"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Alguns líderes africanos são cobardes - acusa Mugabe

(2012-02-23) O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, disse que “alguns líderes africanos são cobardes”, que estão prontos para vender os seus países em troca de benefícios financeiros e materiais.

O velho líder que preside aos destinos do Zimbabwe desde a declaração da independência do país, em 1980, disse em entrevista terça-feira publicada no jornal pró-governamental “Herald” que “a actual colheita de líderes é diferente daquela composta por revolucionários que lutaram pela independência"”dos países africanos.

No dia em que comemorava 88 anos de vida, Robert Mugabe não poupou críticas nem acusações aos líderes africanos sem, no entanto, identificar os sujeitos a quem se dirigia.

“Não apenas se tornaram cobardes como também vendilhões dos seus próprios povos. Traindo, traindo as nações de África. É essa coisa chamada União Africana. Eles apenas pensam em dinheiro, dinheiro, dinheiro. Em coisas materiais”, acusou o presidente Mugabe citado pelo “Herald”.

Para o presidente, a dependência de alguns países africanos das antigas potências coloniais abre a porta à alegada cobardia dos líderes.

“Se eu falo contra a França e necessito de dinheiro francês para pagar aos soldados, aos funcionários públicos, então de onde virá o dinheiro? É isso que temos de ter em consideração. Ajoelhem-se perante Sarkozy, perante David Cameron, perante Obama, e digam-lhe, pronto, vamos fazer o que você quer. Todos esses líderes que se ajoelham fazem as suas nações também ajoelharem-se perante esses jovens imperialistas”, disparou o presidente zimbabweano.

Mugabe alerta os líderes que critica para a iminência de os jovens dos seus países se virarem contra eles “no momento em que estudarem a história dos respectivos países sob o jugo colonial e quando descobrirem que os seus pais vivem as mesmas existências primitivas que viviam no passado”.

Robert Mugabe, que preside a um governo de unidade em coligação com o Movimento para a Mudança Democrática (MDC) para retirar o seu país de uma crise que levou mais de quatro milhões de zimbabweanos a emigrarem desde 2000, ameaçou terça-feira numa entrevista concedida à rádio estatal do seu país mandar deter o Primeiro-Ministro Morgan Tsvangirai por este alegadamente ter usado indevidamente fundos destinados à remodelação da sua residência oficial em Harare.

Quando questionado sobre a sua saúde, Mugabe declarou estar em “grande forma” e pronto para continuar a liderar o seu país.

“Ainda está para chegar o dia em fico doente. Já morri muitas vezes, e é aí que ganhei a Jesus Cristo. Cristo só morreu e ressuscitou uma vez, eu já morri e ressuscitei nem sei quantas vezes. Continuarei a morrer e a ressuscitar”, disse na mesma entrevista Mugabe, parodiando aqueles que publicam notícias com alguma regularidade especulando sobre várias doenças de que tem sofrido e tratamentos a que tem sido submetido.

Para o polémico líder da ZANU-PF, ele será o cabeça-de-lista do seu partido às próximas eleições, apesar de algumas notícias darem conta de divisões no partido sobre a sucessão de Mugabe.

“Eu sou do povo e para o povo. E o povo, na sua sabedoria, os membros do nosso partido, certamente seleccionarão alguém quando eu declarar que me vou reformar, mas esse não é ainda o momento. Com esta idade ainda posso ir mais longe, não posso? Concluiu o presidente que insiste em convocar eleições em 2012, “esteja ou não aprovada a nova Constituição”.

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