um estadista não pode deixar fazer ataques e ficar sete dias calado.

DW África: Os membros da FRELIMO deverão avaliar os trabalhos da comissão política, do comité de verificação e do gabinete central do partido para a preparação das eleições de 2022. A sucessão deverá ser um dos temas em debate?

A sucessão nunca vai ser um tema em debate neste Comité Central. Isso que fique claro para toda a gente, dentro e fora de Moçambique. Por uma razão muito simples: a FRELIMO sempre foi estruturada em relação à discussão dos seus assuntos e sempre os arrumaram para discutir em função também do público internacional. Eu não acredito que eles vão mudar, desta vez, agendas em relação a um assunto interno. Isso permite a Nyusi ter tempo de olhar para a sua sucessão, porque o debate do seu sucessor é mais fora do que dentro da FRELIMO. Todas as frentes de fora, por exemplo, Chissano e Guebuza, têm sido abordadas por outras tendências. Isso que vai acontecer agora vai sair daquilo que é a lógica da FRELIMO.

DW África: Que relevância será dada às dívidas ocultas, que fragilizaram a imagem do partido e até do próprio Presidente da República?

LN: Não interessa ao Presidente abordar isso, mas interessa-lhe ter Manuel Chang perto de casa, perto da cadeia, o que permite que Filipe Nyusi discuta com ele, através dos seus emissários, o destino que ele deve dar na eventualidade de um julgamento. Se Chang vier para aqui [Moçambique], a sociedade civil vai pressionar para que ele seja julgado. Significa que o Presidente Nyusi, em função daquilo que tem sido dito aqui, sobre o seu envolvimento, vai poder conversar com o ex-ministro das Finanças de modo a não embaraçar o poder político.

DW – 21.05.2021

quinta-feira, 15 de abril de 2021

 

15/04/2021

 

15/04/2021