"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 30 de outubro de 2011

Desvio de fundos no Comando-Geral da PRM: Generais ouvidos no “contraditório”

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ALGUNS generais da Polícia da República de Moçambique (PRM) e altos quadros do Comando-Geral da Polícia e do Ministério do Interior poderão ter a oportunidade de se defenderem antes do início do julgamento em que são apontados como responsáveis de desvio de fundos no seio da corporação, quando o Tribunal da Cidade abrir a fase de instrução contraditória do processo.
Maputo, Sábado, 29 de Outubro de 2011:: Notícias
Dados obtidos junto de uma fonte judicial referem que até ao final do ano o Tribunal Judicial da Cidade do Maputo deverá abrir a instrução contraditória com vista a acolher esclarecimentos dos arguidos, sobre factos de que são acusados pelo Ministério Público.
A abertura da instrução contraditória foi solicitada pela defesa dos arguidos que, no início deste ano, isto depois de o Ministério Público ter deduzido a acusação do processo 773/PRC/07 e remetido ao juiz para os pronunciar.
No entendimento do MP, do trabalho de investigação realizado concluiu-se haver matéria suficiente para levar os pouco mais de dez oficiais superiores da Polícia a responderem em juízo, pelo desvio de fundos da corporação. 
Os fundos que teriam sido desviados pelos generais em causa se destinavam, entre outras prioridades, à aquisição de equipamento, uniforme, ração e outros apetrechos para os homens da Lei e Ordem, mas que acabaram sendo desviados por alguns oficiais superiores da Polícia, que na altura dos factos ocupavam cargos de chefia no Comando-Geral da PRM. Não nos foi revelado o montante envolvido no desfalque, mas a nossa fonte disse tratar-se de fundos do Orçamento do Estado, que nunca chegaram a ser aplicados para o fim a que se destinavam.
O nosso Jornal soube ainda que a retirada dos fundos terá acontecido pela via da Direcção de Logística e Finanças que, na altura, estava encarregue de adquirir equipamento e uniforme de trabalho para os agentes e apetrechar diferentes unidades operativas.
Ao que se sabe, os quadros que na altura estavam ligados à Logística e Finanças, onde terá ocorrido a maior parte do desvio de fundos, são os que engrossam o processo.
Igualmente, os oficiais em causa foram acusados em torno de matérias ligadas a uma empresa supostamente fictícia, criada pelo Ministério do Interior e que, posteriormente, viria a ser usada para drenar parte das verbas. Trata-se da Chicamba Investimentos, uma empresa que durante o tempo de vigência só se reuniu uma vez, tendo como sócios alguns elementos do Comando-Geral da Polícia.  
O caso daquela empresa chegou a ser matéria de discussão no julgamento do ex-Ministro do Interior, Almerino Manhenje, uma vez que se diz ter sido ele a pessoa que ordenou a sua criação. Refira-se que este processo relativo ao Comando-Geral da PRM pouco ou nada tem a ver com o dos “220 biliões” do Ministério do Interior que resultou na condenação de Almerino Manhenje e outros dois quadros do Ministério do Interior.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Como adquiriram os luxuosos carros em que se deslocam?"

Por Machado da Graça

Olá Julieta, minha boa amiga

Como vai a tua vida? E a tua família? Do meu lado, tudo bem.
Só que, por vezes, muito surpreendido com as coisas que as pessoas dizem pela boca fora. Neste caso estou-te a falar do senhor Edson Macuácua que, no caso presente, actuava como portavoz da recente reunião do Comité Central do partido FRELIMO. Ouvi na rádio e pode ser que as palavras não tenham sido exactamente estas, mas, se não foram, terão sido outras muito parecidas. Pois dizia ele que não podemos distribuir, de forma equilibrada, uma riqueza que não existe.

Portanto, todos devemos dedicar-nos à agricultura para criar essa riqueza. E eu fiquei a pensar nas imagens que se podem ver de todos os encontros em que participa a direcção da FRELIMO. Provavelmente as maiores concentrações de obesos por metro quadrado a que este país já assistiu, antes e depois da Independência.

Se não há riqueza neste país como chegaram eles àquele estado? Como construíram os palácios que proliferam em alguns bairros da cidade, e que deixam o Sommerschield dos colonos muitíssimo para trás?

Como adquiriram os luxuosos carros em que se deslocam?

Terá sido na agricultura, de enxada na mão do nascer ao pôr do Sol? O próprio Edson Macuácua, há uns dez anos um jovem magrinho, que hoje parece não caber dentro da sua própria pele, foi na agricultura que conquistou a sua actual prosperidade? Ou será que o problema é o facto de a pouca riqueza que existe, em vez de ser distribuída de forma equilibrada, vai parar sempre aos mesmos bolsos? Ou, dito de outra forma, aos bolsos dos mesmos?

Samora era obeso? Os membros do Comité Central da FRELIMO, no tempo dele, eram obesos? Os ministros eram obesos?

Se não eram é porque alguma coisa mudou muito entretanto. E o que mudou foi, precisamente, a forma como a riqueza existente era distribuída e a forma como ela passou a ser, depois da morte de Samora.

E, já que falamos em produção de riqueza, chamo-te a atenção para o que aconteceu recentemente: tudo começou com uma Reunião de Quadros do partido FRELIMO. Milhares de pessoas reunidas, inclusive em dias de trabalho, a falar, falar, falar. Acabado esse encontro começou uma reunião extraordinária da Organização da Mulher Moçambicana, também em dias normais de trabalho. Logo a seguir foi a reunião do Comité Central que, parcialmente, também decorreu em dias de trabalho. Tivemos, portanto, mais de uma semana em que aqueles e aquelas que enriqueceram sem terem de pegar na tal enxada, mais não fizeram do que falar e comer os lanches e/ou outras refeições que lhes foram servidos. Vais-me dizer que é a forma de eles contribuírem na luta contra a pobreza. E eu concordo. Na luta contra a pobreza deles próprios, não contra a pobreza do povo moçambicano. De resto essa luta até já foi vencida. Já nenhum deles é pobre. Agora a sua luta é pela contínua arrecadação, acelerada, da riqueza. Nesse aspecto a luta deles continua…

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desmobilizados “indignados” recebidos por forte aparato policial

 
Manifestação dos desmobilizados de guerra
Grupo liderado por Hermínio dos Santos exige 12 mil meticais.
Por causa da manifestação dos desmobilizados de guerra liderados por Hermínio dos Santos, a Polícia da República de Moçambique foi forçada a apresentar o seu novo carro anti-motins.
Foi uma manhã tensa vivida no circuito de manutenção física António Repinga, a escassos metros do Gabinete do Primeiro-Ministro.
O grupo liderado por Hermínio dos Santos, que organizou esta manifestação pacífica à imagem do movimento “indignados”, amotinou-se estrategicamente, ontem,  próximo ao local onde decorria a sessão o Conselho de Ministros, com o objectivo de pressionar o executivo a ceder na sua exigência de fixação e pagamento de uma pensão mensal mínima de 12 mil meticais, além do fim da discriminação entre combatentes da guerra dos 16 anos e os da Luta de Libertação Nacional.
Curiosamente, a manifestação liderada por Hermínio dos Santos aconteceu 24 horas depois de um outro grupo ter estado reunido com o ministro dos combatentes, Mateus Kida, num encontro onde se distanciaram das manifestações que ontem acabaram mesmo por acontecer.
Para impedir que os desmobilizados se aproximassem cada vez mais do gabinete de Aires Ali, o governo mobilizou um contingente impressionante de forças de defesa e segurança - Força de Intervenção Rápida, Polícia de Protecção, Polícia de trânsito, Força de Protecção de altas individualidades, além de elementos da PIC e do SISE vestidos a civil. Refira-se que a FIR se fez presente no local com uma mega-viatura anti-motim até aqui desconhecida pelo público.
Não houve violência no local, mas os desmobilizados, até ao fecho da nossa edição, por volta das 23 horas, continuavam no local e prometeram marchar, hoje, em direcção ao gabinete de Aires Ali.
Será exequível mais de 800 mil mt/mês?
Admitindo que todos os desmobilizados sejam tratados da mesma forma e que o Governo lhes dê 12 mil meticais, conforme exigem, o executivo teria de desembolsar mensalmente 840 milhões Mt para pagar os mais de 70 mil combatentes existentes em todo o país. Anualmente, a despesa do estado em pagamento de desmobilizados acrescentaria ao Orçamento do Estado mais de 10 mil milhões de meticais.
Entretanto, estes gastos não incluem outros benefícios a que os combatentes têm direito, por força do estatuto recentemente promulgado pelo Chefe do estado. É que o mesmo inclui assistência médica e medicamentosa, redução da tarifa do transporte público, redução dos encargos aduaneiros para importação de produtos para fins comerciais. Mais: os combatentes têm ainda direito a uniforme para cerimónias públicas do estado, bolsas de estudo para seus filhos, bem como  capacitação para concepção de projectos de rendimento.
A ser aceite a exigência de 12 mil Mt mensais, acrescida aos inúmeros benefícios previstos no estatuto, pode-se imaginar o encargo que o desmobilizado poderia representar para o Orçamento do Estado.
Entretanto, parte destes benefícios ainda não são implementados, por falta de uma regulamentação.
Assim, os desmobilizados voltaram a lançar ofensivas contra o Estatuto do Combatente, alegando ser discriminatório e visando acomodar interesses partidários, neste caso da Frelimo, e discriminatória, daí não fazer sentido a sua existência.
O tratamento discriminatório foi confirmado pelo ministro dos Combatentes, Mateus kida, para quem é justo que pessoas diferentes e que marcaram o país de forma diferente sejam tratadas de forma diferente.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

AFONSO DHLAKAMA DEFENDE DIFUSÃO DA HISTÓRIA DA RENAMO

À Juventude moçambicana

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, defende um maior envolvimento dos jovens no processo de investigação e estudo da história daquela formação politica, bem como no esclarecimento das causas que conduziram à guerra civil em Moçambique.

O pronunciamento foi feito em Nacala-Porto por ocasião das celebrações do 32° aniversário da morte de André Matsangaíssa, primeiro presidente da RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique). Cuja morte ocorreu a 17 de Outubro de 1979, na então Vila Paiva de Andrade, distrito de Gorongoza, provincia central de Sofala, durante um confronto armado entre as tropas governamentais e aquele ex-movimento armado.

De acordo com Dhlakama, os mais velhos devem explicar aos jovens as práticas erradas cometidas pelo governo da Frelimo e que levaram à então Resistência Nacional de Moçambique a pegar em armas em 1977, dois anos depois da proclamação da Independência Nacional. Algumas dessas atrocidades perpetradas pelos ditos comunistas, segundo Afonso Dhlakama, estiveram relacionados com a chamada “lei de fuzilamento”, dos chambocos, das guias de marcha, das aldeias comunais e dos campos de reeducação. Até as mesquitas e as igrejas foram obrigadas a fecharem compulsivamente as suas portas ao cultos, recordou o político, na última segunda-feira, perante uma enorme audiência, constituída por pessoas de diversas idades.

Para aquele dirigente político, o povo moçambicano deve prestar tributo a André Mantsagaíssa, que desencadeou a guerra da Renamo durante cerca de dois anos para a implantação da democracia e justiça social no país, derrubando, consequentemente, o monopartidarismo, a prepotência, a corrupção, as arbitrariedades, o divisionismo, que causticavam a população moçambicana.

O líder do maior partido da oposição em Moçambique disse ter-se deslocado à cidade de Nacala para, entre outros objectivos, evocar a importante figura de André Matsangaíssa e transmitir à população trechos relevantes da história da RENAMO.

Por entender que as novas gerações não conhecem as causas reais que nos levaram a pegar em armas, tenho a obrigação política e moral de lhes transmitir essa explicação. Disse.
Dhlakama falou reiteradamente da revolta nacional a ser realizada pela Renamo na véspera de 25 de Dezembro, supostamente para afastar o governo de Armando Guebuza, tendo, entretanto, advertido à polícia e as forças armadas para não intervirem de forma violenta, para evitar derrame de sangue.

No comício popular, que teve lugar num dos bairros mais populosos daquela cidade, muitos cidadãos presentes, embora repudiem o retorno à guerra fratricida, manifestaram-se disponíveis em participar desta “revolução”, como forma de apoiar Dhlakama que declarou publicamente que prefere perder a vida pela causa do povo e que o seu principal objectivo consiste na consolidação de um Estado de Direito em que haja eleições livres e transparentes.

Fonte: WAMPHULAFAX – 21.10.2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

China fornece material de guerra ao Governo moçambicano

Parte desse armamento foi descarregado a semana passada em Maputo
China fornece material de guerra ao Governo moçambicano

Fonte da Polícia confidenciou ao Canalmoz que parte do material bélico foi descarregado a semana passada no Comando da FIR, em Maputo. Disse ainda que a PRM está a equipar-se para reprimir uma eventual revolta popular e que o comandante-geral da PRM, general Jorge Khalau, num desabafo disse há dias que “a população moçambicana já não merece confiança porque já acordou”.

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Maputo (Canalmoz) - Uma fonte da  Polícia da República de Moçambique (PRM) afecta ao Comando Geral admitiu ontem, segunda-feira, em declarações exclusivas ao Canalmoz, que o armamento descarregado na passada quinta-feira no Comando da Força de Intervenção Rápida (FIR), em Maputo – que o Canalmoz fotografou – é proveniente da República Popular da China.
Quantidades não especificadas de equipamento militar entraram no país por via marítima, segundo a fonte, embalado em contentores.
O armamento foi descarregado no Comando da Força de Intervenção Rápida (FIR) na cidade de Maputo.
A fonte do Comando Geral da PRM, que nos pediu anonimato, disse que o material descarregado é proveniente da China, no âmbito da cooperação existente entre aquele país asiático e o Governo de Armando Guebuza.
A mesma fonte aludiu que a entrada do referido material bélico não é nenhuma novidade dado existir um acordo de cooperação com esse propósito.
Pelo menos 10 contentores foram descarregados a semana passada em 5 camiões, numa operação que foi acompanhada pelo comandante-geral da PRM, Jorge Khalau.

2011_10_14_002

O comandante-geral da PRM, general Jorge Khalau, citado pela fonte, disse em ambiente policial que “a população moçambicana já não merece confiança, porque já acordou”.
Ainda de acordo com a mesma fonte, a Noringo – uma organização do governo chinês – tem estado por detrás do fornecimento de armamento ao Governo moçambicano.
Segundo o nosso interlocutor, pelo menos 7 técnicos chineses estiveram no país a formar técnicos moçambicanos da Polícia da República de Moçambique no capítulo de manuseamento e uso do armamento e outro material bélico que está a ser fornecido.
O NP2 é um projecto modelo ao abrigo do qual a República Popular da China está a armar o governo moçambicano e ao abrigo do qual os técnicos formados operam.
A fonte não adiantou mais pormenores sobre o assunto, tendo apenas acrescentado que mais armamento é esperado no país proveniente da China. (Bernardo Álvaro)
Diana entra para história pelos piores motivos

Aldina dos Santos (Diana)
ALDINA dos Santos (Diana) entrou para a história, esta semana, pelos piores motivos na vida de um ser humano. É a primeira moçambicana e cidadã da região da SADC a ser condenada à prisão perpétua por prática de crimes relacionados com o tráfico internacional de seres humanos para fins de exploração sexual.
A frieza da jovem até assustou a juíza sul-africana que presidiu o caso, com mais de duas décadas de experiência, chegando mesmo a dizer que era algo inédito e que pode merecer matéria para os escritores fazerem um livro. Segundo ela, os contornos usados pela ré, a sua frieza, o calculismo, a falta de arrependimento e o alto sentido de organização da sua rede criminosa podem fazer disto um grande livro, mas que nunca para servir de exemplo.
Exemplar tem que ser a pena de prisão perpétua, em que os agentes do crime organizado devem sentir a mão dura da justiça e quem ainda não entrou neste mundo melhor é continuar de fora. Por outro lado, segundo o tribunal, tudo o que aconteceu tem atributos para ser uma novela, ficando-se apenas pelo imaginário, e não algo real, porque é muito doloroso.
Diana conseguiu ludibriar as três menores e pô-las debaixo de uma tremenda tortura, a gerar riqueza para o seu bolso. Aliás, segundo a magistrada, ela nunca chegou a demonstrar arrependimento pela crueldade com que tratava as suas vítimas, pois o que mais lhe preocupava era o lucro fácil, desgastando o corpo de inocentes que depositaram total confiança nela em lhes proporcionar uma vida diferente da que levavam em Maputo.
Prova disso, de acordo com o tribunal, é que as jovens nem sequer tiveram tempo de se despedir das famílias quando foram interceptadas e enganadas a 6 de Janeiro de 2008, na Praia da Costa do Sol. Diana traiu a total confiança que as jovens depositaram nela, visto que nem o trabalho no salão, nem a continuidade de escolaridade foram assegurados.
Assim, quando desembarcaram na RAS e antes de iniciar com a sua exploração, Diana fez questão de levá-las para um salão cabeleireiro onde tratou de melhorar o visual das vítimas para que fossem mais atraentes aos seus clientes.
O alto sentido de preparação deste crime foi ainda descrito pelo tribunal como único, visto que Diana passou da fronteira sem qualquer documento das jovens. Pelos vistos, detinha o controlo de alguns agentes fronteiriços que permitiram que ela passasse sem qualquer problema.
Pelos contornos deste crime, o tribunal vê adequada a prisão perpétua como a pena máxima para a ré, pelos três crimes de tráfico. Os 12 meses a que foi condenada ainda por prática de crimes relacionados com a exploração sexual de menores já foram cumpridos e não têm qualquer relevância de momento.  
Assim, chega ao fim esta longa história de tráfico de três menores moçambicanas para efeitos de exploração sexual na África do Sul. Diana vai cumprir a pena na Cadeia de Máxima Segurança de Pretória. De 32 anos de idade e mãe de dois menores, Diana explorou sexualmente as suas vítimas de 15 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 2008, num condomínio de Moreleta Park, arredores de Pretória.

VÍTIMAS SÓ COMIAM DEPOIS DO ACTO SEXUAL

DIANA usava métodos condenáveis para forçar as miúdas a fazerem o que ela bem queria, como forma de o seu “negócio” não falir. Uma das formas veementemente reprovadas pelo tribunal é que a ré condicionava as refeições ao sexo. Ou seja, as vítimas só comiam alguma coisa quando fossem à cama com os clientes dela e fazerem tudo o que estes mandassem.
Assim, para que elas dominassem algumas técnicas sexuais eram obrigadas a assistir vídeos pornográficos e algumas sessões de amor entre Diana e o seu namorado. Vezes sem conta as vítimas tinham que desfilar nuas e serem fotografadas pela traficante para que as suas fotos fossem expostas na Internet, de modo que os clientes pudessem apreciar e reservar algumas sessões de sexo.
Outro método por ela usado foi de isolar as três jovens, cada uma no seu quarto. Diana deixou claro que quem tentasse fugir não teria para onde ir, pois elas não tinham dinheiro e nem documentos. Uma vez na situação de ilegais, segundo ameaçava, elas seriam mortas e jamais voltariam a ver os seus familiares. Como as jovens não sabiam falar nenhuma das línguas sul-africanas e muito menos conheciam a “terra prometida”, acabaram por se submeter às chantagens da traficante.
Para que nada falhasse e não corresse o risco de perder clientes, Diana dava doses excessivas de estimulantes (drogas) para que elas se sentissem capazes de executar com perfeição tudo o que havia desenhado e ao gosto do cliente. Pelo facto de tomarem drogas elas chegavam a manter relações sexuais com mais de 10 homens por dia.
“A ré nunca pensou no trauma que estava a causar às miúdas, mas sim em ganhar facilmente dinheiro, torturando compatriotas. Em nenhum momento chegou a avisá-las sobre as suas reais intenções. Apenas montou uma estrutura forte para explorá-las e fazer delas o que bem entendesse. Ficou provado que apenas se aproximou delas com objectivos maliciosos. Este tipo de crime equipara-se ao tráfico de droga, que nunca acaba porque há muito dinheiro em jogo. São crimes em que os traficantes sempre têm as pessoas em seu poder para gerar renda ao seu belo prazer. O que você fez foi tirar os direitos das crianças que, mesmo que tentem esquecer o que passaram, jamais conseguirão e viverão para o resto da vida com este trauma” – assim se pronunciou a juíza quando lia a sentença.
 JUÍZA “ATIRA” CONTRA DIANA E SEU CAUSÍDICO
“No mínimo devias ter compaixão com as suas vítimas, pois tens filhas e parentes menores que um dia vão crescer e não vais gostar que alguém possa fazer a mesma coisa com elas. Este caso é sério e relevante para a sociedade, daí que esta pena adequa-se”. Foi com estas palavras que a juíza, emocionada com o caso, começou a sua longa explanação sobre os motivos que levaram à aplicação desta pena, bem como mostrar à ré o quanto errou.
Na mesma leva, o advogado de Diana, que insistia na aplicação de uma pena reduzida e que, no seu entender, as jovens abusadas sexualmente iriam recuperar com o andar de tempo, também foi visado pela juíza.
“Os interesses da defesa, sobretudo da ré, nunca se devem sobrepor aos das vítimas, dos Estados moçambicano e sul-africano, muito menos da organização mundial que luta contra o tráfico de pessoas. Nunca a ré se arrependeu do que fizera. Ademais, jamais deveria ter explorado as menores que, não só sofreram tortura psicológica, mas também física. Quantas vezes não foram violentadas por recusar crueldades? É preciso não esquecer que, por mais que elas tentem, jamais conseguirão esquecer as torturas que viveram. Diana até pode ter um baixo nível de escolaridade, mas o senhor advogado sabe que ela mostrou ter inteligência, um alto sentido de organização criminosa” – disse a juíza.

LÁGRIMAS MUITO ANTES DE CONHECER A DECISÃO

PELO que ficou provado durante os três anos que decorreu o julgamento, Diana tinha a plena consciência de que ia ser condenada. Apenas restava saber que pena lhe caberia. Aliás, esta era a preocupação de todos quantos acorreram ao tribunal e não só.
Mas, quando a representante do Ministério Público insistiu que o tribunal anuísse ao pedido para Diana ser condenada à prisão perpetua, a jovem moçambicana se apercebeu de que o assunto era sério e entrou em nervosismo.
Quando a sessão, que durou mais de três horas, caminhava para o momento decisivo e numa altura em que o MP e o tribunal iam apresentando os argumentos pelos quais a ré iria ser condenada, Diana não aguentou e começou a chorar. Já era tarde, sobretudo porque ao longo destes anos todos de julgamento não assumiu a prática de tais crimes e nunca mostrara arrependimento, deixando transparecer que as vítimas pediram para seguir com ela.
As lágrimas “choveram” até que a juíza deu por encerrada a sessão e os agentes correccionais sul-africanos a retiraram da sala de julgamento para o carro celular, do qual seguiu viagem de volta à cadeia onde entrou em 2008 e lá onde deverá cumprir o resto da sua vida.

ADVOGADO AMEAÇA JORNALISTAS

VISIVELMENTE nervoso por ter perdido a causa, o advogado de Diana tratou de abandonar o tribunal às pressas. Na tentativa de colher alguma sensibilidade dele sobre os passos a seguir com relação à apresentação do recurso sobre a sentença que recaiu à sua constituinte, o causídico não quis falar aos jornalistas do “Notícias” e da TVM, únicos órgãos que cobriram o caso desde que foi despoletado.  
Perante a insistência do colega da TVM, Francisco Júnior, o advogado ameaçou com um processo ou chamar a Polícia para nos prender. Mesmo debaixo desta ameaça, lá se tentou falar com o homem que, carregado da sua maleta de processos, ficou cada vez mais bravo e foi jogando na cara dos repórteres que se não o largássemos chamaria a Polícia.  












      


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Beluluane A: Residentes exigem saída do secretário

Centenas de residentes de Beluluane A, posto administrativo da Matola-Rio, no distrito de Boane, no Maputo, manifestaram-se às primeiras horas de ontem, exigindo a retirada do secretário local, Paulo Manala.
Maputo, Sexta-Feira, 14 de Outubro de 2011:: Notícias
 
A população quer a saída do secretário do bairro, alegadamente por nada fazer para o desenvolvimento socioeconómico da zona, limitando-se em cuidar de negócios pessoais.
Os moradores fizeram barricadas com troncos, impedindo a circulação de viaturas nas vias que dão acesso ao aterro de Mavoco e aos areeiros explorados pelo secretário do bairro.
Há anos que o relacionamento entre as partes não é saudável, mas ainda havia espaço para a convivência. Entretanto, a situação deteriorou-se nos últimos meses, quando para além das anteriores acusações de usurpação de machambas dos camponeses e posterior transformação em quintas, Paulo Manala passou a ser também visto como entrave para a instalação de condutas de água e rede de energia eléctrica em Beluluane A.
Segundo contam os moradores, uma decisão tomada pelo secretário do bairro terá deixado centenas de moradores do interior de Beluluane A fora da rede de abastecimento de água que na altura estava a ser colocada pelo Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG).
Os residentes culpam Paulo Manala por o bairro, situado num dos maiores parques industriais do país, não possuir até hoje energia eléctrica, mesmo após pedidos feitos à Electricidade de Moçambique desde 2007/08.
Para a população, Manala, que a nossa Reportagem não conseguiu ouvi-lo, por estar em parte incerta, é mais empresário que secretário do bairro.
O secretário é proprietário de uma empresa denominada Estaleiros Manala, que explora cinco crateras de extracção de areia para a construção civil.
A chefe do posto da Matola-Rio, Maura Macuácua, esteve ontem em Beluluane para tentar amainar os ânimos, mas o diálogo com a população foi infrutífero. Ela apelou à calma e explicou que a mudança do secretário cabe ao partido Frelimo e não necessariamente à direcção do posto administrativo, mas os moradores insistiram que não querem mais o Paulo Manala como secretário.
A situação só foi controlada cerca das 12.00 horas pela Polícia, que fortemente armada, desobstruiu as vias e permitiu que os camiões carregados de areia saíssem da zona, depois de várias horas retidos.

Gilles Cistac: “Projecto da Frelimo é pouco substancial”

O constitucionalista Gilles Cistac diz que “é inconcebível que se faça uma reforma constitucional para alteração de vírgulas, pontos e nomes”. Vai ainda mais longe: “Este projecto não aborda as reais preocupações dos moçambicanos”.
“Se olharmos para o discurso do presidente da Comissão ad hoc no lançamento do processo, percebemos que ele deu a entender que esta revisão constitucional deve estar à altura do povo moçambicano. É por isso que acho que não pode ser apenas uma revisão de pontos, vírgulas e nome, é preciso voltar a concretizar este ideal da nobreza do povo, e o povo está à espera de uma revisão substancial.
 
Alguns aspectos são meramente formais e não acrescentam muito à Constituição vigente. Se queremos uma reforma constitucional nobre, é preciso ir mais além desta proposta. Penso que havia muita coisa a rever, como a mudança ou não do sistema de governo, pois já é um debate que está a haver no país.

Um verdadeiro milagre - governo Moçambicano laico por conveniência?



Machado da Graça

A presença de membros do governo, nomeadamente o Primeiro-Ministro, no acontecimento Dia D, da Igreja Universal do Reino de Deus causou surpresa e descontentamento em muitas pessoas, até mesmo aqui no SAVANA.
No meu caso o descontentamento foi profundo, principalmente por Aires Ali ter afirmado que lá estava “em nome de todos os moçambicanos”, segundo me disseram. Ora eu não passei procuração ao sr. Primeiro-Ministro para me representar num tal acto. E creio que, nas minhas circunstâncias, estarão muitíssimos moçambicanos.
Já a surpresa não foi nenhuma. Desde que aquela seita chegou a Moçambique, a sua ligação ao Partido Frelimo tem sido profunda e permanente.
Não podemos esquecer que a IURD, quando se instalou entre nós, ocupou os 3 andares superiores do prédio onde está instalado o Comité Central do Partido Frelimo. Coisa espantosa por todas as razões, incluindo a segurança, mas que aconteceu. Dizem-me que, ainda hoje, estão instaladas no terraço desse prédio as antenas da rádio e da televião dos universais reinadios.
E, a partir daí, a IURD e o Partido/Governo têm-se dado como Deus e os anjos, como se costuma dizer. Em que a IURD toma para si o papel de Deus e o Partido/Governo o dos anjos.
Ainda em Junho a IURD publicou em alguns jornais páginas de publicidade em que se podia ver uma enorme fotografia de um serviço político/religioso em que um pastor rezava por Armando Guebuza e, ao seu lado, 11 pessoas carregando, cada uma, uma grande foto do Chefe de Estado.
Também não há muito tempo, quando esteve em Moçambique o dono da IURD, o bispo Edir Macedo, foram publicadas nos jornais outras páginas de publicidade, com fotos, numa das quais está o dito bispo Macedo abraçado ao Presidente da República, ambos muito sorridentes.
O facto de, já nessa altura, o bispo estar acusado, perante a Justiça brasileira de uma série de traficâncias criminosas, não parece ter incomodado minimamente o seu parceiro de foto.
É verdade que, uma vez por outra, tem havido sombras nesta tão grande amizade. E uma delas foi quando o Município de Maputo recusou à IURD a autorização para construir a sua catedral na av. Julius Nyerere, num dos locais mais nobres da cidade. Não sei mesmo se essa recusa não terá contribuido, de forma significativa, para que o Dr. Eneas Comiche não tivesse sido apresentado, de novo, como candidato da Frelimo ao município, nas eleições seguintes.
Portanto, só se surpreendeu com a presença de membros do governo naquela feira dos milagres, quem anda distraído com estas coisas.
Curioso, no entanto, foi terem escolhido Aires Ali, que suponho islâmico, para reprentar o Partido/Governo naquela coisa. E, mais curioso ainda, ele ter aceite.
Isso sim um verdadeiro milagre.

Professores e encarregados de educação “atacam” governo em Sofala

Pais e encarregados de educação e professores da  província de Sofala dizem-se zangados com o governo pelo facto de o país não possuir uma política clara sobre infra-estruturas escolares, particularmente carteiras. Para eles, não se justifica que passados 36 anos de independência ainda haja escolas sem carteiras, num país onde há muita madeira que diariamente é exportada em grandes quantidades. Macaza Araújo, falando em nome dos pais e encarregados de educação, durante as festividades do dia do professor, ontem assinalado, referiu que “não se explica e nem se entende o  facto de  algumas escolas não possuírem carteiras, cadeiras e muito menos secretárias para os professores, numa província que produz muita madeira. Isso é inconcebível e estamos perplexos com esta situação”. O governo não está preocupado em melhorar as condições de estudo dos seus educandos, ou seja, “aqui falta uma estratégia. Na nossa opinião, o governo provincial deve intervir, buscando soluções concretas

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

GOD IS REALLY AT WORK
Inspiring please read it to the very end.

TRUE STORY.
A woman baked bread for members of her family and an extra one for a
hungry passerby. She kept the extra bread on the Window-sill, for
whosoever
would take it away. Everyday, a hunch-back came and took away the bread.

Instead of expressing gratitude, he muttered the following words as he
went his
way:

"The evil you do remains with you: The good you do, comes back to you!"
This went on, day after day. Everyday, the hunch-back came, picked up
the
bread and uttered the words: "The evil you do, remains with you: The
good you
do, comes back to you!" The woman felt irritated. "Not a word of
gratitude,"
she said to herself... "Everyday this hunch-back utters this jingle!
What
does he mean? "One day, out of desperation, she decided to do away with
him.

"I shall get rid of this hunch-back," she said. And what did she do? She
added poison to the bread she prepared for him! As she was about to keep
it on
the window sill, her hands trembled. "What is this I am doing?" she
said.

Immediately she threw the bread into the fire, prepared another one and
Kept it on the window- sill. As usual, the hunch-back came, picked up
the
bread and muttered the words: "The evil you do, remains with you: The
good you
do, comes back to you!"

The hunch-back proceeded on his way, blissfully unaware of the war
raging in t he mind of the woman. Everyday, as the woman placed the bread
on the
window-sill, she offered a prayer for her son who had gone to a distant
place to seek his fortune. For many months, she had no news of him.. She
prayed for his safe return. That evening, there was a knock on the door.
As she opened it, she was surprised to find her son standing in the
doorway..

He had grown thin and lean. His garments were tattered and torn He was
hungry, starved and weak. As he saw his mother, he said, "Mom, it's a
miracle I'm here. While I was but a mile away, I was so hungry that I
collapsed.
I would have died, but just then an old hunch-back passed by. I begged
of him for a small part of his food, and he was kind enough to give me
whole bread. "As he gave it to me, he said, "This is what I eat
everyday:
today, I shall give it to you, for your need is greater than mine!"

"As the
mother heard those words, her face turned pale and red. She leaned
against the
door for support. She remembered the poisoned bread that she had made
that
morning. Had she not burnt it in the fire, it would have been eaten by
her own son, and he would have lost his life! It was then that she
realized
the significance of the words: "The evil you do remains with you: The
good
you do, comes back to you!" Do good and; Don't ever stop doing good,
even if
it's not appreciated at that time.

If you like this, share it with others and I bet you, so many lives
would be
affected. Have a wonderful day. Remember, "God is what we need, so do
the
will of God!"

quarta-feira, 12 de outubro de 2011


Funcionários do Estado no Dondo denunciam descontos obrigatórios para congresso da Frelimo

Funcionários do Aparelho do Estado afectos na área da educação, maioritariamente professores, no distrito do Dondo, província de Sofala, denunciaram que estão a ser descontados obrigatoriamente quinhentos meticais dos seus salários alegadamente para apoiarem a realização do 10º Congresso do Partido Frelimo, a ter lugar, próximo ano, na província de Cabo Delgado.

Segundo o jornal O Autarca, alguns professores afirmaram que tais descontos iniciaram em Setembro e, tudo indica que vão decorrer todos os meses até Agosto de 2012.

Um professor afecto na Escola Primária Completa de Mutua diz que essa prática é lamentável visto que não são todos docentes que são membros do Partido Frelimo, começando por exemplificar a sua pessoa.

Tendo solicitado anonimato, o mesmo professor opinou que os descontos não deviam ser de carácter obrigatório, mas sim de livre e espontânea vontade.

“A menos que essa obrigatoriedade contemplasse apenas aqueles docentes que são membros do Partido Frelimo” – afirmou, para quem não é obrigatório o funcionário do estado ser membro da Frelimo.

Um outro professor na mesma escola enfatizou afirmando tratar-se de uma injustiça, pior quando se sabe que o que o professor aufere não chega sequer para cobrir as suas necessidades básicas incluindo despesas familiares.

Secretário da Frelimo nega denúncia

Contactado pelo jornal O Autarca, a propósito dessa denúncia, o Primeiro Secretário do Partido Frelimo ao nível do distrito do Dondo, Castigo Hale Chutar, disse não constituir verdade a versão dos professores.

Castigo Hale Chutar afirmou que “isso é falso”, desafiando os denunciantes a apresentarem provas. Chutar negou categoricamente a existência de uma orientação nesse sentido, enfatizando que o seu partido é democrático e não permitiria uma situação dessas.

O Primeiro Secretário da Frelimo ao nível do distrito do Dondo afirmou que tem consciência de que nem todos funcionários do Estado são membros do seu partido, considerando esse cenário normal no contexto da democracia multipartidária.

A fonte convidou todos funcionários do Estado no distrito de Dondo a não terem receio de se identificar com outras formações políticas
Concessão a China
O governo de Moçambique concedeu à empresa chinesa África Great Wall uma licença de prospecção de areias pesadas no distrito de Angoche, província de Nampula, informou em Maputo a ministra dos Recursos Minerais moçambicana, Esperança Bias.

A ministra informou ainda que a Africa Great Wall vai investir 30 milhões de dólares para vir a conseguir uma produção de 200 mil toneladas de ilmenite, zircão e rutilo na mina de Sangage.

Os referidos minérios são usados na aviação, fabrico de peças ortopédicas, tintas, plástico e outros fins.

“Esta mina vai gerar emprego, pagar impostos de superfície e sobre a produção. Só em impostos, esperamos que em média anual, já em fase de exploração da mina, o Estado encaixe cerca de quatro milhões de dólares”, afirmou Esperança Bias.

Os depósitos de areias pesadas de Sangage têm um tempo de vida de 15 anos e os minérios serão processados no local, acrescentou a ministra.

Moçambique já tem reservas de areias pesadas identificadas nos distritos de Moma, na província de Nampula, e Magude, província de Maputo, sul do país.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PELA PAZ HÁ QUE JOGAR LIMPO E SEM DEMAGOGIAS

Só haverá perdedores se o processo descarrilar…
Por: Noé Nhantumbo

A luta política que se desenrola em Moçambique exibe contornos complicados na medida em que os protagonistas actuam de maneira dúbia e muitas vezes sem a clareza que se impõe.
Há como que uma mistura permanente de interesses individuais com os públicos acompanhado de uma relutância em incluir os outros no projecto de construção da nação moçambicana.
Uns que por circunstâncias históricas tiveram se encontram no poder e outros que se bateram para alterar o quadro político nacional aparecem monopolizando ou querendo monopolizar o que se faz em termos políticos no país.
Por razoes várias mas sobretudo por causa do que se pode denominar de astúcia de uns e infantilismo político de outros todo o processo de democratização após o Acordo Geral de Roma aconteceu sob o signo da fraude e da manipulação.
Os detentores do poder fortemente apoiados por interesses corporativos e governamentais de países como Espanha, Itália e Portugal puseram em marcha uma estratégia de açambarcamento das potencialidades do país. A banca, a indústria e a agricultura comercial de vulto foram tomados por interesses portugueses, sulafricanos.

A indústria e a construção civil forma tomados ou entregues ao desbarato a interesses italianos e sul-africanos com alguma presença assinalável de interesses portugueses. No turismo para da intervenção promíscua e em certa medida ilícita de integrantes moçambicanos que ocupam cargos no governo sentese a presença em peso de interesses portugueses.
Aos vencedores efectivos da guerra civil, os que conseguiram pela força das armas inviabilizar o projecto que o governo da Frelimo tinha para com ao país nada ficou reservado.
Da euforia da vitória e das benesses que a comunidade internacional aparecia disposta a conceder, viu-se muitos exguerrilheiros com indubitável competência militar, serem embrulhados e habilmente adormecidos. O famoso “trust fund” cedo acabou e os problemas começaram.
Seria interessante saber o que fez a ONUMOZ e seus observadores nas primeiras eleições multipartidárias. Existe a percepção de que havia instruções prévias para não permitir que a Renamo fosse vencedora das eleições mesmo que o número de votos arrecadado fosse superior aos da Frelimo e seu candidato.
Uma dose de paternalismo no sentido de decidir o que era melhor para os moçambicanos por parte de chancelarias ocidentais terá influído para os resultados finais anunciados pela CNE. Interesses económicos relacionados com a exploração de recursos naturais no país terão jogado a favor da Frelimo na medida em que quase todos os recursos em exploração na altura estavam nas mãos de portugueses e espanhóis. A Itália tinha se constituído num parceiro de peso do governo moçambicano e suas empresas não tardaram a lucrar com esse posicionamento de seu governo.
Albergar as negociações de paz que conduziram eventualmente ao acordo de 4 de Outubro teve sem dúvidas os seus dividendos para variados “parceiros”. Cada um ganhou a sua parte. Se a por exemplo a Lonrho teve facilidades em dominar o sector algodoeiro nacional isso deve-se a intervenção de seu PAC como facilitador no processo. A CMC e como sabemos italiana, país que deve ter tido a maior contribuição financeira e política para o sucesso das negocia coes entre o governo da Frelimo e a Renamo. Em política nada acontece por acaso e o que aconteceu a posterior foi devido a todo um xadrez que foi sendo montado com alguma mestria.
Passados alguns anos a liderança da Renamo verificou que estava na “estaca zero”.
Eleitos sempre com suspeitas de fraude, falta de tratamento condigno aos seus guerrilheiros que integraram as FADM, falta de progressão na carreira militar para os mesmos e desmobilização ou passagem à reserva precoce, descriminação no acesso a formação avançada tornaram as coisas complicadas para a liderança da Renamo. Embora houvesse e haja todas as condições para acomodar materialmente boa parte da liderança esta tem por via da história e mesmo de suas aspirações políticas de prestar contas aos seus membros e especialmente para os exguerrilheiros.
Uma estratégia de corrosão activa embora lenta da Renamo, infiltração e subversão, aliciamento de seus membros por via da oferta de facilidades financeiras e de credito nos bancos sob seu controle da Frelimo acabaram tendo os seus efeitos.
Uma prestação sem a pujança e a qualidade dos primeiros pleitos eleitorais no sistema pluralista levou a redução drástica dos membros da Renamo com assento no Parlamento.
E o que acontece nos dias de hoje, com desinteligências entre Afonso Dlakama e seus deputados na Assembleia da República levaram que líder da Renamo ignorasse os meios políticos e avançasse para uma área onde ainda mantém controlo de seus ex-guerrilheiros.
O líder da Renamo é político adulto e sabe que se a Frelimo não aceita um diálogo sério sobre a condução dos assuntos políticos e económicos do país apoia-se no controlo das FIR e das FADM.
Mas é sabido quão relativo é de facto esse controlo. Durante a guerra civil todos sabem que o exército governamental, fortemente apoiado por forças militares tanzanianas, assessores cubanos, alemães da ex-RDA, da ex-URSS, contingentes consideráveis do Zimbabwe não levou de vencida. A guerrilha da Renamo foi efectiva e seus integrantes saíram da guerra como um experiencia acumulada que não se pode menosprezar.
Dizer que não há condições para o regresso à guerra é uma afirmação que não corresponde à verdade.
Nunca ninguém sonhou que a Costa do Marfim algum dia teria uma guerra civil. Mubarak. O coronel Kadafi e seus filhos bem como sua corte jamais imaginariam que sairiam de Tripoli a correr.
É preciso que os políticos dignos desse nome aprendam rapidamente com a história e que façam tudo para preservar uma paz que tenha sentido e seja do interesse dos cidadãos.
A apropriação do país por uma clique que se julga mais moçambicana que todos é um dos caminhos que tem potencial de levar o país de volta à guerra.
Sejamos honestos e objectivos nas nossas considerações e analises para não enganemos os outros e a nós mesmos.
Desenvolvimento e progresso, acesso as possibilidades e potencialidades do país não é um favor que alguns concedam a maioria mas sim uma obrigação de governantes sensatos e comedidos.
A distribuição pontual de regalias, cargos governativos e na esfera de defesa e segurança a alguns naturais do centro e norte do país, não retira aos cultores da “teoria do Império de Gaza”, material para sustentar que o Sul do país colhe benefícios especiais na esfera económica e política.
Os que dizem que Maputo é o país e que o resto é só paisagem continuam a ter razão porque as assimetrias não param de crescer. Basta de demagogias e de presidências abertas que só consomem recursos escassos.
É preciso que o PR se engaje com a responsabilidade que o cargo lhe confere, ao árduo trabalho de tudo fazer, para evitar que os ânimos se exaltem e que alguns oportunistas no seio de seu partido e de outras forças políticas lancem os moçambicanos para mais uma aventura fratricida. O PR tem de compreender que há gente no seio de seu partido interessada que ele falhe.
Queremos a paz mas não qualquer paz. Uma paz em que os moçambicanos tenham dignidade e recebam pelo que façam e não sejam sujeitos entregues à mendicidade e ao crime para garantirem a sobrevivência.
Centenas e centenas de jovens e crianças em idade escolar percorrem ruas de cidades e vilas, fazendo trabalho infantil, explorados por seus compatriotas na impossibilidade de acesso à escola e ao emprego.
A prostituição não pode ser a via de solução dos problemas e necessidade de elevado número de raparigas deste país.
Os velhos, deficientes tem de encontra estruturas governamentais de apoio efectivo e não o insulto que são os valores actualmente atribuídos enquanto uma minoria de titulares de cargos governamentais esbanja o que até é de todos…
Na tarde de ontem, domingo
Avião militar norte-americano descarrega armamento em Maputo

Maputo (Canalmoz) - Um avião cargueiro militar da Força Aérea dos Estados Unidos da América (EUA), “Glaxy C-7”, aterrou ao princípio da tarde de ontem, domingo, na Base Aérea das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) localizada no Aeroporto Internacional de Maputo, e deixou no local armamento de guerra.
O Canalmoz apurou que o aparelho deixou o território moçambicano duas horas depois, ou seja, perto das 16 horas, para destino desconhecido.
Fontes das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, garantiram à nossa reportagem que o avião militar americano transportava material bélico.
“O aparelho traz material militar de cooperação”, disse laconicamente ao Canalmoz uma fonte militar que não quer ser identificada.
Um oficial superior da Polícia da República de Moçambique (PRM) disse à nossa reportagem que “o avião Glaxy, militar, traz material militar de cooperação que está de passagem”.
A nossa reportagem procurou saber da mesma fonte, qual o destino do referido material militar. “É para a Swazilândia”.
No Aeroporto Internacional de Maputo, à Reportagem do Canalmoz foi vedado o acesso a pista. Mesmo assim conseguimos captar de longe a imagem do aparelho quando se preparava para levantar o voo.
Recentemente, no porto de Maputo, um contentor foi apreendido pelas autoridades moçambicanas, porque alegadamente continha armamento que era levado para Swazilândia. Mas tarde, as próprias autoridades moçambicanas vieram a público dizer que o contentor não continha armamento, mas, sim, “brinquedos para crianças da Swazilândia”.
Na Swazilândia a monarquia local está a abraços com a oposição política (civil) que exige reformas constitucionais, políticas e a realização de eleições livres justas e transparentes.
Em Moçambique, o líder da Renamo – o segundo maior partido político da oposição – vem ameaçando realizar uma revolução para derrubar o governo da Frelimo.
Recentemente, o governo moçambicano acusou os Estados Unidos da América de estar apoiar militarmente a Renamo para levar avante as suas pretensões de derrubar o executivo do presidente Armando Guebuza, uma acusação prontamente refutada pela representação diplomática dos EUA em Maputo, que as considerou de “infundadas”.
Afonso Dhlakama tem vindo a dizer que o seu partido tem homens fortemente treinados e equipados militarmente capazes de “atirarem em caso de necessidade”, ao que o ministro da Defesa, Filipe Nyussi, respondeu que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) estão preparadas para actuar “em caso de ameaça à soberania”. (Bernardo Álvaro)

domingo, 9 de outubro de 2011

Governo testemunhou milagres da IURD no dia D

Por Lázaro Mabunda
Por outras palavras, o Governo licenciou burladores para actuarem livremente num mercado de “cegos”.
O Governo, através do primeiro-ministro, Aires Ali, testemunhou e legitimou, há dias, os milagres protagonizados pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Cada vez mais fico convencido de que o poder financeiro da Igreja Universal não só já controla o poder político, judicial, o sistema financeiro, a imprensa, o parlamento, como também os manipula. É assim que funciona a máfia. Primeiro, controla o sistema financeiro, depois o político e, finalmente, o país, determinando as regras do jogo, em todos os sectores.
A partir da altura em que um governo acede a um convite de um grupo religioso que se aproveita da ingenuidade e da fraqueza espiritual de um povo desesperado pelas injustiças sociais, esse governo não pode, de modo algum, perspectivar o seu destino, nem prognosticar o seu futuro. Esse tipo de igrejas só prospera num país pobre, onde encontra um povo desesperado pelo sofrimento a que está sujeito, cujos problemas sociais superam a sua própria expectativa da vida. Um povo desesperado está sempre à espera de salvação. Mesmo que, para tal, essa salvação signifique investir o que não se tem para a sua consecução.
Não compreendo como é que um governo, por via do seu primeiro-ministro, vai legitimar e testemunhar que uma determina seita religiosa faz milagres, ou seja, retira os pobres da pobreza mediante o pagamento de dízimos e apostas, cura cegueira, os coxos deixam de sê-los, os mudos passam a falar, cura doenças incuráveis. Não compreendo também como é que um governo, que se digna responsável, decide apoiar actividades de um grupo religioso que prega a ideia de que a medicina tradicional, usada por maioria do povo moçambicano, é obra diabólica, não aconselhável, o que contraria, até, o projecto do Governo de intensificar a investigação na área de medicina tradicional. Aliás, isso fez com que em 2009, o Governo, através do Ministério da Saúde, na altura de Ivo Garrido, aprovasse a criação do primeiro Instituto de Medicina Tradicional no país, para “promover a valorização deste sector, que tem prestado a sua contribuição para o desenvolvimento da saúde.”
Parece-me estarmos perante um governo de gente de memória a curto prazo para não se lembrar de que quase tudo o que a Igreja Universal prega como seu evangelho é contrário aos seus planos sociais, quer da redução da pobreza como do combate a doenças diversas, cuja medicina convencionar ainda tem dificuldade de curá-las. Ao ser testemunha das actividades aparentemente ilícitas, o Governo está a emitir uma licença à Igreja Universal no sentido de intensificar o seu exercício de manipulação social com vista a enganar os menos atentos, sobretudo os pobres, a darem o que não têm para a sua salvação e prosperidade. Por outras palavras, o Governo licenciou burladores para actuarem livremente num mercado de “cegos”.
É espantoso que o Governo não tenha procurado informar-se sobre os problemas que esta igreja tem tido noutros países. Em Angola, foi banida por esse exercício de manipulação. Em Portugal, um crente que apostou 150 mil euros e não teve nenhum retorno, levou a igreja à barra da justiça. Foi burlado. Aqui em Moçambique há relatos disso também. No Brasil, no mês passado, o Ministério Público Federal acusou a IURD de ser uma quadrilha de lavagem de dinheiro dos fiéis. Esta igreja teria utilizado os serviços de uma casa de câmbio de São Paulo para mandar recursos financeiros de forma ilegal para os Estados Unidos, entre 1999 e 2005. Mais: “pregadores valem-se da fé, do desespero ou da ambição dos fiéis para lhes venderem a ideia de que Deus e Jesus Cristo apenas olham pelos que contribuem financeiramente com a Igreja, e que a contrapartida de propriedade espiritual ou económica que buscam dependem exclusivamente da quantidade de bens materiais que entregam”.
O Combate à pobreza que o Governo apregoa deve passar por combate às burlas à população, a todas as formas que contribuem para o empobrecimento dessa população. Quando um chefe da família deixa de pagar a escola dos filhos e de os alimentar porque tem de doar esse valor à igreja como aposta ou dízimo, o Governo deveria preocupar-se e, acima de tudo, devia prender os autores dessa burla em nome de combate à pobreza e da protecção dos seus cidadãos contra os burladores revestidos de pele de Deus. Aliás, a campanha do dia D, num país normal, mais do que ser testemunhada e legitimada pelo Governo, era motivo para se iniciar uma aturada investigação para se apurar os seus reais objectivos e a proveniência do dinheiro usado para o efeito em campanhas publicitárias, arrendamentos de três estádios, aluguer de viaturas, entre outros.
O PAÍS

sábado, 8 de outubro de 2011

Simplicidade de música perfeita

Ali Faqui mostra toda sua potência no Music Box Live especial
Abandonado pelo pai ainda ao nascer, encontrou na música um espaço para reinventar as suas felicidades. Ali Faqui mostra toda essa sua potência esta noite no Music Box Live especial.
Longe dos anos que cantou “Kinaxikuru”, com uma forte tonalidade na voz, mas com os olhos e o corpo a demonstrarem timidez de um principiante, Ali Faqui aparece no Music Box Live Especial de hoje com pose de um senhor. Não é o menino assustado dos outros tempos que sem se ter definido – disse-nos quando o entrevistámos – escondeu-se na dança. “Mas eu não era bailarino”, reconheceu. A percussão, com os ritmos makuas, que nos lembram um lento ondular que arrasta os barcos para o porto e as mulheres cantam com finas vozes de bases árabes, tinha sido o seu outro refúgio.
A percussão tem tudo de magia. Ali Faqui sabe disso como também sabia na altura que precisava encontrar o seu caminho. Ele foi à busca do seu sol, uma forma para a esquecer o passado de rejeição pelo pai ainda ao nascer. Até podia ser a estrela em “dó” maior em Nampula, mas foi em Maputo que se lançou para outros cantos. Entrou para a lista dos respeitados. Cantou “Salif Keita” em homenagem ao músico maliano e, mais tarde, iria gravar o álbum “Rehema”, algo como “Felicidade” e posicionar-se no seu pódio. É este o artista que nos surge hoje no Music Box Live especial.
Para Ali Faque, a música é “uma reflexão da existência artística que eu tenho”. A música sairia desse olhar simplista resumida num ritmo, simplesmente para dançar e vai-nos dar um campo mais amplo. Mas não foi simplesmente por esse carácter “existencialista” que definiu pela música. Ali Faqui “culpa” a natureza por ter aparecido – como se definia antes – entre “os eleitos”.
“A natureza fez-me entrar na música, isto porque quando era criança imitava músicas dos mais velhos e aos 5 ou 6 anos cantava e ouvia de vez em quando Fanny Fumo e  músicos estrangeiros.”
Mas, curiosamente, foi o cinema que o inspirou, nos intervalos que ouvia Steve Kekana com aliados da ANC a formar a plateia.
“Os filmes inspiraram-me muito. Gostava de ver “Ali Baba e os 40 ladrões”. Estas coisas de  cinema fizeram-me imitar a música indiana. Também imitava  Steve Kekana, cheguei a ganhar um prémio oferecido por alguns aliados do ANC que me ouviram cantar. Eles admiraram por eu cantar bem Steve sem nunca ter estado na África do Sul e sem sequer o conhecer. Ofereceram-me um aparelho de som e disseram-me que não me conseguiriam dar algo melhor que o presente que ganhei.”
Há poucas horas de se fazer ao palco de Músic Box Live, não tem dúvidas quanto ao programa. “A forma de fazer entender que nós não podemos nos limitar a escutar a música de fora, a nossa também tem valor, é esta que o Music Box Live está a fazer”.
O programa faz com que o artista toque ao vivo e Ali Faqui acredita que isso oferece uma outra forma de estar na música. “cantar ao vivo permite-te fazer maravilhas, ao tocar-se ao vivo  consegue-se conversar e interagir com o público, é uma outra maturidade”.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Exploração de carvão em Tete: Busca de emprego pode gerar convulsões sociais
 
Umas das últimas vozes fizeram-se ouvir quarta-feira, na cidade de Tete, durante os debates de um seminário sobre Economia extractiva, Acesso à informação e Cidadania co-organizado pela Ibis Moçambique e seus parceiros.

Um cidadão que se identificou como José Tomás, membro da Associação de Apoio à Assistência Jurídica, disse que a província de Tete, principalmente a sua capital e o distrito de Moatize, “estão a ser invadidos por gananciosos e ambiciosos que não respeitam em nada as tradições. As comunidades não são informadas do que se passa e nós os locais não temos emprego porque vem gente de outras províncias tomar os nossos lugares”.

Falando perante uma sala cheia de governantes, membros de outras organizações da sociedade civil, académicos, estudantes e jornalistas, finalizou afirmando que “as pessoas estão muito inquietas nas próprias tocas”.

Quando o auditório ainda digeria o pronunciamento de José Tomás, cujo tom da voz revelava uma certa mágoa, Henriques Seven, um estudante local, alertou que a forma como os processos em torno da exploração dos recursos naturais são conduzidos em Tete “poderão resultar em convulsões sociais, na medida em que os nativos não estão a ser empregados, tal como se esperava”.

O seminário, que visava analisar diversas questões em torno dos contratos de exploração mineira e até que ponto a sociedade civil e o público em geral possuem informação mínima, foi composto por três apresentações intercaladas por debates.

O primeiro tema “Acesso à informação como direito fundamental” apresentado por Paulo Comoane, do Centro de Direitos Humanos da Universidade Eduardo Mondlane. Chamou atenção para a necessidade de canalização de dados ao público como cumprimento de uma das primícias da Constituição da República.

Nuno Castel-Branco e Rogério Ossemane, do Instituto de Estudos Sociais e Económicos, falaram da porosidade da economia e desafios da apropriação, mobilização e utilização da riqueza, enquanto Thomas Selemane, do Centro de Integridade Pública, apresentou resultados da pesquisa sobre impacto doméstico dos mega projectos em Tete, que indicam, entre outras questões, que a presença de estrangeiros cujas despesas são asseguradas por multinacionais concorreu para a inflação que se abate sobre aquela província.
País tem madeira e carpintarias qualificadas PDF Versão para impressão Enviar por E-mail

País tem madeira e carpintarias qualificadas
Escrito por redaçao   
Moçambique tem uma vasta floresta e madeira não falta para o país construir carteiras para os milhares de estudantes que se sentam no chão todos os dias. Sofala, Zambézia e Nampula são as províncias mais ricas em recursos florestais. A umbila e chanfuta são as variedades mais adequadas para os equipamentos escolares. Contudo, é o preço estabelecido pelo Estado que define o material.

Há duas variações de carteiras a serem fabricadas no país, de ferro e madeira ou apenas de madeira. Na Yola Mobília uma carteira maciça é vendida por 4.500 meticais, enquanto a que leva ferro sai por 2.500 meticais. O estabelecimento garante que leva meio dia para fabricar uma carteira.
A Mobílias Mamad cobra pela carteira individual de madeira 2.600 meticais, mais 17% de imposto. As carteiras duplas saem por 5.900 meticais mais o imposto. A fábrica diz que são precisos dois dias para o fabrico, pois é preciso tempo para a secagem da peça.
Nas pequenas carpintarias o preço e o tempo são maiores. Na Chilaule, na avenida de Angola, o preço varia entre os 3.000 e os 4500 meticais. Carteiras para uma turma de 50 alunos levariam 45 dias para ficarem prontas. Na Marcenaria Comiche, há 10 anos no mercado, são precisos três dias para uma carteira ficar pronta.
A Yola e a Mamad já concorreram para o fornecimento de carteiras ao Ministério da Educação. Apenas a Mamad ganhou a licitação e já forneceu equipamento duas vezes. O preço das carteiras e o prazo de entrega são definidos pelo ministério da educação neste caso. “Nas duas ocasiões entregámos 300 carteiras dentro do prazo de 45 dias”, observa Ernesto Mavota, chefe da produção.
Segundo a proprietária da Yola Mobílias, o concurso do ministério deve investigar com maior profundidade as empresas ganhadoras. “Muitas das empresas que se inscrevem nestes concursos não têm carpintarias, apenas escritórios que irão encomendar as carteiras fora. Isso coloca em risco a qualidade do equipamento. Outro aspecto é que os empresários moçambicanos devem ser valorizados, evitando as importações que deixam o país a perder”, sublinha a empresária.