"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sábado, 8 de outubro de 2011

Simplicidade de música perfeita

Ali Faqui mostra toda sua potência no Music Box Live especial
Abandonado pelo pai ainda ao nascer, encontrou na música um espaço para reinventar as suas felicidades. Ali Faqui mostra toda essa sua potência esta noite no Music Box Live especial.
Longe dos anos que cantou “Kinaxikuru”, com uma forte tonalidade na voz, mas com os olhos e o corpo a demonstrarem timidez de um principiante, Ali Faqui aparece no Music Box Live Especial de hoje com pose de um senhor. Não é o menino assustado dos outros tempos que sem se ter definido – disse-nos quando o entrevistámos – escondeu-se na dança. “Mas eu não era bailarino”, reconheceu. A percussão, com os ritmos makuas, que nos lembram um lento ondular que arrasta os barcos para o porto e as mulheres cantam com finas vozes de bases árabes, tinha sido o seu outro refúgio.
A percussão tem tudo de magia. Ali Faqui sabe disso como também sabia na altura que precisava encontrar o seu caminho. Ele foi à busca do seu sol, uma forma para a esquecer o passado de rejeição pelo pai ainda ao nascer. Até podia ser a estrela em “dó” maior em Nampula, mas foi em Maputo que se lançou para outros cantos. Entrou para a lista dos respeitados. Cantou “Salif Keita” em homenagem ao músico maliano e, mais tarde, iria gravar o álbum “Rehema”, algo como “Felicidade” e posicionar-se no seu pódio. É este o artista que nos surge hoje no Music Box Live especial.
Para Ali Faque, a música é “uma reflexão da existência artística que eu tenho”. A música sairia desse olhar simplista resumida num ritmo, simplesmente para dançar e vai-nos dar um campo mais amplo. Mas não foi simplesmente por esse carácter “existencialista” que definiu pela música. Ali Faqui “culpa” a natureza por ter aparecido – como se definia antes – entre “os eleitos”.
“A natureza fez-me entrar na música, isto porque quando era criança imitava músicas dos mais velhos e aos 5 ou 6 anos cantava e ouvia de vez em quando Fanny Fumo e  músicos estrangeiros.”
Mas, curiosamente, foi o cinema que o inspirou, nos intervalos que ouvia Steve Kekana com aliados da ANC a formar a plateia.
“Os filmes inspiraram-me muito. Gostava de ver “Ali Baba e os 40 ladrões”. Estas coisas de  cinema fizeram-me imitar a música indiana. Também imitava  Steve Kekana, cheguei a ganhar um prémio oferecido por alguns aliados do ANC que me ouviram cantar. Eles admiraram por eu cantar bem Steve sem nunca ter estado na África do Sul e sem sequer o conhecer. Ofereceram-me um aparelho de som e disseram-me que não me conseguiriam dar algo melhor que o presente que ganhei.”
Há poucas horas de se fazer ao palco de Músic Box Live, não tem dúvidas quanto ao programa. “A forma de fazer entender que nós não podemos nos limitar a escutar a música de fora, a nossa também tem valor, é esta que o Music Box Live está a fazer”.
O programa faz com que o artista toque ao vivo e Ali Faqui acredita que isso oferece uma outra forma de estar na música. “cantar ao vivo permite-te fazer maravilhas, ao tocar-se ao vivo  consegue-se conversar e interagir com o público, é uma outra maturidade”.

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