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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Nyusi pediu vitória “5-0”... ganhou pela falta de comparência de 6,5 milhões moçambicanos


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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 27 Outubro 2019 (Actualizado em 28 Outubro 2019)
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A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou neste domingo (27) que o partido Frelimo e os seus candidatos venceram as eleições as Eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais. Filipe Nyusi, que durante a campanha pediu uma vitória “5-0”, foi reeleito Presidente de Moçambique graças a habitual fraude com conivência dos órgãos eleitorais mas também pela incompetência dos partidos de oposição em mobilizarem os 6,5 milhões de moçambicanos que não saíram de casa (nem das redes sociais) para exercer o seu dever cívico.
“O número total de votantes foi de 6.679.008 eleitores, o que corresponde a participação de 50,74 por cento. O candidato Filipe Jacinto Nyusi obteve neste agregado geral 73 por cento dos votos, o candidato Daviz Mbepo Simango obteve 4,38 por cento do total de votos, o candidato Ossufo Momade obteve 21,88 por cento e o candidato Mário Albino obteve 0,73 por cento do total de votos”, anunciou o presidente da CNE, Abdul Carimo Sau.
O apuramento geral dos resultados da 6ª eleição Presidencial indicam que Nyusi obteve 4.507.422 votos porém o número de moçambicanos que foram recenseados para este pleito mas não votou foi de 6.483.313 eleitores.
Mesmo que se descontem os “fantasmas”, que apoiariam o candidato do partido Frelimo, estes números mostram que a maioria dos moçambicanos não votou em Filipe Nyusi mas também não votou em nenhum dos outros candidatos nem mesmo para mostrar a sua posição relativamente ao aumento da pobreza, a falta de Saúde, ao aumento da corrupção ou mesmo sobre as dívidas ilegais.
O @Verdade entende que a maioria dos eleitores que se abstiveram são jovens, muitos deles passam o dia nas redes sociais a maldizer do partido no poder e a culpa-lo pela sua pobreza e falta de oportunidades mas não foram mobilizados por nenhum dos políticos que concorria ao mais importante cargo da Nação. Estes eleitores que não foram votar são também o reflexo da Educação que nas últimas décadas tem sido destruída pelo partido Frelimo, que embora esteja a formar muitos doutores e engenheiros assegura que os mesmos não sejam cidadãos e muito menos activos.
Reagindo a confirmação da sua mais do que provável reeleição Filipe Nyusi mostrou uma humildade que soa a falso: “Quero também hoje e agora estender a minha mão aos meus irmãos Ossufo Momade e Daviz Simango, e a todos os outros que aderiram ao processo eleitoral num claro exercício democrático”.
“Nas eleições foram os meus adversários e sei que não ficarão satisfeitos com os resultados hoje anunciados, mas após as eleições, agora é o momento de unirmos forças para juntos trabalharmos para o bem-estar dos moçambicanos”, declarou o candidato presidencial do partido Frelimo.
Discursando para simpatizantes que se juntaram na escola do partido na Cidade da Matola, Nyusi fez um directo aviso ao partido Renamo, que ainda não entregou todas as armas que se comprometeu quando assinou o terceiro Acordo de Paz, que: “Os partidos políticos em Moçambique já não podem tentar resolver conflitos através de meios violentos, já não há razão de recurso a violência em Moçambique”.
Frelimo volta a ter maioria qualificada do período que contraiu as dívidas inconstitucionais e ilegais
A abstenção também venceu a 6ª eleição Legislativa com 6.540.839 eleitores recenseados que não foram exercer o seu direito cívico. Com apenas 4.194.718 votos o partido Frelimo que vai continuar a impor a sua ditadura do voto na Assembleia da República onde terá 182 deputados, voltando a ter a maioria qualificada que teve durante o segundo mandato de Armando Guebuza período no qual realizou a maior fraude de que há memória: as dívidas inconstitucionais e ilegais.
A Renamo continua a ser o maior partido de oposição mas perdeu muitos votos para a Frelimo principalmente nos Círculos Eleitorais considerados de sua influencia.
No maior Círculo Eleitoral e região de origem do seu novo líder o partido Renamo perdeu os 22 deputados que havia conseguido eleger para o Parlamento e ficou com apenas 16 mandatos.
Na Província da Zambézia onde havia elegido Ivone Soares, Viana Magalhães, José Manteigas ou Isequiel Gusse o partido Renamo perdeu 10 mandatos, elegendo apenas 12 deputados para a Assembleia da República.
Na Província de Sofala, considerado bastião da oposição, o partido Frelimo aumentou de 8 para 14 os seus mandatos no Parlamento indo buscar votos a Renamo, que dos 10 deputados que tinha elegeu apenas 4, e ao Movimento Democrático de Moçambique, que perdeu um deputado.
Paradoxalmente o partido Renamo obteve os seus melhores resultados na Cidade de Maputo, onde aumentou de 3 para 4 o número de deputados eleitos, e na Província de Inhambane onde manteve os dois mandatos que tinha.
Frelimo vai continuar a indicar todos os Governadores provinciais
Na 4ª Eleição Provincial, que no âmbito da descentralização pela primeira vez determina a eleição do Governador de cada uma das dez províncias de Moçambique, o partido no poder desde 1975 arrasou com as pretensões da oposição e conquistou a maioria dos membros das Assembleias provinciais e por conseguinte vai continuar a indicar quem manda em cada uma das 10 províncias.
A obtenção do maior número de membros nas Assembleias Provinciais da Zambézia, Tete e Sofala foi um dos motivos que ditou a contestação das eleições de 2014 e culminou com o regresso de Afonso Dhlakama às matas da Gorongosa. O maior partido de oposição acreditava que não conseguindo chegar à Ponta Vermelha iria começar a governar pelo menos nas províncias mais importantes.
Na Assembleia Provincial de Nampula a Renamo tinha 46 membros, os mesmo da Frelimo, mas o apuramento anunciado pela CNE indica que conseguiu eleger apenas 31 enquanto o seu principal adversário passou a controlar 63 mandatos.
Mas o descalabro aconteceu na Assembleia Provincial da Zambézia onde Manuel de Araújo claramente não conseguiu extrapolar a sua popularidade no Município de Quelimane e a Renamo perdeu os 51 mandatos que tinha elegendo somente 23 membros.
Outra pesada derrota da oposição aconteceu na Província de Tete onde a Renamo tinha 42 mandatos e o MDM 3, na eleição do passado dia 15 de Outubro o partido de Ossufo Momade ficou com apenas 17 membros, o MDM com nenhum e a Frelimo elegeu 65 mandatos para a Assembleia Provincial.
Na Assembleia Provincial de Sofala o partido de Filipe Nyusi conseguiu eleger 60 membros, o dobro dos que tinha em 2014, enquanto a Renamo passou de 45 para somente 13 membros. O Movimento Democrático de Moçambique aumentou um mandato elegendo 8 representantes.

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