"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 8 de julho de 2013

Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira!
Antigos combatentes “declaram” guerra ao Ministério da Defesa
O major Madebe foi eleito, no último sábado, presidente da Comissão dos Moradores do bairro militar. Tem a responsabilidade de escrever uma carta a ser enviada a todos os órgãos de soberania, na qual os combatentes da luta de libertação nacional não aceitam deixar o bairro militar por considerar que “nenhum povo pode dar-se ao luxo de matar a sua história”
Os moradores da zona mi­litar recusam-se a aban­donar o bairro para dar lugar ao projecto de requalifica­ção anunciado pelo Ministério da Defesa. Os mesmos dizem que as casas são suas por direito e enten­dem que, nos bairros onde serão reassentados, estarão longe de tudo. Por outro lado, alegam ra­zões históricas para não abando­nar o emblemático bairro militar. Dizem que o bairro é o testemu­nho vivo da independência na­cional. Viver naquelas casas, que eram reservadas aos colonos, tem para estes combatentes um signifi­cado e sabor especial. Em suma: o bairro militar é um espólio da luta pela independência nacional!
Os moradores da zona militar dizem que esta é a segunda vez que o Governo anuncia a transfe­rência das famílias. No primeiro caso, enfrentaram o Ministério da Defesa até este desistir da ideia. Hoje, prometem fazer o mesmo e não baixar os braços até ao fim.
No último sábado, a Comissão dos Moradores convocou uma reu­nião no bairro com o objectivo de dar a conhecer aos residentes os resultados da reunião com o mi­nistro da Defesa Nacional, Filipe Nyusi. Na ocasião, o representan­te da Comissão dos Moradores foi vaiado, acusado de ser traidor e, por fim,...destituído!
Foi eleito o major...Madebe! Sim, aquele que apareceu no pro­grama “50 anos da Frelimo” da Stv a afirmar que a “sua” Frelimo tinha mudado e que o futuro da mesma “passava por 10 a 15 anos na oposição”!
Os moradores acusam a Comis­são destituída de se ter deixado enganar pelo Governo ao com­prometer-se mobilizar todos os combatentes para abandonarem o bairro militar e passar a viver em novas casas que serão erguidas no bairro Zimpeto.
“MATAR A HISTÓRIA”
O major Henrique Madebe diz que os moradores farão tudo quanto for possível para garantir que não saiam da zona militar. “Nenhum país do mundo é ca­paz de matar a sua própria histó­ria. Essas casas são um monumen­to histórico. São um direito para todos os combatentes. Não vamos sair daqui... e nem pensar”, vincou Madebe, secundado por Alberto Pontes, também antigo combaten­te que vive na zona militar há mais de 25 anos.
Pontes diz que não tem dúvidas de que o Governo não tem capaci­dade de fazer casas idênticas às da zona militar, sob ponto de vista de qualidade.

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