12/10/2019
A polícia moçambicana deteve na sexta-feira três homens suspeitos de serem os responsáveis por alguns dos ataques a veículos no Centro do país, bem como por um homicídio e destruição da viatura de um dirigente local.
“Todos estes casos foram esclarecidos com a captura destes homens”, referiu Mário Arnaça, chefe de Relações Públicas da polícia na província de Manica.
Em causa estão ataques armados, registados desde agosto, contra camiões de mercadorias, autocarros e até uma ambulância, em diferentes troços de estrada do Centro do país, incluindo a estrada nacional 6 (EN6), que já provocaram vários feridos e pelo menos quatro mortes, segundo as autoridades.
A EN6 é um concorrido corredor de mercadorias e passageiros entre a cidade da Beira, na costa do Índico, e o Zimbábue.
O último ataque aconteceu a 03 de outubro quando um autocarro da transportadora Naji, que fazia o percurso entre as cidades da Beira, província de Sofala, e Quelimane, província da Zambézia, foi alvejado por desconhecidos, provocando um morto e seis feridos.
Os detidos são ainda suspeitos de terem assassinado um dirigente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, a 01 de outubro, em Mossurize, no decurso da campanha para as eleições gerais de 15 de outubro, e de ter incendiado a viatura protocolar do administrador do distrito de Gôndola, a 08 de outubro – tudo na província de Manica.
Mário Arnaça diz que há “fortes evidências” de que os detidos sejam “homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo)”, indicando-os como um tenente, um major e um motorista do antigo presidente da Renamo, Afonso Dhlakama.
A declaração opõe-se à que foi feita a 01 de outubro, quando Orlando Modumane, porta-voz nacional da polícia, referiu, em Maputo, que os ataques não estavam associados a guerrilheiros da Renamo, atuais ou dissidentes.
José Manteigas, porta-voz do partido, disse hoje à Lusa que não há nenhuma ligação.
“Os guerrilheiros da Renamo estão no processo de acantonamento”, no seguimento do acordo de paz assinado com o Governo a 06 de agosto, pelo que “não há nenhum homem da Renamo envolvido nestes ataques”, referiu, sublinhando que o partido “condena estes atos” que têm ocorrido no Centro do país.
José Manteigas não comenta a questão de estes poderem ser membros dissidentes da Renamo que façam parte de um grupo que se rebelou em junho e reitera que os detidos não são homens sob o comando de Ossufo Momade, presidente do partido.
A zona centro de Moçambique foi historicamente palco de confrontos armados entre forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição até dezembro de 2016, altura em que as armas se calaram, tendo a paz sido selada num acordo subscrito a 06 de agosto último.
Permanecem na zona guerrilheiros, em número incerto, que formaram uma autoproclamada Junta Militar que contesta a liderança da Renamo e defende a renegociação do seu desarmamento e reintegração na sociedade.
O grupo de guerrilheiros já ameaçou por mais que uma vez recorrer às armas caso não seja ouvido, mas, por sua vez, também se diz perseguido por outros elementos desconhecidos.
LUSA – 12.10.2019
NOTA: Claro que a PRM tinha que arranjar algo que contrabalançasse as actividades de UIR.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
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