"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 7 de outubro de 2012

Dhlakama e Raul Domingos podem estar a caminho da reconciliação

Manuel de Araújo aparece como intermediário.
Durante as celebrações do dia da Paz, as duas figuras trataram-se de forma diferente: vários apertos de mãos, abraçaram-se longamente e trocaram números de telephones.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e o presidente do Partido para Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raul Domingos, podem estar em vias de reconciliação, volvidos mais de 10 anos em que este último foi expulso da Renamo, alegadamente por ter facilitado a derrota do partido, nas eleições gerais de 1999.
Desde aquele período, nunca mais se viram encontros públicos entre Afonso Dhlakama e Raul Domingos. Entretanto, semana finda, por ocasião da inauguração da Praça da Paz em Quelimane, viu-se uma mudança de atitude por parte dos dois líderes.
O edil de Quelimane, Manuel de Araújo, convidou o antigo chefe da delegação da Renamo nas negociações de paz de Roma, Raul Domingos, e o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, para testemunharem a inauguração da infra-estrutura alusiva à paz e que homenageia o fim do conflito que “derramou sangue” no país durante 16 anos.
O reencontro
Durante a cerimónia, mais do que celebrar a paz que representa o 4 de Outubro, os líderes da Renamo e do PDD, que antes pertenceram ao mesmo partido - a Renamo - trataram-se de forma diferente de como procederam nos últimos mais de 10 anos: vários apertos de mãos; abraçaram-se longamente e trocaram números de telefones.
Esta atitude vem quebrar o ritmo de como vinham as relações, num contexto em que quase nunca se tratavam de forma cordial, como aconteceu em Quelimane, no encontro facilitado por Manuel de Araújo, também antigo membro da Renamo.
Refira-se que nem o partido de Raul Domingos nem o de Afonso Dhlakama registam crescimento, desde que os dois líderes se separaram. Pelo que, ainda que uma união não lhes traga benefícios, também é verdade que não lhes prejudicará.
O PDD, actualmente com apenas dois membros na Assembleia Provincial, no caso a Assembleia Provincial de Mocuba, na província da Zambézia, e a Renamo, que outrora elegeu mais de 100 deputados, actualmente não tem mais de 50. Por outro lado, não restam dúvidas de que a saída de Raul Domingos e de Daviz Simango da Renamo fragilizou, em grande medida, o partido.
Ora, depois da inauguração da praça da Paz, em Quelimane, Afonso Dhlakama voltou a estar, publicamente, à mesma mesa com Raul Domingos, no Paços do Conselho Municipal da Cidade de Quelimane, onde o líder da Renamo proferiu uma palestra bastante concorrida por estudantes, funcionários públicos e intelectuais, subordinada ao tema “Perspectivas e Desafios da Manutenção da Paz em Moçambique”.
 Falando ao “O País”, Raul Domingos referiu que “o reencontro com Dhlakama em Quelimane significa um espírito de paz, de concórdia e reconciliação nacional”. Dado que Raul Domingos e Afonso Dhlakama nunca estiveram em conflito armado, o líder do PDD só pode estar a referir-se à “reconciliação” política entre si e o líder da Renamo, depois da sua separação, que o levou a fundar o PDD. Aliás, o presidente do PDD explicou, ainda, que tem mantido frequentes conversações com os membros da Renamo. “Nunca deixei de falar com os meus ex-colegas, do mais baixo nível até à liderança. Conversamos sem remorsos nem ressentimentos”, disse. Raul Domingos revelou, ainda, que dos 20 anos que esteve na Renamo, guarda boas memórias.
Os abraços entre aquelas duas figuras chegou a merecer uma salva de palmas no comício popular havido em Quelimane, alusivo ao dia da paz.

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