"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Pemba agitada no nascimento da “cidadela de gás” no norte do país

21 de Agosto de 2014, 10:14

A pacata cidade de Pemba viveu nos últimos dois dias um movimento incomum, com milhares de convidados para o início da construção da Base Logística de Pemba, de onde será exportado o gás natural extraído da região.
 Situada no extremo norte do país, Pemba já não dispunha de quartos para os "hóspedes" da cerimónia de lançamento da primeira pedra da plataforma de exportação de gás, vários dias antes do acto, que se realizou quarta-feira, dia 20 de Agosto.
"Os italianos bloquearam a casa a partir do dia 13, pagando quartos vazios e pequeno-almoço para hóspedes ausentes, para que não tivessem chatices nos dias da cerimónia", disse uma gestora de um "lodge" em Pemba a um grupo de jornalistas, referindo-se à reserva feita por funcionários italianos da Orlean Invest, a companhia nigeriana que integra a subconcessionária responsável pela construção do empreendimento em Pemba e que conta com uma maioria de capitais italianos.
A imagem de que Pemba, baptizada Porto Amélia pelas autoridades coloniais portuguesas, não será a mesma, com o advento do gás natural, vê-se logo no aeroporto, com a invasão, no pátio de estacionamento, de dezenas de viaturas deslocadas para o local para receberem os dignitários do acto.
A presença na estreita pista do Aeroporto de Pemba de avionetas fretadas por executivos de grandes companhias do ramo petrolífero e não só, convidados do evento, também sinalizava o interesse que Cabo Delgado está a despertar nas grandes multinacionais do sector.
Logo pelas primeiras horas da manhã de quarta-feira, o inofensivo trânsito de Pemba já era regulado pela polícia, principalmente nas vias que dão acesso ao aeroporto, replicando-se o cenário muito comum na capital do país, quando o chefe de Estado, Armando Guebuza, está em viagem ou de regresso de fora de Maputo.
O zelo policial era igualmente visível em todo o trajecto do aeroporto até ao agora desocupado pedaço de faixa costeira do Porto de Pemba, onde será montado o cais para os navios que carregarão o gás produzido na bacia do Rovuma, a partir de 2018.
A meio da floresta de mangais que ladeiam a linha do litoral onde será erguido o empreendimento, foi aberta uma viela que vai dar ao descampado aberto para a edificação da tenda que acolheu o acto oficial, maioritariamente ocupada por alguma elite de negócios proveniente da capital, executivos de grandes empresas que operam em Moçambique e de companhias mundiais do sector petrolífero
Dos "donos do gás", os originários de Cabo Delgado, apenas os líderes tradicionais a quem foi incumbido o "contacto com os espíritos", para um pedido de sorte ao empreendimento, membros do Governo provincial e um coro local, que cantou um número de exaltação ao "Papa Guebuza", mas depois convidado a abandonar a tenda do banquete por não ter as credenciais ao peito, para lá se sentar.
Equipado com um cais com cerca de 300 metros quadrados, instalações para produção e montagem de equipamento submarino, edificação de vias de acesso, armazéns, oficinas, habitações, supermercados, clínica, locais de lazer, bancos e outro tipo de facilidades, a Base Logística de Pemba será uma espécie de primeira "cidadela de gás" num país com reservas que lhe dão a ambição de vir a tornar-se potência mundial neste recurso.
Para concluir todo o complexo projectado para o local, a sociedade subconcessionária da infraestrutura terá de mobilizar mais de 800 milhões de euros nos próximos 30 anos, dos quais 112 milhões de euros devem ser desembolsados de imediato, para a fase que se iniciou quarta-feira.

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