"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A batalha pelo carvão moçambicano


O Japão pediu, esta semana, que lhe sejam concedidas rapidamente licenças para explorar carvão e petróleo e prometeu construir, em troca, infra-estruturas.
Não é por acaso: os gigantes Brasil, EUA, Itália, Índia, África do Sul e Canadá já estão em Moçambique. Querem carvão e gás para alimentar a indústria e superar a crise.
Esta semana, o governo japonês veio a Moçambique solicitar a concessão de minas para a exploração do carvão e gás natural, recursos que estão a ser explorados e a atrair a atenção de grandes multinacionais a nível mundial.
A entrar na corrida à exploração de recursos energéticos nacionais, as empresas japonesas vão juntar-se a empresas como a brasileira Vale – a segunda maior mineradora do mundo –, à multinacional anglo-australiana Rio Tinto, às indianas Essar Group, JSPL, etc, às britânicas Ncondezi Coal Company e ENRC, a Eta Star (Dubai), a americana Anadarko, entre outras representantes de países como Canadá, Austrália, Noruega, Malásia e Índia.
Para entrar no panorama mineiro nacional, uma comitiva japonesa, representada pelo vice-ministro da Indústria, Comércio e Economia japonês, Tandahiro Matsushita, apresentou o seu pedido directamente ao Presidente da República, Armando Guebuza, manifestando o desejo de que a sua entrada na corrida à exploração daqueles recursos energéticos aconteça “o mais breve possível”.
O japão, uma das poucas potências económicas mundiais que não estão a explorar os recursos energéticos de Moçambique, está representado apenas pela Nippon Steel, uma empresa que está a trabalhar na prospecção de carvão em Moatize, província de Tete, e que aguarda a atribuição de licença para iniciar a exploração deste recurso.
Em relação ao gás natural, o Japão refere que “há muitas empresas japonesas que já mostraram interesse”.
A resposta do Governo à solicitação do Japão ainda não é conhecida – pelo menos formalmente – mas, o sinal de que o executivo moçambicano está a levar o assunto a sério é o deslocamento, àquele país, da ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias,  na próxima semana, seguindo-se o primeiro-ministro, Aires Ali, no fim deste mês, onde vai manter contactos com as autoridades japonesas, bem como participar nas negociações de um tratado de investimentos e elaboração de uma declaração conjunta de minuta de cooperação.
Entretanto, os japoneses apresentam o seu pedido pouco mais de uma semana após fazerem uma doação de mais de 19 mil toneladas de arroz a Moçambique, quantidade avaliada em 970 milhões de yenes japoneses, que equivalem a 970 milhões de dólares norte-americanos (pouco mais de 270 milhões de meticais ao câmbio actual). Trata-se de um apoio inserido no quadro de uma série de programas que aquele país asiático tem concedido ao nosso país para garantir a segurança alimentar.
Planos de investimento
Na ocasião, o governante japonês referiu que o interesse do seu país não é só extrair carvão, “mas também queremos reabilitar infra-estruturas, formar quadros moçambicanos e contribuir para a geração de emprego, contribuindo para o desenvolvimento de Moçambique”. Assim, o Japão pretende reabilitar a estrada entre Tete e Nacala e o Porto de Nacala (num investimento de 270 milhões de dólares), sendo que ainda está por desenhar um pacote de investimentos.
O Japão tem uma presença indirecta nos projectos de pesquisa, prospecção e exploração de hidrocarbonetos, com a participação da empresa japonesa Matsui, que detém 20% na concessão da Área 1 da Bacia do Rovuma, maioritariamente detida pela norte-americana Anadarko.

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