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Escrito por Adérito Caldeira em 06 Outubro 2019 (Actualizado em 07 Outubro 2019) |
O Presidente da República avisou que o seu Governo está atento aos ataques que se registam no Centro e Norte de Moçambique, “não estamos distraídos e não nos podem distrair” deixou claro Filipe Nyusi que enfatizou “não vamos deixar com que o povo morra sem protecção”. Entretanto o académico Adriano Nuvunga disse ao @Verdade que a incapacidade do Executivo conter a Junta Militar da Renamo e os insurgentes de Cabo Delgado poderá dar-lhes “base política”.
Numa curta declaração, após depositar uma coroa de flores alusiva ao Dia da Paz e Reconciliação celebrado na passada sexta-feira (04), o Chefe de Estado começou por recordar que os desafios da implementação da paz devem ser assumidos “como um chamamento da Pátria para promovermos a concórdia em palavras e em actos onde as instituições democráticas e a sociedade civil façam a sua parte para assegurar que as nossas diferenças e conflitos sejam resolvidos através do diálogo. O mundo testemunhou a paz e acredita nos moçambicanos, na sua capacidade de promover reconciliação”.
“Nós não estamos distraídos e não nos podem distrair, os actos macabros que se registam em algumas zonas do Centro do país e com alguma intensidade no Norte, estamos atentos e não vamos deixar com que o povo morra sem protecção, digo não vamos deixar”, afirmou o Presidente Nyusi no Município da Manhiça.
Claramente dirigindo-se ao partido Renamo, que até hoje não concluiu a Desmobilização e Reintegração dos seus guerrilheiros, e também aos insurgentes apelidados de “Al Shabaab”, que há 2 anos aterrorizam a Província de Cabo Delgado, o estadista moçambicano que é também Comandante em Chefe avisou que “continuaremos a exortar as Forças de Defesa e Segurança para defenderem as populações até ao último soldado”.
Aliás o facto dos ataques armados no Centro de Moçambique estarem a ser reivindicados pela auto-proclamada “Junta Militar da Renamo” é uma clara violação do terceiro Acordo de Paz, assinado em Agosto, que no seu número 5 estabelece: “O desmantelamento das bases e posições relacionadas com as hostilidades militares deve ser feito em conformidade com o previsto no Memorado de Entendimento sobre Assuntos Militares e concluído, até 21 de Agosto do presente ano”.
Quando faltam 8 dias para as Eleições Gerais é cada vez mais evidente que a maioria dos 5.221 guerrilheiros da Renamo não entregaram as suas armas. O espectro de novos conflitos armados pós eleitorais é cada vez mais uma hipótese real tendo em conta as acções que a “Junta Militar da Renamo” afirma estar a realizar e o condicionamento do Acordo de Paz e Reconciliação feito pela chefe da bancada do partido na Assembleia da República, Ivone Soares que declarou que: “O sucesso deste Acordo vai depender da integridade, liberdade, justiça e transparência com que forem realizadas as próximas Eleições Gerais a terem lugar no dia 15 de Outubro de 2019”.
Incapacidade do Executivo conter a Junta Militar da Renamo e insurgentes de Cabo Delgado poderá dar-lhes “base política”
Entretanto o professor de Ciência Política e Administração Pública, Adriano Nuvunga, explicou ao @Verdade que: “em termos de guerrilha quando ouves dizer que houve dois ataques e o Estado não apresenta os corpos dos membros da Junta, está claro quem perdeu”.
“Um terceiro sem o Estado apresentar os corpos de todos estatelados já terão legitimado a Junta (Militar da Renamo). A actuação do Estado moçambicano em atacar a Junta Militar está a legitima-la, está a criar base política para a Junta Militar da Renamo. Os ataques sem lhes capturar está a dar base política à Junta Militar”, alertou Nuvunga.
O académico que também dirige o Centro para a Democracia e Desenvolvimento chamou atenção para o que se passa no Norte do país: “quando uma insurgência como aquela de Cabo Delgado demora 1 ano havendo ataques está a dar base política a isso, não sabemos que são ainda, não mostraram o rosto, mas as teorias que o Presidente Nyusi apresentou são esfarrapadas”.
“O Estado não funciona com apresentar informação de inteligência num comício, numa reunião popular. O Estado tem inteligência, o problema é que a inteligência do Estado só vira para uma pessoa como eu e para roubar, mas não parece ser séria para nos dizer que são aqueles insurgentes, para bater pessoas e roubar o futuro do povo tem inteligência. Quando o Presidente tem inteligência não fala em público assim, nós a população vemos as consequências políticas e militares disso, a cada intervenção um novo culpado, isso banaliza a si próprio, mostra incapacidade do Estado”, assinalou Adriano Nuvunga.
Para professor na mais antiga universidade do nosso país “o Estado moçambicano tem que organizar-se para resolver aquele problema, se aquele problema é tal como se está a dizer, o Estado gradua militares todos os dias vamos repor a ordem. Nota que quando é o exército a ir combater aqueles insurgentes isso já tem uma natureza de conflito civil, uma guerra civil, se é insurgência e perturbação então é a polícia que tem de resolver. Então é assunto de polícia ou é militar, se é militar então estamos diante de uma situação política”.
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"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
terça-feira, 8 de outubro de 2019
Presidente de Moçambique avisa a Renamo e aos insurgentes “não estamos distraídos e não nos podem distrair”
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