POLÍTICA
Divulgadas as provas do envolvimento direto do Ministro do Interior Basílio Monteiro no aniquilamento bárbaro do activista social Anastácio Matavele
Por VisãoActual - Outubro 9, 2019 16 0
É óbvio que o Ministério do Interior não tinha como tapar o sol com a peneira. As evidências do envolvimento de agentes do Estado no aniquilamento bárbaro de um activista social, Anastácio Matavele, eram tão patentes. O tiro saiu pela culatra! Os agentes a soldo foram denunciados em flagrante após um acidente fatal. Em momento eleitoral, o dano causado teve o efeito de alimentar antipatias contra a Frelimo, pois todo o mundo percebeu que o assassinato de Matavele tinha sido orquestrado em níveis cimeiros do sector castrense do Estado.
O partido tenta agora uma fuga para frente, mas fica difícil de provar que o assassínio tenha sido uma ideia original da gang do agente Silica. E é por isso que, no seu ensaio para a gestão dos danos, o demagogo Comandante Geral da Polícia, Bernardino Rafael, mandou suspender o Superintendente Alfredo Macuacua (Comandante da Intervenção Rápida em Gaza), e o Inspector Tudelo Guirrugo (chefe local do sinistro Grupo de Operações Especiais GOE), especializado no aniquilamento de vozes de pensamento deferente ao do regime.
Criado em 2013 para proteger as presidências abertas do guebuzismo, este GOE ganhou mais poder de intervenção com o início do chamado primeiro ciclo da governação de Filipe Nyusi, com Basílio Monteiro na batuta do Ministério do Interior (MINT). Foi este ministro quem deu luz verde às operações dos esquadrões da morte contra académicos, jornalistas e políticos interventivos. Não venham agora dizer que os “esquadrões” actuam a solo sem a anuência da super-estrutura do Estado. E desde Janeiro de 2015 até 7 de Outubro de 2019 que a lista das suas vítimas está em crescendo.
Mas mandar assassinar um observador eleitoral numa província onde o recenseamento eleitoral teve contornos claros de fraude foi um grande erro. Agora, com o efeito percebido de um dano maior, por causa do ciclo eleitoral, o MINT apenas suspende uns comissários de província e manda abrir inquérito de por dias. Em Nampula também foi assim. Basílio Monteiro suspendeu o diligente Comandante Joaquim Sive, e mandou abrir um inquérito, mas até hoje nada foi revelado. E já passam 15 dias!
Estas suspensões de Gaza e este novo inquérito de 15 dias são medidas de cunho eleitoral. Se não estivéssemos em ciclo eleitoral, a corporação se fecharia em copas na sua habitual fuga à responsabilidade, incluindo a responsabilidade estatutária da investigação. Foi assim no passado. Ninguém ainda foi responsabilizado nos casos do assassinato de Giles Cistac e Jeremias Pondeca, e nos ferozes ataques ao académico José Jaime Macuane e ao jornalista Ericino de Salema. E não há evidências de ter havido qualquer investigação.
Nestes casos, como não ocorreram em momento eleitoral, ninguém se lembrou em suspensões nem em comissões de inquérito. Ninguém mexeu a mínima palha. Toda a elite castrense, incluindo seu protectores políticos, assobiaram para o ar. É o que agora estão, também, a fazer, usando o ardil da suspensão e das comissões de inquérito. É o mesmo que assobiar para ar.
Ora a sociedade precisa de um sinal mais vigoroso por parte do Estado e da classe política que manda nas forças policiais. Esse sinal só pode ser dado pela demissão de Basílio Monteiro, o ministro que mais oxigénio deu aos “esquadrões da morte”. Ele é o potencial autor moral do assassinato de Anastácio Matavele. Uma encomenda de tamanha gravidade, com seu terrível cunho intimidatório, não foi pensada e decidida pela gang Silica. Estes foram os executores de uma ordem centralmente traçada, obedecendo a natureza hierárquica do comando policial.
Se Basílio não se demitir, o PR Filipe Nyusi que o faça, para permitir que a investigação corra mais livremente, dando também um sinal incisivo contra a matança desenfreada com origem no seio da corporação policial.
FONTE: CARTAMZ
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