27/10/2019
O académico e membro da Renamo (oposição em Moçambique) Alberto Ferreira defendeu hoje que o líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, está a ser “instrumentalizado” para fragilizar o partido por setores internos da organização e de fora.
Alberto Ferreira protagonizou um ato raro entre altos quadros do Estado em Moçambique, ao declarar a sua filiação à Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) enquanto ocupa o cargo de diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a mais antiga e maior instituição do ensino superior do país.
Em entrevista à Lusa, o académico considerou que a contestação protagonizada por Mariano Nhongo à liderança do presidente da Renamo, Ossufo Momade, resulta de manipulação por setores internos e externos ao principal partido da oposição.
“Há uma grande instrumentalização, seja de dentro da Renamo, seja de fora, o senhor Nhongo está a ser instrumentalizado por todos os setores”, declarou Alberto Ferreira.
Não é natural que em menos de um ano de liderança de Ossufo Momade, a sua legitimidade seja posta em causa, tendo em conta que foi eleito com maioria confortável e em congresso, assinalou Ferreira.
“Nhongo não tem nenhum motivo nem de pegar em armas, nem de contestar a vitória de Ossufo Momade”, enfatizou.
Para consolidar a sua ideia de que o líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo está a ser instrumentalizado, Alberto Ferreira apontou o facto de Mariano Nhongo ter gravado um registo áudio a apelar ao eleitorado para não votar em Ossufo Momade nas presidenciais, ameaçando com ações armadas em caso de vitória do candidato presidencial da Renamo.
“Era suficientemente percetível que Nhongo estava a ser usado”, disse.
Apesar de a crise provocada pela Junta Militar da Renamo ter origem interna, a solução passa também pela intervenção dos órgãos do Estado, porque se trata de um grupo armado, defendeu Alberto Ferreira.
A autoproclamada Junta Militar da Renamo contesta Ossufo Momade, acusando-o de ser agente do Governo que prejudicou o principal partido da oposição nas negociações sobre o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) ligadas ao Acordo de Paz assinado a 06 de agosto entre o principal partido da oposição e o Governo.
LUSA – 27.10.2019
NOTA: Me interrogo: Quem alimenta e sustenta a facção de Nhongo?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
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