"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 24 de abril de 2013

Leopoldo da Costa proposto por secretariado dissolvido pela ONP

Membros da ONP denunciam falsificação de assinaturas.
Os mesmos dizem não ter participado em nenhuma reunião e não ter sequer subscrito qualquer documento que visasse candidatar Leopoldo da Costa à CNE.
A verdade sobre a polémica recandidatura de Leopoldo da Costa à Comissão Nacional de Eleições (CNE) começa a vir à tona.
Afinal, o secretariado nacional executivo da Organização Nacional dos Professores (ONP) que assina o suporte da candidatura de Leopoldo da Costa foi dissolvido a 26 de Março último, uma semana antes da realização da suposta reunião que propôs o actual presidente da CNE como candidato.
O Parlamento recebeu no dia 10 de Abril, último dia do prazo, o documento propondo Leopoldo da Costa como candidato a membro da Comissão Nacional de Eleições, o qual foi assinado pela directora das Relações Internas e Externas de projectos da ONP, Safira Mahanjane.
Entretanto, a suposta eleição do presidente da CNE pela ONP aconteceu durante um encontro em que participaram alguns membros do secretariado nacional executivo e do Conselho nacional, órgãos que, curiosamente, já não estavam em funções.
Aliás, os novos membros destes órgãos ainda não foram empossados, sendo que a cerimónia da tomada de posse está agendada para o mês de Maio.
Curioso ainda é o facto de a tal reunião que escolheu Leopoldo da Costa ter sido realizada sem o conhecimento e nem presença da presidente e do vice-presidente deste sindicato, por sinal, os que coordenam a agremiação depois da dissolução do secretariado.
A suposta reunião, cuja acta também foi entregue à Assembleia da República, foi dirigida por Safira Mahanjane. A acta também terá sido assinada por Henriqueta do Rosário, presidente do Conselho Fiscal da ONP, um órgão que não faz parte nem do secretariado, nem do Conselho Executivo. Mais: Henriqueta do Rosário reside em Marromeu, província de Sofala, distrito onde exerce funções de Secretária Permanente.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Católicos não reconhecem esta cidadã como sua proponente

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Depois de ter dito que entrou nos órgãos eleitorais em nome da igreja
Mais uma camuflada da FRELIMO descoberta como mentirosa e pecadora diante de Deus
Quase todos seguimentos tem vindo a dar razão ao líder da Renamo, Afonso Dlhakama quando afirma que não há sociedade civil neste país e os que dizem que são, são uma ramificação do partido no poder.
Na Zambézia, as coisas tem vindo a ser piores, sobretudo neste processo de constituição dos órgãos eleitorais.
Se na semana passada renunciaram dois membros camuflados como sendo da Sociedade Civil mas que na verdade são membros da Frelimo, agora entrou mais uma senhora nos órgãos eleitorais.
Trata-se de Luísa Consula, que tomou posse na última sextafeira, como sendo membro da Sociedade Civil, mas desta vez, vindo da igreja Católica, Paróquia da Sagrada Família.
O assunto não é pequeno, porque Luísa Consula é esposa de um administrador distrital reformado, dai que não haja duvidas que a senhora seja membro da Frelimo.
Ora, dados em nosso puder indicam que Luísa Consula que de boca cheia disse que vem representar a igreja católica, nem sequer foi mandata por aquela ceita religiosa, dai que ela como religiosa pecou diante de Deus.
Sociedade Civil sem proponente
No edital publicado no jornal “Notícias” do dia 08 de Abril corrente, a senhora Luísa Consula aparece na lista dos concorrentes da Zambézia sem proponente, quer dizer, entregou seu processo como pessoa, dai que não era ilegível neste processo.
Depois da renúncia dos anteriores dois que já tivemos aocasião de anuncia-los aqui, eis que surge esta senhora, que legalmente não tinha espaço. Mas como as regras são ditadas na Comissão Nacional de Eleições (CNE), ficamos a saber que Consula foi apurada para ser membro da CPE em nome da Sociedade Civil. Mas como alguém que não tem proponente, entra nos órgãos eleitorais? Esta foi a dúvida.
As mentiras da sra Luísa
No dia que tomava posse, as atenções estão viradas para ela, mesmo sabendo que não estava sozinha na sala, pelo menos a imprensa lúcida que acompanha este processo, sempre focou nela.
Foi dai que numa entrevista que concedeu a esta imprensa, Luísa Consula quando questionada sobre a sua proveniência não gaguejou e muito menos pestanejou tendo dito que “eu venho da Sociedade Civil, mais concretamente da igreja Católica, Paróquia da Sagrada Família”-estivemos a citar.
Luísa diz ser crente da igreja e entrou nos órgãos eleitorais em nome da igreja, ou seja, para representar os interesses da igreja católica. Será?
“Não enviamos ninguém para este processo”
Entretanto, numa entrevista concedida pelo Padre Meneses Carlos Barroso, Pároco da Sagrada Família, este negou categoricamente que a sra Luísa Consula tenha entrado nos órgãos eleitorais em nome da igreja católica. “Não enviamos ninguém para os órgãos eleitorais”-explicou o Padre Meneses, para depois rematar que “se fosse o caso, poderíamos mandar um sacerdote que seria de facto o nosso digno representante”-desabafou.
Todavia, aquele sacerdote reconhece que Luísa Consula pediu uma declaração como qualquer crente pede para seus fins, mas que infelizmente não emitimos esta declaração como um documento que ela pudesse usar em nome da igreja para fins políticos.
Chupanga um vogal mentiroso
Mesmo com todos argumentos deixados em torno deste assunto, o Vogal da Comissão Nacional de Eleições mandatado para dirigir o processo ao nível da Zambézia, António Chupanga, tentou justificar o que ele próprio sabe que é contra a lei. Neste dia que Chupanga falou a imprensa, assegurava que a CNE iria usar a lista dos suplentes para dai escolher dois membros em substituição dos que saíram.
“Suplentes, quais suplentes sr Chupanga?”-Questionamos.
Como lhe é característico, “fanfarrão” Chupanga foi dando voltas, tentando mostrar que tem domínio das coisas, mas infelizmente não convenceu. Falou tudo o que podia, mas a verdade viria a tona.
Alias, diz um velho adágio popular “a verdade é como caju, quando está maduro cai por si”-fim de citação.
Já no dia em que a sra Luísa Consula e Egídio Morais, este último da Comunidade Muçulmana tomavam posse, o Vogal Chupanga, batia com o pé de que a Consula vinha da igreja Católica, porque assim mostra o processo.
Quando perguntamos se aquele edital onde constam os nomes dos candidatos a este processo teria sido emitido pela CNE, a fonte reconheceu, mas ressalvou que para o caso concreto desta senhora, terá havido um erro, em ter se escrito como não tendo proponente.
Com isso tudo, Chupanga mostrou que é um vogal mentiroso, esta neste processo para fins que só ele sabe, quando defende que membros da Frelimo entrem num processo usando a capa da Sociedade Civil.
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 23.04.2013



FAMÍLIAS REASSENTADAS PELA VALE AMEAÇAM ENDURECER SUA REVOLTA

Maputo, 23 Abr (AIM) – As famílias afectadas reassentadas pela Vale em Cateme, no distrito de Moatize, na província central de Tete, queixam-se de intimidação, durante o processo de negociação, ora em curso, para resolver o diferendo
Na mesma semana em que os oleiros paralisaram comboios.
Os manifestantes denunciaram os impactos socioambientais, violações de direitos humanos e trabalhistas cometidos pela empresa, que é a segunda maior mineradora do mundo, presente em 38 países.
Segundo escreve a Agência Brasil, a calçada em frente à sede da Vale, no centro do Rio de Janeiro, foi ocupada, quarta-feira (17), por integrantes de várias organizações internacionais da sociedade civil. Os manifestantes denunciaram os impactos socioambientais, violações de direitos humanos e trabalhistas cometidos pela empresa.
O protesto foi organizado pela Articulação Internacional de Atingidos pela Vale e contou com a presença de representantes de organizações de países onde a empresa está presente, como Colômbia, Moçambique e Canadá, e de moradores de comunidades impactadas pela actuação da Vale no Brasil. Eles exigem reparações financeiras e ambientais.
Professora do município de Açailândia, no Maranhão, Edilene Brandão é moradora de Açaí de Baixo, onde o Pólo Siderúrgico de Açailândia, cujo ferro é abastecido pela Vale, tem causado problemas sérios de saúde a grande parte das 360 famílias da região.
“Ela (Vale) explora o minério no Pará e leva-o para as siderúrgicas no Maranhão. Ou seja, as siderúrgicas só funcionam se a Vale levar o minério. A gente tem exigido que elas coloquem filtros nos fornos, mas nunca colocaram e a Vale nunca cobrou isso”, disse. “Agora, as pessoas estão doentes, deixaram de trabalhar na agricultura, na pesca e, por isso, queremos ser reassentados num lugar seguro, mas ninguém quer pagar pela construção das casas”, completou.
Segundo Edilene, por causa da poluição do ar, muitos moradores sofrem de enfermidades crónicas respiratórias - como asma e sinusite - e de vista causadas por cisco de ferro, inclusive casos de morte por cancro. Há oito anos, eles pedem na Justiça - com mais de 20 processos - indemnizações por danos morais e materiais e local adequado para que as famílias sejam reassentadas.
A moçambicana da ONG Justiça Ambiental, Gizela Zunguze, acusa a Vale de ter retirado, em 2004, 1 365 famílias de suas terras no distrito de Moatize, Norte do país, para a instalação de uma mina de carvão, e reassentando-as em terras impróprias para a agricultura, com acesso precário à água potável, saneamento básico e serviço de transporte. “A Vale disse que construiu casas, mas eu não chamo àquilo casas. Não têm janelas, não respeitam o número de agregados, são pequenas, sem vigas, e já estão com rachaduras. A população está agora a 50 quilómetros de tudo e de todos, sem transporte, sem água, sem nada”, denunciou.
Terça, 23 Abril 2013 00:00 Redacção
Papa Francisco
O papa Francisco denunciou que, actualmente, existem na comunidade cristã muitas pessoas que não têm fé, “ladrões e bandidos que usam a religião como um negócio”, e advertiu que para entrar no Reino de Deus “a única porta é Jesus”.
O Pontífice fez estas declarações na missa que celebrou ontem na capela da Casa Santa Marta, onde está a residir. Na sua homilia, afirmou que “a única porta para entrar no Reino de Deus, para entrar na Igreja”, é Jesus e que quem não entra por essa porta “é um ladrão ou um bandido, é alguém que quer tirar proveito em benefício próprio”.
“Também na comunidade cristã há arrivistas. Fingem que fazem parte, mas são ladrões e bandidos, já que roubam a glória a Jesus, procuram a sua própria glória. Para eles, como os fariseus, a religião é um negócio”, afirmou.
Francisco disse que essa não é a porta autêntica para entrar no Reino do Céu e que os verdadeiros cristãos devem ser “humildes, pobres, justos, mansos, ou seja, seguir as bem-aventuranças”.
“Há muitos caminhos, talvez mais vantajosos, para chegar, mas são enganosos, não são verdadeiros, são falsos. O único caminho é Jesus”, afirmou o Papa. “Mas alguns dirão, Pai, o senhor é fundamentalista! Não, simplesmente Jesus disse isto: ‘eu sou a porta, eu sou o caminho que dá a vida’. Só isso”, afirmou Francisco.
O Papa criticou que, muitas vezes, os homens têm a tentação de ser “donos deles mesmos e não ser humildes filhos e servos do Senhor”, e que também tentam entrar no Céu “por outras portas ou outras janelas”.
“Não procurem outras portas que parecem mais fáceis, confortáveis. Chamem sempre a de Jesus. Ele jamais desilude, jamais engana. Jesus não é um ladrão, não é um bandido. Deu a sua vida por nós e cada um de nós deve pedir, por favor, que nos abra, que nos deixe entrar”, afirmou.
Desde que foi eleito Papa, o argentino Jorge Mario Bergoglio celebra todos os dias uma missa na capela da Casa Santa Marta, que é acompanhada, entre outros, por cardeais, bispos, membros da Cúria Romana, funcionários do Governatorato (ente que governa o Estado da Cidade do Vaticano) e convidados.
Terça, 23 Abril 2013 00:00 Redacção
A renda da família, resultante de pequenos negócios de revenda de fruta, é de 400 meticais, distribuída entre o aluguer da casa, alimentação, educação e saúde.
Aos 19 anos, o moçambicano Samito Jorge vive “pobre e humilhado”, ainda a sofrer as consequências da decepagem dos seus órgãos genitais, quando tinha nove anos, depois de ter sido expulso de casa pelo pai.
“O meu pai ‘girou-me’ de casa, depois de ter ‘girado’ a minha mãe. Eu saí no início de 2011 para viver com a minha mãe, porque ele ameaçava queimar ou destruir a casa. Vivemos à rasca, sem nenhuma ajuda”, disse Samito Jorge à Lusa.
A renda da família, resultante de pequenos negócios de revenda de fruta, é de 400 meticais, distribuída entre o aluguer da casa, alimentação, educação e saúde.
Muitas vezes, conta, passaram dias a fio “sem ter nada que comer”. “Não há organizações que me ajudem, na situação em que me encontro”, disse Samito Jorge, que ficou órfão de mãe na semana passada. Vítima do tráfico de órgãos humanos em Chimoio, Manica, centro de Moçambique, Samito Jorge caiu numa armadilha que lhe custou a extracção do pénis e testículos, quando, em outubro de 2003, foi aliciado e raptado por dois homens no antigo mercado “37mm” para um emprego “chorudo”.
Em 2005, com o apoio da Amnistia Internacional e da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, Samito viajou para Portugal, para uma intervenção cirúrgica de reparação dos seus órgãos, no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa

Detido líder dos oleiros que paralisaram a Vale

A Polícia da República de Moçambique deteve o líder dos oleiros de Moatize, Refo Agostinho, de 43 anos.
Na altura da sua detenção, a polícia não terá apresentado nenhum mandado de busca e captura, emitido pela procuradoria ou tribunal. Segundos os oleiros, esta detenção é uma forma de intimidá-los para não continuarem a exigir uma justa indemnização da mineradora Vale.
Com a prisão do seu líder, os oleiros foram obrigados a parar com as suas manifestações  que consistiam em impedir a circulação do comboio carregado de carvão mineral para o Porto da Beira e o acesso à mina da Vale. Assim, logo pela manhã de ontem, os mesmos estiveram amotinados na Esquadra Distrital da Polícia, para apelar à libertação do seu líder. “nós não saímos daqui sem o Refo, ele não matou ninguém, apenas exigimos os nossos direitos, paguem o que é nosso, 60 mil meticais são irrisórios, basta de brincadeiras da Vale” disse Maria Faria, uma dos oleiros em manifestação.
Já por volta das 12h00 de ontem, o advogado dos oleiros pronunciou-se nos seguintes termos: “esta prisão é ilegal, a polícia não pode continuar a agir desta forma, isto mostra que abusam da autoridade do Estado” lamentou Hermínio Nhantumbo.
Momentos mais tarde, já por volta das 13h00, num vai-vem entre a Procuradoria e a Polícia, chegava novamente o advogado e um oficial da Procuradoria com um mandado de soltura que restituiu à liberdade o líder dos oleiros, Refo Agostinho.
À saída da esquadra, Refo disse: “não matei ninguém, isso que a polícia está a fazer é injusto. foram prender-me numa noite, será que sou ladrão? Vou continuar a lutar por aquilo que é nosso direito, aliás, vem ai uma grande manifestação, caso não tenhamos resposta positiva, ai vão ver o que faremos, já basta”, ameaçou.
Entretanto, as actividades na mina da Vale voltaram à normalidade, mas os comboios ainda não retomaram o tráfego normal por temer algum incidente. Uma fonte da Vale disse que a empresa prevê encontros com o governo para estudar a melhor forma de ultrapassar o diferendo com os oleiros.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Governo ignora deputados e...nem fala sobre contrabando de madeira

 


Suposto envolvimento de José Pacheco no “esquema”.
Os deputados da Renamo e do MDM consideram que o Governo ainda não respondeu às suas preocupações e instam os ministros a apresentarem factos que retratam a realidade do país.
O Governo está, desde ontem, na Assembleia da República (AR) a responder a 15 perguntas colocadas pelas bancadas parlamentares da Frelimo, Renamo e MDM.
Cada bancada colocou cinco perguntas relacionadas com a situação política, económica e social actual.
Os deputados aguardavam, ansiosamente, a intervenção dos membros do Governo e, sobretudo, do ministro da agricultura, José Pacheco, em especial para falar sobre a gestão florestal no país e sobretudo do seu alegado envolvimento no negócio ilegal da madeira.
Espantosamente, nem o primeiro-ministro, Alberto Vaquina, muito menos o visado (José Pacheco) ousaram tocar no assunto, ignorando por completo as perguntas dos deputados.
“A bancada da Renamo e os moçambicanos querem saber qual é o posicionamento do Governo com relação ao envolvimento do cidadão José Pacheco no negócio ilegal de madeira, enquanto membro do Governo em exercício. Esta pergunta, senhora presidente (do Parlamento) não foi respondida e instamo-la a exigir do Governo a sua resposta”, disse o deputado José Manteigas da Renamo.
O primeiro-ministro negou apenas que haja obstrução de actividades políticas no país com recurso à força e diz que somente o Estado deve ter forças de defesa e segurança. Contudo, Alberto Vaquina não disse como pensa em impedir os partidos políticos (em particular a Renamo) de ter homens armados.
Por seu turno, José Pacheco falou apenas dos infractores no sector e ignorou por completo as perguntas dos deputados sobre as acusações de compadrio de ilegalidades que pesam sobre si. “O trabalho de inspecção e fiscalização resultou no cancelamento de 4 contratos de concessão e revogação dos respectivos direitos de exploração; a emissão de 5 783 avisos de multas por diversas transgressões à legislação; o sancionamento de 28 funcionários ligados ao sector de florestas e fauna bravia”, afirmou.
Este pronunciamento causou agitação nos deputados da Renamo.
Na sua intervenção, Pacheco falou também de medidas administrativas que o Governo tomou para evitar a exportação de madeira não processada.

Secretário-geral da Renamo retido durante algumas horas pela polícia moçambicana

18 de Abril de 2013, 18:17

Maputo, 18 abr (Lusa) - A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), oposição, denunciou hoje um incidente com o secretário-geral, Manuel Bissopo, e o chefe de Mobilização, Armindo Milaco, ambos deputados, intercetados e retidos durante horas pela polícia antimotim na Gorongosa, no centro de Moçambique.
O incidente ocorreu ao princípio da tarde, quando a viatura dos dois deputados foi intercetada pela Força de Intervenção Rápida (FIR), disse à Lusa Manuel Bissopo, falando por telefone, da Gorongosa.
"Entendemos que foi uma vingança e vamos responder na altura própria. Isso mina o relacionamento entre a Renamo e o Governo", disse o secretário-geral do principal partido da oposição em Moçambique, assinalando que essa "é a polícia de sempre que persegue a Renamo".
Bissopo denunciou que o comandante da FIR os ameaçou de morte e "disse mesmo aos agentes para dispararem", o que não aconteceu.
Depois, segundo o relato, os dois deputados foram levados ao comando da polícia na vila da Gorongosa, onde permaneceram durante duas horas e, a seguir, foram mandados embora, "sem que tivesse sido dada qualquer explicação".
Manuel Bissopo adiantou que no processo a polícia os tentou algemar mas sem êxito, face à oposição dos deputados. Acrescentou que ele e o chefe da Mobilização não foram vítimas de violência física, mas "humilhados" pelos agentes.
Em contacto com a Lusa, Joaquim Nido, comandante provincial da Polícia em Sofala, confirmou a detenção mas sem adiantar pormenores.
"Confirmo que foi detido hoje pela polícia por volta das 13 horas em Gorongosa o secretário-geral da Renamo" disse à Lusa, remetendo para "mais tarde" outras declarações.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Exploração de recursos minerais.
A empresa descobriu, em finais de 2012, depósitos daquele minério em quantidade elevada e de grande grande qualidade.
A empresa australiana Syrah Resources recomeça, no início de Maio, a realização de furos de prospecção no projecto de grafite e de vanádio de Balama, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, informou a empresa, em comunicado ontem divulgado.
Estes novos furos de prospecção são aguardados com alguma expectativa, atendendo que a empresa descobriu, em finais de 2012, depósitos de grafite de qualidade elevada e em grande quantidade.
De acordo com a Syrah Resources, as reservas de grafite existentes em Balama deverão exceder as reservas mundiais de 77 milhões de toneladas anunciadas pelo Serviço de Geologia dos Estados Unidos.
A empresa deverá efectuar 17 furos com um total de 2 040 metros na região oriental de Balama, prospecção que deverá adicionar tonelagem às reservas inferidas de 564 milhões de toneladas.
A concessão de Balama, que cobre uma área de 106 quilómetros quadrados, contém igualmente depósitos de vanádio, numa zona a 265 quilómetros a ocidente da capital provincial, Pemba.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Mais uma agência das Nações Unidas alerta para o aumento dos níveis de exclusão social no país.
A relatora especial das Nações Unidas para a pobreza extrema e direitos humanos considera que os elevados níveis de exclusão no país podem representar uma ameaça à estabilidade social.
Mais uma agência das Nações Unidas veio a público associar-se ao grupo de organizações nacionais e internacionais que denunciam as degradantes condições de vida a que a maior parte da população moçambicana se encontra mergulhada. Ontem, a relatora especial das Nações Unidas para a pobreza extrema e direitos humanos, Magdalena Sepúlveda, concedeu uma conferência de imprensa, em Maputo, na qual faz notar que, apesar do bom desempenho económico e de duas décadas de paz e estabilidade política, mais de metade dos moçambicanos continua abaixo da linha da pobreza. Aliás, Sepúlveda visitou o país de 8 a 16 de Abril do ano em curso e escalou várias províncias do país, onde manteve encontros com diversos extractos da sociedade moçambicana e concluiu que “é um facto inevitável que um número significativo de moçambicanos vive em situação de extrema privação e exclusão social. Portanto, os que se encontram em melhor situação na sociedade devem redobrar os seus esforços para garantir que todos possam ter uma vida digna, um objectivo que seja certamente alcançável mesmo com os recursos limitados do país”, disse.
Fazendo uma espécie de análise dos vários contactos que manteve com as forças vivas da sociedade, Sepúlveda disse que existia um “sentimento geral que mais deveria ser feito para garantir uma melhor distribuição da riqueza, de modo a garantir que mais moçambicanos comecem a usufruir dos benefícios do progresso dos últimos 20 anos. Este é, particularmente, o caso relacionado com os lucros do sector de mineração e extracção”, diz para em seguida afirmar: “os recursos naturais do país deveriam ser considerados bens comuns, que deveriam beneficiar toda a população”. Esta colocação vai ao encontro com a de vários relatórios nacionais e internacionais, que acusam sectores ligados ao partido Frelimo de usufruírem sozinhos dos ganhos advindos dos recursos naturais.
Esta alta funcionária das Nações  Unidas faz notar que embora seja mais evidente nas zonas rurais do país, ela também está a tornar-se prevalecente nos centros urbanos. “Durante a minha visita, testemunhei padrões muito elevados de conforto em algumas zonas da cidade de Maputo, o que contrasta, drasticamente, com a dura realidade em zonas maiores da capital. A maioria da população urbana tem poucas oportunidades de aceder a um emprego formal, dependendo, em vez disso, da actividade económica informal com baixo rendimento e precário. Consequentemente, ela vive em condições extremas, por vezes equivalente às vividas pelas comunidades rurais. Se não tratadas urgentemente, essas disparidades evidentes e os elevados níveis de exclusão social podem representar uma ameaça à estabilidade social, conforme pressagiado pelos protestos em Maputo nos últimos anos...os riscos significantes de estagnação na redução da pobreza devem ser tratados de forma convincente”.

Guebuza é intransigente

 
“O Chefe do Estado moçambicano não é flexível, não é pelo diálogo..." A activista dos Direitos Humanos, Alice Mabota, acusa o presidente da República, Armando Guebuza, de ser intransigente e de não mostrar vontade de dialogar sobre assuntos que interessam e inquietam os moçambicanos.
A presidente da Liga dos Direitos Humanos, que falava hoje numa conferência de imprensa sobre a situação política do país, com destaque para a tensão e onda de violência em Muxúnguè, referiu que o silêncio de Armando Guebuza causa estranhesa e sugere cumplicidade no assunto.
“O Chefe do Estado moçambicano não é flexível, não é pelo diálogo e ninguém entende o que vai na sua alma e no seu pensamento ao deixar que uma coisa como a violência de Muxúnguè ocorra. O presidente Chissano era uma pessoa que primava pelo diálogo e, por isso, havia tranquilidade no país, diferentemente do actual Chefe do Estado que não prioriza o diálogo e entendimento”, afirmou a activista.
Mabota diz não entender por que usar a força para resolver as reivindicações da Renamo, uma vez que as mesmas são de natureza política.
 “A questão dos homens Armados da Renamo a que, de forma recorrente, as autoridades se referem quando se aproximam os pleitos eleitorais é um problema político e não criminal, uma vez que deriva dos Acordos Gerais de Paz e deve ser resolvido como tal”, disse.

domingo, 14 de abril de 2013

Moçambique: Renamo lança “systems disruption”

A Renamo entrou numa nova fase da sua atribulada vida. O  movimento de Afonso Dhlakama dá mostras de estar a tornar-se um “bom aluno” do nigeriano Movement for the Emancipation of the Niger Delta, o  MEND, especializado em “systems disruption”. John Robb classifica esta actividade de um novo tipo como “guerrilla entrepreneurs”. A confirmar-se esta tendência emergente na Renamo, Moçambique tem um grande problema a resolver, como regista a Stratfor, que aconselha “the ruling party will need to share power and patronage with opposition elements and find ways to cultivate influence in the long-ignored regions”.

Mozambique: Natural Resources and a Challenge to the Established Political Order

April 11, 2013 | 1034 GMT

Mozambique’s opposition leader Afonso Dhlakama (C) Carlos LITULO/AFP/Getty Images
Summary
A spate of recent security incidents in central Mozambique has highlighted the ability of opposition parties to threaten government efforts to develop resource-rich areas of the southeast African state. On April 10, for example, a prominent opposition leader admitted to ordering a recent deadly attack on a police station in central Mozambique, exposing the lack of government-provided security in opposition-controlled provinces. This dynamic has disrupted the long-established political order that has allowed the ruling Mozambique Liberation Front to ignore vast regions of the country — including those where the government is now attempting to attract foreign investment in coal and natural gas production.  
Considering the government’s limited ability to invest in northern and central Mozambique, foreign companies operating there could be hampered by persistent export infrastructure issues and face increasing security vulnerabilities. With elections on the horizon and development of the country’s most promising economic assets in the balance, the ruling party will need to share power and patronage with opposition elements and find ways to cultivate influence in the long-ignored regions.
Analysis
Mozambique is one of Africa’s poorest countries — the average citizen earns roughly a dollar and a half per day. But the country’s sizeable reserves of coal and natural gas could fuel a transition to a middle-income economy (though translating macroeconomic growth into widespread quality of life improvement would be difficult). These natural resources are located in central and northern Mozambique — areas that, for various reasons, the government has otherwise largely neglected.
Insecurity in Mozambique
Mozambique’s budgetary constraints have been the first factor. Historically, subsistence farming and a small amount of plantation agriculture have defined the economy in central and northern Mozambique. Because these regions have contributed little to the national purse, the government in Maputo — itself still poor by Western standards — could not afford to devote much capital and attention to developing areas outside the political and commercial core.
The second issue has been one of ethnic interests. The Mozambique Liberation Front has held power since the country’s independence from Portugal in 1975. The party receives most of its support from ethnic Shangaans living in and around the southern city of Maputo, the country’s political and commercial capital. Most of Mozambique’s limited wealth is concentrated in the capital region, which has benefited considerably from its proximity to South Africa, which is economically more robust.
By comparison, the central and northern regions of Mozambique are dominated by non-Shangaan ethnic groups, especially the Ndau and the Sena. The opposition Mozambique National Resistance Movement, commonly known as Renamo, receives most of its support from these ethnic groups and fought the ruling party during Mozambique’s civil war, which lasted from independence until a peace accord was reached in 1992.

Major Infrastructure Challenges

The emergence of coal and natural gas industries far outside the ruling Mozambique Liberation Front’s core is forcing the party to find ways to gain influence in the remote regions, lest it lose the ability to shape the development of the newfound natural resources. For example, significant deposits of thermal coal and coking coal in the central Tete province have attracted international mining firms such as Brazil’s Vale, which is active in both exploration and production activities with an eye on exporting to foreign markets. However, the scale of the coal resources surpasses the capacities of the country’s existing port, road and rail networks. Major infrastructure rehabilitation is needed to support meaningful export-oriented operations.
Currently, small-scale coal exports in the region can be facilitated by trucking or limited rail operations, but these are seen as temporary measures until the expansion of the Sena rail line connecting Tete province to the port city of Beira is completed. The port at Beira is also awaiting expansion. Currently, the rail line can transport approximately 2 million tons of coal per year, but it is projected to eventually have a capacity of 12 million to 18 million tons per year. However, progress on the line has been beset with problems, including shoddy work, and slowed by seasonal floods.
Mozambique is also constructing a new rail corridor that will run from Tete province through Malawi to the northern Mozambican port city of Nacala — a larger project the government hopes will facilitate the export of upward of 40 million tons of coal per year. However, the line still needs external financing, and it is hampered by insufficient construction capacity and the absence of agreements between the Mozambican and Malawian governments.
Meanwhile, Mozambique’s sizeable natural gas fields off the northeastern coast are being produced by two primary operators: Italy’s ENI and U.S. energy company Anadarko. To facilitate continued production, the impoverished area will need major development of support infrastructure, including a liquefied natural gas terminal costing as much as $20 billion and onshore infrastructure such as roads, personnel and materials.

Security Vulnerabilities and Recent Attacks

If northeastern Mozambique becomes essentially an industry-dominated geographic enclave under the strict control of a distant national government — akin to Angola’s Cabinda province — local opposition elements can be expected to claim that regional communities are being cut off from the benefits of indigenous natural resources. In this environment, export infrastructure would become vulnerable to attacks. Indeed, the recent pattern of security incidents in central and northern Mozambique is already threatening to worsen the existing supply chain challenges facing the long-neglected regions.
In late February, for example, an Irish mining engineer was killed in a carjacking in the Nampula province town of Moma, though no one claimed responsibility for the attack. The incident occurred days after Renamo activists trashed the local offices of the ruling party in the nearby town of Nampula. Then, on April 6, gunmen allegedly wearing Renamo military uniforms attacked a fuel tanker, two commercial buses and a cargo truck, resulting in several deaths and disrupting traffic bound for Sofala province on the national highway. Renamo leaders denied responsibility for the attack, instead blaming government agents they said were disguised in opposition uniforms. On April 10, however, Renamo leader Afonso Dhlakama claimed responsibility for an April 4 attack on a police station in the Sofala province town of Muxungue — mere kilometers from the site of the April 6 highway incident — in which several policemen were killed.
The attacks have not led to a withdrawal of foreign workers or curtailed investment activity, but they have exposed the lack of security in provinces where the ruling party has little control. Mozambique has local-level elections scheduled for November and national elections in 2014, and political rhetoric has been heating up between the ruling and opposition parties. But despite any campaign promises it makes, the government is fundamentally constrained in its ability to deploy political and economic capital to the regions it has historically ignored. Still, it will attempt to do so slowly, likely starting by negotiating limited power-sharing agreements with opposition leaders. Indeed, it must do this to ensure security for and sustain investment in the extractive industries that are the country’s best hope for boosting Mozambique’s otherwise meager economy.

Um país governado em contramão!

 
Lázaro Mabunda Lázaro Mabunda
Quando iniciou a sua governação em Fevereiro de 2005 (...) disse, quer no discurso de tomada de posse como no seu primeiro discurso no Comité Central, que queria eliminar o burocratismo, o “espírito de deixa andar”, a corrupção, o clientelismo, a pobreza, entre outros. Nove anos depois, o que temos notado é que o Presidente da República não só não conseguiu combater nenhum dos males como também os institucionalizou.
Quando um amigo me disse que a escolta presidencial costuma andar em contramão, na cidade de Maputo, nas horas de ponta, achei que estivesse a divertir-se comigo. Em Dezembro tirei as dúvidas disso, quando, num engarrafamento entre o Bairro de Jardim e 25 de Junho, de outra faixa de rodagem ouvi barulho de sirenes de motorizadas a afastar os automobilistas que vinham no sentido Benfica-Jardim. Demorei aperceber-me do que estava a acontecer, porque as motorizadas iam no sentido contrário (Jardim-Benfica). A seguir foi uma coluna de viaturas no mesmo sentido, paralisando todas as viaturas que vinham do sentido Benfica-Jardim. Perguntei ao meu irmão o que estava a acontecer. A resposta dele não podia ser tão bizarra: “É Presidente Guebuza a andar em contramão”. Quando ainda queria perceber melhor estava já a passar a viatura do Presidente da República e todo o seu aparato, à alta velocidade, em contramão.
Logo virei-me para o meu irmão e exclamei: “agora já estou a ver porque este país está a andar ao contrário”. É que parece existir uma relação entre as contramãos do Chefe do Estado e a sua forma de governação. São nove anos de uma governação sofrível, em que os discursos e a prática andam distantes um do outro.
Quando iniciou a sua governação em Fevereiro de 2005, muitos viram-no como o salvador que vinha eliminar todos os males que enfermavam este país. Ele próprio prometeu que vinham imprimir “nova dinâmica na governação”, alertou o seu governo para a necessidade de não “olhar para o relógio, mas para as metas”, e prometeu “acabar com discursos pré-fabricados” pelos governantes “que nem a eles os convenciam”. E não só, disse, quer no discurso de tomada de posse como no seu primeiro discurso no Comité Central que queria eliminar o burocratismo, o “espírito de deixa andar”, a corrupção, o clientelismo, a pobreza, entre outros. Nove anos depois, o que temos notado é que o Presidente da República não só não conseguiu combater nenhum dos males como também foram institucionalizados. Acima de tudo, criou um Estado clientelista e familiar. Hoje, o nosso Presidente da República – tem razão Alice Mabota – não fala de mais nada senão de negócios. E antevejo que o próximo ano e meio da sua governação serão mesmo de alargar o seu já super-alagado império empresarial.
O legado que o Chefe do Estado nos deixará, 10 anos depois, será de um Estado escangalhado, saqueado. Um estado com recursos minerais que já não lhe pertencem, uma vez que já estão distribuídos entre a elite política e estrangeira. Deixará um legado que ninguém esperava que fosse deixado por um líder que sempre se auto-intitulou patriota, um patriotismo camuflado. Deixará um país nas mãos das multinacionais chinesas, ocidentais, americanos, indianos, brasileiros, etc. 
Com Guebuza, o país nunca andou pela sua faixa de rodagem. Sempre foi em contramão. Esta afirmação pode ser um exagero, mas é um exagero da realidade. Os sinais do que estou a dizer são vários. Logo no primeiro mandato confrontou-se com uma onda de chamas nas instituições do Estado, sempre resultantes do famoso “curto-circuito”. Seguiram-se o paiol de Mahlazine e manifestações violentas de 5 de Fevereiro de 2008. Como medida exonerou ministros e colocou outros. Outros pularam de um ministério para o outro. No entanto, nada mudou, o que dá crédito à acusação da Renamo de que “o problema não são os ministros, mas o próprio Guebuza”. Em 2010, uma outra manifestação viria a deixar o rei “andar nu”.
Mais do que os acontecimentos dos anos passados, atemo-nos nos que ocorreram este ano. De Janeiro a esta parte, o país já foi sacudido por vários eventos. O Governo, como sempre, acompanhou-os em contramão.
1.  O caso mais bizarro aconteceu quando dois ministérios, cujos ministros são membros do Governo, decidem lavar a roupa suja na rua, um claro sinal de que ao nível do Conselho de Ministros não encontraram solução. Trata-se dos Ministérios da Planificação e Desenvolvimento e da Defesa Nacional, que disputam espaço da antiga base área de Nacala, a zona de servidão militar. Nunca tinha visto uma situação do género. Mas isso é indicador de que estamos perante um governo sem liderança, porque se houvesse uma liderança, um Presidente da República atento e um primeiro-ministro funcional esta discussão não teria saído à rua. Se saiu à rua é porque quer Aiuba Cuereneia como Filipe Nyusi não conseguiram uma solução do problema ao nível do Governo no qual todas as terça-feiras estão juntos. 
2.  O país é assolado por onda de raptos e crime violento entre membros da comunidade muçulmana. O Governo prometeu e continua a prometer levar os raptores à barra do tribunal. Dos supostos raptores que nos são apresentados, apenas vimos indivíduos que são eventualmente usados como capas de raptos. No entanto, os verdadeiros rostos, os mandantes, nenhum até aqui foi visto. O único que já foi até alvo de mandado de captura, Bakhir Ayob, foi informado de que devia fugir para Hong Kong porque seria capturado, poucos dias antes da emissão de mandados de captura. Alguém poderá perguntar afinal quem é Bakhir?
Bakhir é genro de Momed Bachir, dono do grupo MBS. É acusado de rapto e morte violenta de Ahamed Jassat, um dos sócios da Expresso Câmbio. Perguntar-me-ão quem é Momed Bachir? Vou responder que Bachir é membro sénior e um dos principais patrocinadores das campanhas eleitorais da Frelimo. E quem informou Bakhir de que seria capturado? Certamente foi a própria Polícia de Investigação Criminal, através das células criminosas ali entrincheiradas.
O poder do clã MBS é tão forte que até se alarga à imprensa. Eu não tinha a dimensão do poder de Bachir, mas apercebi-me disso nos dias que antecederam à publicação do artigo sobre os mandados de captura contra Bakhir. Uma cena que merece ser retratada em filme. Assisti golpes sorrateiros sobre um texto original sem que o repórter fosse informado do que estava a acontecer. Um profissionalismo ao menos de baixo nível. O jornalista deve ser informado das razões que estão por detrás da não publicação de uma determinada informação ou da necessidade de alguns golpes sobre o texto original, se é que há interesses que superam o interesse informativo.
3.  Logo em Janeiro, uma greve dos médicos viria a colocar o Governo em apuros. O ministro da Saúde dizia que não iria ceder à chantagem dos médicos. Um braço-de-ferro durou uma semana. Uma semana depois o governo viria a ceder o que dizia que não faria. Mais uma incoerência.
4.  Uma greve dos antigos combatentes, maioritariamente velhos e desgastados pela pobreza, obrigando o Governo a mobilizar a Força de Intervenção Rápida e instrumentos anti-motim que ainda não tinham sido testados para os testar contra aquela gente. Gás lacrimogéneo, carros de canhões de água e cacetadas a serem distribuídos a idosos.
5.  Em Janeiro, Moçambique é assolado pelas cheias. O Governo, mais do que apoiar aquelas pessoas, resgatando-as das árvores onde se encontravam empoleiradas, sem água nem comida, sobrevoo as mesmas zonas, as casas e as árvores onde se encontravam penduradas. O Chefe do Estado até visitou as zonas de reassentamento, como Chihaquelane, mas foi apenas dizer a população que perdeu todos os seus bens para continuar a trabalhar para combater a pobreza.
6.  Recentemente foi o seu “delfim” José Pacheco a aparecer em relatórios como o rosto de negócios de madeiras com chineses. Até aqui nenhuma reacção nem do Presidente nem do primeiro-ministro. Uma acusação destas contra uma figura que, em nome do combate à corrupção, enterrou o seu antecessor Almerino Manhenje, não só é gravíssimo como também devia merecer um tratamento especial, partindo-se da presunção de que Pacheco, se “lixou” Manhenje, é que nunca seria capaz de se envolver neste tipo de negociatas.
7. O caso Mido Macie veio deixar claro que o nosso Chefe do Estado não nos representa. É que num caso que está a correr o mundo, que merece até reacções a nível de todo o mundo, o nosso Presidente nem sequer emitiu um comunicado, talvez pelas ligações de amizade com Jacob Zuma. No entanto, não se pode esquecer que as suas ligações de amizade não se pode sobrepor aos direitos de qualquer que seja moçambicano. É verdade que o ministro dos negócios Estrangeiros e Cooperação reagiu, incluindo o embaixador, mas isso não é suficiente. Um pronunciamento do chefe do Estado dava maior impacto à indignação de moçambicanos, sul-africanos, e do mundo. Um simples comunicado emitido pela assessoria de imprensa ou pelo Ministério na Presidência, de duas linhas, era suficiente. O nosso Chefe do Estado primou pelo silêncio.

Papa Francisco e Vaquina destacam paz em Moçambique




clubofmozambique (2013-04-12) O Papa Francisco recebeu ontem no Vaticano, o Primeiro-Ministro de Moçambique, Alberto Vaquina, que se encontra de visita à Itália desde o início da semana.

Durante o encontro de cortesia, Vaquina transmitiu as congratulações dos cristãos pela eleição do Papa Francisco no passado mês de março.

As duas personalidades abordaram as cordiais relações entre Moçambique e o Vaticano, e manifestaram o desejo de um maior implementação do acordo que ambas as partes assinaram em 7 de Dezembro de 2011 e ratificado no ano passado.

Foi particularmente destacada a contribuição positiva da Igreja Católica para a manutenção da paz e desenvolvimento de Moçambique, e as actividades que a igreja leva a cabo nos sectores da educação e caridade social.

As mudanças em curso e os problemas que afectam a região austral de África também mereceram a atenção do Papa e do governante moçambicano.

Presentes na audiência, estiveram o Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado e o Arcebispo Dominique Mamberti, Secretário para Relações entre Estados.

Recorde-se que a Conferência Episcopal de Moçambique assinalou em agosto de 2012 com uma nota pastoral a celebração dos 20 anos do Acordo Geral de Paz em Moçambique, alertando para os riscos que se colocam ao regime democrático.

“A democracia e a paz no nosso país só estarão garantidas se houver uma efectiva transformação dos partidos políticos, para que sejam não somente retórica mas verdadeiramente democráticos, a partir do seu interior”, vincam os bispos católicos.

O documento centra-se também na vaga de descobertas de recursos minerais e nos riscos de se poderem converter em fonte de “divisão, conflitos e guerras”.

"Se vierem a faltar, a sabedoria, a prudência e políticas justas e clarividentes, na sua exploração, podem tornar-se em pesadelo, uma séria ameaça para o país", alerta o episcopado.

O texto criticava igualmente os casos de privatização de bens ou de espaços, “inicialmente destinados às comunidades”, como no caso da “devastação rápida e excessiva” das florestas ou a atribuição de “praias, ilhas e reservas florestais” a cidadãos nacionais ou estrangeiros.