21/10/2019
A Opinião do Professor Ferreira.
Muitas pessoas estão surpreendidas como é que a Renamo perdeu assim! Eu estaria surpreendido se a Renamo tivesse ganho, ou seja, se a Frelimo tivesse perdido. Usemos a razão que Deus nos deu. Outros falam gratuitamente de voto imbecil, voto consciente, blá blá...etc. Não existe nenhum destes votos. Existe sim um partido que controla 100% o Estado e 100% está aos seus pés e 100% executa a sua vontade.
Se antes os votos se roubavam escondidamente hoje é o próprio Polícia que abertamente companha o ladrão, protege-o. Todas instituições do Estado abertamente apoia as fraudes ou assistem inoperantes. O próprio Estado deixa que o material seja produzido por membro da Frelimo (Família Sidat) e esteja em quantidade incalculável fora de responsabilidade dos Órgãos eleitorais (STAE e CNE).
Se a oposição não age ou despartidariza este Estado, tendo tudo a sua disposição, nos próximos anos a Frelimo poderá ganhar até 100% como na Coreia do Norte. O filósofo Karl Popper teve a dizer em "Sociedade Aberta" que quando uma entidade domina completamente o Estado a democracia deixa de existir. John Locke e todos jusnaturalistas sustentam o facto de que o Estado para chamar-se tal, deve ser super-partes, imparcial e como um juiz dita a sentença. O Estado nasce pra ser juiz. ninguém pode ser juiz da sua própria causa. A Frelimo é o dono do Estado moçambicano, a Frelimo é o Partido-Estado como podem admitir que este perca eleições?
- O jornal britânico The Economist, classificou Moçambique como país autoritário. Qual é o país autoritário e ditatorial na história da humanidade, que controla todo Estado, que já perdeu eleições? Se não ganha com 90% ou 100% será acto de pura generosidade.
- Os Estados fascistas ganhavam com grande maioria, desde Mussolini passando por Hitler até Estaline.
Estaline não queria perder tempo em eleições, preferia eliminar fisicamente todos os adversários. Putin hoje ou elimina os adversários ou põe na cadeia.
África terá de comer muita farinha para chegar a democracia. Desde Idi Amin, passando por partido de Mobutu (MPR), até Bokassa de Centro África. Paul Kagamé do Ruanda persegue os seus adversários políticos e os elimina não só no próprio país, mas os persegue dando caça cerrada até nos países de exílio (um até foi assassinado aqui em Moçambique na marginal, o Dr. Theogene).
O que todos países africanos fazem é simular os processos democráticos para ganhar alguma simpatia a nível internacional, a verdade os próprios africanos sabem e sofrem inoperantes e sem forças para reagir. Se não tem medo de perder emprego, terá medo de balas verdadeiras. O Estado ao serviço de um partido.
Único país africano que reuniu condições para eleições livres, justas no topo está Cabo Verde.
Único país africano que reuniu condições para eleições livres, justas no topo está Cabo Verde.
- Olhem a TVM a quem pertence? Isto pertence aos moçambicanos? Cada um tem resposta.
Depois de STAE e CNE, daqui a pouco desce em campo o Conselho Constitucional para chancelar o que todos esperam.
Os Tribunais, Procuradorias, a Polícia não reagem mesmo diante de queixas e evidências fraudulentas não podem agir. Porquê será? Até suposta televisão do Estado admite a soma de votos que ultrapassam os 140% (o pai da estatística teria morrido). Houve fraudes desde províncias, distritos, localidades, postos administrativos. O que se faz? Daqui a pouco entramos como sempre em ciclos de conflito pós-eleitoral. A perguntar qual dos países como Coréia do Norte, Cuba, China, Rússia e outras ditaduras incluindo africanas ja perderam eleições? O presidente Kim Jung Un de Coreia do Norte acaba de ganhar eleições com 99,8%. O partido MPR (Moviment Populaire de la Revolucion) do Mobutu Sese Seku do Zaire e o próprio presidente ganhou sucessivamente 80% e 92% e 90%. O partido de Kadhafi na Líbia ganhava sempre etc.
As eleições se fazem quando o país está preparado culturalmente.
3. Não culpem a Oposição. A Oposição está fazendo o seu normal trabalho. Mas o Estado está totalmente controlado. O partido no poder além de usar todos os meios materiais, usa as instituições e as pessoas do Estado. Aqui não há diferença entre o Estado e o partido. Trabalhar para o partido é trabalhar para o Estado e vicê e versa.
As eleições se fazem quando o país está preparado culturalmente.
3. Não culpem a Oposição. A Oposição está fazendo o seu normal trabalho. Mas o Estado está totalmente controlado. O partido no poder além de usar todos os meios materiais, usa as instituições e as pessoas do Estado. Aqui não há diferença entre o Estado e o partido. Trabalhar para o partido é trabalhar para o Estado e vicê e versa.
- A questão não é se a Oposição perdeu eleições. A questão deve ser colocada deste modo: Porquê a Oposição insiste em ir às eleições nestas condições depois das repetidas experiências? Quando todos árbitros são os jogadores?
- Não se pode reclamar depois do jogo mesmo sabendo que os árbitros jogam com a equipa adversária. Inteligente seria discutir as condições do jogo.
6. A Frelimo antes tinha o mínimo de pudor. Roubava com mínimo de ética. Escondia-se, procurava pelo menos camuflar a realidade. Agora já não. Os que enchem as urnas são protegidos pela Polícia, são defendidos pela própria polícia, STAE, CNE e daqui a pouco vai descer em campo o Conselho Constitucional pra confirmar as eleições. - A Renamo chegava a ter 48% por "generosidade" de Chissano. Quando entra Guebuza melhorou a arte de fraude. Com Nyusi acabaram todas as formas de pudor. Um jogo aberto. Nyusi oficializou a fraude e enchimentos das urnas, mudança dos números nos editais acontecem de maneira mais vulgar e aberta.
- Temos que ser minimamente honestos e declarar ao mundo e a comunidade internacional, de uma vez por todas, de que não só não existe ainda a democracia em Moçambique, como também vamos parar com este jogo de brincar de democracia.
- Sempre afirmei em diferentes televisões que o mais importante não era descentralização, mas despartidarização.
- A Renamo perdeu duas grandes ocasiões e oportunidades nos 1. Acordos de Roma e 2. Acordos recentes.
- A Frelimo como qualquer partido ditatorial não deixa espaço e é natural. Quando se tem o poder totalmente controlado pelo seu partido e nas mãos não pode oferecer a ninguém. Não existe acto de caridade em política.
- Como forçar o Partido Frelimo para deixar de controlar o Estado? Esta é a grande questão. As oportunidade dentre elas duas passaram. Agora?
- Gilles Cistac tinha desenhado todos mecanismos para despartidarizar o Estado como aquele de o Presidente da República não seja presidente do seu partido e enquanto presidente do partido não nomeie e controle todas instituições.
Em todo caso temos que admitir uma coisa. A democracia apesar dos caminhos tortuosos ela é irreversível. Os jovens estão a perceber. A desonestidade que praticamos hoje será repugnada no futuro. A intolerância que cultivamos hoje será abominável no futuro.
Sem comentários:
Enviar um comentário