"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 30 de abril de 2015

Lei de autarquias provinciais da Renamo chumbada no parlamento

 

30 de Abril de 2015, 17:19

A Assembleia da República chumbou hoje na generalidade o projecto de criação de autarquias provinciais, submetido pela Renamo, que pretendia com esta lei ultrapassar a crise política entre o Governo e o maior partido de oposição.


Dos 236 deputados presentes na sessão plenária, a bancada maioritária da Frelimo chumbou a proposta, com 138 votos contra, enquanto 82 eleitos da Renamo e 16 do MDM votaram a favor.

O Projecto do Quadro Institucional das Autarquias Provinciais previa que a Renamo governasse em seis províncias do centro e norte do país (Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa), onde o maior partido de oposição reclama vitória nas eleições gerais de 15 de Outubro, num modelo de municípios alargados à escala provincial.

A Renamo não reconhece os resultados das últimas eleições gerais e pretendia com este projeto ultrapassar a crise política instalada desde a votação e evitar instabilidade social e desobediência civil generalizada.

O partido de oposição submeteu a proposta de criação das autarquias provinciais ao parlamento, após dois encontros entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que, na ocasião, levantou um boicote parlamentar e posteriormente ameaçou tomar o poder pela força caso a lei fosse chumbada pela maioria da Frelimo.

No projecto, a Renamo defendia a nomeação por Afonso Dhlakama de presidentes de conselhos provinciais com funções executivas em seis províncias do país, a canalização de 50% das receitas geradas pela extração mineira e dos valores gerados pelo setor petrolífero, 1% de alguns impostos cobrados pelo Estado nas autarquias locais, impostos de natureza provincial, bem como impostos autárquicos.

Canal de Moçambique nº 301 de 22.04.2015


29/04/2015

quarta-feira, 29 de abril de 2015

SELO: Taxas e Quantidades de Portagens em Tete - por Plataforma da Sociedade Civil da Cidade de Tete

 
 
 
Vozes - @Hora da Verdade
Escrito por Redação  em 29 Abril 2015
Caro Sr. Presidente da República De Moçambique;
Queira aceitar, antes de mais, as nossas cordiais saudações.
A presente carta é uma manifestação do sentimento das Organizações da Sociedade Civil de Tete, das comunidades, comerciantes e demais cidadãos sem voz e sem uma representação formal. Endereçamos a si esta carta porque entendemos que as novas taxas de portagens foram aprovadas por um Diploma Ministerial. O que significa que mesmo estando em Tete é com o Senhor Presidente que temos que interagir, pois a nível provincial ninguém tem a autonomia de Revogar a um Diploma Ministerial a não ser a si que o ratificou.
Excelência,
A presente carta reflecte as desvantagens e possíveis consequências que as novas taxas de portagens recém-instaladas na Província de Tete irão provocar na vida do cidadão. Antes de discorrer pelo assunto, é importante perceber o contexto socioeconómico em que a maioria de cidadãos da cidade e província de Tete se encontram. Ao analisar a questão precisamos ter em conta que a cidade de Tete é o principal centro económico e administrativo da Província, por isso será usada como base nessa análise.
Infraestruturas
A cidade de Tete e a sua periferia apresentam diferentes realidades em termos de infra-estruturas, serviços, e comércio, frutos de investimentos do sector mineiro. A zona cimento de Tete, com estradas alcatroadas, sistema de esgotos, urbanizada, é a herança do tempo colonial, o desenho das casas e o estado das vias atesta esta afirmação.
São poucas as áreas em que há um plano de urbanização de raiz. Quase que todas as áreas destinadas a habitação da cidade apresentam um padrão de ocupação desordenado que se reproduz a medida do seu crescimento. O que mostra a falta de um Plano Director. As intervenções são todas feitas sem um padrão.
Habitação
Apesar da existência de vários investimentos na província, maior parte das famílias residentes em Tete são pobres a considerar pela precariedade das habitações localizadas em sítios íngremes, pedregosos com precipícios e expostas à erosão, ao desemprego, sobrevivendo a base de biscates, aluguer da casa, da venda a porta de casa ou nos mercados de Kwachena, Cambinde e Canongola.
Condição Social
Muitas vezes estas famílias auferem a um salário mínimo ou menos, conseguido no emprego doméstico (limpeza, guarda e baba e entre outros). Os bairros de Tete têm quase as mesmas características. Estes bairros são desordenados e cresceram nas décadas 80 e 90 como resultado de migrações motivadas pela guerra dos 16 anos e busca de oportunidades e melhoria das condições de vida. Os arruamentos, as infraestruturas e serviços públicos são irregulares.
Excelência,
Apesar do rio Zambeze passar pela Província de Tete, saiba que maior parte de cidadãos de Tete não tem água canalizada. Os poucos que têm um sistema de água canalizada recebem água suja nas suas torneiras, alias há muitos cidadãos nos bairros de Tete em que não sabem o que é jorrar água das suas torneiras. Muitos de nós compramos o precioso líquido para satisfazer as nossas necessidades básicas, mesmo sabendo que o rio Zambeze está às nossas vistas.
Excelência,
Em Tete somente às casas feitas pelo regime português possuem um sistema de esgotos bem estruturado e as demais casas são feitas sem nenhum sistema sustentável de esgoto. Alias, a maioria das casas nos bairros de Tete têm um sistema de esgoto virado para a estrada, eis a razão de se ter águas negras a escorrer por todas as vias.
Famílias
Maior parte das famílias residentes nos bairros e arredores da cidade de Tete são constituídas de adultos e jovens, e muitos destes cresceram dentro do bairro, seus pais idos de áreas rurais, não valorizaram a escola para os filhos, talvez pela falta de preparação para a nova realidade, deixando-os a mercê de uma sociedade e um mercado de trabalho cada vez mais agressivo. Muitos vivem a fazer biscates por curtos períodos, sempre na incerteza do “amanhã”.
Excelência,
Maior parte das famílias de Tete dependem para o seu sustento da machamba, biscates, pequenos trabalhos na vizinhança, muitas vezes em troca de comida e venda nas esquinas da cidade. Há igualmente muitas famílias sustentadas pelos filhos, este facto explica por que há cada vez mais jovens no negócio informal nas ruas, mercados informais e terminais de autocarros. A Província de Tete precisa de empresas que venham para ajudar o cidadão a sair da sua miséria. O povo de Tete não está interessado em alojar empresas que têm como objectivo sugar o pouco que o cidadão ganha do seu suor.
Excelência,
O Estado não pode empregar a todos e não há oportunidade de trabalho para todos, é por isso que há cada vez mais famílias a viverem de negócios em Tete. Muitos negociantes trazem os seus produtos de locais como Angónia, Zóbwe e outros pontos do país e do estrangeiro para sustentar e satisfazer os seus negócios. Na realidade maior parte dos produtos de negócio vem de fora, pois em Tete as indústrias de processamento são escassas. As taxas de portagens que foram impostas sobre o povo irão retardar grandemente os esforços individuais de muitas famílias pobres e aqueles que vivem na base do negócio.
Excelência,
No dia da sua investidura afirmou no seu discurso inaugural que “o povo era o seu patrão”. E com isso entendemos nós que o país é a nossa empresa, nós somos acionistas e vocês são os gestores desta empresa. Sendo assim não é justo que encareçam e dificultem a vida dos acionistas. A vossa missão é gerir da melhor maneira possível e que possam agradar a todos acionistas.
Portagens
Excelência,
Acreditamos que melhor que ninguém, o Senhor já viajou por muitos países africanos e até de outros continentes e por toda a parte há portagens. Na realidade as portagens são benéficas no processo de manutenção e reabilitação das vias. É importante clarificar que ninguém reclama da existência de portagens pois elas são importantes em muitos âmbitos.
Entretanto, o que nos leva a redigir essa carta é para alertar que as taxas das portagens implementadas desde o dia 23 de Março preocupam as comunidades residentes em Tete, preocupam às OSC, preocupam aos transportadores, às empresas e aos demais transeuntes que se fazem circular por aquelas vias. Excelência, nalgumas portagens uma viatura ligeira chega a pagar 350, 500 por cada passagem. Se um cidadão deseja circular ou fazer negócio usando uma camioneta do tipo Toyota Dina ou Mitsubish Canter chega a pagar 1100 de cada vez que este passa pela portagem. Não estamos a falar de taxas de camiões de grandes tonelagens porque o nosso interesse é a vida do cidadão comum.
Excelência,
Nenhuma viatura do governo paga a taxa de portagem. Nenhum governante paga a taxa de portagem. Essas podem ser algumas das razões que fazem com que o governo aprove as taxas sem ao menos consultar o povo. Acreditamos que os cargos de governação não são eternos e tarde ou cedo alguns de vós que aprovastes essas taxas haveis de sentir a dor de pagar 500 mts a cada vez que se passareis pela portagem de Mameme, ou os 350 mts a cada vez que passareis pela portagem de Changara.
Excelência,
As taxas aplicadas nas portagens de Tete assustam aos proprietários de viaturas. São taxas mais altas da África Austral. E a pergunta que muitas vezes nos fazemos é porque temos que pagar esse preço tão alto? É assim que se pretende combater a pobreza? Porque é que essas portagens todas têm de estar em Tete? Será que as nossas estradas são melhores que as de Manica? Que culpa cometeram os cidadãos que residem nesta parcela do país? Porque é que as portagens de Maputo não possuem as mesmas taxas que as portagens de Tete? Será que cidadãos de Tete são economicamente mais estáveis equiparados a cidadãos de Maputo? Será que as vias de Tete são melhores que as vias de Maputo? Será que há mais viaturas a circular pelas estradas de Tete que pela EN1?
Excelência,
Com todo o respeito, as nossas estradas não oferecem uma qualidade internacionalmente aceite. Todas as nossas vias são estreitas, e na maioria dos casos sem espaços para motorizadas, bicicletas e peões, são estradas cheias de buracos e onduladas e não há viatura que resiste muitos anos a usar estas estradas.
Excelência,
Se as vias são péssimas, então, o que estamos a pagar nas portagens? A outra questão que preocupa aos vários utentes das vias é a quantidade das portagens existentes. As 5 portagens se encontram num troço de 259 km segundo o Cartaz da Empresa Estradas do Zambeze, e as duas portagens de Changara encontram se a uma distância de menos de 3 km. Em média, em cada 50 km temos uma portagem. Em que país estamos nós, Senhor Presidente? Que país queremos construir? Que futuro desejamos deixar como herança a futura geração?
As portagens já estão a criar repercussões negativas na vida do cidadão e irá imediatamente encarecer a vida daqueles que vivem ao redor destas portagens e num futuro próximo da província e da região. A lógica é que os transportadores, quer sejam empresas ou particulares, não quererão assumir os custos. Isto significa que estes poderão encarecer os seus serviços de modo a recuperar o valor perdido durante a portagem e aos poucos será instalada a onda de aumento dos preços que culminará com o aumento do preço do produto final. Neste sentido, o cidadão que mal vive será obrigado a pagar a factura.
Excelência,
Qual é a importância económica da ponte Kassuende sobre a cidade de Tete? Nós cidadãos residentes em Tete ainda não percebemos o impacto da nova ponte sobre a vida social do cidadão de Tete. Tudo indica que a ponte veio mais uma vez encarecer a vida do cidadão de Tete. Se a ponte Kassuende tem algum benefício, de certeza que esse benefício não será para o cidadão, nem para a cidade de Tete.
Excelência,
É missão do Governo regular as parcerias público-privadas. Quando estas não se regulam, isto pode significar conivência e falta de interesse da parte do Governo para com o cidadão. Se cada empresa decidir as regras de funcionamento sem a intervenção do Governo este país não terá direcção.
Os preços aplicados às portagens desencorajam que um cidadão se faça transportar em sua própria viatura. Precisamos chamar a consciência de que esta via não possui nada de especial que justifique os preços aplicados. A via em questão é muito estreita e com péssimas condições de transitabilidade, incluído a existência de ondulações, buracos a falta de sinalização. As portagens precisam trazer benefícios ao cidadão e não encarecer a vida deste. A serem assim implementadas, as portagens só irão encarecer a vida do cidadão e aumentar a sua pobreza.
Excelência,
Iniciamos esta carta com uma apresentação socio económica de Tete para mostrar que o povo que habita nos arredores destas portagens encontra-se a viver na pobreza extrema e está sempre em tensão entre a fome e a sobrevivência. É um povo com uma saúde precária, educação instável, habitação lamentável e vive na incerteza do amanhã. Mais do que empobrecer a este povo, o governo precisa desenvolver parcerias benéficas para o povo. Não se combate a pobreza por palavras ou promessas, mas sim por actos concretos.
A subida dos preços de portagens tem muitos significados para o povo, entre elas, a falta de interesse da parte do governo para com seu povo, pois é o governo que regula a acção das empresas; Significa a falta de compromisso na agenda da redução da pobreza do cidadão. Significa também aversão ao real desenvolvimento das comunidades.
Precisamos reflectir profundamente sobre as taxas das portagens implementadas. Porque isto afecta a todos. É urgente que se encontre um meio-termo em todo este processo para que não haja um descontentamento generalizado. Não se pode assistir a este acto com um olhar indiferente e inocente, fazendo isso, nós a Sociedade Civil estaríamos a ser coniventes como aqueles que apoiam a esse projecto.
Sendo assim, vimos por meio desta pedir o seguinte:
  • A Sua Excelência que revogue o Diploma Ministerial nº 25/2015 de 23 de Janeiro e pedimos que se faça uma auscultação aos residentes de Tete sobre o impacto destas taxas;
  • Que sejam diminuídas as quantidades das portagens e as taxas das mesmas;
  • A assembleia da República que se pronuncie, pois a questão destas portagens irá a curto e longo prazo contribuir para o agravamento do custo de vida da cidade, da província, da zona centro e do país no geral;
  • Pedimos a Empresa Estradas do Zambeze que proponha ao governo taxas justas e que não ganhe rendimentos prejudicando ao cidadão moçambicano;
Saudações calorosas Tete, Abril de 2015
Plataforma da Sociedade Civil da Cidade de Tete
1.AAAJC- Ass. de Apoio e Assistência Jurídica as Comunidades; 2.ASA- Ass. Para Sanidade Ambiental; 3.Ass. 25 de Setembro; 4. Ass Arca da Esperança; 5. ACAMO; 6.Aceagrarios; 7. Ass. 1 de Maio; 8.ACVN- Ass. Dos Camponeses do Vale do Nhartanda; 9.AJK- Ass. Juvenil Kubvuma; 10.Ass. De Mulheres Paralegais; 11.ADELT; 12.Ass. Mãe; 13. APITE; 14.AMCP- Ass. De Mulheres Credito e Poupanças; 15.AKK- Ass. Kumaliza na Kubonera, 16.AJM- Ass. Juvenil Mussequere; 17.AKA- Ass. Kuthandiza Azinji; 18.AJGTO- Ass. Juvenil G.T.O; 19.CESC – Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil; 20.DH- Liga dos Direitos Humanos; 21.FAA- Fundação Apoio Amigo, 22.NAFT- Núcleo das Associações Femininas de Tete; 23.Organização dos Camponeses de M’padué; 24. Parlamento Juvenil; 25. Pedras de Massingir; 26. UPCT- União Provincial dos Camponeses de Tete;

GUERRILHEIROS DA RENAMO ABATEM MIG ZIMBABUANO

 

Ouvir com webReader
+ Abatidos 70 militares das forças especiais em Magude
+ Capturado um oficial de alta patente das FDS
É estranho que a imprensa nacional não esteja a reportar a situação militar que se vive em Gaza e agora na provincia de Maputo. Talvez porque os factos sao desfavoráveis ao exército "governamental".
Se se tratasse de derrotas da Renamo o assunto ocuparia grandes parangonas na imprensa sobretudo a pro-"governamental". Aliás, se não fosse o tal de Unay Cambuma o pais e o mundo não teriam conhecimento das "escaramuças de Satungira".
Detalhes nas proximas horas.
(Publicado sob reserva)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Parlamentares “custam” o dobro dos médicos e o triplo dos professores

 
 
 
Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Emildo Sambo  em 24 Abril 2015
Os deputados moçambicanos, eleitos para representar o povo no Parlamento, defender os seus interesses e lutar pelo seu bem-estar, continuam a ir contra estes desideratos e pautam pelo despesismo de ano para ano. Em 2015, a Assembleia da República (AR) vai funcionar com 1.286.717.186,29 meticais. Porém, só a despesa com o pessoal vai absorver 694.845,81 mil meticais, um valor acima dos 225.609,45 mil meticais e 357.341,28 mil meticais destinados aos funcionários da Educação e da Saúde, respectivamente.
Por outras palavras, longe de desprezarmos o trabalho feito pelos nossos parlamentares em prol de quem os elegeu, o que eles vão “gastar” com as despesas de pessoal é mais que o triplo do que precisam, talvez, os 150 mil empregados da Educação e é pouco mais que o dobro do que foi alocado para tantos outros milhares de profissionais de saúde.
Assim, o Estado moçambicano dá azo para que não se tenha dúvidas de que privilegia os deputados e o outro pessoal burocrata da chamada “Casa do Povo”, em “prejuízo” dos docentes e funcionários da Saúde, pese embora, o Governo e a sociedade exijam, recorrentemente, brio profissional, melhor desempenho, maior eficácia e um bom atendimento a estes quadros, bem como a diferentes especialidades da Polícia, em particular a da Investigação Criminal, que labutam em situações adversas, chegando a faltar-lhes uniforme com qualidade e decente, meios circulantes, giz e até luvas médicas.
O povo ainda recorda, com muita tristeza, da greve generalizada dos médicos, enfermeiros, serventes e outros profissionais de saúde moçambicanos, em 2013, a qual durou quase um mês, e que a classe clama pela melhoria das condições de trabalho, mormente por aumento salarial correspondente 100% do seu salário base. Este assunto, não teve um desfecho satisfatório e alguém sentou sobre o mesmo. Os pedagogos também, com milhões de meticais de horas extras acumuladas e de que não beneficiam há anos também tentaram boicotar as aulas devido ao mesmo problema.
O Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar – a agricultura é a base do desenvolvimento nacional, segundo a nossa Constituição mas a realidade prova o contrário – também surge com 108.772,45 mil meticais destinados às despesas com o pessoal, um montante também muito abaixo em relação ao alocado à AR.
Todavia, o Ministério do Interior (MINT) é um dos poucos sectores que, segundo a proposta do Orçamento do Estado para 2015, vai encaixar alguma coisa como 5.645.649,04 mil meticais.
Numa altura em que o crime organizado e demais malefícios sociais tomam conta da sociedade, deixando a tudo e todos aprovados e inseguros, talvez seja para estimular a corporação a combater esta baixaria. O despesismo da AR não para por ai. A construção da residência oficial do presidente daquele órgão legislativo e que fiscaliza as acções do Executivo vai custar 90.142.355 meticais, um valor oito vezes mais que os 10 milhões destinados à edificação da cidadela parlamentar.
O Ministério da Justiça e Assuntos Constitucionais e Religiosos, outro sector chave para o acesso à justiça de que milhares de moçambicanos clamam e com sinais de definhamento, também vai continuar a minguar, pois as despesas com o pessoal (79.889,88 mil meticais) não chegam, nem de longe, aos 694.845,81 mil meticais da AR. Os bens e serviços estão orçados em 41.777,45 para o período em alusão.
As cadeias, que, apesar de alguma melhoria, ainda são consideradas locais que não permitem a regeneração dos detidos, terão igualmente poucos recursos para o pessoal assim como para satisfazer as necessidades de bens e serviços. Cite-se, como exemplo, a Cadeia de Máxima Segurança, vulgo BO, um local cuja celas são repulsivas, que apenas terá 85.987.21 mil meticais para despesas com o pessoal e 56.359.42 para bens e serviços.
O orçamento da “Casa do Povo” aprovado na quinta- -feira (23), com o voto da Frelimo, bancada maioritária, prevê ainda gastos com senhas de combustível no valor de 18 milhões de meticais, para além de outras despesas que com um pouco de austeridade podiam reduzir.
A Renamo e o MDM abstiveram-se, pese embora também vão se beneficiar destas e outras “regalias”. A oposição não vê o orçamento do Parlamento com bons olhos porque na sua opinião não tem sido aplicado de forma sustentável. Os subsídios de renda de casa, água, luz e empregados vão consumir 69.070.220 meticais em 2015.
A Renamo, por exemplo, alega que as instalações da AR se transformaram num cemitério de viaturas que já não circulam, algumas das quais foram adquiridas há pouco tempo. Aliás, no ano passado, uma avaliação independente recentemente realizada pela Comissão Europeia, juntamente com Irlanda, Alemanha, Bélgica, Itália, Finlândia, Países Baixos e França, que fazem parte do grupo de doadores externos maiores financiadores do Orçamento do Estado (G-19), indicou que o desempenho da AR e do Tribunal Administrativo (TA) foi menor nos últimos oito anos, apesar de os funcionários daquelas duas instituições terem beneficiado de capacitação técnico-profissional e apoio financeiro para melhorar a sua eficiência.
A mesma pesquisa deu a conhecer que “o Parlamento moçambicano continua a disponibilizar pouco tempo a matérias relevantes para melhoria das condições de vida da população moçambicana”.
Sobre este aspecto, há anotar que, em 2015, a “Casa do Povo” vai despender 22.500.000 meticais com ajudas de custo fora de Moçambique e 24.600.000 meticais dentro do país, actividades que juntas têm quase o mesmo custo (47.000.000 meticais) que as comissões de trabalho vão aplicar nas suas acções em prol dos seus representantes.
No que respeita especificamente à sua comissão especializada do Plano e Orçamento, a análise do G-19 concluiu que ela continua a dispor de “uma modesta capacidade” de realização do trabalho e a “usar padrões muito baixos” não devidamente especificados.

Canal de Moçambique nº 300 de 15.04.2015

sábado, 25 de abril de 2015

A PERDIZ - Boletim Informativo da Renamo nº 126

 

Editorial
Tudo agora depende da Frelimo e do Nyusi
A Bancada Parlamentar da RENAMO submeteu recentemente em sede da Assembleia da República, a proposta de Lei das Autarquias Provinciais (LAP). É um projecto tal como se espera, que quando for aprovado vai conferiri maior autonomia, funtdamentalmente a administração às províncias, por um lado, e tirar o país todo da actual crise política.
Com a implementação do projecto, espera-se que as assimetrias entre as diferentes regiões do país sejam reduzidas.
Tal como vem referindo o Presidente Afonso Dhlakama, não se trata apenas da RENAMO como proponente do projecto que pretende ver o mesmo aprovado e implementado, mas também a maioria do povo, particularmente das províncias que sempre reclamaram pela justiça administrativa. Para tal, estamos convencidos a aprovação do projecto e o fim da crise política estão dependentes da bostura da bancada parlamental da Frelimo e da serenidade de todo o parlamento, bem como do apoio prometido pela Comunidade Internacional.
É preciso que cada uma das partes se recorde da origem da actual crise política que a qualquer momento poderá deixar o país ingovernável caso não haja serenidade e coragem nas atitudes do parlamento e do Presidente da República.
Leia em Download Perdiz_Edicao 126
     

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Carta aberta ao Presidente Nyusi por @Verdade Editorial

@Verdade Editorial: Sem (mais) dias de graça
Editorial
Escrito por Redação  em 24 Abril 2015
Senhor Presidente Filipe Nyusi, agora, que já detém todos os poderes, é certo que o propalado bem-estar do povo e o futuro risonho das crianças vai passar do papel e dos discursos à realidade. Todavia, sabemos que essas promessas levam tempo para acontecerem.
Passados 100 dias, desde que tomou posse, as suas atitudes começam a recordarem-nos o seu antecessor. É muito pouco tempo mas algumas dúvidas em torno das suas promessas de governação já tomam conta de nós.
As incursões do nosso Presidente nos negócios são publicamente desconhecidos. O Senhor já apresentou a sua declaração de património? Existe uma Lei de Probidade Pública, que, a par de demais leis, o Senhor prometeu ao povo, o seu patrão, respeitar e fazer respeitar.
Já o vemos a voar de helicópteros para visitar o povo, o que não é mau. Contudo, aproveitar-se dos meios do Estado para nas suas Presidências Abertas para participar em encontros do seu partido é desgastante. Os nossos recursos não podem, de forma nenhuma, custear as suas deslocações para tratar assuntos do partido.
Por um lado, o Senhor tem mostrado e reafirmado o seu compromisso com a paz. Mas, por outro, não percebemos por que motivos no primeiro orçamento do seu governo, as Forças Armadas vão receber um bolo três vezes maior que o destinado à Saúde e dez vezes maior que o da Educação!
Teremos mais soldados que os médicos e os professores? Ou será que os militares vão ganhar muito mais do que aqueles que devem salvar a vida dos seus patrões, o povo? Será o prioritário é investir no Exército e não valorizar e motivar os professores?
O Senhor Presidente afirmou que iria apostar na formação e no desenvolvimento do capital humano, o que chamou de “principal activo nacional”. Porém, dá-se uma fatia maior, do bolo orçamental, à polícia “secreta” em vez de dignificar os nossos professores.
As suas intenções de inclusão, olhando para o seu plano quinquenal, senhor Presidente, não passam do que acima dissemos: os empregos dignos continuarão a faltar, a ligação do país continuará a ser apenas pela única estrada que conhecemos, continuará a faltar habitação e transporte digno nas zonas urbanas, a energia continuará a não iluminar a todos e a maioria dos moçambicanos vai continuar a não ter água potável!
Se o dinheiro não chega é preciso rever as más opções económicas que foram feitas e não mantê-las como pretende dar a entender. A ser verdade que encontrou os cofres do país vazios, os responsáveis por isso não são desconhecidos.
Ou será que lhe falta coragem para fazer mudanças que realmente melhorem a vida do seu patrão, o povo?

Presidente Nyusi e o discurso camaleónico


                                     

PALAVRAS SEM ALGEMAS
Os ventos da mudança sopram e já aquecem o discurso do Presi­dente Nyusi. Desde o último Comité Central da Frelimo, onde o Presidente da Repúbli­ca foi eleito pelos camaradas, com quase 100% dos votos, para a direcção do partido, que o seu tom discursivo fez acrobacias e assumiu novas cores.
Quando, a 15 de Janeiro úl­timo, tomou posse na Praça da Independência, fez um dis­curso cor-de-rosa que corou os rostos dos moçambicanos, alimentado a esperança de uma nova página na História do país. Era a força do verde. Até os mais cépticos perderam o fôlego da crítica e deram-lhe um voto de confiança. Entrou para o período de graça, onde o bicefalismo do poder - de Guebuza, no partido, e o seu, no Estado - lhe rendeu mais elogios e apoios. Era inatin­gível, era a vítima do Estatuto do seu partido.
Na noite de 29 de Março, depois de eleito presidente da Frelimo, uma nova página ver­dadeiramente se abriu; com continuidade das acções, mas também com sinais de afirma­ção de uma liderança parcial­mente divorciada dos compro­missos de 15 de Janeiro, dia da sua investidura como Pre­sidente da República.
Vejamos:
Antes do Comité Central, o Presidente Nyusi teve en­contros humildes com Afonso Dhlakama, cumprindo a sua promessa de saber ouvir ideias discordantes. Como resulta­do, remeteu para a Assem­bleia da República a propos­ta da Renamo de autarquias provinciais. Depois do Comité Central, porém, encarnou os membros da Comissão Po­lítica que, em reacção à sua decisão, tinham, no passado, pregado pelo país a recusa da proposta da Renamo. Hoje, antes mesmo da proposta ir a debate, a recusa vem dele pró­prio.
Quando tomou posse, Nyu­si foi categórico: “Podem estar certos, caros compatriotas, que tudo farei para que, em Moçambique, jamais, irmãos se voltem contra irmãos, seja a que pretexto for”. Hoje, so­mos surpreendidos com um discurso que impõe limites aos esforços para garantir e consolidar a Paz.
No discurso de investidura, Nyusi disse que o povo era o seu “único e exclusivo patrão”. Mas, hoje, não ouviu o patrão - através dos representantes do povo - para saber se deve ou não ajoelhar-se pela Paz.
São estes os sinais de mu­dança que nos fazem ques­tionar: que outras promessas podem vir a ser quebradas? Ainda assim, passam apenas três meses de governação, pelo que ainda estamos no auge da confiança, mas não podemos deixar de expressar esta pluma de preocupação que se levanta da almofada onde nos queremos deitar com a tranquilidade de que, em Moçambique, vale a pena viver.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

FDS Massacrada em Guijá

Mais uma vez Unay chega com noticias tristes que o governo sempre esconde ao povo. Desta vez traz os resultados do confronto entre a FDS e Guerrilheiros da Remano onde uma vez mais as forças governamentais saíram desastrosamente vencidos. Lei o que Unay escreve a abaixo.

ACTUALIZAÇÃO DO DESASTRE DE GUIJÁ

 Confirma-se o extermínio de quase todos militares das 2 companhias das FDS (uma companhia tem cerca de 100 homens) tendo escapado alguns escassos sortudos. Portanto, os números de mortos que avançámos não fogem muito a realidade. Foram incendiadas 4 viaturas militares e 3 militares foram capturados.
As viaturas militares traziam armas pesadas, munições e mantimentos que foi tudo recolhido antes de as viaturas serem destruídas. Este desastre de grandes proporções das FDS está a  ser muito comentado em Guijá, Save, Muxungue. A carnificina de Guijá criou um ambiente pesaroso no seio dos militares.
Como sempre, este acontecimento trágico jamais será tornado publico e eventualmente os cadáveres serão enterrados em valas comuns se é que alguém já foi para lá nas matas. Nas matas de Inhaminga, Maringué, Satungira. etc ainda jazem centenas de ossadas de militares mortos em combate .
Unay Cambuma
NOTA:
Será que não há um só jornalista que vá ao local?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
In https://www.facebook.com/unay.cambuma?fref=ts

quarta-feira, 22 de abril de 2015

CÂNCER TEM CURA - POR FAVOR LEIA E ESPALHE ....... OBRIGADO.

Recebido de um irmão amigo. Leia e partilhe com os outros. podes salvar muitas vidas....
É 10.000 vezes mais forte do que a quimioterapia e não querem que nós saibamos, pois caso contrário, as grandes cadeias iriam parar de VENDER MEDICAMENTOS !!!
O MAIS PODEROSO ANTI-CÂNCER DO PLANETA COMPARTILHEM...!
A graviola ou graviola árvore é um produto milagroso para matar as células cancerosas. É mais potente do que 10,000 quimioterapias.
Por que não está ciente disso? Porque há organizações interessadas em encontrar uma versão sintética, que lhes permite obter lucros fabulosos. Assim, a partir de agora você pode ajudar um amigo em necessidade, deixando-o saber que beber suco de graviola pode prevenir a doença. O seu sabor é agradável. E, claro, não produz os efeitos terríveis da quimioterapia. E se você tiver a chance de fazer, plantar uma árvore em seu quintal de graviola. Todas as partes são úteis.
A próxima vez que você quiser beber um suco, escolha o de graviola!!!
Quantas pessoas morrem enquanto este tem sido um segredo bem guardado para não por em risco os lucros multimilionários de grandes empresas? Como você bem sabe a gravioleira é baixa. Não ocupa muito espaço, é conhecido pelo nome de Graviola no Brasil, Guanabana em espanhol, e "Graviola" em Inglês.
O fruto é muito grande e sua polpa branca, doce, comida diretamente ou normalmente usado para fazer bebidas, sorvetes, doces etc... O interesse desta planta é devido a seus fortes efeitos anti-câncer.
E embora ele atribuída muito mais propriedades, o mais interessante é o efeito que produz sobre os tumores... Esta planta é um remédio para o câncer de todos os tipos. Alguns dizem que é muito útil em todas as variantes de cancro.
Considera-se também como um espectro de agente anti-microbiano largo contra infecções bacterianas e fúngicas, é eficaz contra parasitas internos e vermes, que regula a pressão sanguínea e combate o stress elevado, a depressão e distúrbios do sistema nervoso.
A fonte desta informação é fascinante: ela vem de um dos maiores fabricantes de medicamentos do mundo, que diz que depois de mais de 20 testes de laboratórios realizados desde 1970 extratos revelaram que: destrói as células malignas em 12 tipos cancros, incluindo o cólon, mama, próstata, pulmão, pâncreas entre outras ...
Os compostos desta árvore mostrou 10.000 vezes melhor ato na diminuição de células de cancro que o produto da adriamicina, um fármaco quimioterapêutico, tipicamente usado em todo o mundo.
E o que é ainda mais surpreendente: este tipo de terapia, com o extrato de graviola, só destrói células de câncer maligno e não afeta as células saudáveis.
Instituto de Ciências da Saúde, L.L.C. 819 N. Charles Street Baltimore, MD 1201 (Está em versão brasileira, mas a mensagem esta entregue)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

MIA COUTO: Carta aberta ao Jacob Zuma

Carta aberta do Presidente da “Fundação Fernando Leite Couto”,

Mia Couto

Contra o genocídio de moçambicanos na África do Sul

Exmo. Senhor Presidente Jacob Zuma


Lembramo-nos de si em Maputo, nos anos oitenta, nesse tempo que passou como refugiado político em Moçambique. Frequentes vezes nos cruzámos na Avenida Julius Nyerere e saudávamo-nos com casual simpatia de vizinhos. Imaginei muitas vezes os temores que o senhor deveria sentir, na sua condição de perseguido pelo regime do apartheid. Imaginei os pesadelos que atravessaram as suas noites ao pensar nas emboscadas que congeminavam contra si e contra os seus companheiros de luta. Não me recordo, porém, de o ter visto com guarda costas. Na verdade, éramos nós, os moçambicanos, que servíamos de seu guarda costas. Durante anos, demos-lhe mais do que um refúgio. Oferecemos-lhe uma casa e demos-lhe segurança à custa da nossa própria segurança. É impossível que se tenha esquecido desta generosidade.

Nós não a esquecemos. Talvez mais do que qualquer outra nação vizinha, Moçambique pagou caro esse apoio que demos à libertação da África do Sul. A frágil economia moçambicana foi golpeada. O nosso território foi invadido e bombardeado. Morreram moçambicanos em defesa dos seus irmãos do outro lado da fronteira. É que para nós, senhor Presidente, não havia fronteira, não havia nacionalidade. Éramos, uns e outros, irmãos de uma mesma causa e quando tombou o apartheid a nossa festa foi a mesma, de um e de outro lado da fronteira.

Durante séculos, emigrantes moçambicanos, mineiros e camponeses, trabalharam na vizinha África do Sul em condições que pouco se distinguiam da escravatura. Esses trabalhadores ajudaram a construir a economia sul-africana. Não há riqueza do seu país que não tenha o contributo dos que hoje são martirizados.

Por todas estas razões, não é possível imaginar o que se está a passar no seu país. Não é possível imaginar que esses mesmos irmãos sul-africanos nos tenham escolhido como alvo de ódio e perseguição. Não é possível que moçambicanos sejam perseguidos nas ruas da África do Sul com a mesma crueldade que os polícias do apartheid perseguiram os combatentes pela liberdade, dentro e fora de Moçambique. O pesadelo que vivemos é mais grave do que aquele que o visitava a si quando era perseguido político. Porque o senhor era vítima de uma escolha, de um ideal que abraçou. Mas os que hoje são perseguidos no seu país são culpados apenas de serem de outra nacionalidade. O seu único crime é serem moçambicanos. O seu único delito é não serem sul-africanos.



Senhor Presidente

A xenofobia que se manifesta hoje na África do Sul não é apenas um atentado bárbaro e cobarde contra os “outros”. É uma agressão contra a própria África do Sul. É um atentado contra a “Rainbow Nation” que os sul-africanos orgulhosamente proclamaram há uma dezena de anos. Alguns sul-africanos estão a manchar o nome da sua pátria. Estão a atacar o sentimento de gratidão e solidariedade entre as nações e os povos. É triste que o seu país seja hoje notícia em todo o mundo por tão desumanas razões.

É certo que medidas estão a ser tomadas. Mas elas mostram-se insuficientes e, sobretudo, pecam por serem tardias. Os governantes sul-africanos podem argumentar tudo menos que estas manifestações os tomou se surpresa. Deixou-se, mais uma vez, que tudo se repetisse. Assistiu-se com impunidade a vozes que disseminavam o ódio. É por isso que nos juntamos à indignação dos nossos compatriotas moçambicanos e lhe pedimos: ponha imediatamente cobro a esta situação que é um fogo que se pode alastrar a toda a região, com sentimentos de vingança a serem criados para além das suas fronteiras. São precisas medidas duras, imediatas e totais que podem incluir a mobilização de forças do exército. Afinal, é a própria África do Sul que está a ser atacada. O Senhor Presidente sabe, melhor do que nós, que ações policiais podem conter este crime mas, no contexto atual, é preciso tomar outras medidas de prevenção. Para que nunca mais se repitam estes criminosos eventos.

Para isso urge tomar medidas numa outra dimensão, medidas que funcionam a longo prazo. São urgentes medidas de educação cívica, de exaltação de um passado recente em que estivemos tão próximos. É preciso recriar os sentimentos solidários entre os nossos povos e resgatar a memória de um tempo de lutas partilhadas. Como artistas e fazedores de cultura e de valores sociais, estamos disponíveis para de enfrentar juntos com artistas sul-africanos este novo desafio, unindo-nos às inúmeras manifestações de repúdio que nascem na sociedade sul-africana. Podemos ainda reverter esta dor e esta vergonha em algo que traduza a nobreza e dignidade dos nossos povos e das nossas nações. Como artistas e escritores queremos declarar a nossa disponibilidade para apoiar a construção de uma vizinhança que não nasce da geografia mas de um parentesco que é da alma comum e da história partilhada.

Maputo, 17 de Abril de 2015

Mia Couto

sábado, 18 de abril de 2015

Alguns moçambicanos, retaliando ataques xenófobos, boicotam presença de sul-africanos em Moçambique

 
 
 
 
Escrito por Adérito Caldeira  em 17 Abril 2015
 
Na sequência da onda de ataques contra imigrantes que não cessam na África do Sul - apesar dos apelos do Presidente Jacob Zuma, da acção da Polícia e do repúdio da maioria dos sul-africanos -, alguns cidadãos moçambicanos começam a boicotar a presença de sul-africanos no país.
Nesta quarta-feira (15) os trabalhadores moçambicanos, de uma empresa que presta serviços de construção à Vale Moçambique em Moatize, na província central de Tete, paralisaram as suas actividades exigindo que os seus colegas de nacionalidade sul-africana abandonassem Moçambique, numa aparente retaliação aos ataques xenófobos de que os compatriotas têm sido vítimas.
Ainda na quarta-feira (15) mais de uma centena de trabalhadores de nacionalidade sul-africana abandonaram o local e foram alojados na cidade de Tete. A interrupção laboral continuou durante a manhã desta quinta-feira (16) enquanto a direcção da empresa, através do diálogo, procurava encontrar uma solução para o diferendo.
Mais a sul, na província de Inhambane, trabalhadores sul-africanos que prestam serviços à empresa Sasol, que explora gás natural em Temane, foram confrontados com um cartaz, quando entravam para a faina, que os questionava: “Porquê a xenofobia?”.
A situação ficou tensa mas não houve nenhum tipo de violência. A maioria dos trabalhadores de nacionalidade sul-africana teve de abandonar as instalações. Um pequeno grupo de trabalhadores sul-africanos, que ocupam cargos de chefia, permaneceu no local.
Em Maputo o Presidente Filipe Nyusi voltou a condenar a onda de xenofobia na África do Sul e garantiu o apoio do Governo aos imigrantes afectados. "Assistimos com grande preocupação e angústia ao sofrimento dos nossos concidadãos, que estão a ser vítimas de actos de xenofobia no país irmão. Renovamos a nossa solidariedade com as famílias enlutadas afectadas, perante as vítimas e as suas famílias no país. Quero manifestar a determinação do meu Governo de tudo fazer para mitigar o sofrimento desses nossos irmãos prestando-lhes toda a assistência necessária", assegurou o Presidente de Moçambique.
Repatriamento começou
Entretanto nesta quinta-feira (16) começaram a regressar ao país alguns dos imigrantes que estavam refugiados em campos criados pelo Governo sul-africano nos arredores da cidade de Durban. Autocarros e camiões foram mobilizados para transportar pelo menos 90 cidadãos, e também os seus parcos haveres que conseguiram salvar dos vândalos, que deverão ser acomodados, temporariamente, num centro de trânsito criado pelo Governo em Boane, na província de Maputo.
O director para os Assuntos Jurídicos e Consulares da diplomacia moçambicana, Fernando Manhiça, em declarações à agência Lusa, afastou a existência de vítimas mortais moçambicanas nesta nova crise xenófoba, referindo que dos dois casos noticiados pela Imprensa de Maputo um não chegou a morrer e outro faleceu por motivos não relacionados com os episódios de violência.
Fernando Manhiça disse ainda que uma mensagem que está a circular via telemóvel, e nas redes sociais, desaconselhando deslocações de cidadãos moçambicanos à África do Sul, não é oficial. Contudo, admite que o risco é elevado.
"O Alto Comissariado (de Moçambique em Pretória) está profundamente preocupado com a possibilidade de as pessoas viajarem para a África do Sul", afirmou o director do Ministério dos Negócios Estrangeiros, recomendando "todo o tipo de cautelas, porque há já ameaças e as viaturas podem ser vandalizadas e as pessoas agredidas", não apenas em Durban e na província de Kwazulu- Natal, mas noutras mais próximas de Maputo.
Uns marcham contra outros continuam atacar estrangeiros
Cerca de dez mil cidadãos sul-africanos, anónimos, líderes religiosos, académicos, músicos e políticos, marcharam, na manhã desta quinta-feira (16), pelas principais avenidas da cidade de Durban, na província do Kwazulu-Natal, em repúdio aos ataques xenófobos protagonizados por outros sul-africanos e que já causaram a morte de pelo menos cinco cidadãos estrangeiros.
A marcha, pacífica, esteve para ser ensombrada quando alguns cidadãos sul-africanos apareceram a manifestar-se contra ela e defendendo os actos de xenofobia.
A polícia interveio, usando gás lacrimogéneo, canhões de água e bombas de efeito moral, e conseguiu conter e dispersar o pequeno grupo. Ainda durante a manhã, na província de Gauteng, um grupo de sul-africanos vandalizou lojas de imigrantes e proferiu insultos xenófobos na região de Benoni.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

OS NOSSOS GOVERNANTES SÓ DECEPCIONAM O POVO

1.      EX-MINISTRO PAULO ZUCULA, O CORRUPTO
Por Vladimir Cistac
ONDE ANDA PAULO ZUCULA?
(PARTE I)
Paulo Zucula, nasceu a 15 de Abril de 1955, em Chobela, no distrito de Magude, província de Maputo. Fez o ensino primário em Lionde, no Chokwé, onde concluiu aquele nível em 1968. Em 1974 concluiu o ensino secundário no liceu Carmelo. Mais tarde ingressou na UEM e obteve a licenciatura em Agronomia em 1981.
Fez o mestrado pela Universidade de Minnesota em 1989. É pai de dois filhos. Fala changana, português, inglês e francês.
Já foi chefe máximo no Ministério dos transportes como Ministro, porém já esteve em outros sectores do aparelho do Estado a saber:
1990-1992: Vice Ministro da Agricultura
2006-2007 – Director do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC)
AGORA O QUE POUCOS SABIAM É QUE PAULO ZUCULA, QUANDO AINDA VICE- MINISTRO DA AGRICULTURA
NO PRINCÍPIO DOS ANOS 90, CONFISCOU MAIS DE 1000 CABEÇAS DE GADO BOVINO DAS POPULAÇÕES DO DISTRITO DE SUSSUNDENGA E CHIBABAVA, ALEGANDO PERTENCER À MILITANTES E SIMPATIZANTES DA RENAMO, QUE NO PERÍODO DA GUERRA CIVIL O GADO SERVIRA DE FONTE DE ALIMENTO PARA OS GUERRILHEIROS DA RENAMO. E O GADO FOI PARA UMA QUINTA DELE NO DISTRITO DE BUZI, PRECISAMENTE NA ZONA DE MOSCA-DE-SONO. A QUINTA ATÉ AOS DIAS DE HOJE EXISTE MAS ESTÁ NA POSSE DE UM CIDADÃO BOÉR, E É A MAIOR QUINTA PECUÁRIA DA REGIÃO.
TAMBÉM O QUE POUCOS SABEM É QUE PAULO ZUCULA, QUANDO DIRECTOR DO INGC, DESVIOU MAIS DE 12 CAMIÕES COM MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO QUE TINHAM COMO DESTINO O DISTRITO DE CAIA. OS MATERIAIS ERAM DOAÇÕES DAS EMBAIXADAS EUROPEIAS PARA AS VÍTIMAS DAS CHEIAS, E DEVERIAM SER EMPREGUE NA CONSTRUÇÃO DE ESCOLAS E UM CENTRO DE SAÚDE NA ZONA DE REASSENTAMENTO.
ZUCULA DESVIOU E EMPREGOU OS MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO DE UMA MANSÃO PERTENCENTE A ELE NA CIDADE DA BEIRA NO BAIRRO DE ESTÓRIL, ATRÁS DO HOTEL DOM CARLOS.
QUANDO AINDA OCUPAVA A PASTA DO INGC, ZUCULA INTRODUZIU UM TICKET (BILHETE) PARA O BÔNUS DE FIM DE ANO PARA AQUISIÇÃO DE CESTA BÁSICA, MAS A LOJA EM PARCERIA (PERTENCENTE A CIDADÃOS LIBANESES) COBRAVA QUASE O DOBRO DE TODOS OS PRODUTOS.
PS: QUANDO ZUCULA OCUPAVA O CARGO DE MINISTRO DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÃO, CONVENCEU GUEBURRO A
IMPLEMENTAR OS TICKETS DA CESTA BÁSICA, QUE FOI RECEBIDO COM MUITOS PROTESTOS POR LADO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS. DEPOIS O PROJETO FOI ABOLIDO.
RECOMENDAÇÕES: NÃO PERCA A PARTE II.
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2.      FILHO DE NYUSI ESBANJA MILHÕES DO ESTADO POR CARROS... DESPORTIVOS!
Entre os carros que o Florindo (filho de Nyusi) consta um Range Lumma Crl 2015 GT da Range Rover 8 velocidades, V8
2.700.000 Randes (com matricula da south) - facam vocês o câmbio! As fotos sao reais e ilustram o momento da entrada dos carros e de show off.
Isto e vergonha nacional. Porque e que um adulto vai precisar de carrao desportivo num pais com estradas esburacadas. Num pais onde as crianças sentam se no chao. As mulheres morrem nos hospitais por falta de condições. Os hospitais so tem paracetamol para todas as doencas. 2.7 milhões de rands seriam suficientes para equipar todos os hospitais provinciais com máquinas de RX digitais e de ultra som.
O Nyusi tem a coragem para comprar carritos de brincar para o filho que custam um balurdio enquanto o seu irmão legítimo vende pingo doce para pagar a faculdade, percorre 6 km a pe para ir dar aulas e vive numa cabana precaria. Se tivesse juizo teria ido a um stand da Toyota em Maputo e tirava algumas pick up 4x4 dupla cabine do último grito e organizava um Dream Team que percorreria o pais de les a les por uma causa social e patriotica. A tonica geral dos filhos de presidentes mocambicanos e ajudar os pais a roubar ao povo. Foi assim com o Nyimpine Chissano e Valentina Guebuza e o macondinho nao quer ficar atras.
Durante a campanha eleitoral avisei aqui que o Nyusi era um duende mulherengo e irresponsável. Com o Nyusi o pais vai transformar se numa verdadeira república de bananas. Quer dizer, saiu um presidente louco e entrou um jamanta.
E vejam a outra vergonha dos manos macondes: O "ministro" da defesa sai da sua casa em Matola escoltado por 10 militares e viatura com sirene. Vergonhas africanas.
Description: Foto de Unay Cambuma.
 
Description: Foto de Unay Cambuma.

Estado assenta numa estrutura que promove a desigualdade, afirma o economista João Mosca

16 de Abril de 2015, 11:57

O economista moçambicano João Mosca defendeu que o Estado tem uma estrutura deficitária, em que os interesses de forças políticas se sobrepõem aos interesses do povo, o que aumenta o nível de desigualdade económica no país.
"Não há uma política de desenvolvimento que beneficie o interesse nacional, diminuindo a pobreza. Pelo contrário, os interesses individuais e de grupos económicos fortalecem-se cada vez mais, criando uma economia cada vez mais desigual entre si", disse à Lusa o académico moçambicano, à margem da segunda jornada do 11.º Encontro com a História em Maputo, organizado na quarta-feira no Centro Cultural Português (CCP).
Para o docente moçambicano da Universidade A Politécnica, as disparidades económicas em Moçambique têm consequências "graves", na medida em que suscitam conflitos sociais violentos, criando um grupo descontente.
"Esta situação tem consequências graves e cria uma instabilidade social", declarou João Mosca, reiterando a necessidade de o Estado compreender a realidade política e social das populações para melhor adoptar modelos económicos que se adequem à realidade quotidiana.
Como forma de resistir aos altos índices de pobreza e à desnutrição crónica, a maior parte da população, que vive em zonas rurais, recorre à agricultura de subsistência como único meio de sobrevivência.
Céptico quanto à rentabilidade dos recursos minerais, recentemente descobertos no país, João Mosca defendeu que o país devia priorizar o sector agrário, reformulando suas políticas e adoptando estratégias macroeconómicas que beneficiem a agricultura nas zonas rurais.
"O Estado tem de promover a agricultura, particularmente na produção alimentar nas zonas rurais. Temos de dinamizar todo o processo agrário", afirmou João Mosca.
Durante o encontro, que juntou intelectuais e estudantes no CCP na capital, o académico apresentou o tema "Descontinuidades e Continuidades dos sistemas económicos em Moçambique e Angola", no qual destacou a similaridade dos sistemas económicos vigentes nos dois Estados.
"Moçambique e Angola têm sistemas económicos muito dependentes de factores externos, onde a capacidade de resistir às crises internacionais é fraca. São economias muito vulneráveis e ancoradas ao sector externo em desfavor do mercado interno", adiantou João Mosca, comentando que este tipo sistema, resultante da influência colonial portuguesa, justifica os índices crescentes da pobreza nos dois países.
O encontro contou também com a presença do historiador português Paulo Jorge Fernandes, do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que analisou o uso da imprensa como "arma do poder político” na transição do colonial à independência em Moçambique.
"A imprensa foi sempre uma arma que o poder político usou para transmitir a sua ideologia numa determinada sociedade. Em Moçambique aconteceu mesmo coisa durante a transição do poder político colonial à independência. Aliás, eu penso que isto é válido até aos dias de hoje, embora não esteja actualizado sobre panorama", disse à Lusa o historiador português.
De acordo com Paulo Jorge Fernandes, esta "metamorfose" da imprensa durante o período de transição da época colonial às independências aconteceu em todas colónias portuguesas, com os principais órgãos de informação a adoptarem uma linha editorial a favor do poder político vigente.
"A imprensa adoptou um estilo similar à de um camaleão, que se vai camuflando e adaptando-se de acordo com o meio que atravessa para sua sobrevivência", adiantou o historiador português.
Subordinados ao tema "As Independências Africanas: a Construção dos Países e das Identidades Nacionais", o 11.º Encontro com a História resulta de uma cooperação entre o Centro Cultural Português e o Departamento de História da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior do país.
Lusa