02/05/2019
Os novos salários mínimos em vigor em Moçambique, com a pior revisão desde 2016, desmentem “o início do pós-crise” anunciado pelo Presidente Filipe Nyusi em meados de 2018. Apenas 5 por cento de aumento para os sectores da Pesca e Função Pública, este últimos que continuam amordaçados porque o Governo não quer reconhecer-lhes o direito de se organizarem em sindicatos, estão longe da cesta básica que aumentou 10 por cento para 19.637 Meticais.
Na véspera do Dia do Trabalhador a ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social anunciou a ansiada revisão salarial anual, fruto da concertação entre o Governo, patrões e sindicatos que cada vez menos representam os trabalhadores moçambicanos.
“Partindo dos pressupostos da realidade do país que os reajustes pudessem salvaguardar a manutenção dos postos de trabalho e a possibilidade de se criarem novos postos de trabalho e também a manutenção da estabilidade das empresas”, ressalvou Vitória Diogo ao anunciar os piores aumentos desde 2016 e após 3 anos em que os moçambicanos sentiram o seu poder de comprar ser corroído por uma inflação acima de dois dígitos.
Tal como no ano passado a Indústria Mineira volta a obter o maior aumento, 12 por cento, passando o salário mínimo do sector que ainda é o pivot da economia de 8.263,78 para 9.254 Meticais.
O segundo maior aumento vai para o sub-sector da indústria hoteleira com 10,2 por cento, um pouco menos do que a percentagem de 2018 mas ainda assim elevando o salário mínimo de 5.878 para 6.478 Meticais.
Os piores aumentos percentuais no sector privado, 5 por cento, foram para os trabalhadores dos sectores da pesca Industrial e Semi-industrial assim como da Pesca da Kapenta aumentando de 5 115 para 5.370,75 Meticais e de 4.063,50 para 4.266,68 Meticais, respectivamente.
No entanto o sector que mais emprega, cerca de 5 milhões de moçambicanos, teve uma dos aumentos mais baixos, apenas 5,78 por cento para a Agricultura, Cala e Silvicultura o que eleva o salário mínimo de 4.150 para somente 4 390 Meticais.
Assinalável é também o parco aumento para os funcionários dos bancos e seguradores, as únicas empresas com lucros bilionários crescentes nestes anos de crise, mas que viram os salários crescerem apenas 7,25 por cento passado o mínimo de 11.987,60 para 12.760,18 Meticais.
Cesta básica de alimentos ficou mais cara 10 por cento, só a cerveja não aumentou em Moçambique
Para os Funcionários do Estado, que nos últimos meses começaram a enfrentar o drama do atraso salarial tal como os colegas do privado e continuam amordaçados porque não lhes é permitido o direito de se organizarem em sindicatos, o Governo de Filipe Nyusi concedeu “5 por cento para todos”, anunciou na passada terça-feira (30) Armindo Ngunga, o vice-ministro da Educação que foi o porta-voz da sessão ordinária do Conselho de Ministros que aprovou os irrisórios aumentos.
Os moçambicanos têm a plena noção que estão longe de recuperar o poder de compra perdido desde 2016, quando a inflação da comida chegou a quase 50 por cento, e embora desde os meados de 2018 os preços dos produtos alimentares básicos não tenham subido substancialmente a verdade é que os salários mesmo revistos estão longe de ser suficientes.
O Ministério da Saúde recomenda que um indivíduo adulto, para ter uma alimentação equilibrada, deve consumir por mês 3 kg de arroz, 9.1 kg de farinha de milho, 2 kg de feijão seco, 0,5 kg de amendoim, 3,5 kg de peixe seco, 0,5 litros de óleo, 1,2 kg de açúcar, 1 kg de sal, 3,4 kg de folhas verdes e 3,6 kg de frutas da época.
Contas feitas pela Organização dos Trabalhadores Moçambicanos indicam que para uma família moçambicana este rancho que em 2018 custava 18 mil Meticais passou a custar 19.637 Meticais, sem incluir a energia eléctrica, ficou mais cara 21 por cento, o transporte, o custo das telecomunicações móveis que aumentaram... acessível continua apenas a cerveja, cujos preços não mudam desde 2014!
@VERDADE – 02.05.2019
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